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Distribuição geográfica das Prefeituras Municipais do Estado do Rio de Janeiro onde há gestão terceirizada da alimentação escolar, em 2015.

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A distribuição geográfica dos municípios onde há gestão terceirizada da gestão da alimentação escolar é apresentada no mapa 16.

Mapa 16 - Distribuição geográfica das Prefeituras Municipais do Estado do Rio de Janeiro onde há gestão terceirizada da alimentação escolar, em 2015.

Fonte: elaborada pelo autor a partir de dados do Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SiGPC).

Do ponto de vista da aquisição de produtos da agricultura familiar os 16 municípios que declararam que os serviços de gestão da alimentação escolar são terceirizados, se distribuem em diferentes estratos, conforme pode ser observado na tabela 37.

Tabela 37. Estratos de percentual aplicados na aquisição de produtos da agricultura familiar de municípios do Estado do Rio de Janeiro que se declararam com gestão terceirizada da alimentação escolar, em 2015.

% de aquisição das terceirizadas em 2015 Zero De 0.1 até 29,9% Mais que 30% Total 5 7 4 16 31% 44% 25% 100%

Fonte: elaborada pelo autor a partir de dados do Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SiGPC, 2017).

93 Como se pode observar na tabela 47, 31% das Prefeituras Municipais (5) que se declararam com serviços terceirizados de gestão escolar não adquiriram nada em 2015 da agricultura familiar no âmbito do PNAE. Já 41% (7 Prefeituras) adquiriram percentual entre 0,1 e 29,9% e 25% aplicaram mais do que 30%. Essas informações mostram que os municípios com gestão terceirizada se situam nas diferentes faixas de estratos de aplicação dos recursos repassados pelo PNAE.

Constata-se que 75% dos municípios que terceirizam a gestão da alimentação escolar não cumpriram a legislação vigente que obriga que 30% dos recursos repassados sejam aplicados na aquisição de alimentos da agricultura familiar.

Comparando-se os estratos de percentuais aplicados pelas Prefeituras terceirizadas (tabela 37) com as observadas nos percentuais do Estado do Rio de Janeiro em 2015 (tabela 38), veremos que as terceirizadas têm percentual maior no estrato de zero% (31% contra 27%); próximos no estrato entre 0,1 e 29,9% de aplicação (44% contra 39%) e menor no estrato com mais de 30% de aplicação (25% contra 34%).

Essa constatação demonstra diferenças entre as aquisições dos municípios que terceirizam a gestão da alimentação escolar com relação as que não terceirizam, entretanto, não permite conclusão quanto à hipótese levantada anteriormente de que onde há terceirização da alimentação escolar há menos aquisições de alimentos da agricultura familiar na alimentação escolar, pela razão de ter sido realizada em apenas uma vez, no ano de 2015.

Tabela 38. Estratos de percentual aplicados na aquisição de produtos da agricultura familiar dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, em 2015.

% de aquisição das PMs em 2015 Zero De 0.1 até 29,9% Mais que 30% Total 25 36 31 92 27% 39% 34% 100%

Fonte: elaborada pelo autor a partir de dados do FNDE (2017).

Segundo Bonduki (2017 p.107), via de regra, os municípios que terceirizaram o fornecimento de refeições tiveram índices de compras da agricultura familiar significativamente mais baixos do que os que não o faziam. Em seu estudo, realizado junto a 1242 municípios brasileiros de estrato entre 20 mil a 100 mil habitantes, encontrou diferenças significativas entre as Prefeituras que terceirizaram comparando com as que não terceirizaram.

Ainda segundo seus dados, em 2011, a média de compras da agricultura familiar foi de 9,45% das terceirizadas contra 14,75% das não terceirizadas; em 2012, 14,83% contra 17,86%; em 2013, 15,34% contra 18,39% e em 2014, 22,13% contra 26,08%. O estudo conclui que é clara influência da terceirização na taxa de adaptação dos municípios à legislação federal para compras da agricultura familiar, sugerindo que talvez haja uma correlação negativa entre a terceirização do fornecimento dos municípios e a capacidade de coordenação federal na política pública (BONDUKI, 2017).

94 No ERJ, do ponto de vista do porte (número de habitantes) dos municípios terceirizados observa-se que se distribuem em quase todos os estratos, com exceção dos que se situam entre 50 mil e 100 mil habitantes, como mostra a tabela 39.

Quase metade (49%) dos municípios terceirizados se situa no estrato entre 100 mil e 200 mil habitantes, seguidos pelos estratos situados entre 200 mil a 500 mil (20%) e mais que 500 mil (20%). Entretanto, há Prefeituras terceirizadas nos estratos com menores números de habitantes, como é o caso de Porto Real situado no estrato de até 20 mil e Arraial do Cabo, no estrato entre de 20 mil a 50 mil habitantes.

Tabela 39. Estratos de porte (número de habitantes), quantidade e identificação de municípios do Estado do Rio de Janeiro que se declararam com gestão terceirizada da alimentação escolar, em 2015.

2015 Prefeituras Não terceirizada Terceirizada

Porte (n° habitantes) n° municípios % n° municípios % Nome

Até 20 mil 25 27% 1 1% Porto Real

De 20 a 50 mil 28 30% 1 1% Arraial do Cabo

De 50 a 100 mil 11 12% 0 0%

De 100 a 200 mil 6 7% 7 8%

Teresópolis, Rio das Ostras, Barra Mansa, Resende, Mesquita, Queimados e Angra dos Reis De 200 a 500 mil 5 7% 4 3% Campos dos Goytacazes, Macaé, Magé

e Volta Redonda

Mais de 500 mil 1 1% 3 3% Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São Gonçalo

Total 76 84% 16 16%

Fonte: elaborada pelo autor a partir de dados do Sistema de Gestão de Prestação de Contas ((SiGPC, 2017).

Essa constatação relativiza a hipótese de que as terceirizações ocorrem nos maiores municípios onde há mais dificuldade em operacionalizar as aquisições de alimentos da agricultura familiar para a alimentação escolar. Há necessidade de mais pesquisas aprofundando a temática, entretanto, há indícios de que a opção pela terceirização é muito mais uma política de governo das gestões municipais do que uma forma eficiente de enfrentar os inúmeros problemas enfrentados na aquisição, preparação e fornecimento de alimentação escolar.

Bonduki (2017) analisando 4992 municípios, afirma que a ocorrência de terceirização na execução do PNAE aumenta conforme aumenta o porte das localidades. Dos 1120 municípios com menos de 5 mil habitantes, apenas 2,95% declararam terceirizar. Já entre os 37 municípios com mais de 500 mil habitantes, 35,14% afirmaram contratar empresa para o fornecimento de refeições. Como mostra a tabela 49, os dados encontrados no ERJ são diferentes.

Por fim, analisou-se os municípios que terceirizaram a gestão da alimentação escolar do ponto de vista do volume de recursos aplicados comparando-as com as aplicações das Prefeituras não terceirizadas, conforme tabela 40.

95 Tabela 40. Volume de recursos repassado e aplicado na aquisição de produtos da agricultura familiar de municípios do Estado do Rio de Janeiro que se declararam com gestão terceirizada da alimentação escolar, em 2015.

2015

Prefeituras Não terceirizada Terceirizada Total

Repassado FNDE R$ 127.535.875,60 70% R$ 53.414.549,20 30% R$ 180.950.424,80 Adquirido pela PMs R$ 13.257.611,67 53% R$ 11.831.339,69 47% R$ 25.088.951,36

% adquirido sobre o

total repassado 10% 22% 14%

Fonte: elaborada pelo autor a partir de dados do Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SiGPC).

Constata-se que o conjunto das Prefeituras que não terceirizaram a gestão da alimentação escolar receberam 70% dos recursos repassados pelo FNDE em 2015, ao passo que as Prefeituras terceirizadas receberam 30%. Com relação aos recursos efetivamente aplicados na aquisição de alimentos da agricultura familiar, observa-se que as Prefeituras não terceirizadas aplicaram 53%, enquanto as terceirizadas aplicaram 47% do total repassado. O resultado, computando-se o percentual adquirido sobre o total repassado, é que as Prefeituras não terceirizadas tiveram um desempenho de 10% na aplicação dos recursos do FNDE, enquanto as Prefeituras que terceirizaram a gestão da alimentação escolar obtiveram um desempenho de 22%. Conclui-se, portanto, que a eficiência na aplicação dos recursos repassados pelo FNDE para aquisição de produtos da agricultura familiar em 2015 foi maior nas Prefeituras terceirizadas.

Esse fato tem relação direta com o desempenho do município do Rio de Janeiro, que recebeu o maior repasse de recursos do FNDE para as Prefeituras Municipais do Estado do Rio de Janeiro em 2015, com R$ 67.508.860,40 (37% do total); tem municipalizada sua gestão da alimentação escolar, entretanto, nada adquiriu da agricultura familiar entre o período de 2011 e 2016, com exceção de 2013 onde comprou apenas 0,66% do repasse (R$ 445.694,40).

Por outro lado, no município de Nova Iguaçu onde a gestão da alimentação escolar é terceirizada, houve aquisição de 77 % dos recursos repassados pelo FNDE com compra de R$ 6.892.005,77 da agricultura familiar em 2015.

96 CAPÍTULO 3

DESAFIOS E POTENCIALIDADES DO PNAE NO ESTADO DO RIO DE

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