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MATERIAL E MÉTODOS

6.2 – DOS RESULTADOS

Houve certa dificuldade em confrontar os resultados deste experimento com os de outros autores, uma vez que na revisão de literatura realizada não foi encontrado trabalho algum que empregasse metodologia semelhante, principalmente em relação à condição de aleatoriedade para escolha dos pontos a serem mensurados, proporcionada pela superposição do retículo.

A presença de gaps também foi verificada por TORABINEJAD et al. (1994), através da infiltração de corantes e de análise por microscopia eletrônica de varredura, em 4 dentes portadores de cirurgias periapicais com

retro-obturações feitas em amálgama (clínica e radiograficamente bem sucedidas), que foram extraídos de uma mesma paciente por motivos protéticos, tendo sido verificadas infiltrações de corante na interface do amálgama com as paredes do preparo e gaps (falhas) de tamanhos variados entre as retro-obturações e as paredes dos preparos, corroborando com os achados do presente experimento.

TORABINEJAD et al. (1995-a) compararam a adaptação marginal do MTA com o Super EBA e o amálgama, através de MEV tanto da superfície apical ressecada quanto da porção interna das regiões apicais preparadas e obturadas, verificando que o MTA apresentou melhor adaptação. No presente experimento, no que diz respeito à superfície em que foi avaliada a adaptação marginal (superfície apical ressecada), não pôde ser observado melhor comportamento de um material em relação ao outro, tendo os mesmos sido considerados semelhantes, após análise estatística.

Neste trabalho, as fotomicrografias em aumento de 1000 vezes obtidas dos quadrantes de cada corpo de prova disponibilizou um universo amostral de 16 quadrantes avaliados para cada material testado. Em cada quadrante, orientados pelo retículo sobreposto à fotomicrografia, que conferiu uma boa condição de aleatoriedade na escolha dos pontos para medição, foram marcados 10 pontos distintos, perfazendo 40 pontos por ápice avaliado e 160 para cada material testado, quantidade bastante satisfatória para análise, apesar do pequeno número de dentes trabalhados – 12 no total. O trabalho verificado na revisão de literatura que mostrou metodologia mais parecida com a empregada neste experimento foi o de TORABINEJAD et al. (1995-a), que selecionou apenas 4 pontos para cada amostra, escolhidos em

locais pré-determinados, sem aleatoriedade. Confrontando ainda os resultados verificados por aqueles autores com os do presente experimento, houve concordância em relação aos achados relativos aos gaps nos ápices obturados com amálgama e Super EBA, tendo ambos os materiais apresentado comportamentos semelhantes. Contudo, em relação aos achados para o MTA, houve discordância, tendo, no presente experimento, sido verificadas falhas na adaptação marginal em todos os corpos de prova trabalhados com o material (o relato dos resultados deste estudo de TORABINEJAD et al. (1995-a), deu conta de que não houve presença de gaps nas amostras em que o MTA foi utilizado).

Em relação às médias dos tamanhos dos gaps encontrados para cada material trabalhado neste estudo, verificadas através de análise estatística, as mesmas foram maiores para todos os materiais testados do que as apresentadas no trabalho de TORABINEJAD et al. (1995-a). É importante ressaltar e refletir que, na metodologia empregada por aqueles autores as medidas foram tomadas em 4 pontos preestabelecidos para cada ápice analisado e no presente experimento as medidas foram tomadas em 40 pontos de cada corpo de prova escolhidos randomicamente.

A presença de gaps verificada em todas as amostras do presente experimento, remete a uma reflexão sobre o sucesso obtido nas cirurgias de periápice. A impressão que se tem é que outros fatores precisam ser considerados nesta avaliação, como (1): adaptação e capacidade de selamento do material retro-obturador, no sentido longitudinal do retro- preparo; e (2): biocompatibilidade e propriedades físico-químicas dos materiais empregados nas retro-obturações. Para TORABINEJAD et al.

(1995-c), o selamento apical deficiente é a maior causa de falhas deste procedimento, devendo-se preencher os retro-preparos com substâncias biocompatíveis que previnam o egresso de contaminação em potencial para os tecidos periapicais. Julgou-se ainda pertinente salientar que, não há como relacionar o sucesso clínico alcançado por este procedimento cirúrgico unicamente com a adaptação marginal dos materiais retro-obturadores às paredes dentinárias dos retro-preparos. Sem dúvida alguma há que se considerar as propriedades físico-químicas e biocompatibilidade das retro- obturações. Neste sentido, TORABINEJAD et al. (1995-c) realizaram experimento para comparar os efeitos antibacterianos de materiais retro- obturadores rotineiramente empregados atualmente (amálgama, Super EBA e MTA). Os resultados apresentados sinalizaram que nenhum dos materiais testados apresentou o efeito antibacteriano completo desejável para um material retro-obturador. ZHU et al. (2000), puderam verificar a adesão de osteoblastos humanos sobre materiais retro-obturadores (MTA, IRM, compósito e amálgama), sendo que o desenvolvimento daquelas células apresentou resposta mais favorável sobre o MTA e o compósito do que ao amálgama e ao IRM.

É oportuno ressaltar que novos trabalhos são necessários no sentido de se encontrar materiais retro-obturadores que atendam à maioria dos requisitos desejados para se alcançar maiores níveis de sucesso clínico nesta modalidade cirúrgica.

7 – CONCLUSÕES

A metodologia específica utilizada neste trabalho, a análise dos resultados e os cálculos estatísticos permitiram concluir que:

1) nenhum dos materiais testados (amálgama, MTA e Super EBA) foi totalmente eficiente em relação ao quesito avaliado – adaptação marginal;

2) não houve diferença estatisticamente significativa em relação às dimensões lineares dos gaps medidos para os materiais trabalhados, sinalizando que sob o ponto de vista da adaptação marginal o amálgama, o MTA e o Super EBA apresentam comportamentos semelhantes.

REFERÊNCIAS

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