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DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

SESSÃO DE POSTÊRES

DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Autor: Jean Carlos da Silva Gomes Orientadora: Adriana Leitão Martins

LinhadePesquisa: Linguagem, mente e cérebro

Os estudos que versam sobre o processo do envelhecimento e seus efeitos na expressão linguística têm ganhado destaque no âmbito da psicologia e da linguística (BRANDÃO & PARENTE, 2001). Esses trabalhos indicam que, quando idosos, os indivíduos podem desenvolver problemas linguísticos em diversos níveis, como o fonético, o semântico, o pragmático, e apresentar uma diminuição na velocidade do processamento de sentenças. No entanto, parece não haver um consenso quanto à origem desses problemas linguísticos, se decorrentes de um comprometimento no módulo essencialmente linguístico (ARBUCKLE & GOLD, 1993) ou em módulos não-linguísticos (WOODRUFF-PAK, 1997). No que concerne à análise do desempenho da população idosa quanto a fenômenos sintáticos, poucos trabalhos foram feitos. Entendemos que a investigação desse desempenho pode contribuir para a elucidação de diversos questionamentos quanto à fala do idoso, principalmente quanto à origem do déficit na sua expressão linguística, uma vez que um problema de ordem sintática desassociado de um déficit conceptual pode indicar um comprometimento no módulo essencialmente linguístico. Diante disso, neste trabalho, investigamos as categorias sintáticas de tempo e aspecto. Tempo, segundo Comrie (1985), pode ser definido como uma categoria linguística que possibilita que situemos os acontecimentos do mundo no tempo físico, enquanto que aspecto, segundo Comrie (1976), pode ser definido como uma categoria linguística que possibilita que façamos referência à composição temporal interna de uma situação. Neste estudo, busca-se compreender se há uma preservação ou um comprometimento dessas categorias na gramática mental de idosos falantes nativos do português brasileiro (PB). Logo, as hipóteses adotadas para este estudo são as de que (i) o conhecimento linguístico de tempo mantém-se preservado em idosos saudáveis falantes nativos do PB e (ii) o conhecimento linguístico de aspecto mantém-se preservado em idosos saudáveis falantes nativos do PB. Para tanto, foram aplicados três testes a dez idosos com idade entre setenta e oitenta anos falantes nativos do PB com escolaridade entre ensino fundamental incompleto e ensino médio completo. O primeiro teste foi a versão em português, feita por Caramelli & Nitrini (2000), do Mini-

Cadernos de Resumos do SEPLA 2018– Seminário de Pesquisas Linguísticas em Andamento Exame do Estado Mental (MEEM), que tinha por objetivo avaliar o estado mental dos idosos, garantindo que não apresentassem um quadro demencial não diagnosticado. O segundo teste foi o de ordenamento sequencial de eventos, desenvolvido por Nespoli (2013), cujo objetivo era avaliar o conhecimento conceptual de tempo dos indivíduos. O terceiro teste foi o teste linguístico de preenchimento de lacuna, que visava avaliar o conhecimento linguístico de tempo e aspecto dos participantes. No MEEM, três participantes obtiveram um resultado inferior à nota de corte proposta por Caramelli & Nitrini (2000) e foram eliminados deste estudo. No segundo teste, dos sete participantes mantidos na pesquisa, quatro deles ordenaram grande parte das sequências corretamente, indicando uma preservação do conceito de tempo, enquanto três deles ordenaram apenas uma pequena parte das sequências corretamente, indicando um comprometimento conceptual de tempo. Uma vez que a presença de um comprometimento conceptual impossibilitaria a detecção da origem do déficit na expressão linguística, que poderia ser tanto no módulo linguístico quanto em módulos não-linguísticos, analisamos os resultados do teste linguístico somente dos participantes que apresentaram bom desempenho no teste de ordenamento sequencial de eventos. No teste linguístico, dos quatro indivíduos que tiveram os resultados analisados, três deles apresentaram um déficit na expressão linguística, uma vez que se equivocaram no preenchimento de lacunas que testavam algumas condições específicas. Uma vez que alguns idosos não apresentaram um problema conceptual de ordem temporal, porém evidenciaram um déficit na expressão linguística ora de tempo, ora de aspecto, argumentamos que o problema encontrado na expressão linguística desses idosos seja decorrente de um comprometimento no módulo linguístico. Assim, as duas hipóteses deste estudo foram refutadas.

Palavra-chave: envelhecimento, linguagem, comprometimento linguístico, tempo, aspecto, sintaxe.

Referências:

ARBUCKLE, T., GOLD, D. Aging, Inhibition, and Verbosity. Journal of Gerontology: Psychological Sciences, Waltham: v. 48, n. 5, p.225-232, 1993.

BRANDÃO, L.; PARENTE, M. A. M. P. Os estudos de linguagem no idoso neste último século. Estud. interdiscip. envelhec., Porto Alegre, v.3, p.37-53, 2001.

CARAMELLI, P.; NITRINI, R. Como avaliar de forma breve e objetiva o estado mental de um paciente? Rev. Assoc. Med. Bras., v. 46, n. 4, p. 301-301. 2000.

Cadernos de Resumos do SEPLA 2018– Seminário de Pesquisas Linguísticas em Andamento COMRIE, B. Aspect: an introduction to the study of verbal aspect and related problems. Cambridge: Cambridge University Press, 1976.

__________. Tense. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.

NESPOLI, J. B. Tempo e Aspecto na demência do tipo Alzheimer: um estudo longitudinal. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: UFRJ: Faculdade de Letras. 2013.

WOODRUFF-PAK, D. The Neuropsychology of Aging. Understanding Aging. Malden: Blackwell Publishers, 1997.

Cadernos de Resumos do SEPLA 2018– Seminário de Pesquisas Linguísticas em Andamento A IDENTIFICAÇÃO DOS PREFIXOS ES- E EN- EM VERBOSDENOMINAIS

PARASSINTÉTICOS

Autor: Luís Felipe dos Santos Nascimento

De que maneira se dá o processo de decomposição morfológica de verbos denominais parassintéticos? Este estudo experimental se dedica a achar evidências que possam servir de ponto de partida para essa questão, debruçando-se especificamente sobre formas as formas verbais prefixadas por es- e en-. Por meio de um experimento de leitura automonitoarada não cumulativa de decomposição morfológica, foram analisadas três condições experimentais: (i) verbos denominais parassintéticos – esganar e esfiapar; (ii) verbos com a forma fonológica dos prefixos estudados e uma pseudobase nominal – entender e esbanjar; e (iii) verbos inventados prefixados – empanelar e esbaciar.

Os resultados evidenciaram uma facilitação na passagem do nome base para o sufixo verbalizador quando a forma verbal era prefixada pelos elementos morfológicos em questão. Quando a relação era fonológica, a passagem da pseudobase para o sufixo verbalizador era degradada. Esses resultados evidenciaram que o modelo de processamento morfológico se dá de forma plena, ou seja, morfema a morfema.

Referências

FRANÇA, A. I. (2005) O léxico mental em ação: muitas tarefas em poucos milissegundos. Lingüí∫tica: Revista do Programa de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 1,n. 2, p. 47-82.

HALE, K.; KEYSER, S. J. (1993). On Argument Structure and the LexicalExpression of Syntactic Relations. Cambridge, MA: MIT Press.

NASCIMENTO, L. F. S. (2014). Uma abordagem psicolinguística dos prefixos es- e en-. XXXVI Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural da UFRJ. Outubro/2014.

TAFT, M. & FORSTER, K.I. (1975). “Lexical Storage and Retrieval of Prefixed Words.” Journal of Verbal Learning & Verbal Behavior, 14(6), 638-647.

Cadernos de Resumos do SEPLA 2018– Seminário de Pesquisas Linguísticas em Andamento FUNÇÕES EXECUTIVAS E TESTE DE ROLE-PLAYING EM EXPERIMENTOS