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Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Escritório

3.7 Dispensa de medicamentos

3.7.1 Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

De acordo com o artigo nº 114 do Decreto-Lei nº176/2006 de 30 de agosto, estão sujeitos a receita médica os medicamentos que preencham uma das seguintes condições:

 Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

 Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

 Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

 Ou quando se destinam a ser administrados por via parentérica [5].

A prescrição médica pode ser eletrónica ou manual, sendo que a manual só pode ser usada se existir:

 Prescrição no domicílio;

 Até 40 receitas/mês [9].

Cabe à farmácia verificar se, no canto superior direito da receita, está assinalada a exceção legal [9].

Normalmente, a prescrição de medicamentos deve ser efetuada de forma eletrónica com objetivo de aumentar a segurança no processo de prescrição e dispensa, facilitar a comunicação entre profissionais de saúde de diferentes instituições e agilizar processos. A receita pode ter validade de 30 dias a contar a partir da sua data de emissão ou pode ser renovável (3 vias com prazo total de 6 meses) [9].

O medicamento deve ser prescrito pela indicação da DCI, seguida da dosagem, forma farmacêutica, apresentação e tamanho de embalagem e posologia. Esta informação é codificada através do Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM). A prescrição por nome comercial do medicamento ou do titular é possível caso:

 O medicamento de marca sem similar ou que não disponha de medicamento genérico similar comparticipado;

 Exista justificação técnica do prescritor:

Alínea a) - Medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito (menção da “Exceção a) do nº 3 do artigo 6.”).

Perante esta prescrição, o farmacêutico apenas pode dispensar o medicamento que consta da receita.

Alínea b) - Reação adversa prévia (menção da “Exceção b) do nº 3 do artigo 6. - Reação adversa prévia”).

Perante esta prescrição, o farmacêutico apenas pode dispensar o medicamento que consta da receita.

Alínea c) - Continuidade de tratamento superior a 28 dias (menção “Exceção c) do nº 3 do artigo 6. - continuidade de tratamento superior a 28 dias”).

Perante esta prescrição, o farmacêutico apenas pode dispensar outro medicamento similar ao prescrito desde que seja de preço igual ou inferior [9].

Quando a receita chega à farmácia, o farmacêutico para a validar tem de verificar a presença dos seguintes componentes:

 Número da receita;

 Local de prescrição;

 Identificação do médico prescritor;

 Dados do utente - nome e número de utente do Serviço Nacional de Saúde (SNS), número de beneficiário da entidade financeira responsável e regime especial de comparticipação de medicamentos, se aplicável;

 Identificação do medicamento - prescrição por DCI ou por marca;

 Posologia e duração do tratamento;

 Comparticipações especiais;

 Número de embalagens - em cada receita podem ser prescritos até 4 medicamentos distintos, num total de 4 embalagens por receita. No máximo, podem ser prescritas duas embalagens por medicamento exceto se for unidose;

 Data de prescrição - a verificação da data da prescrição é necessária para determinar a validade da receita;

 Assinatura do prescritor [9].

Após a verificação de todos estes componentes da receita, o farmacêutico deve avaliar a necessidade do medicamento, a adequação ao doente (contraindicações, interações, alergias, intolerâncias), a adequação da posologia (dose, frequência e duração do tratamento) e ainda as condições do doente/sistema para administrar o medicamento (aspetos legais, sociais e económicos) [1]. Caso seja necessário, o farmacêutico deve contactar com o prescritor para resolver os eventuais problemas relacionados com a medicação que tenha detetado.

Posteriormente, o farmacêutico obtém todos os medicamentos necessários e inicia-se então o processamento da receita. Começa-se por ler os códigos dos medicamentos e de seguida atribui-se o subsistema de saúde e a portaria, caso esteja presente. Este processo termina aquando da impressão dos códigos de barras no verso da receita, que deve ser assinado pelo doente e datado, carimbado e assinado pelo farmacêutico responsável. Por fim, emite-se a fatura/recibo que é carimbado, rubricado e entregue ao doente.

No decorrer do estágio na Farmácia São João, surgiu o conceito de nova receita eletrónica, esta corresponde a um suporte eletrónico inovador, seguro e sustentável, através do qual os medicamentos prescritos pelo médico ficam acessíveis através do Cartão de Cidadão (CC). Na farmácia, ao introduzir o CC no leitor e digitar o código de acesso presente na guia de tratamento, fica-se com acesso à receita e aos medicamentos prescritos. Dado que o processo ainda não se encontra em vigor em todo o país, atualmente ainda são impressas as receitas eletrónicas.

Junto da receita vem a guia de tratamento, que contém o número da receita médica e ainda dois códigos, um é o código de acesso que autoriza o acesso à receita e o outro é o código do direito de opção que permite ao doente exercer o direito de opção. Assim quando o doente chega à farmácia com a receita médica, no sistema informático escolhe-se a opção do atendimento “com comparticipação” (F3) e faz-se a leitura do número da receita e do código de acesso e automaticamente torna-se disponível a receita. Caso o utente tenha CC, aquando

No sistema informático, cada embalagem de medicamento prescrito encontra-se numa linha individual e o plano é assumido automaticamente. No final, surge uma nova janela que contém os medicamentos da receita e ao ler-se os códigos destes, o sistema informático fornece a indicação de que é o medicamento correto.

Com a nova receita eletrónica, o receituário é conferido eletronicamente no momento da dispensa e permite agrupar as receitas em dois lotes:

 Lote do tipo 99, que inclui todas as receitas que tenham sido conferidas eletronicamente no momento da dispensa e sem erros. O mesmo lote vai conter as receitas de todos os planos sobre a mesma entidade principal.

 Lote do tipo 98, que inclui todas as receitas que tenham sido conferidas eletronicamente no momento da dispensa e que tenham sido registadas com erro. Identifica-se como “erro” quando se termina uma receita com dados diferentes dos importados dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), como por exemplo o PVP. O mesmo lote vai conter as receitas de todos os planos sobre a mesma entidade principal.

O restante receituário, que não é alvo de conferência eletrónica no momento da dispensa, é separado em lotes, processo descrito mais adiante no ponto Contabilidade e Gestão.

Assim sendo, a nova receita eletrónica apresenta várias vantagens para a farmácia tais como:

 Promove a identificação do doente;

 Permite maior foco no utente e na dispensa dos medicamentos;

 Minimiza a possibilidade de erros na dispensa de medicamentos;

 Aumenta a eficiência do processo de conferência de receituário, reduzindo-se às receitas manuais;

 Reduz custos de arquivo e de consumíveis;

 Reduz o número de devoluções de receituário.