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5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

5.4 DIAGNÓSTICO HIDROSSEDIMENTOLÓGICO

5.4.3 Distribuição Espacial da Produção de Sedimentos

A distribuição espacial da produção de sedimentos anual na BHRV é apresentada na Figura 18 e tabela 21, para o ano de simulação (2015), considerando o uso atual do solo. A

unidade geográfica apresentou uma grande variação na produção de sedimentos inseridos na escala de 3,86 a 42,71 ton/ha.2015-1.

Figura 18: Distribuição espacial dos sedimentos produzidos no ano de 2015 nas sub- bacias do rio Vitorino para uso atual

Fonte: Autoria própria.

Enquanto os maiores valores de produção de sedimentos ocorreram na maioria das vezes na porção média-alta da microbacia, devido ao relevo ondulado e uso intensivo dos solos com a culturas anuais além desta área ser composta por solos mais frágeis aos processos erosivos como Neossolo e Nitossolo como pode se observar nas unidades 17, 18, 22, 23, 24 e 25 apresentaram variação na produção anual de sedimentos elevados, variando de 22,11 a 33,78 ton/ha/ano. Admite-se contribuir com essa observação além das elevadas altitudes, das características dos solos porções consideráveis de solo exposto e ainda os elevados volumes de escoamento superficiais produzidos. Já na porção média baixa composta na maioria por latossolos associados a menores taxas de escoamento superficiais foram observadas as menores taxas de produção de sedimentos como demonstrado nas unidades 6, 7, 8 ,9, 10, 11 e 12 variando de 3,86 a 8,98 ton/ha/ano.

As sub-bacias 2, 13 e 15 demonstraram a variação da produção de sedimentos compreendida entre 8,99 e 12,44 ton/ha/ano. Possuem coberturas vegetais com vegetação nativa semelhantes, relevos de média elevação e extensas áreas agrícolas o que associados e observação do escoamento superficial contribuiu para as taxas de sedimentação.

As sub-bacias localizadas na parte média/alta da microbacia também tiveram maiores valores de produção de sedimentos. Nestes limites se inserem as unidades 16, 19 e 21 com a produção de sedimentos variando entre 12,45 e 16,17 ton/ha/ano para o ano de 2015. Isso é provavelmente o resultado da contribuição de vários fatores – processos hidrológicos, erodibilidade do solo e uso da terra, destacando-se que apresentam áreas singulares de uso agrícola, elevações semelhantes e altos índices de escoamento superficial.

As sub-bacias 5 e 14 se caracterizaram por uma produção anual de sedimentos que variou entre 16,18 a 22,11 ton/ha/ano. A unidade 5 apresenta elevado índice de urbanização por situar-se parte na cidade de Vitorino o que contribui para a elevação do escoamento superficial e a produção de sedimentos. Já a unidade 14 apresenta vegetação nativa muito abaixo da media alem de consideráveis áreas com solo exposto e culturas anuais.

As maiores produções de sedimentos foram encontradas nas sub-bacias 1, 3, 4 e 20. Simultaneamente são regiões mais urbanizadas e com solo exposto da bacia hidrográfica onde foram observados da mesma forma os maiores índices de escoamento superficial e dessa forma taxas de produção de sedimentos variando entre 33,79 a 42,71 ton/ha/ano.

A simulação de cenários indicaram que as variações no uso da terra exercem extrema influência na produção de sedimentos. Nesse estudo, foram modelados os possíveis efeitos da vegetação nativa na produção de sedimentos, substituindo o Plano de Informação contendo áreas de solos exposto e pastagens por vegetação nativa. A qualidade de futuras simulações pode ser melhorada se um completo espectro da maioria das culturas possa ser considerado e a área de estudo possa ser expandida para incluir a totalidade da microbacia. A variação da produção de sedimentos variou de 1,26 a 12,25 ton/ha conforme apresentado na figura. De maneira geral a mudança do uso da terra nas áreas apresentadas por solo exposto diminuiu a exposição dos solos a ação dos processos erosivos, reduzindo significativamente os volumes de sedimentos produzidos em todas as sub bacias.

Constatou-se as maiores alterações principalmente nas sub-bacias que apresentavam maiores percentuais de solo exposto, a exemplo das bacias 1,3 e 4. Dessa forma, pode-se aferir a severa degradação do ambiente que a implantação de culturas anuais com manejos

conservacionistas deficientes pode causar nesta bacia hidrográfica, resultado da exposição e revolvimento do solo, associado à topografia local acidentada.

Figura 19: Distribuição espacial dos sedimentos produzidos no ano de 2015 nas sub- bacias do rio Vitorino para o cenário projetado

Fonte: Autoria própria

A utilização do solo demonstrou estar influenciando diretamente os processos hidrossedimentológicos unidade hidrográfica em avaliação, visto que na projeção do cenário que substitui áreas de solo exposto por vegetação nativa a minimização da produção de sedimentos é expressivamente considerável, como demonstrado na média das perdas de solo de 18,72 para 6,45 ton/ha/ano do uso atual para o cenário projetado. A topografia do terreno também apresentou influência sobre a geração de sedimentos, sendo encontrados nas sub- bacias mais planas os menores valores de perdas de solo. A interação entre as características desses dois fatores influenciam na produção de escoamento superficial, o qual se relaciona diretamente com a produção de sedimentos.

Tabela 21: Quantificação do escoamento superficial (mm), e das perdas de solos (ton/ha) para uso atual e cenário projetado produzido no ano de 2015 nas sub-bacias do Rio Vitorino

SUB-BACIA ESC. SUPERFICIAL (mm) PERDAS DE SOLO (ton/ha)

Uso Atual Cenário Projetado

1 637,40 33,79 4,64 2 378,42 12,44 5,24 3 748,82 35,74 6,98 4 872,12 42,71 2,72 5 408,72 16,18 12,25 6 216,8 8,98 3,84 7 296,40 8,24 2,62 8 232,86 6,78 4,55 9 109,82 5,26 2,27 10 136,46 6,72 6,77 11 142,27 5,29 1,86 12 160,20 3,86 1,26 13 396,62 10,22 5,44 14 416,20 22,11 6,99 15 420,68 8,99 7,22 16 442,62 12,45 10,45 17 621,60 22,11 10,22 18 384,26 23,18 12,04 19 522,46 16,43 6,78 20 447,72 38,78 7,24 21 459,21 14,12 7,02 22 637,40 24,72 11,28 23 521,98 25,61 9,45 24 486,84 29,74 7,29 25 478,82 33,78 5,04 Média 423,08 18,72 6,45

Fonte: Autoria própria

Cabe salientar que, em função das limitações de dados para a inserção no modelo, os resultados devem ser tomados como indicativo ambiental, mas necessitam de validações experimentais para confirmação. No entanto, eles mostraram que o potencial de erosão é variável dentro da sub-bacia hidrográfica, considerando os fatores envolvidos e que são necessárias medidas de caráter preventivo e corretivo para um bom planejamento da ocupação do solo e utilização de práticas conservacionistas, com ênfase para as áreas com maior potencial de perdas de solo. Apesar das restrições de subjetividade de parâmetros e da não calibração, o modelo demonstrou ser relativamente eficaz, permitindo relacionar os dados de topografia, uso e ocupação do solo, tipos de solo, escoamento superficial e produção de sedimentos.

A aplicação do modelo mesmo sem calibração visa apresentar soluções para o gerenciamento de bacias hidrográficas, possibilitando o apoio à tomada de decisão dos órgãos de gestão ambiental com relação ao processo de uso, ocupação e manejo inadequado do solo, reduzindo assim os impactos ambientais sobre os recursos, porém faz-se necessários avaliações complementares a este estudo para quantificar com precisão e acurácia as perdas de solos para cada sub-bacia gerada.