• Nenhum resultado encontrado

Disposição para aprender e participação em cursos de formação pedagógica

5 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

B. Disposição para aprender e participação em cursos de formação pedagógica

Nos exemplos apresentados, os professores expressam o interesse em aprender e aprofundar os conceitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, na busca por melhorias em suas práticas. No entanto, relatam não encontrar na instituição o apoio necessário para melhor compreender e aperfeiçoar seus conhecimentos diante de sua iniciativa, no uso do método PBL e na sua atuação como facilitador e, isoladamente, reformular e aprimorar suas práticas pode tornar-se uma difícil tarefa.

O apoio institucional no oferecimento de cursos de formação que proporcionem o desenvolvimento de competências pedagógicas, a atualização e o aperfeiçoamento contínuo do exercício da docência seria a maneira apropriada para que isso ocorra, sobretudo, de forma coletiva.

Hargreaves et al. (2002) apontam que os professores necessitam de chances para experimentar a observação, a modelagem, o treinamento, a instrução individual e

em grupo, a prática e o feedback, a fim de que tenham a possibilidade de desenvolver novas habilidades e de torná-las uma parte integral de suas rotinas de sala de aula.

Pode-se observar nos exemplos10 a disposição, o interesse dos professores em aprender e promover melhorias em suas práticas, como exposto:

Participei de um curso de extensão que era dado no (centro educacional), em 1994, 1995, em que o Professor M. G. falava da lógica do Ciclo de Kolb. Como é que a gente poderia adaptar isso nas nossas aulas, nos nossos cursos etc. Eu já era docente aqui, fiz o curso na ocasião e, parte do que eu absorvi naquele curso eu tentei aplicar nas aulas. Parte eu não consegui, por conta da própria estrutura e pelo fato de eu ministrar o curso durante muitos anos, em paralelo com outro professor o que, de certa forma, me obrigava a seguir os mesmos passos que ele em termos de conteúdo, de prova, de teste. Ainda assim, eu tentei fazer em cada aula uma adaptação para o que eu tinha visto nesse curso do M. e da N. [...], anos depois eu fiz um curso, já, agora, há uns 3 anos com o Felder. [...] A gente aprende bastante, sai motivado para transformar aquilo numa coisa que dê resultado imediato, mas tudo é muito lento. É importante a gente perceber... Professor 3

Agora, eu nunca tive uma aula PBL, quer dizer, estar sob o regime do PBL né? Eu nunca experimentei isso como aluno, né? É, se eu tivesse tido, eu acho que seria mais uma alternativa para aprender, porque a gente tem sempre que estar preocupado... Professor 2

Ah, não. Nenhum! Assim, numa faculdade como a (IES)... [...] Nunca foi dado um curso pedagógico. Professor 2

Nenhum, incrivelmente! A (IES) está aí devendo... disseram que, agora, em 2013, vai ter a turma aqui (IES). [...] Aqui (IES) nunca teve! Professor 2 O Professor comenta que nunca participou e que não teve cursos de formação pedagógica na IES, desde que entrou. Professor 1

Semelhante situação pode ser observada em relação ao professor e à instituição em que é alocado, a qual aprovou o curso de engenharia com o método PBL como componente curricular. Contudo, nota-se que, de modo geral, o preparo e apoio necessário ao professor vêm dos próprios professores mais experientes. Estes apresentam e discutem com os ingressantes as questões essenciais do currículo do curso e, entre elas, as relacionadas ao PBL, como forma de prepará-los para o exercício dos seus novos papéis – de docente do curso e de facilitador da aprendizagem, expressa nos trechos a seguir.

10 Nos exemplos tratados neste item as letras seguidas de ponto final se referem a nomes próprios mencionados pelos Professores entrevistados, bem como a locais, substituídos por referências genéricas entre parênteses. Essa padronização ocorre também em outros trechos adiante.

Então, quando eu cheguei lá, a gente estava aprendendo a fazer PBL. Até hoje a gente está aprendendo. Não vai parar, porque esse negócio é dinâmico demais... Professor 4

Para todos os professores que entram e para os professores que já estão lá, a gente faz o que a gente chama de oficina. Normalmente, no concurso entram alguns professores e a gente promove o que a gente chama de oficina. O Professor L. R. foi lá, em uma dessas oficinas que a gente tentou fazer ampliada, em alguns trabalhos, mas, em geral, a gente não tem um curso específico voltado para isso. Só alguns as oficinas que nós, alguns professores, que já têm alguma experiência preparam. Quando eu entrei lá, tinha um grupo de professores que já estava lá. Preparou uma oficina e a gente passou, mais ou menos, uma semana discutindo algumas coisas. As coisas mais relevantes, né? Sobre o currículo do curso, as características do currículo e as questões do PBL, avaliação, as questões da elaboração de problema, os problemas que já aconteceram com a aplicação da metodologia, para que a gente pudesse evitar algumas coisas que já aconteceram. Enfim, toda experiência adquirida é passada para a gente nessas oficinas. Professor

4

Conforme Arceo (2010) o professor, como principal agente mediador dos processos que conduzem os estudantes à construção de conhecimento e desenvolvimento de competências complexas, tem um papel de destaque. Entretanto, não se pode esperar que os professores realizem essas mudanças sozinhos e sem a devida formação e suporte.

Isso indica a necessidade de um melhor preparo docente que, mesmo com a disposição para aprender e participar de cursos de formação pedagógica para suprir suas necessidades, importantes e imprescindíveis para dar os primeiros passos, é fundamental que haja uma estrutura de apoio pedagógico institucional no auxílio à reflexão, a reconstrução e preparo docente, para que as novas experiências possam ser fundamentadas na promoção efetiva de melhorias à qualidade do ensino em engenharia.