• Nenhum resultado encontrado

2 DO DIREITO MARCÁRIO

2.5 DOS DIREITOS DECORRENTES DO REGISTRO MARCÁRIO E DA VIGÊNCIA

Vencidas estas considerações, ressalta-se que o registro validamente expedido concede o direito de propriedade sobre a marca ao titular22, sendo garantido o seu uso exclusivo em todo o território nacional e em alguns países estrangeiros, que adotem um sistema de reciprocidade com o país, especialmente com relação à extensão da proteção do

21 “Art. 173. A ação de nulidade poderá ser proposta pelo INPI ou por qualquer pessoa com legítimo interesse. Parágrafo único. O juiz poderá, nos autos da ação de nulidade, determinar liminarmente a suspensão dos

efeitos do registro e do uso da marca, atendidos os requisitos processuais próprios.

Art. 174. Prescreve em 5 (cinco) anos a ação para declarar a nulidade do registro, contados da data da sua concessão.

Art. 175. A ação de nulidade do registro será ajuizada no foro da justiça federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito.

§ 1º O prazo para resposta do réu titular do registro será de 60 (sessenta) dias.

§ 2º Transitada em julgado a decisão da ação de nulidade, o INPI publicará anotação, para ciência de terceiros.” (BRASIL, 1996).

22“[...] um mero pedido de registro formulado perante o INPI ainda não é suficiente para outorgar legitimidade ao titular para coibir, através das medidas legais cabíveis, que terceiros façam uso desautorizado de sua marca. O registro, destarte, é condição sinequa non, para o exercício desse direito. Essa conclusão é decorrente do sistema atributivo de proteção, abordado anteriormente.” (SCUDELER, 2013, p. 92).

registro concedido no Brasil, prevista pelo TRIPs – “Trade Related Aspects of Intelectual Property Rights” aos países signatários. (SCUDELER, 2013, p.77-8).

A garantia de uso exclusivo em todo o território brasileiro é característica do âmbito nacional do registro, com previsão constitucional, o que permite ao titular da marca opor-se ao uso não autorizado desta, lançando mão de todos os recursos legalmente previstos, administrativos, judiciais ou, ainda, extrajudiciais. Além do titular da marca, pode-se dizer, igualmente, que os consumidores são beneficiários da exclusividade, isto porque a marca lhes representa uma garantia da procedência do produto ou serviço, para responsabilizar os fornecedores em caso de lesão. (REQUIÃO, 2011, p. 314).

Scudeler (2013, p. 93-4) faz menção às medidas judiciais previstas no ordenamento brasileiro:

O uso desautorizado da marca, por sua vez, pode ser coibido judicialmente pelo titular, prerrogativa que advém e se justifica como corolário ao direito de uso exclusivo da marca. Poderá se valer, como se verá adiante, tanto de medidas de natureza cível como criminal, já que o uso indevido de marca, além de representar um ilícito civil, também é considerado ilícito penal, pela LPI, porquanto „(...) o emprego de nomes e expressões marcárias semelhantes – quer pela grafia, pronúncia ou qualquer outro elemento, capazes de causar dúvida ao espírito dos possíveis adquirentes de bens exibidos para comércio – deve ser de imediato afastado. A proteção legal à marca (Lei nº 5.772/71, art. 59) tem por escopo reprimir a concorrência desleal, evitar a possibilidade de confusão ou dúvida, o locupletamento com esforço e labor alheios. (...)‟. (grifo nosso).

Além disso, observa-se que a exclusividade da marca não é fator de impedimento para que os distribuidores utilizem de seus sinais distintivos juntamente à marca do produto, a fim de promovê-lo e comercializá-lo. A sua oponibilidade erga omnes também não permitirá ao titular o impedimento da livre circulação de produtos no mercado interno, colocado por terceiros com o consentimento do titular.

Os artigos 131 e 132 da LPI tratam das peculiaridades da proteção conferida pelo registro:

Art. 131. A proteção de que trata esta Lei abrange o uso da marca em papéis, impressos, propaganda e documentos relativos à atividade do titular.

Art. 132. O titular da marca não poderá:

I - impedir que comerciantes ou distribuidores utilizem sinais distintivos que lhes são próprios, juntamente com a marca do produto, na sua promoção e comercialização;

II - impedir que fabricantes de acessórios utilizem a marca para indicar a destinação do produto, desde que obedecidas as práticas leais de concorrência;

III - impedir a livre circulação de produto colocado no mercado interno, por si ou por outrem com seu consentimento, ressalvado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 68; e IV - impedir a citação da marca em discurso, obra científica ou literária ou qualquer outra publicação, desde que sem conotação comercial e sem prejuízo para seu caráter distintivo. (BRASIL, 1996).

Por outro lado, no tocante à vigência da proteção marcária, extrai-se o disposto no art. 133 da Lei de Propriedade Industrial:

Art. 133. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos.

§ 1º O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição. § 2º Se o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o termo final da vigência do registro, o titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subseqüentes, mediante o pagamento de retribuição adicional.

§ 3º A prorrogação não será concedida se não atendido o disposto no art. 128. (BRASIL, 1996).

Depreende-se que a lei brasileira concede caráter temporário à proteção da marca no território brasileiro, pelo período de dez anos, que pode ser prorrogável por igual período de forma sucessiva.

O titular da marca, querendo a prorrogação da proteção, deverá apresentar o respectivo pedido no último ano de vigência do registro, mediante comprovação do pagamento da contribuição relativa ao novo período. Caso não realize o pedido neste prazo, a lei permite a sua apresentação nos seis meses seguintes ao fim da vigência, através do pagamento de contribuição adicional. Lembra-se que só poderão requerer a prorrogação as pessoas com legitimidade para pleitear o direito à marca, consoante o artigo 128 da Lei nº 9.279/96. (REQUIÃO, 2011, p. 318).

Frisa-se: “[...] A marca é o único bem industrial que não tem limite máximo de vigência: desde que providenciadas as prorrogações sucessivas, a marca vigorará enquanto for de interesse de seu titular.” (BERTOLDI; RIBEIRO, 2011, p. 121).

Ademais, diante da exclusividade conferida pelo registro, poderá o titular da marca reivindicar seus direitos perante terceiros de má-fé que venham a usurpar o sinal distintivo de sua titularidade, utilizando-se para tanto de ação competente na esfera judicial ou até mesmo oposição na esfera administrativa.

Desta forma, denota-se que a proteção da marca concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial confere ao seu titular direito de uso exclusivo em todo o território nacional pelo prazo de 10 anos, prorrogáveis de forma sucessiva por tempo indeterminado.