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Estatuto da Criança e do Adolescente – 1990 e os Princípios da Proteção Integral do

No documento Deveres parentais imateriais (páginas 39-42)

3. EMBASAMENTO NORMATIVO EM VIGOR A PARTIR DE 1988

3.2 Estatuto da Criança e do Adolescente – 1990 e os Princípios da Proteção Integral do

O Estatuto da Criança e do Adolescente foi instituído pela Lei 8069 de 13 de julho de 1990, alterado recentemente pela lei 12.010/2009, que passou a adotar a nova expressão, poder familiar, já introduzida no nosso ordenamento pelo Código Civil86, em substituição ao antigo pátrio poder, trazendo em seu art. 22 o conteúdo correspondente: “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo- lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações

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judiciais”87

. Tal conteúdo também deverá ser interpretado conforme à Constituição Federal e à Convenção, formando, em conjunto com a lei civil um microssistema acerca dos deveres parentais.

O Estatuto da Criança e do Adolescente foi instituído pela Lei 8069 de 13 de julho de 1990, alterado recentemente pela lei 12.010/2009, que passou a adotar a nova expressão, poder familiar, já introduzida no nosso ordenamento pelo Código Civil88, em substituição ao antigo pátrio poder, trazendo em seu art. 22 o conteúdo correspondente: “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo- lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais”89

. Tal conteúdo também deverá ser interpretado conforme à Constituição Federal e à Convenção, formando, em conjunto com a lei civil um microssistema acerca dos deveres parentais.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, editado em 1990, ou seja, dois anos após a Constituição de 1988, trouxe importantes mudanças ao direito protetivo das crianças e adolescentes, iniciando por seu artigo 1º, que assim dispõe: “Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente”90

, princípio que embasará todo o Estatuto, segundo o qual toda e qualquer criança e adolescente, independentemente da situação em que se encontre, são acolhidos pelas normas deste Estatuto, onde lhes são assegurados todos os direitos e garantias nele estatuídos, em contraposição ao antigo Código de Menores91, que somente era destinado às crianças e adolescentes que estivessem em situação de risco. A este respeito esclareceu Andréa Rodrigues Amin, “menor privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, em razão da falta , ação ou omissão dos pais ou responsável, vítimas de maus-tratos”92.

Sob a vigência do Código de Menores, os menores que se enquadravam nesta situação de risco eram levados para internatos ou para antiga FEBEM, não havendo qualquer preocupação de promover o restabelecimento dos vínculos familiares. Enfim, o Código era bastante restrito, conforme abordado alhures, ao contrário do Estatuto da Criança e do Adolescente que adotou esta nova concepção da proteção integral, rompendo

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BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: ˂http://www.planalto.gov.br˃ Acessado em: 06/07/2013.

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Onde entendemos que se trata de autoridade parental

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BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: ˂http://www.planalto.gov.br˃ Acessado em: 06/07/2013.

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BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: ˂http://www.planalto.gov.br˃ Acessado em: 06/07/2013.

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Lei 6.697, de 10/10/1979.

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AMIM, Andréa Rodrigues. Doutrina da Proteção Integral. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente. Aspectos Teóricos e Práticos,p.13

completamente com o sistema anterior, onde a criança e o adolescente passam a ser visto, de acordo com a Convenção da Criança e do Adolescente, como titulares de direitos fundamentais.93

A esse respeito, válidas são as lições de Rodrigo da Cunha Pereira:

A doutrina da proteção integral encontra estreita consonância com a cláusula de tutela da pessoa humana, a qual tem em seu conteúdo não apenas uma conduta omissa do intérprete– de respeitar o crescimento da criança e do adolescente –, mas, principalmente, um comportamento comissivo, de modo que os responsáveis possam promover a personalidade do menor.94

Então, pelo princípio da proteção integral, independentemente da situação em que se encontre a criança e o adolescente, merece proteção integral, de forma a garantir todos os seus direitos e valores previstos na Constituição Federal, Convenção da Criança e do Adolescente, Estatuto da Criança e do Adolescente e Código Civil. Por outro lado, o princípio da proteção integral atinge diretamente os deveres parentais que devem ser interpretados dentro desta visão integral da criança e o do adolescente. De modo que os deveres parentais previstos expressamente no Estatuto, como são os deveres de sustento, guarda e educação dos filhos, ou não, devem ser cumpridos segundo o princípio da proteção integral.

Outro princípio que embasa o Estatuto da Criança e do Adolescente, e, por conseguinte, os deveres parentais é o Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente, que deve servir de norte na resolução dos conflitos envolvendo criança e adolescente. Desta forma, na análise do caso concreto, o que deve prevalecer não é o interesse do pai, mãe ou de outro familiar, mas o interesse da criança. Deve-se considerar, nos termos dos artigos 3º e 6º do ECA, a condição peculiar da criança como pessoa em desenvolvimento, de maneira que os direitos dos menores devem sobrepor-se a qualquer outro bem ou interesse juridicamente tutelado.

O seu conteúdo é bastante amplo, podendo variar de acordo com a cultura, costumes e valores, portanto deve ser compreendido segundo o caso prático concreto, de acordo com o interesse do menor naquela situação analisada. Então, questões que envolvam, por exemplo, a guarda e a convivência familiar precisam ser apreciadas segundo o melhor interesse da criança e adolescente naquela situação95.

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AMIM, Andréa Rodrigues. Doutrina da Proteção Integral. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente. Aspectos Teóricos e Práticos. 2007, p.114-115.

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PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Princípios Fundamentais Norteadores do Direito de Família. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 132.

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PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Princípios Fundamentais Norteadores do Direito de Família. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 132.

As crianças, por força da Constituição Federal, são titulares de direitos fundamentais específicos, como são aqueles previstos expressamente em seu artigo 227, que devem ser assegurados, especialmente por seus pais mediante o cumprimento dos deveres parentais correlatos. Atender a tais direitos significa cumprir com o melhor interesse da criança. Então, garantir a convivência familiar é, muitas vezes, garantir o melhor interesse da criança. Contribuir para formação do filho é garantir o seu melhor interesse.

O estabelecimento da guarda compartilhada, assunto que voltaremos oportunamente, é um importante instrumento no cumprimento do melhor interesse da criança, pois desta forma, realiza o direito fundamental da criança e adolescente à convivência familiar, correspondente ao dever fundamental dos pais.

Por fim, necessário visitar o Código Civil brasileiro de 2002, a fim de se identificar os dispositivos legais aplicáveis.

No documento Deveres parentais imateriais (páginas 39-42)