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Do primeiro documento Internacional: Declaração de Genebra – 1924

No documento Deveres parentais imateriais (páginas 31-33)

2. EMBASAMENTO NORMATIVO EM VIGOR E ANTERIOR A 1988

2.1 Do primeiro documento Internacional: Declaração de Genebra – 1924

No século XX foram criadas algumas organizações não governamentais com o objetivo de proteger as crianças, em razão da ideia crescente de que representavam o futuro da humanidade. Destacando que a frente destas organizações havia uma ativista britânica Eglantyne Jebb, que atuava prestando assistência as crianças vítimas da I Guerra Mundial, responsável pela criação, em 1914, do “Save the Children Fund International Union” e um ano após, pela criação da “Union Internationale de Secours aus Enfants” (UISE), em Genebra. Posteriormente, também pela criação da“Union International de Protection à l’Enfance” (UIPE)70

Um dos seus grandes feitos foi à confecção de uma carta em prol das crianças, que após passar pela aprovação do Conselho Geral da UISE, foi acolhida pela opinião pública. Em 1923, foi enviada a Liga das Nações, fundada pelos países vencedores da I guerra Mundial71. Em 26 de setembro de 1924, foi proclamada a “Declaração dos Direitos da Criança da Sociedade das Nações”, posteriormente, denominada, “Declaração dita de Genebra”. Finalmente, em 1948, sofreu algumas alterações, que fez enriquecer seu conteúdo. Representando, o primeiro documento internacional sobre o reconhecimento dos direitos das Crianças e Adolescente.

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BRASIL. decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009. Cconvenção de Viena. Disponível em: ˂http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7030.htm˃.

70 MONTEIRO, Lígia Cláudia Gonçalves. Educação e Direitos da Criança: Perspectiva Histórica e Desafios Pedagógicos. Disponível em:

˂http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/6207/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Mestra do%20-%20L%C3%ADgia%20Monteiro.pdf˃. Acesso em 01/11/2013.

71CÉSAR. Orlando. Legislação Protecção de Crianças. Disponível em:

˂ httpp//www.cnpcjr.pt/Manual_Competências_Comunicacionais/int_legislacao_protcriancas.html˃. Acesso em 03 de agosto de 2013.

A Declaração de Genebra, como ficou conhecida, inicia-se proclamando que “pela presente Declaração dos Direitos da Criança, dita Declaração de Genebra, os homens e as mulheres de todas as nações reconhecem que a Humanidade deve dar à criança o que possui de melhor e afirmam como seus deveres”72

. Então, já chama atenção a referência aos deveres em prol das crianças, bem como que devem receber o que se tem de melhor. A declaração segue reconhecendo, dentre outros direitos, que a criança deverá ser protegida, independentemente, da raça, nacionalidade ou crença; que a criança deve ser auxiliada e a ela deve ser proporcionadas condições para seu desenvolvimento normal, de natureza material, moral e espiritual. Então, aqui já se vê a preocupação com o conteúdo imaterial da formação da criança.

Foi o primeiro documento internacional, que apesar de não ter força obrigatória, propagou, a nível internacional, a conscientização dos adultos quanto aos seus deveres de proteção em prol da criança, no sentido de preservar sua integridade física, protegendo-o da fome, da angústia, do abandono e da exploração, bem como proteger sua moralidade, não permitindo sua desorientação.

Entretanto, não especificou expressamente os direitos das crianças em relação aos pais, não trouxe previsão expressa ao direito de igualdade, do reconhecimento da criança como um sujeito de direitos e liberdades e também não trouxe previsão expressa do direito à educação.

Apesar de inovador, este documento não causou o impacto esperado, no cenário internacional, não adquirindo força obrigatória necessária. Somente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos é que houve uma maior difusão internacional dos direitos das crianças e adolescentes73. No entanto, posteriormente, a própria Convenção da Criança e do Adolescente, em seu preâmbulo, proclamou que Estados-partes

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Declaração de Genebra. Disponível em: ˂http://cedic.iec.uminho.pt/legislacao/leis/decldircri1923.htm˃ . Acesso em 06/08/2013.

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O artigo 30 da convenção de Viena sobre os direitos dos tratados assim dispõe: Aplicação de Tratados Sucessivos sobre o Mesmo Assunto

1. Sem prejuízo das disposições do artigo 103 da Carta das Nações Unidas, os direitos e obrigações dos Estadospartes em tratados sucessivos sobre o mesmo assunto serão determinados de conformidade com os parágrafos seguintes.

2. Quando um tratado estipular que está subordinado a um tratado anterior ou posterior ou que não deve ser considerado incompatível com esse outro tratado, as disposições deste último prevalecerão.

3. Quando todas as partes no tratado anterior são igualmente partes no tratado posterior, sem que o tratado anterior tenha cessado de vigorar ou sem que a sua aplicação tenha sido suspensa nos termos do artigo 59, o tratado anterior só se aplica na medida em que as suas disposições sejam compatíveis com as do tratado posterior. 4 e 5 – omissis..

Logo, ainda quenão tenha adquirido força obrigatória internacional, o conteúdo da referida Declaração foi absolvido ou repetido por tratados internacionais posteriores, que serão, oportunamente mencionados e não sofreu revogação expressa, razão de sua inclusão neste capítulo.

acordaram tomando por base o que tinha sido enunciado em dita Declaração com relação à proteção especial à criança, nos termos a seguir:

Tendo em conta que a necessidade de proporcionar à criança uma proteção especial foi enunciada na Declaração de Genebra de 1924 sobre os Direitos da Criança e na Declaração dos Direitos da Criança adotada pela Assembléia Geral em 20 de novembro de 1959, e reconhecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (em particular nos Artigos 23 e 24), no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (em particular no Artigo 10) e nos estatutos e instrumentos pertinentes das Agências Especializadas e das organizações internacionais que se interessam pelo bem-estar da criança;

Eis, sua importância normativa para a defesa dos direitos e deveres parentais que foram, paulatinamente, merecendo acolhida no cenário internacional, como foi o caso da Declaração universal dos Direitos Humanos, que passamos a estudar.

No documento Deveres parentais imateriais (páginas 31-33)