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DO PLANO GERAL DO ENSINO

Horado Barreto de P Cavalcanti.

DO PLANO GERAL DO ENSINO

Art. 19—A Escola N orm al de N atal funccionará como ex tern ato m ixto, subordinado á directoria g e­ ral da Instrucção Publica e terá, annexo, um grupo modelo para a pratica escolar dos norm alistâs.

§ Unico—O d irector da Escola N orm al será no­ meado livrem ente pelo G overnador do Estado, den­ tre os professores, ou d en tre profissionaes ex tran h o s ao estabelecim ento.

Art. 2 9 --0 curso completo da Escola N orm al é de qu atro annos e com prehende as seguintes disci­ plinas :

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I. Portuguez ; II. Francez ; III. A rithm etica ;

IV. Noções de geom etria thecrica e piatica ; V. G eographia geral e particular do Brasil ; VI. H istoria geral e particular do Brazil ; VII. Noções de physica e chimica applicadas á vida pratica ;

V III. Noções de historia n atu ral applicadas á agri­ c u ltu ra e á criação dos animaes ;

IX. Educação moral e eivica ;

X. Pedagogia, historia da educação, economia e

leis escolares ; •

XI. H ygiene escolar

;

XII. Desenho ;

XIII. Princípios de musica e cantos escolar ; XIV. Trabalhos manuaes ;

XV. Economia e artes domesticas ( para o sexo fem inino ) ;

XVI. Educação physica e exercícios infantis ; XVII. Pratica Escolar no grupo modelo.

A rt. 39-~As disciplinas enum eradas do artigo an­ teced en te serão distribuídas pelos quatro annos, da m aneira seguinte :

I. O prim eiro anno com prehenderá o ensino de Portuguez, Francez, A rithm etica, Geometria, Geogra­ phia, H istoria, Desenho, Musica e Educação Physica. II. O segundo anno com prehenderá o desenvol­ vim ento progressivo das m atérias leccionadas no pri­ meiro anno.

III. O terceiro anno com prehenderá o ensino de Portuguez, Educação m cral e civica, H istoria N atu­ ral, Physica e Chimica, Pedagogia, H ygiene Escolar, Musica, Dezenho, Trabalhos manuaes, Educação phy­ sica, e pratica escolar no grupo modelo.

IV. O qu arto anno com prehenderá o desenvolvi­ m ento progressivo das disciplinas ensinadas no te r­ ceiro anno.

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cola não dispuzer de apparelhos apropriados aos di­ versos jogos e á gym nastica, fa rá p arte da pratica escolar no grupo modelo.

Art. 40—0 ensino de A rithm etica e Geometria, Geographia e H istoria, Physica e Chimica e H isto­ ria N atural, Desenho, Trabalhos Manuaes, Economia e A rtes Domesticas, será dado do seguinte modo : uma cadeira de A rithm etica e noções de Geometria theorica e pratica, uma cadeira de Geographia geral e p articu lar do Brazil, H istoria geral e particu lar do Brasil, uma cadeira de Noções de Physica e Chimica applicadas á vida pratica e H istoria N atu ral appli- cada á criação de anim aes e uma cadeira de Dezenho, Trabalhos Manuaes, Economia e A rtes Domesticas.

Art. 59—0 prim eiro e o segundo annos form a­ rão um curso de aperfeiçoam ento das m atérias ap ren ­ didas na escola prim aria ; o terceiro e o quarto an ­ nos form arão o curso propriam ente profissional, no qual os alumnos vão ap ren d er a ensinar.

A rt. 69 - A s disciplinas dos qu atro annos da Es­ cola Norm al serão distribuídas em licções, por sem a­ na, do seguinte modo :

I 19 anno : Portuguez, trez licções ; A rithm etica, duas licções; Geometria, uma licção Geographia, urna licção; H istoria, um a licção ; Desenho, uma licção ; Mu­ sica, uma licção, Francez, duas licções.

II. 29 anno : Portuguez, duas lições ; A rithm e­ tica, uma licção ; Geometria, uma licção ; Geographia, duas lições ; Musica, um a licção, Desenho, uma licção ; Francez, tres, licções ; H istoria, uma licção.

III. 39 anno : Portuguez, duas licções ; Educação moral e civica, duas licçõ es; H istoria N atural, uma licção, Physica e Chimica uma licção ; Pedagogia, trez licções , Hygiene, duas licções

;

Musica, um a licção ; Desenho, uma licção ; Trabalhos M anuaes, uma li­ cção ; Economia Domestica, uma licção.

IV. 4o anno : Portuguez, uma licção ; Educação moral e cívica, duas licções ; H istoria N atural, duas licções ; Physica e Chymica, uma licção ; Pedagogia,

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duas licções ; Hygiene, duas licções

;

Musica, duas li­ cções, Desenho, uma licção ; Trabalhos Manuaes, uma licção ; Economia Domestica, uma licção.

A rt. 7° -C om pete ao director geral da Instrucção Publica, com audiência do director da Escola Normal, a elaboração dos program m as do ensino normal, que serão revistos annualm ente.

§ 19— Na elaboração dos program m as, como na execução delles, devem ser attendidas as seguintes normas :

I. O ensino de cada m atéria será sem pre feito segundo methodo e gradações sem elhantes aos do en ­ sino primário.

II. Os professores deverão, quanto possivel, d ar ás suas licções caracter intuitivo, pratico e deductivo, evitando que seja a memória, em vez do raciocínio, a base do trabalho dos alumnos.

III. O ensino será, tan to quanto possivel, au x i­ liado por meios práticos e experim entaes

IV. O ensino do Portuguez visa fa la r e escrever correctam ente a lingua m aterna e será dado por meio de licções de leitu ra expressiva e explicada, de gram m atica applicada aos casos occorrentes, de re­ dacção, com o intuito de obter elocução perfeita, ac- quisição de vocabulário, exposição precisa do pensa­ mento, prosodia, syntaxe, e ortographia correctas e composição facil sobre them as da vida corrente. No 29. 39 e 49 annos, as exigências serão apenas cres­ centes, augm entadas das noções de litte ra tu ra brazi- leira e portugueza dadas pela leitura dos livros mais notáveis.

Reservar-se-á espaço á litte ra tu ra in fan til das fa ­ bulas, contos, historias e viagens. O ensino da lin­ gua m aterna será rem atado com a m ethodologia da leitura e da escripta nà aula prim aria e exercícios de redacção official.

V. O ensino do Francez com prehende a pratica da expressão neste idioma e a traducção de obras contem porâneas ou excerptos de autores fáceis, ap-

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plicadas as reg ras de gram m atica adequadas, com ex ­ ercícios práticos no proprio idioma.

VI. O ensino de A rithm etica com prehenderá a theoria da num eração, a das operações sobre num e­ ros inteiros, inclusive quadrado e raiz quadrada, frac- ções ordinárias e decimaes, a da divisibilidade, do m á­ ximo divisor commum, do m enor m últiplo, dos nu­ meros prim os ; as transform ações usuaes de fracções ordinárias, destas em decimaes ; reg ra de tre s ; pro­ porções e suas applicações. No curso haverá, cons­ ta n te s exercícios, até aulas, consagradas á resolução de problem as sobre a m atéria leccionada.

VII. O ensino da G eom etria lim itar-se-á ao in ­ dispensável para o conhecim ento das fig u ras planas e dos corpos geom étricos, suas condições de igualda­ de, sem elhança e equivalência dos problem as corre- latos, com em prego dos processos intuitivos de ta- chym etria ; te rá applicações praticas que facilitem o trabalho manual, as arte s decorativas, a construcção, nivelam ento e terraplenagem , além do essencial, re ­ lativo á medida das areas e dos volumes.

V III. A G eographia será ensinada de modo que as producções do solo, as plantas, os anim aes, os po­ vos, sejam considerados no seu meio e am bientes re- gionaes vindo a nom enclatura p ara a facilidade de com prehensão e localisação dos factos geographicos. Dar-se-ão as noções essenciaes de cosm ographia, as relações sideraes e a repercursão delias sobre a te r­ ra. Além das p raticas de cartographia, haverá ou­ tra s de modelagem e representação objectiva de ac­ cidentes geographicos necessários á m ethodologia da disciplina na aula prim aria.

IX. A H istoria será ensinada como um a sciencia de educação, que interessa ao presen te como curio­ sidade e licção de factos, e ao fu tu ro nas assim ila­ ções, comparações e deducções necessárias, abrangendo as licções do patriotism o e o culto dos grandes ho­ mens. O ensino será ajudado de m appas antigos, quadros synchronicos, g rav u ras, projecções e outros

meios visuaes de representação necessários á fu tu ra m ethodologia da disciplina na aula prim aria.

X. A Physica como as sciencias natu raes, aiém do fim educativo que tem o ensino de todas ellas, abran g erá as nações geraes e necessárias á compre- hensão dos phenòmenos de peso, calor, som, luz, elec­ tricidade e as applicações quotidianas na vida cor­ rente, domestica e industrial. D em onstrações p ra ti­ cas de experiencia, illu strarão as aulas, reservadas algum as a exercício dos alumnos. A Physica recrea­ tiva, explicada convenientem ente, tem alcance na methodologia para o ensino_prim ário e deve ser en ­ saiada p ara fu tu ra applicação.

XI. A Chimica não som ente com prehenderá o estudo dos phenomenos chimicos geraes, como o das especies chimicas, corpos simples e compostos, mi­ neraes e orgânicos, applicados estes conhecimentos á vida pratica, domestica e industrial, preparo de cor­ pos, reacções chimicas características, experiencia de alcance u tilitário immediato, recreações de laborato- rio, serão dados em classe, p ara illustraçáo de dou­ trinas, ensaio posterior dos alumnos em aulas espe- ciaes e fu tu ra applicação na escola prim aria.

XII. A H istoria N a tu ra l com prehenderá o estu ­ do da natureza em suas leis e factos geraes- o dos m ineraes, das plantas, dos animaes, do homem, sem o abuso de classificações, des.cripções, p articu larid a­ des estru ctu raes, se não teem em prego adequado,- O estudo dos m ineraes e das plantas insistirá sobre o conhecim ento dos terrenos, preparo dos campos, plantio, cultura, economia ag ríc o la; o dos anim aes incluirá a zootechnia ou a criação scientifica dos ani­ maes domésticos e domesticados ; o do homem reu ­ n irá as noções essenciaes de anatom ia e physiologia necessárias ao estudo de hygiene ou das condições da saúde. Demonstrações esperim entaes, licções de coi­ sas, peças de hervario ou de m u s e u ; excursões e

visitas aos estabelecim entos scientificos, serão illus- trações deste ensino.

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X III. 0 ensino da Educação moral e civica será dado de modo que da intuição sim ples das v a n ta ­ gens do asseio, da deeencia, da ordem, do reconhe­ cim ento da bondade, da verdade, da coragem, vale­ res preciosos na conducta, se virão deduzindo os da honestidade, da equidade, da justiça, da solidarieda­ de, do patriotism o, do altruísm o, como uma sequên­ cia n atu ral e in in terru p ta, que da elem en tar a ffir- mação da personalidade, conduzirá á educação da vontade, á form ação dos hábitos, á construcçáo do caracter. A educação civica terá então o seu desen­ volvim ento, feita a do indivíduo como unidade mo­ ral ; o estudo da organisação política nacional, das liberdades publicas, dos direitos e deveres do cidadão será com pletado pelo culto da P a tria, a vigorado nos appellos constantes á h istoria dos g ran d es feitos e á biographia dos grandes homens, As noções de so­ ciologia e de d ireito usual que term inam o curso, serão praticas, educativas in stru ctiv as a um tem po, para utilidade na vida profissional do alumno m estre.

XIV. A Pedagogia, desem baraçada das noções p re­ lim inares de Psychologia, que competem ao estudo dessa disciplina, e de M ethodologia, que incumbe es­ pecialm ente aos professores de cada um a das cadei­ ras correspondente às do curso prim ário, além da system atisação de todos os conhecim entos pedagógi­ cos, d estin ará espaço á H istoria da Educação, que será a da evolução necessária dos methodos de ensi­ no, em suas linhas geraes e dom inantes, e á eco­ nomia e leis escolares, de alcance pratico immedia- to para o alumno.

XV. A Hygiene Escolar com prehenderá as no­ ções geraes, necessárias aos estudos das condições de m antença da saúde nas escolas, e as particulares de­ pendentes do meio escolar local, população, praticas pedagógicas, exercícios, perigos eventuaes e preser­ vação co n tra as doenças transm issíveis. Noções de p u ericu ltu ra, conhecim ento perfunctorio das princi- paes m oléstias e doenças in fan tis, p ara reconhecel-as ;

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dada a em ergencia, prim eiros cuidados médicos a p re star em caso de necessidade, com pletarão o pro­ gram m a com m entado por exposição e ex erck io s p rá­ ticos, para in teira utilidade deste ensino.

XVI. O Desenho será ensinado, não só com o in tu ito educativo de d ar mais um meio de expressão plastica ou eschem astica ao pensam ento, como ins­ tru tiv o ou u tilitário, de aux iliar o alum no a sup- p rir e com m entar a sua elaboração m ental e, mais tard e, ao m estre, o de illu strar e precisar, suas lições para se fazer melhor e mais facilm ente com- prehendido. O desenho de linha, arabesco, ornatos, com presumpção a decoração artistica, não interessa utilm ente o ensino, mas o das fig u ras que exactam ente reproduzem o objecto observado ou a idéa que se q u er tra n sm ittir em form a ideographica, com as som­ bras e a perspectiva, ou reduzida a syntese linear dos eschemas.

XVII. A Musica, que educa o ouvido e o sen­ tim ento, será principalm ente destinada aos cânticos escolares e ensinada pelo methodo mais fácil, com e x ­ ercícios prelim inares de gym nastica respiratória, em is­ são p e rfe ita dos sons, educação do ouvido, por meio do canto de melodias populares, e dictados, seguin­ do-se a representação graphica dos sons, g ra d a tiv a ­ m ente introduzidos as noções e ensaios de compas­ so, intervallos, valores relativos das figuras, accor­ des, solfejos com os dedos, leitu ra musical, regencia de córos. Além dos exercícios graphicos, haverá fre ­ quentes exercícios de educação do ouvido, em prega­ dos o harm onie e piano para acom panham ento. As canções escolares, os hymnos patrióticos, form arão a principal erudição musical do alum no-m estre.

XVIII. Os Trabalhos M anuaes não se lim itarão a exercícios de geom etria pratica, m elhor cabidos nesta m atéria : serão ensinados com caracter edu­ cativo de aperfeiçoam ento cerebral, pela disciplina das mãos ; de c u ltu ra da vontade, pela realização de esforços productives, e com carac te r profisssionaí

para o inicio dos officios m anuaes rudim entares, cuja instrucção pode com eçar na aula prim aria. Além dos exercícios froebelianos e de cartonagem , serão p ra ­ ticados system aticam ente, logo que a Escola dispo­ nha de apparelhos apropriados, o slojd sueco, m ode­ lagem plastica, os trabalhos de metal, os e x ercid o s agrícolas.

XIX. A Economia e as A rtes Domesticas edu­ cam e instruem no governo da casa e nas prendas necessárias da costura, do córte, da reparação, e con­ certo das roupas usadas, do lavado e engommado, finalm ente sem nenhum a preoccupaçâo su m p tu aria de bordados e atavios para o artificio das exposi­ ções, mas endereçadas a realidades uteis da vida, ás quaes o bom gosto, a dec?ncia e o conforto devem, e n tre tan to , não ser extranhos;

XX. A educação physica não visa só um bene­ ficio de saúde corporal, que equilibra num a escola a tensão espiritual do estudo

;

além da educação dos movimentos, ella te rá um in tu ito instructivo, por meio dos jogos infantis, que vão dos brinquedos aos exercícios m ilitares, Os exercícios callistenicos se fa ­ rão sem textos, sem apparelhos, pela im itação e pelo commando, seguidos das v arian tes applicadas aos jo ­ gos e recreios infantis.

XXL A P ratica escolar no grupo modelo consis­ tirá na assistência ás aulas-modelos do ensino p ri­ m ário e nos ensaios e provas feitas pelos normalis- tas e destinados a lhes desenvolver ou com pletar a aptidão pedagógica. O professor ju stific a rá o metho- do em pregado ou fa rá a critica desses ensaios, te r ­ m inada a classe. Além desses deveres preparatórios p ara o m agistério, os norm alistas serão ensinados nos m esteris da vida escolar, na adm inistração e íeis que regem o ensino publico pela p ratica quotidiana.

§ 29—Os program m as serão form ulados por lic- ções que com prehendam toda a m atéria a leccionar e exg o ttav eis d u ra n te o anno lectivo.

A rt. 8 9 - N o s últim os dias de Janeiro, o d i-

recto r da Escola Normal, ouvidos previam ente os professores e attendidas as conveniências do ensino, proporá o horário das aulas que será subm ettido á approvação do d irecto r geral da Instrucção Publica.

§ 1° -N a organisação do horário, serào o b s e r­ vados os seguintes preceitos :

I. No prim eiro periodo do trabalho diário, serão dispostos os exercicios e licções que exigem mais esforço e attencçào.

II. Ás disciplinas theoricas serão separadas por aulas praticas ou aulas de arte, sem pre que fôr possível.

III. Cada aula theorica d u ra rá q u aren ta e cinco m inutos uteis, com intervallo obrigatorio de dez

m inutos. •

IV As aulas de Musica, Desenho, Trabalhos M anuaes, Economia e A rtes domesticas, Educação physica, poderão d u ra r mais de uma hora, a juizo do d irecto r da Escola:

V M anter-se-á o intervallo de vinte e quatro horas, pelo menos, en tre as aulas da mesma m até­ ria no mesmo anno.

§ 29—Os horários serão revistos, annualm ente, no tempo e pelo modo estabelecido neste R egula­

mento. .

A rt. 9 9 -O uvidos os professores, o directo r da Escola Norm al indicará o m anual ou compendio para o curso.

A rt. IO1- O s laboratorios de Physica e Chimica e H istoria N atu ral ficarão a cargo dos respectivos professores, auxiliado cada um por um preparador.

C A P ITU LO II

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