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Dos Instrumentos e dos Procedimentos para a Análise dos Dados

PROPOSTA DE ENSINO DE MATEMÁTICA (SEGUINDO UM CAMINHO ARQUIMEDIANO)

CAMINHOS METODOLÓGICOS

2.3 Dos Instrumentos e dos Procedimentos para a Análise dos Dados

Para desenvolver a pesquisa foram elaborados dois instrumentos: I - Questionário e II - Entrevista.

2.3.1 Instrumento I - Questionário

Com vistas à caracterização da amostra (sexo, idade, tempo de exercício no magistério, série/ano em que lecionam atualmente, disciplinas que lecionam, disciplina de preferência, ano de formação, cursos de especialização, participação em atividades de atualização e aperfeiçoamento, razões pelas quais optaram por serem professores dos primeiros anos do Ensino Fundamental) os dados foram coletados por meio de um questionário (apêndice 1), composto de doze itens, os quais deviam ser assinalados ou respondidos pelos colaboradores.

A escolha do questionário para efetivar a coleta de dados que possibilitou a caracterização da amostra, deu-se, basicamente por dois motivos. Primeiro, pela natureza dos próprios dados que se pretendia coletar, ou seja, dados que poderiam apenas ser citados, ou mesmo escolhidos entre alternativas previamente colocadas. Segundo, pelas características do instrumento em si, que permitem uma coleta de dados rápida, de certa forma de fácil tabulação e interpretação.

O questionário para Lakatos e Marconi (2006),

[...] é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável (LAKATOS e MARCONI, 2006, p. 98).

No caso do questionário, aplicado para caracterizar a amostra, dadas as suas características, procedeu-se a uma análise de cunho quantitativo dos dados coletados, item por item, por meio de procedimento estatístico descritivo, indicando-se, quando necessário, a freqüência e a porcentagem das respostas, uma vez que as informações oferecidas pelos colaboradores eram passíveis de quantificação.

2.3.2 Instrumento II – Entrevista

Para obter os dados específicos sobre as crenças dos colaboradores em relação à prática pedagógica da Matemática nos primeiros anos do Ensino Fundamental, diretamente ligadas com a indagação central desta pesquisa e alcançar os objetivos estabelecidos para a essa investigação foi utilizada a entrevista.

Szymanski (2002, p. 10) afirma que “esse instrumento tem sido empregado em pesquisas qualitativas como uma solução para o estudo de significados subjetivos e de tópicos complexos demais para serem investigados por instrumentos fechados num formato padronizado”.

A entrevista de acordo com Martins e Bicudo (2005),

[...] é a única possibilidade que se tem de obter dados relevantes sobre o mundo-vida do respondente. Ao entrevistar-se uma pessoa, o objetivo é conseguir-se descrições tão detalhadas quanto possível das preocupações do entrevistado. Não é, tal objetivo, produzir estímulos pré-categorizados para respostas comportamentais. As descrições ingênuas, situadas sobre o mundo-vida do respondente, obtidas por meio da entrevista, são, então, consideradas de importância primária para a compreensão do mundo-vida do sujeito (MARTINS e BICUDO, 2005, p. 54).

A abordagem qualitativa, segundo Chizzotti (2003, p. 79) “parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”. Nesse sentido, o conhecimento não se restringe a uma mera interpretação de dados isolados, estáticos, conectados por uma analise de cunho puramente descritivo ou explicativo.

O pesquisador é parte constituinte do processo de produção, de elaboração do conhecimento e interpreta os dados obtidos, atribuindo-lhes um sentido contextualizado. O objeto analisado não é um dado hermético, cristalizado e neutro,

possui sentidos e relações que os indivíduos criam a partir de suas próprias ações e reações sobre o pesquisado.

Assim, muitos dos conceitos e definições, na perspectiva do desenvolvimento de uma pesquisa qualitativa, sobre os quais se estruturam e fundamentam as ciências sociais e humanas são produzidos pelas descrições realizadas pelos colaboradores.

Para obtenção dos dados sobre as crenças dos professores colaboradores, em relação ao ensino da Matemática nos primeiros anos do Ensino Fundamental, foi realizada uma entrevista gravada, norteada pela seguinte indagação: Como você

organiza e desenvolve a prática pedagógica em Matemática e como é avaliada a aprendizagem do aluno?

Para a análise dos dados coletados a partir da entrevista, adotou-se um procedimento diferente daquele usado no questionário, uma vez que a entrevista é um instrumento que apresenta outras características e as informações dele obtidas é que permitiriam identificar as crenças dos professores em relação à prática pedagógica em Matemática, aspecto fundamental para este trabalho.

As informações obtidas por meio da entrevista foram submetidas a um processo de análise, buscando-se nos discursos apresentados pelos colaboradores da pesquisa, aquelas unidades que continham significado, isto é, aquilo que era relevante e essencial à pesquisa. De acordo com Martins e Bicudo (2005, p. 99) “como é impossível analisar um texto inteiro simultaneamente, torna-se necessário dividi-lo em unidades”.

Para efetivar essa análise, em busca das unidades de significado, adotou-se o seguinte caminho: registrado o discurso do sujeito obtido na entrevista, foram selecionadas as unidades de significado consideradas fundamentais.

As unidades de significado, conforme Martins e Bicudo (2005),

[...] são discriminações espontaneamente percebidas nas descrições dos sujeitos quando o pesquisador assume uma atitude psicológica e a certeza de que o texto é um exemplo do fenômeno pesquisado. Para discriminar as unidades de significado, o pesquisador anota-as diretamente na descrição sempre que perceber uma mudança psicologicamente sensível de significado da situação para o sujeito. Isso quer dizer que, na pesquisa qualitativa, se opera com a suposição de que a realidade psicológica não está pronta à mão no mundo e que não

pode ser vista simplesmente, mas precisa ser constituída pelo pesquisador. As unidades de significado também não estão prontas no texto. Existem somente em relação à atitude, disposição e perspectiva do pesquisador (MARTINS e BICUDO, 2005, p. 99).

Uma vez selecionadas as “unidades de significado” estas foram destacadas pelo pesquisador com a finalidade de se obter clareza nas reduções que foram realizadas no discurso do sujeito pesquisado.

Nesse momento, segundo Martins (1992), o objetivo é:

[...] determinar, selecionar as partes da descrição que são consideradas essenciais e aquelas que não o são. Em outras palavras, deseja-se encontrar exatamente que partes da experiência que são verdadeiramente partes da nossa consciência, diferenciando-as daquelas que são simplesmente supostas (MARTINS, 1992, p. 59).

Destacadas as unidades de significado, em cada um dos discursos apresentados pelos PFN (Professores formados no Curso Normal Superior) e PFP (Professores formados no Curso de Pedagogia), procurou-se então, trabalhar no sentido de explicitar as convergências e divergências existentes nas falas dos professores. Essa fase, para Martins (1992),

[...] consiste em refletir sobre as partes da experiência que nos parecem possuir significados cognitivos, afetivos e conotativos e, sistematicamente, imaginar cada parte como estando presente ou ausente na experiência. Através da comparação no contexto e eliminações, o pesquisador está capacitado a reduzir a descrição daquelas partes que são essenciais para a existência da consciência da experiência (MARTINS, 1992, p. 60).

Neste capítulo, buscou-se definir e caracterizar alguns aspectos fundamentais da fenomenologia enquanto método de investigação qualitativo na área de Educação, bem como apresentar os colaboradores da pesquisa, os instrumentos utilizados e os procedimentos para análise dos dados. No próximo capítulo, são apresentados os resultados dos instrumentos de pesquisa aplicados e a análise estatística descritiva e fenomenológica sobre os dados coletados.

CAPÍTULO III