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Do como e quando: o desenvolvimento do estudo

Parte II – Enquadramento metodológico

4. Do como e quando: o desenvolvimento do estudo

O processo de investigação no âmbito de um doutoramento é, em si mesmo, complexo e moroso, exigindo tempo para pesquisar, para ler, para aprofundar,

que definimos inicialmente surge mais como um guião de trabalho do que propriamente como definição dos timings em que cada fase de construção da tese tem de estar concluído, como se infere da figura 11.

Figura 11 – Cronograma previsto

Efetivamente, à necessária imersão na leitura corresponde, a nosso ver, um tempo de construção de sentido que o próprio investigador necessita para construir o seu enquadramento teórico. Por outro lado, a recolha de dados é uma fase importante de qualquer investigação, pois trata-se de aceder a informação relevante que sustentará todo o trabalho empírico. Deste modo, cada investigador, vai construindo conhecimento, pois não está apenas a inventariar o que se sabe, mas a fazer uma releitura do conhecimento existente numa perspetiva diferente do que até aí foi feito. Este contexto, sustenta a inclusão de um ponto neste capítulo reportado ao tempo e ao modo como conduzimos a nossa investigação.

Ao escolhermos o nosso objeto de estudo partimos de constatações alicerçadas mais na observação quotidiana do que em evidências de estudo científico pelo que inferimos algumas possibilidades de resposta que careciam evidentemente de confirmação científica. Neste processo dialógico, fomos tomando consciência da relevância em assumir uma total abertura e disponibilidade para acolher todas as perspetivas que fossemos encontrando ao longo do caminho.

se t/1 5 ja n/ 16 ju n/ 16 no v/ 16 ab r/ 17 se t/1 7 fe v/ 18 ju l/1 8 de z/ 18 m ai /1 9 Revisão Bibliográfica Construção do enquadramento teórico Definição e caracterização dos casos Procedimentos de recolha de dados Tratamento qualitativo dos dados Análise dos resultados Discussão dos resultados

Conclusão do estudo Revisão do trabalho com o orientador Redacção final do trabalho Apresentação do trabalho

Figura 12 – Cronograma real

Um primeiro tempo “gasto” na revisão da literatura, à primeira vista longo (até julho de 2018), foi muito importante, não só para apurar os conceitos que subjazem ao nosso estudo, mas sobretudo para solidificar o quadro teórico que suportará toda a discussão dos dados. De facto, sendo o conceito de abandono oculto algo recente na investigação educacional, tornou-se relevante fazer o seu distanciamento face aos conceitos de desengajamento escolar e de abandono precoce de educação e formação.

Consequentemente, decidimos encetar o estudo num contexto em que, por um lado, tivéssemos acesso a um conjunto relevante de casos que nos permitisse responder às questões de investigação e, por outro, que esse acesso nos estivesse facilitado. Feita esta opção e impulsionados pelas interpelações que a revisão bibliográfica nos foi lançando, constatámos ser necessário construir um dispositivo que nos ajudasse a definir um Perfil de Aluno em Abandono Oculto.

Assim, conforme ficou explícito, com recurso ao dispositivo em Excel concebido, iniciámos o processo de recolha de dados (setembro de 2018), tendo por base a informação relativa ao ano letivo de 2017/18. À medida que foram sendo encontradas as características, definidas no Perfil de Aluno em Abandono Oculto que criámos, que potencialmente pudessem indicar estar-se perante um aluno em risco de abandono oculto, fomos fazendo a seleção dos “casos”.

Feita uma primeira “triagem”, solicitámos aos coordenadores de três planos de ação ALFA, BETA e GAMA, do projeto TEIP do agrupamento-contexto,

dez/15 nov/16 nov/17 out/18 out/19 Revisão Bibliográfica

Construção do enquadramento teórico Definição e caracterização dos casos Procedimentos de recolha de dados Tratamento qualitativo dos dados Análise dos resultados Discussão dos resultados

Conclusão do estudo Revisão do trabalho com o orientador Redacção final do trabalho Entrega do trabalho

complementar os dados recolhidos nos documentos da escola previamente consultados. Reunida esta primeira informação, avançámos para uma segunda fase, verificando qual a situação escolar do aluno no ano subsequente (2018/2019) e identificando a sua trajetória escolar.

Concluída a definição dos sujeitos-caso e a primeira recolha de dados relevantes (março, 2019), porque o fenómeno em estudo é complexo e não resulta exclusivamente da soma de fatores de risco, mas da relação que se estabelece entre eles, decidimos aplicar o questionário SASAT com o objetivo de podermos caracterizar melhor os casos e recolher informação diretamente junto de cada sujeito.

De modo a garantir condições de aplicabilidade do questionário e dada a sua pertinência para o agrupamento-contexto – no qual, apesar das melhorias, subsistem problemas de insucesso, indisciplina, absentismo e abandono escolar – foi feita uma sensibilização dos órgãos de gestão, nomeadamente o Diretor e o Conselho Pedagógico, para que se assumisse o SASAT como instrumento de monitorização, dada a sua relevância para identificar e monitorizar os alunos que necessitam de maior atenção e apoio, principalmente os que estão em risco de APEF. O Conselho Pedagógico, por unanimidade, decidiu incluir o SASAT como dispositivo de monitorização do agrupamento-contexto, no âmbito do Projeto TEIP, permitindo a sua aplicação de forma experimental aos alunos que integram o nosso estudo.

No que concerne à aplicação do questionário (abril, 2019) pareceu-nos conveniente ser o investigador a administrá-lo, garantindo assim as questões relativas ao anonimato e confidencialidade. Deste modo, o investigador, munido de uma lista gerada pela aplicação do instrumento de recolha de dados em Excel, procurou os sujeitos pessoalmente, explicitou os objetivos do questionário e convidou-os ao preenchimento, procurando garantir as condições de

anonimato, confidencialidade e possibilidade de cessar a participação a qualquer momento expressas no consentimento informado12 (anexo 3).

Em suma, nesta parte de enquadramento metodológico, procurámos tornar explícito quer a natureza do estudo que decidimos encetar, quer o objeto de estudo e as questões de investigação, quer ainda os métodos e técnicas de recolha e análise de dados nos quais ancoramos o nosso trabalho empírico. Da aplicação dos dispositivos referidos resultou a recolha de diferentes e múltiplos dados que, enformados pelo enquadramento teórico e pelo paradigma de investigação que assumimos, serão objeto de análise e posterior discussão na parte três deste estudo.

12 Dada a inclusão do SASAT nos dispositivos de monitorização do agrupamento-contexto, para