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3. CIRCUITO DO MEDICAMENTO, PRODUTOS FARMACÊUTICOS E

3.5. DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS

3.5.3. Distribuição de Medicamento Sujeitos a Legislação Restrita

As benzodiazepinas, estupefacientes e psicotrópicos estão normalmente associados à prática de crimes e ao consumo de drogas, no entanto, são medicamentos utilizados na terapêutica de diversas doenças, algumas com elevada incidência na população. São substâncias que possuem ação direta sobre o Sistema Nervoso Central, atuando como depressores ou estimulantes, que conduzem com facilidade à tolerância, dependência física e psíquica e sintomas de privação. Por esta razão, é fundamental que sejam, exclusivamente, utilizadas no âmbito clínico e de acordo com indicações médicas [34].

Estes medicamentos são alvo de muita atenção por parte das autoridades competentes, sendo um dos tipos de substâncias mais controlados em todo o mundo. No entanto, a apertada vigilância do tráfico de drogas levou a que os consumidores encontrassem alternativas colocando-os fora da lei [34].

Estes tipos de medicamentos encontram-se legislados pelo Decreto-Lei n.º 15/93 de 22 de janeiro e pelo Decreto Regulamentar n.º 61/94 de 12 de Outubro e estabelecem as regras relativas ao controlo do mercado lícito de estupefacientes, substâncias psicotrópicas e aos precursores e outros produtos químicos suscetíveis de utilização no fabrico de drogas [11, 35, 36].

O circuito destes medicamentos é diferente pois necessitam, por questões legais, de procedimentos específicos [37]. No geral é necessária uma especial atenção no que se refere ao seu aprovisionamento, armazenamento, dispensa e registo.

No HNSA a sua distribuição é realizada por reposição de stocks nivelados, baseados nos respetivos consumos de cada serviço de internamento. No entanto, a movimentação destes medicamentos requer, igualmente, uma prescrição [37]. Assim que é prescrito um medicamento a um determinado utente, o enfermeiro procede à administração do mesmo sendo necessário registar num modelo de requisições do respetivo medicamento, denominado de Anexo X, aprovado pela portaria nº 981/98, de 8 de Junho, o nome do doente, o número da cama, a quantidade prescrita, a quantidade administrada, a data de administração e assinatura do enfermeiro responsável pela mesma (Anexo 23) [20].

Este impresso contrariamente à legislação anterior, permite juntar um número máximo de dez utentes que necessitem do mesmo fármaco e assim que este é totalmente preenchido e/ou quando o stock chega ao nível mínimo, é encaminhado para os SFH [37].

Assim, que este chega aos SFH, o anexo X é renovado sendo preenchido pela farmacêutica com o serviço requerente, a numeração sequencial do impresso, DCI, só podendo estar registada uma substância ativa por anexo, o seu código, forma farmacêutica, dosagem e a quantidade fornecida.

A cedência do medicamento só ocorre após a validação pelo farmacêutico do pedido efetuado [37]. De seguida é feita a sua preparação, os medicamentos são colocados em envelopes individualizados, devidamente identificados por serviço e aos quais é anexado o anexo X, a fim de repor a medicação em falta no serviço.

Sempre que é retirado algum medicamento deste tipo do seu local de armazenamento, é feito um registo manual das suas saídas, para haver em controlo melhorado do stock físico, assim como é impressa uma folha de registo das quantidades fornecidas que para além de funcionar como comprovativo da quantidade dispensada, permite dar saídas da medicação no Alert®.

O enfermeiro que receciona estes medicamentos desloca-se aos SFH devendo proceder à conferência de toda a medicação, assinando quer a folha de registo da quantidade fornecida, quer o anexo X que irá ficar na enfermaria.

O anexo X sempre que é preenchido na sua totalidade regressa aos SFH, acabando por funcionar como uma nova requisição. Consequentemente procede-se à preparação da medicação e é preenchido um novo anexo X, voltando a repetir-se o processo.

3.5.3.2. Hemoderivados

Os hemoderivados como o próprio nome indica são medicamentos produzidos a partir do plasma humano, e devido ao risco de contaminação e consequente transmissão de doenças necessitam de uma legislação específica. Foi criado um procedimento uniforme de registo de todos os atos de requisição clínica, distribuição aos serviços e administração aos utentes dos medicamentos derivados do plasma humano nos estabelecimentos de saúde públicos e privados. Assim, o Despacho Conjunto nº 1051/2000, de 14 de setembro regula o registo de medicamentos derivados de plasma [38].

Esta medicação e as vacinas, pela sua variabilidade enquanto produtos de origem biológica, deverão vir sempre acompanhada pelos boletins de análise e dispor, para cada lote, de um certificado de autorização de utilização de lotes emitidos pelo INFARMED [11, 39].

No momento da requisição, distribuição e administração, uma ficha modelo constituído por 2 vias, a Via Serviço e a Via Farmácia, intitulada de Medicamentos Hemoderivados - Requisição/Distribuição/Administração, tem que ser preenchida (Anexo 24) [38]. Assim, a requisição dos medicamentos hemoderivados tem início com uma prescrição médica, através do preenchimento dos quadros A e B, da referida ficha. O quadro A diz respeito à identificação do médico e do utente e no quadro B tem que se preencher qual o hemoderivado requisitado incluindo a forma farmacêutica e a via de administração, e preenchendo os campos relativos à dosagem, frequência, duração do tratamento, diagnóstico e justificação clínica. Este modelo preenchido segue para os SFH, onde é devidamente validado pela farmacêutica responsável, de seguida procede-se à preparação dos medicamentos e simultaneamente preenche-se o quadro C, relativo à identificação do hemoderivado, dose, quantidade, lote, laboratório de origem/fornecedor e o nº do certificado do INFARMED [38].

Os medicamentos são devidamente identificados com o nome do utente e o serviço requisitante e são enviados na sua totalidade para o tratamento prescrito que irá depender das especificações que constam na receita nomeadamente dose, frequência e duração do tratamento [38]. Após a preparação dos medicamentos, as duas vias são assinadas, datadas e enviadas para os serviços requisitantes. O enfermeiro, no momento da receção procede ao preenchimento dos campos relativos à receção da medicação na via Farmácia e esta retorna aos SFH para ser arquivada.

A outra via fica no serviço, e sempre que um medicamento é administrado ao utente é necessário preencher o quadro D, relativo ao registo da administração, onde se regista a data, o hemoderivado utilizado, a quantidade, lote, laboratório de origem e a assinatura de quem procedeu à administração [38].

No caso de a medicação não ser utilizada num prazo de 24 horas, é necessário proceder á devolução aos SFH, sendo registada neste quadro.

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