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REANÁLISE EM NOMES DEVERBAIS DO PORTUGUÊS:UM ESTUDO NA INTERFACE SINTAXE-SEMÂNTICA

GRAMÁTICA NA TEORIA GERATIVA

REANÁLISE EM NOMES DEVERBAIS DO PORTUGUÊS:UM ESTUDO NA INTERFACE SINTAXE-SEMÂNTICA

Autora: Rafaela do Nascimento Melo Aquino (CAPES) Orientadora: Miriam Lemle

Co-orientadora: Isabella Lopes Pederneira

O presente estudo tem como objeto de pesquisa a análise das nominalizações na língua portuguesa, com o intuito de observar as relações entre a sintaxe e a semântica. O arcabouço teórico para este estudo são as abordagens da Morfologia Distribuída (EMBICK; NOYER, 2012; HALLE; MARANTZ, 1992; HARLEY; NOYER, 1999; MARANTZ, 1997, 2013; MARANTZ; HALLE, 1993) e do Modelo Exoesqueletal (BORER, 2003, 2005a, 2005b, 2013a, 2013b). A escolha por essa vertente se dá pelo fato de ela assumir a sintaxe como único componente gerativo da gramática, sendo este responsável pela formação de sentenças e palavras. As abordagens acima descritas se diferenciam em alguns aspectos, mas os principais a serem observados são a presença de significado na raiz e o limite sintático para a negociação de significado.

Como dito acima, os nomes deverbais são o foco deste estudo, por razão de esses nomes apresentarem ambiguidade, podendo ter leitura de evento e/ou leitura resultativa como no caso do nome declaração, nas sentenças: (i) a declaração dos fatos do crime pela vítima levou duas horas e (ii) A declaração de bens deve ser entregue até o fim de maio. Em uma visão lexicalista da gramática, GRIMSHAW (1990) propõe que os nomes com leitura eventiva, denominados ComplexEventNouns, devem obrigatoriamente ter um argumento interno em sua estrutura, enquanto os nomes com leitura de resultado, denominados Resultnouns, não pedem argumento interno. No entanto, na abordagem construcionista da gramática, algumas abordagens tratam dessa 91ambiguidade de duas maneiras: ou (i) pela presença/falta do vP ou (ii) adotando o princípio de containment, isto é a ideia de que a estrutura sintático-semântica de uma palavra está contida na estrutura sintático-semântica das palavras derivadas dela,e atribuindo a ambiguidade ao processo de coerção. Contudo, SLEEMAN e BRITO (2007), COMRIE e THOMPSON (2007) apresentam outras leituras possíveis aos nomes derivados como, por exemplo, a leitura locativa, de instrumento/objeto concreto, exemplificada no nome entrada nas sentenças: (iii) a entrada do refeitório está fechada e (iv) comprei duas entradas para o show do U2.

Diante disso, a presente pesquisa tem dois objetivos: (i) aprofundar a compreensão a respeito do comportamento sintático-semântico das nominalizações criadas a partir do sufixo–91ão no português do Brasil e (ii) compreender o processamento desses nomes, em termos de acesso lexical. A análise

nominalizações, independente da leitura que elas tenham. Essa análise está sendo motivada por dois fatores. O primeiro é a presença da marca morfológica verbal nos nomes analisados como, por exemplo, declarar- declaração, plantar – plantação, negociar – negociação. O segundo é a presença do argumento do vP nas construções nominais como, por exemplo, declarar os fatos/os bens – declaração dos fatos/ de bens. No entanto, no que diz respeito ao que licencia a polissemia desses nomes, a análise ainda não apresenta uma proposta. A ideia inicial era pautar a análise conforme a proposta de HARLEY (2009), na qual a autora propõe que o processo semântico-pragmático de coerção seja responsável por transformar um nome complexo eventivo em um nome com leitura de resultado. Contudo, essa proposta apresenta um problema para a língua portuguesa, visto que a diferença entre nomes massivos e contáveis não é clara. Deste modo, os próximos passos desta pesquisa são aprofundar a análise dos nomes em relação aos fatores que licenciam a polissemia e aplicar o experimento de acesso lexical.

Referências:

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