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CAPÍTULO 3: BREVE NOTÍCIA SOBRE DAVID SALLES

3.3 O ACERVO DAVID SALLES

3.3.2 Diversidade de títulos

O acervo possui um fichário que foi confeccionado logo após a chegada dos livros pela ex-bibliotecária Maria de Nazaré Gomes Santos, o qual serviu de orientação para o levantamento dos títulos de autores estrangeiros e nacionais que tomamos como referenciais para o

entendimento do método interpretativo de David Salles e para as articulações sobre as idéias críticas aqui discutidas.

No mesmo fichário, encontramos também algumas anotações indicando o desaparecimento de vinte e seis títulos do acervo, número que, pelo tempo do levantamento, 1988, já pode ser alterado, conforme pudemos verificar em algumas consultas às obras indicadas na catalogação. Este levantamento foi feito pela ex-bibliotecária que organizou os títulos (a última pessoa a manusear o acervo), segundo a bibliotecária que nos atendeu durante a fase da coleta de dados para a pesquisa.

Estruturalmente, a coleção está dividida em seis partes: Literatura Brasileira; História e Crítica Literária; Teoria Literária; Outras Literaturas; Assuntos Diversos (Sociologia, Religião, Música, Teatro, Filosofia, História, Jornalismo, Arquitetura, Política, Folclore, Economia, Psicologia, Antropologia, Artes Plásticas, Direito, Psicanálise, Cinema e Pedagogia) e Lingüística (dicionários e gramáticas), somando um total de 2.012 livros, sem contabilizar as revistas literárias especializadas, artigos publicados em periódicos compilados pelo autor, dissertações e teses, além da sua produção em livro.

Entre os títulos de interesse para o estudo encontrados na parte da “Literatura Nacional”, temos quase completa a obra de Jorge Amado. Outros autores baianos são também localizados com uma quantidade considerável de títulos, como, por exemplo, o poeta Castro Alves e o escritor Xavier Marques, que, como Jorge Amado, também foram alvos de pesquisa acadêmica e de discussões extra-universitárias, como as que promoveu nos rodapés de jornais.

Nessa parte do acervo, encontram-se catalogados no fichário 853 títulos. Entre os principais autores encontrados no acervo, desnecessário citar aqui todos, temos: José de Alencar, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Aluísio Azevedo, Manuel Bandeira, Lima Barreto, Cruz e Souza, Antônio Callado, Sônia Coutinho, C. Heitor Cony, Ruy Espinheira Filho, Rubem Fonseca, Cid Seixas, Ledo Ivo, Jorge de Lima, Wilson Lins, Clarice Lispector, Joaquim Manuel de Macedo, Ana Maria Machado, Aníbal Machado, Gregório de Matos, Xavier Marques, Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto, Raul Pompéia, Murilo Mendes, Josué Montello, Raquel de Queiroz, Mário Quintana, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, João Ubaldo Ribeiro, Cassiano Ricardo, João Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Dalton Trevisan, José J. Veiga, Érico Veríssimo, entre outros, citados aqui sem critério de ordenação.

Nas áreas da “História e Crítica Literária”, e em particular da crítica, pudemos obter uma sinalização para algumas leituras basilares da obra interpretativa de Salles. Encontramos nesta seção edições comentadas de diversas obras. Estudos de analistas de reconhecido prestígio no Brasil, que respaldaram muitas das argumentações dos rodapés de crítica ou artigos publicados em revistas especializadas e em monografias acadêmicas de David Salles. Entre eles, podemos citar alguns nomes que claramente eram de preferência do crítico como inspiração teórica para as suas análises, como Mário de Andrade, o grande ícone da crítica brasileira do modernismo e autor que declaradamente assume como leitura fundamental para a estruturação de boa parte dos seus pensamentos teóricos sobre a crítica literária, permanecendo imbatível até o início da década de cinqüenta, além de João Alexandre Barbosa, Afrânio Coutinho, seguidos depois por

Eduardo Portella e Luís Lafetá, sem citar todos. Esta parte do acervo é composta por 331 títulos. Além desses autores, temos Wilson Martins com o seu A Crítica Literária no Brasil, em dois volumes.

Ainda na área de “História da Literatura Brasileira”, tem-se a grande maioria das historiografias produzidas até os meados da década de 80 do século passado, como, por exemplo, as de Afrânio Coutinho, Antônio Soares Amora, Alfredo Bosi, José Guilherme Merquior, J. Guinsburg, Antonio Candido, entre outras.

Encontramos também, nesta parte, as obras mais significativas do crítico canadense, Northrop Frye, que são Anatomia da Crítica e O

Caminho Crítico: um ensaio sobre o contexto social da obra literária,

textos com as quais David Salles pode também fundamentar as suas posições sobre o New Criticism e sobre a crítica sociológica. Além de Frye, localizamos textos de I. A Richards e T. S. Eliot, representantes da crítica americana.

Na seção de “Teoria Literária”, encontram-se 151 títulos. Entre os textos de autores estrangeiros tem-se quase toda a obra de Georg Lukács, um dos maiores filósofos marxistas e teóricos da literatura e também responsável por grande parte da fundamentação teórico- interpretativa de David Salles. Além deste, encontramos os Formalistas Russos, Umberto Eco, Roland Barthes, Mikhail Bakhtine, Octavio Paz, Wellek, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Lucien Goldmann, Roland Barthes, Aristóteles, Auerbach, W. Benjamin, Northrop Frye, Roman Ingarden, Wladimir Propp, I. A Richards, Anatol Rosenfeld, Tzvetan Todorov, René Wellek. No âmbito da produção teórica nacional, Salles teve como fontes de consulta textos de Antônio Soares Amora, Alfredo Bosi, Antonio Candido, Lucia Miguel-Pereira, Haroldo de Campos, Osman Lins, Pedro Lyra, Massaud Moisés, Vitor Manuel de Aguiar e

Silva, Gilberto Mendonça Telles, Luís Costa Lima, Dante Moreira Leite, entre outros.

Em “Outras Literaturas”, encontram-se 299 títulos, o que para nós representou uma quantidade significativa, fato que seguramente permitiu ao nosso autor uma formação cultural que ultrapassou os limites do território literário nacional.

Na seção de “Assuntos Diversos” temos 305 títulos.

O interesse de David Salles pelas diversas áreas do conhecimento humano é algo notório desde os seus primeiros textos, escritos para o

Diário de Noticias e o Jornal da Bahia, no início da sua produção

jornalística. Em tais textos, o autor já manifestava o que podemos chamar de “domínio cultural diversificado”, pois escrevia sobre temas variados, não se restringindo apenas às questões literárias.

Entre os temas pelos quais Salles demonstrou um interesse particularmente maior, estão a música, o teatro, o cinema, o folclore, as artes plásticas em geral, a filosofia, a sociologia, o direito (que fez parte da sua formação acadêmica), a antropologia, a psicanálise e a religião.

As obras relacionadas à área da “Lingüística” somam um total de 73 títulos, entre gramáticas do Português e do Inglês e dicionários de Português, Inglês, Francês, Alemão, Espanhol, etc.