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3 DO NOME EMPRESARIAL

3.4 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO NOME EMPRESARIAL

3.4.1 Dos Princípios da Veracidade e da Novidade

A formação do nome empresarial, de acordo com o que prevê o artigo 34 da Lei nº 8.934/94, deverá obedecer aos princípios da veracidade e da novidade.

Conforme ensina Coelho (2012, p. 244), a observância de tais princípios se justifica na coibição da concorrência desleal e preservação da reputação dos empresários, uma vez que para que cumpra de modo satisfatório a sua função, não pode ensejar confusões.

No que se refere ao princípio da veracidade, é exigida a verdade do nome empresarial, sendo ilícito à empresa se identificar através de elementos que não correspondem a sua realidade fática, o que não significa dizer, contudo, que não possam ser usados elementos fantasia para a sua criação. (SCUDELER, 2013, p.127).

Segundo, Leonardos (apud BRUSCATO, 2011, p. 127), o princípio da veracidade disciplina que o nome empresarial deve

[...] corresponder à situação real do comerciante a quem pertence, não podendo conter elementos suscetíveis de a falsear ou de provocar confusão, quer quanto à identidade do comerciante em nome individual e ao objeto do seu comércio, quer, no tocante às sociedades, quanto à identificação dos sócios, ao tipo e natureza da sociedade, à atividade objeto de seu comércio e outros aspectos a ele relativos. Também denominado como princípio da autenticidade, determina que, quando o nome empresarial for firma individual, deverá conter o nome do empresário e, quando firma social, o nome de ao menos um dos sócios da sociedade empresária, revelando, assim, quem são seus sócios, sua responsabilidade e atividade por ela desenvolvida, não podendo conter dados inverídicos. Além disso, não poderá, ainda, conter palavras e expressões que não correspondam à atividade prevista em seu objeto social. (DINIZ, 2011, p. 826-9, grifo do autor).14

Em virtude deste princípio, diante da retirada, expulsão ou morte de sócio de sociedade limitada que tenha emprestado seu nome à composição do nome empresarial, impõe-se a sua alteração para excluir a referência ao dissidente, seja o nome empresarial firma

14“[...] tal princípio, em relação ao nome do empresário ou dos sócios, advém da época em que os negócios se davam quase em caráter pessoal, ou seja, em decorrência das pessoas que ofereciam os produtos ou serviços e com base em sua reputação e solidez econômica, devido à regra da responsabilidade ilimitada. [...] Porém, tal relevância dessa identificação ainda impera em razão das qualidades pessoais daquele ou daqueles que estejam à frente do empreendimento, com sua honestidade, sua capacidade de compromisso, suas virtudes e defeitos que possam influir na qualidade dos produtos ou serviços ofertados.” (BRUSCATO, 2011, p. 127).

ou denominação. Por outro lado, em se tratando de sociedade anônima, o princípio da veracidade detém menor restrição, uma vez que impede somente a adoção de nome civil de quem não é fundador, acionista ou pessoa que tenha concorrido para o êxito da empresa. (COELHO, 2012, p. 244).

É, inclusive, o que dispõe o artigo 1.165 do Código Civil (BRASIL, 2002): “O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social.”

Do mesmo modo, diante da alteração do nome civil do empresário devido ao casamento, divórcio ou demais casos que a lei autorize, bem como quando a firma contiver designação mais precisa da pessoa do empresário ou do gênero da atividade por ele exercida, havendo alteração destes, impõe-se a modificação da firma individual, a fim de respeitar o disposto pelo princípio da veracidade. (SOUZA, 2013, p. 65).

Sendo assim, extrai-se que o requisito da veracidade é aquele segundo o qual o nome empresarial deve corresponder ao nome do empresário individual, quando firma individual, ou dos sócios que compõem a sociedade empresária, quando firma social, sendo verdadeiro a ponto de não permitir qualquer induzimento a erro de identificação com relação à pessoa do titular e às atividades por ele desenvolvidas.

Com relação ao princípio da novidade, este representa uma garantia de uso exclusivo do nome empresarial, considerando que o empresário que primeiro arquivar a firmar ou denominação na Junta Comercial terá o direito de impedir que outrem adote nome semelhante ou idêntico15, seja na esfera administrativa ou na judicial. (COELHO, 2012, p. 244-5).16

Para Souza (2013, p. 66), a diferenciação com relação às firmas e às denominações possui o intuito de eliminar qualquer confusão por parte dos consumidores e dos demais integrantes do mercado, como fornecedores, bancos e instituições de crédito, de modo que o princípio da novidade vigora ainda que diferentes os ramos mercadológicos.

Diniz (2012, p. 168) leciona:

Pelo princípio da novidade ou da originalidade, o nome empresarial deverá ser novo, ou seja, não poderá ter sido antes assentado no Cartório Civil de Pessoas Jurídicas (sociedade simples) ou no Registro Público de Empresas Mercantis (sociedade

15“Para a confrontação dos nomes empresariais deve ser levado em consideração apenas o elemento

diferenciador e não a firma ou denominação por completo, visto que, de regra, são compostas por termos de uso comum e necessário, como nos vocábulos „indústria‟, „comércio‟, entre outros.” (SCUDELER, 2013, p. 133).

16

Bruscato (2011, p. 128) exalta que devido ao disposto pelo princípio da novidade, o empresário se vê obrigado a realizar pesquisa prévia do nome empresarial que pretende a proteção, antes mesmo de realizar o registro na Junta Comercial competente.

empresária ou empresário individual), nem poderá existir outro homógrafo ou homófono (CC, arts. 1.163 e 1.166). [...]. (DINIZ, 2012, p. 168).

O Código Civil, aliás, em seu artigo 1.163 prevê acerca do requisito da novidade: “O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga.”

Nas lições de Bruscato (2011, p. 128, grifo do autor):

Na composição do nome empresarial é preciso atender ao princípio da novidade, ou seja, não podem existir duas empresas com o mesmo nome comercial numa mesma unidade da Federação (art. 34 da Lei n. 8.934/94 – Lei do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins). O nome adotado deve se distinguir de todos os demais, para que não provoque confusão ou erro. Diz respeito à exclusividade na utilização de determinado nome. Assim, não se pode registrar nome empresarial idêntico ao que já conste do Registro de Empresas.

Desta forma, caso se verifique a existência de nome empresarial já inscrito “[...] a autoridade administrativa recusará a realização do ato, afigurando-se como solução a alteração, o que se faz com o acréscimo de dizeres especificadores, de modo a afastar a homonímia e mesmo a semelhança. [...]” (RIZZARDO, 2012, p. 1087).

Rizzardo (2012, p. 1086) salienta que o princípio da novidade leva ao reconhecimento da garantia de exclusividade do uso do nome empresarial dentro dos limites do território no qual se procedeu ao registro.

Note-se, ainda, que no caso da denominação, embora não se submeta ao princípio da veracidade, deve atender ao critério da novidade, haja vista que não pode ser igual ou semelhante ao nome de outra sociedade devidamente registrada. (MAMEDE, 2013b, p. 54).

Segundo Coelho (2012, p. 245) o Departamento Nacional de Registro de Comércio recomenda às Juntas os critérios17 seguintes na observação ao princípio da novidade:

[...] a) devem ser comparados os nomes por inteiro, quando colidem duas firmas individuais ou razões sociais; b) devem ser comparadas por inteiro, também, as denominações compostas por expressões comuns, de fantasia, de uso generalizado ou vulgar; c) devem ser, por fim, comparados os núcleos das denominações compostas por expressões de fantasia incomum. Nessas comparações, consideram-se iguais as expressões homógrafas e semelhantes as homófonas (IN – DNRC n. 104, art. 8º). São criticáveis tais critérios, tendo em vista a sua generalidade e abstração, frente à multiplicidade de hipóteses que se podem verificar. [...]

Logo, observa-se que o nome empresarial deve ser verdadeiro e novo com relação aos demais nomes empresariais que se encontrarem registrados na Junta Comercial do Estado

17“[...] Na verdade, os parâmetros fixados pelo DNRC, para a avaliação da novidade do nome empresarial, se destinam a orientar e uniformizar a atuação dos órgãos do registro de empresa, mas, por evidente, não estão isentos de questionamento junto ao Poder Judiciário, caso se revelem inapropriados em algum caso concreto. Até mesmo porque não possuem alicerce legal, mas regulamentar.” (COELHO, 2012, p. 245).

em que o empresário titular exercer suas atividades, evitando a caracterização de crime de concorrência desleal18, previsto no artigo 195, V, da Lei de Propriedade Industrial.

Vislumbra-se, por fim, que os requisitos da veracidade e da novidade constituem princípios do direito empresarial aplicáveis aos nomes empresariais registráveis nas Juntas Comerciais de todo o território nacional, sendo previstos, inclusive, pelo Código Civil Brasileiro.

3.4.2 Dos Princípios da Territorialidade, Anterioridade e Especialidade do Nome