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Do enfoque dado as TIC no PPC e matriz curricular

SEÇÃO 5 – DAS ANÁLISES E EMERGÊNCIA DAS FALAS DOS PARTICIPANTES

5.1 Categoria 1 – Projeto pedagógico do curso e planejamento acadêmico das

5.1.1 Do enfoque dado as TIC no PPC e matriz curricular

O PPC de Química na modalidade EaD, define os objetivos do curso; o perfil do egresso, considerando as competências e habilidades esperadas do profissional; a concepção de curso e seus princípios metodológicos; a organização do curso, que envolve a matriz curricular, carga horária e corpo docente; acompanhamento; orientação; avaliação; além de documentos normativos de estágio, trabalho de conclusão de curso, atividades complementares, etc.

Diante disso, buscamos com a análise, verificar se o PPC contempla algo relacionado ao uso das TIC, bem como na matriz curricular do curso. Assim, constatamos que a única disciplina obrigatória que explicita tratar sobre TIC é Ferramentas Computacionais para o

Ensino de Química (FCEQ) no 4º período do curso com carga horária de 60h.

A disciplina tem como ementa:

Educação e tecnologia. O Computador na educação em ciências. Internet e o ensino de química. O Computador na Escola. Relação professor-aluno no ambiente virtual.

Ferramentas computacionais para o ensino-aprendizagem de química: desenvolvimento e aplicação (ANDRADE et al., 2012, p. 68).

Em consulta ao material didático no acervo digital do CESAD/UFS, a referida disciplina aborda os seguintes conteúdos:

Tecnologias da Informação e Comunicação e o ensino de Química; Importância do conhecimento tecnológico para o ensino de Química; Desafios para a formação de professores e professoras no contexto das novas mídias; Como utilizar a internet na educação; Como fazer a seleção de sites; Como avaliar um software educativo; Softwares de simulação no ensino de Química; Power Point; Excel; Como construir um Blog (LIMA, 2011, p. 3, grifo nosso).

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A disciplina FCEQ busca entre outros objetivos, preparar o futuro professor de Química para utilizar as TIC na sua prática profissional, fazendo uso de diferentes metodologias que possam contribuir com o processo de ensino-aprendizagem.

Segundo Lima, Sussuchi e Jesus (2010), esta disciplina tem o importante papel de promover discussões acerca da utilização das TIC nas aulas de Química, contribuindo para que não sejam subutilizadas nas escolas de educação básica, devido à concepção que os professores podem apresentar de suas potencialidades. Os autores expressam, sem dúvida, um desafio que o professor de hoje precisa enfrentar, compreender a necessidade de contemplar a cibercultura no espaço educacional.

Considerando nosso objeto de pesquisa, os conteúdos abordados em FCEQ podem contribuir para que o aluno conheça e utilize interfaces interativas, a exemplo dos blogs e

softwares de simulação durante sua aprendizagem, como também, possibilitam utilizar o

conhecimento adquirido para a elaboração de sequências didáticas interativas e oficinas temáticas interativas, em disciplinas como Temas Estruturadores para o Ensino de Química, Estágios Supervisionados e Pesquisa em Ensino de Química.

Segundo Andrade et al. (2012, p. 42), as disciplinas da matriz curricular são consideradas como “recursos que ganham sentido em relação aos âmbitos profissionais visados fugindo de uma visão de disciplinas meramente conteudistas”. Portanto, entendemos que a abordagem das TIC não deve ficar restrita a apenas uma disciplina, geralmente ligada à área de ensino, mas sim, ser incorporada em diferentes disciplinas, de diferentes áreas, como orgânica, físico-química, analítica, pois, dispomos de muitos softwares com potencial de ensino-aprendizagem que simulam procedimentos de laboratório, auxiliam na construção de estruturas moleculares, realizam cálculos estatísticos, etc.

Para Lima e Moita (2011, p. 134), o emprego das tecnologias propicia a “integração do aluno no mundo digital,através da otimização dos recursos disponíveis, possibilitando uma multiplicidade de formas de acesso ao conhecimento, de forma dinâmica, autônoma, prazerosa e atual”. Concordamos com as autoras que, contemplar o uso das TIC no currículo de diferentes disciplinas, com abordagem didática, pode favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno no curso, especialmente na EaD, onde a inserção digital se faz necessária.

Nesta perspectiva, buscamos saber a partir do questionário, como os alunos avaliavam o enfoque dado as TIC no curso, considerando a matriz curricular e as disciplinas por eles já cursadas.

Gráfico 1: Enfoque dado as TIC no curso segundo os alunos

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

Dos dez alunos que participaram da pesquisa, seis, avaliam como bom a questão posta e apenas um aluno, considera ótimo. Podemos atribuir esses dados ao fato de o curso possuir alunos que ingressaram ao longo dos vestibulares realizados e que provavelmente já tenham cursado disciplinas que tratam da temática. Por outro lado, para três alunos, o enfoque dados as TIC é ruim, e sobre isso, podemos considerar que esses alunos possam não ter cursado ainda a disciplina FCEQ.

Além disso, disciplinas como Educação e Tecnologias da Informação e

Comunicação com a ementa: “Linguagens e processos pedagógicos de domínio das TIC.

Tecnologias e educação: interfaces, estudos, pesquisas experiências” (ANDRADE, et al.,

6 1 3 Bom Ótimo Ruim

2012, p. 77) e Princípios de Educação a Distância que aborda os “Fundamentos, conceitos e histórico no Brasil e no mundo. Políticas públicas para a EaD. Possibilidades e limites na prática da EaD. Avaliação do processo educativo” (ANDRADE et al., 2012, p. 100), que poderiam propiciar uma melhor compreensão do uso das TIC e da metodologia adotada no curso de EaD são optativas na matriz curricular.

A questão levantada se dá pelo fato de a matriz curricular do curso a distância ter sido transposta na íntegra do curso de licenciatura em Química presencial, logo, não há de se esperar que seja dada ênfase ao uso das TIC, muito menos a EaD.

Sabemos que a cada ingresso de calouros, o próprio CESAD/UFS, por recomendação do MEC, oferta essas disciplinas e matricula os alunos, porém, estes podem optar por cursá- las. Como visto na seção 1, os cursos do CESAD/UFS não possuem módulo introdutório para alunos novatos, nem período de ambientação ao AVA, cabendo às coordenações de cursos promoverem seminários integradores, onde os alunos tomam conhecimento sobre o funcionamento dos cursos.

Para intensificar o uso das TIC em diferentes disciplinas do curso de Química, os professores ao elaborarem seus planejamentos acadêmicos podem buscar estratégias diversificadas de ensino que incitem a utilização de tecnologias interativas seja através de fóruns, chats, YouTube, entre outras, como consta no PPC.

Segundo Lima e Moita (2011), para que a parceria entre a tecnologia e o ensino de Química seja promissora, é preciso direcionar o fazer educativo de modo que o conhecimento seja significativo e útil para os alunos, e dessa forma, favoreça sua aprendizagem. Para tal, é de suma importância também que o tutor conheça bem o projeto pedagógico, afinal ele é o professor que ensina a distância e por isso deve estar tão ciente quanto o professor responsável pela disciplina e pelo acompanhamento de seu trabalho.

Tratando-se do PPC e da matriz curricular, convém ressaltar que o currículo em tramitação prevê a inclusão da disciplina “Tecnologias da Informação e Comunicação no Ensino de Ciências/Química” com carga horária de 30h que objetiva abordar o histórico das TIC, a relação entre TIC e ensino de ciências, processos de ensino-aprendizagem com uso dessas tecnologias, etc. No entanto, o fato de a carga horária da disciplina FCEQ passar de 60h para apenas 30h, leva-nos a pensar que haverá diminuição e reorganização dos conteúdos, ao invés de avanços significativos em relação à temática.