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EDIÇÃO INTERNACIONAL DE "REVELAÇÕES DIVINAS " Aos leitores

No documento REVELAÇÕES DIVINAS OFUDESAKI (páginas 168-196)

A Oomoto tem duas escritas sagradas básicas. A primeira são as Revelações Divinas da Oomoto, em japonês Fudesaki (7

volumes), escritas por Nao DEGUCHI, Fundadora da Oomoto; a

outra são os Contos do Mundo Espiritual (81 volumes), de

Onisaburo DEGUCHI.

A primeira constitui um livro sobre o plano da construção e reconstrução dos mundos material e espiritual encetadas por Deus, e a segunda é o livro de salvação ou de ensinamentos a esse respeito. As Revelações Divinas da Oomoto foram concebidas antes dos Contos do Mundo Espiritual e ocupam a posição mais radical entre todas as escritas sagradas da Oomoto. Por conseguinte, este livro é consultado infalivelmente quando se quer investigar a origem da fundação da Oomoto, a finalidade da causa de Deus, o plano divino, a imagem futura do mundo, etc.

As Revelações Divinas da Oomoto constituem livro básico de alarme, que o Deus Kunitokotachi, Governador da Terra (também chamado "Deus Ushitora", que possuiu a Fundadora Nao DEGUCHI)dirigiu à humanidade , que se acha à beira da crise

de sua ruína. Essas indicações recentes e veementes, contidas em expressões naturais, fazem os leitores corrigir sua conduta.

Este volume constitui uma escrita sagrada destinada a edição internacional, que compilamos tomando como texto básico o livro Revelações Divinas da Oomoto em 7 volumes, e retirando dele um décimo de seu conteúdo. No texto não são poucas as expressões peculiares e as partes dificilmente inteligíveis; limitamo-nos, entretanto, ao mínimo de notas e

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esclarecimentos no texto, tendo em vista a característica desta obra, isto é, de escrita sagrada.

Este livro foi compilado tendo em vista os crentes, mas, como as próprias revelações divinas são dirigidas a toda a

humanidade, consideramos o caso de não serem,

eventualmente, crentes os leitores, e ao invés de uma explicação ortodoxa, apresentamos em seguida alguns assuntos referentes a esta obra, esperando sejam eles úteis aos leitores em geral.

1 - A Fundação da Oomoto

No ano 25 da Era Meiji (1892) a Oomoto foi fundada por Nao DEGUCHI (1837-1918), em Ayabe, província de Quioto,

situada quase no centro do território japonês.

Após a queda do governo xogunal, que mantinha um isolacionismo de 300 anos dentro da duradoura sociedade feudal de cerca de 7 séculos, o novo governo, instituído pela Restauração Meiji (1868), promulga a Constituição (1889). E para não ser postergada por outras grandes nações, o governo impulsiona energicamente a modernização de seu país, adotando positivamente a civilização européia. Tal era a situação do Japão daquela época.

No dia 3 de fevereiro (ano-novo no calendário lunar) do ano

em que a Fundadora Nao DEGUCHI completava 55 anos de idade,

o "Deus Ushitora" possuiu-a inesperadamente, declarando a destruição e reconstrução dos mundos material e espiritual. Dessa maneira ocorreu a fundação da Oomoto. Mais tarde o Deus fez a Fundadora tomar de um pincel, e ela escreveu automaticamente a escrita sagrada denominada Fudesaki.

Este Fudesaki (Revelações Divinas) foi escrito ao longo de 26 anos, até a ascensão da Fundadora ao céu, e esta escrita encoraja a humanidade a despertar-se, apontando o erro

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essencial que a humanidade vem cometendo desde os tempos primitivos. Neste livro, o Deus Ushitora, o Deus ancestral e original, criador e consolidador da Terra, declara como finalidade da fundação da Oomoto o fato de que, tendo-Se manifestado de novo, Ele realizará a grande lavagem e purificação dos mundos material e espiritual, reformará radicalmente a maneira egoística e iníqua em vigor até agora e construirá na Terra um Mundo Divino ameno e alegre (o reino terrestre de seres celestiais), que perdurará através de todas as gerações. Estas revelações de grande amplitude não só desvendam categoricamente a

tendência do mundo durante mais de 100 anos — da fundação

da Oomoto até hoje — como também apresentam claramente as imagens do mundo do presente e do porvir.

2 - Acerca das "Revelações Divinas da Oomoto"

Na Oomoto há dois fundadores de doutrina, a Fundadora Nao DEGUCHI e o Co-fundador Onisaburo DEGUCHI, bem como

duas escritas sagradas básicas, Revelações Divinas da Oomoto e Contos do Mundo Espiritual. Além destas, há duas outras escritas sagradas, a saber, Rumos Divinos e Faróis Divinos (de

autoria de Onisaburo DEGUCHI), bem como muitos livros

doutrinários adequados a livro sagrado.

Quanto às Revelações Divinas da Oomoto, como já mencionamos no prefácio, sob a possessão do Deus Kunitokotachi (ou Deus Ushitora), o Ancestral do mundo, a

Fundadora Nao DEGUCHI escreveu automaticamente — processo

semelhante à psicografia (médium escrevente) no Espiritismo —, 10 mil volumes de mensagens divinas (constando cada volume de 20 folhas de papel japonês) ao longo de 26 anos — do ano 25 da Era Meiji (1892), ano da Fundação da Oomoto, até o ano 7 da Era Taishô (1918), ano de sua ascensão ao céu.

A Fundadora, tendo crescido desde a infância numa casa pobre, era analfabeta; entretanto, quando empunhava o pincel,

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instigada pela divindade, conseguia escrever as palavras divinas até mesmo na escuridão da noite. Há uma passagem, no período inicial, em que ela pediu a um vizinho que as interpretasse, pois não podia ler sua própria escrita.

A partir do ano 6 da Era Taishô (1917), por ordem de Deus,

o Mestre Onisaburo DEGUCHI começou a compilar, selecionando

os elementos textuais e acrescentando caracteres chineses às expressões ininteligíveis grafadas em kana cursivos, para facilitar aos leitores sua exata compreensão. As Revelações Divinas da

Oomoto, em 7 volumes, resultam desta compilação.

Este livro abrange assuntos muito diversos: as origens e os destinos de Deuses e divindades, a relação entre Deus e o homem, os pecados da humanidade, o significado do surgimento da Oomoto, profecias e advertências à humanidade, a reforma espiritual e material do mundo, a finalidade da vida humana, a unificação ou reunião do mundo, etc.

Embora as expressões sejam sobremaneira concisas e naturais, seus ignificados são muito profundos; incorre em grande erro, freqüentemente, quem não consegue subentender seu sentido secreto ou espiritual. De fato, os fiéis do período inicial cometiam diversos erros graves com a interpretação apressada das expressões. Por essa razão, Onisaburo ditou os

Contos do Mundo Espiritual como um livro das Revelações Divinas da Oomoto. Fizemos deste livro, na versão em

Esperanto, um texto original da escrita sagrada Revelações

Divinas da Oomoto para edição internacional, e em sua tradução,

entretanto, a trechos de difícil entendimento fizemos alguma exegese, de acordo com o conteúdo dos Contos do Mundo

Espiritual, ao invés de traduzi-los literalmente.

Entretanto, nas expressões isoladas que esclarecem detalhada e reiteradamente diversos assuntos, como pais que

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convencessem seu filhinho, pode-se ver o amor paternal de Deus à frente de grande empresa em prol da humanidade.

3 - Acerca do Deus Ushitora

O Deus Ushitora (v. o parágrafo 1í do texto), que possuiu a

Fundadora, é espírito-parcela direto (v. Prefácio 3.1) b)) do DEUS

Ookunitokotachi, criador de todo o universo ou o único DEUS

absoluto. Ele é o governador da Terra, e criou o globo terrestre fazendo crescer todo ser vivo; este Deus é chamado Deus Kunitokotachi na mitologia de nosso país.

Escrevamos um pouco mais sobre o Deus Ushitora ou Kunitokotachi. Este Deus vinha praticando com justiça e rigor o bem e o amor supremos durante bilhões de anos, desde o começo da criação da Terra. Atravessando muitas dificuldades e sofrimentos, ele formou a Terra como a vemos agora e aumentou os homens, os animais e as plantas. Por conseguinte, este é o verdadeiro Deus paternal não só da humanidade, mas também de todo ser existente na Terra; pode-se dizer, pois, que a humanidade vive diariamente na infinita graça deste Deus.

Segundo o Fudesaki, na antiga época de Deus, após a formação da Terra, este Deus instalou 12 deuses-governantes nacionais e, sob estes, também 12 deuses primeiros-ministros, e governou o mundo em união. E Ele era muito venerado como um Deus tão poderoso que não havia no universo nenhum outro igual a Ele, ou que até mesmo as aves voadoras caíam atemorizadas; dessa maneira, Ele trouxe ao mundo a idade áurea em que todos os seres viviam em concórdia e alegria.

Entretanto, com o passar do tempo muitos deuses acostumaram-se com o seu favor; tornavam-se indolentes, eram obsidiados por espíritos maus e perversos e, por fim, começaram a temer o poder do Deus Kunitokotachi. Em conseqüência, aconteceu que, em razão de diversas intrigas e pela influência da

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maioria deles, confinaram-No no território do Japão, na direção de Ushitora (Nordeste) na Terra, durante muitos anos, isto é, cerca de dez milhões de anos (v. o parágrafo 452 do texto). No entanto, após sua abdicação, o Deus Kunitokotachi velou pelo mundo, às ocultas, para não deixá-lo arruinar-se. O Deus Ushitora é, portanto, um apelido derivado desse episódio (v. o

parágrafo 718 do texto). Segundo o seu nome, o Deus Ushitora é

o Deus que se ocultou na região de Ushitora (nordeste) e que gozava um prestígio glorioso e uma virtude incomparavelmente grandiosa e absolutamente sólida.

Mas, enquanto este Deus permanecia na condição de eremita, muitas divindades que eram adeptas da doutrina segundo a qual o corpo é superior à alma, punham a seu bel- prazer a Terra em desordem e tornavam o mundo agoístico e violento. Por fim, o mundo caiu num estado tão perigoso que, se durasse ainda mais, a Terra se tornaria igual ao anterior mar de lama e as sementes humanas se reduziriam a nada e não só a humanidade pereceria, mas também todos os demais seres. Em 1892 este Deus rompeu, finalmente, o prolongado Silêncio da

vida eremítica e, através do corpo de Nao DEGUCHI, surgiu de

novo como o governo do Reino Divino terreno. Desse modo Ele iniciou a sagrada tarefa de radical destruição e reconstrução do mundo. Eis o nascimento da Oomoto.

Nas Revelações Divinas da Oomoto encontra-se a expressão "Deus fará o mundo voltar aos tempos primitivos originais" (v. o parágrafo 60 do texto); isto quer dizer que o Deus Kunitokotachi construirá de novo, na Terra, o mundo áureo, igual ao da antiga época de Deus.

Este Deus Kunitokotachi possuiu a Fundadora, e o Deus Toyokumonuno, Seu Deus-esposa (Deus Hitsujisaru), possuiu o

Mestre Onisaburo DEGUCHI. Na Oomoto o Deus Kunitokotachi é

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Toyokumonuno o Deus maternal (v. o parágrafo 8 . Acerca do

Deus Hitsujisaru, neste posfácio).

Neste livro, aqueles deuses que abdicaram juntamente com o Deus Ushitora e atravessaram dificuldades e sofrimentos são por nós indicados pelas expressões "deuses que permanecem miseráveis no sopé do mundo" (v. os parágrafos 86, 163 do

texto); entretanto, os deuses que dominavam arrogantemente o

mundo, de maneira egoística e violenta, segundo a doutrina do corpo acima da alma, ocupando a vanguarda, enquanto o Deus Ushitora levava Sua vida eremítica, são por nós indicados pela expressão "deuses a postos na vanguarda do mundo" (v. o

parágrafo 51 do texto). Eles são, pois, indicados por essas

expressões contrastantes (v. os parágrafos 408-410 do texto). As religiões existentes até agora explicaram tão-somente o "Deus Celeste", mas pouquíssimos foram os ensinamentos que deram explicações sobre o "Deus Terreno". Isto provavelmente simboliza que o Deus Kunitokotachi, o Governador da Terra, permaneceu por tempo infinitamente longo na situação de eremita.

Então, por que razão o Deus que ocupou essa posição fundamental, como a de Governador da Terra, teve de abdicar? Para dar uma resposta adequada a esta pergunta, deveríamos escrever muito, inclusive Sua história. Porém, por ser limitado o espaço, nosso esclarecimento aqui deve ser simples. Na meninice todo homem experimenta um período chamado de resistência, quando ele se opõe a seus pais, insistindo sobre sua independência; a atitude imprudente daqueles deuses que levaram o Deus Kunitokotachi a abdicar é muito semelhante à do menino. Os deuses terrenos fizeram o Governador da Terra abdicar, dominaram livremente o mundo e eles mesmos criaram um mundo sem saída — isto constitui provavelmente um estádio evolutivo deles: houve a necessidade de corrigir, desse modo, sua fortíssima personalidade.

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4 - Acerca da Fundadora Nao DEGUCHI

A Fundadora Nao DEGUCHI foi a primeira filha do casal

Gorosaburo KIRIMURA (o pai, carpinteiro) e Soyo (a mãe), nascida

em Fukuchiyama (a atual cidade de Hukuchiyama) na província de Quioto, Japão, em 16 de dezembro (do calendário lunar), no ano 7 da Era Tempo, 1837 (no novo calendário: 22 de janeiro). Este ano do nascimento da Fundadora foi o ano em que todo o país nipônico se viu flagelado por uma colheita tremendamente catastrófica, a que se chamou de "a Grande Fome da Era Tempo", quando apareciam cadáveres de famintos, um após outros.

Os KIRIMURA orgulhavam-se de sua elevada origem, mas,

com o tempo, ao nascer a Fundadora, a família já se achava em situação de miséria. O pai Gorosaburo morreu quando a Fundadora contava 9 anos; por isso, aos 10 anos de idade ela teve de servir em uma casa estranha. Seu modo de servir ao patrão e sua fidelidade aos pais comoviam sobremaneira as pessoas, e ela chegou a ser homenageada pelo senhor feudal de então, por sua lealdade filial.

Por essa época, já com cerca de seis ou sete anos, ela fazia previsões sobre assuntos cotidianos e acertava todas, pelo

que se conta. Aos 17 anos foi adotada pela família DEGUCHI e

casou-se com Masagoro, carpinteiro de santuários xintoístas, que por sua vez foi adotado logo depois de Nao. Mais tarde ela teve três filhos e cinco filhas. O esposo Masagoro exercia sua profissão com arte, apesar de otimista e vacilante; era excessivamente indiferente à subsistência da família. Por essa razão a Fundadora tinha de se esforçar bastante no governo da casa. Masagoro faleceu quando a Fundadora contava 50 anos de idade. Com numerosos filhos, ela não sabia o que fazer.

Nao provia a família com diversos trabalhos: vendia manju, (uma espécie de bolo japonês) que ela própria fazia, preparava

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seda (usada no fabrico de tecidos), realizava pequenos negócios e, por fim, começou a coletar papéis velhos. Enquanto trabalhava procurando papéis, da madrugada até alta noite, e comendo quase nada, suas crianças eram vítimas de sucessivos infortúnios: eram deveras grandes os seus sofrimentos e dificuldades. Não obstante, sua aparência era nobre, e ela, diziam, não parecia, absolutamente, uma catadeira de papel; vestia sempre um quimono com as pregas em ordem, embora modesto, e se apresentava bem penteada.

A partir de 1° de janeiro (do calendário lunar) do ano 25 da Era Meiji (1892), contando a Fundadora 55 anos de idade, todas as noites ela sonhava que ia visitar um majestoso templo e ali se encontrava com um deus muito generoso. Na noite de 5 de janeiro do calendário lunar (2 de fevereiro, solar), de repente ela começou a bradar, do fundo do ventre, com a voz tensa de um deus varonil. Habitualmente a postura da Fundadora era suave e tranqüila, mas, nesses momentos, ela emitia uma voz como que fúlgida e vigorosa, que tornava tenso o seu corpo.

Não sentia a testa quente, como a arder; a parte superior do corpo ficava aprumada, o corpo inteiro enchia-se de vigor, e o talhe inclinava-se um pouco para trás, com uma vacilação que só a custo se podia notar. O maxilar ficava contraído, os olhos brilhavam e escapava um vozeirão, pleno de majestade. Era uma voz desconhecida da Fundadora. Ela não conseguia deter-se de maneira nenhuma, mesmo se comprimisse os dentes: subia-lhe naturalmente do fundo do ventre algo em forma de uma bola.

Desde esse dia a possessão divina da Fundadora continuou desordenadamente, tanto à luz do dia como à noite, e ela não pôde comer nem dormir durante 13 dias. Incomodada, ela indagou ao dono daquela voz quem era ele. Este, exalando um perfume agradabilíssimo, respondeu aos brados: "Sou o

177 todos os homens do mundo, mudai o vosso coração rapidamente."

A humilde Fundadora ficou sobremodo aborrecida, desconfiada de que aquela voz pudesse ser de um espírito mau ou que estivesse ludibriando a ela e a outras pessoas. Visitou então um bonzo e um exorcista que moravam nas proximidades, pedindo-lhes que retirassem do seu corpo o inesperado hóspede. Quando, porém, eles começaram a rezar, seus corpos tornaram- se imediatamente rígidos, sob a pressão do intenso estro espiritual do deus abdominal de Nao, não tendo outro recurso senão retirarem-se.

Assim, a Fundadora examinou de todas as maneiras o seu possessor e, por fim, confiou no Deus Ushitora e seguiu Sua vontade. A Fundadora, que sentiu vergonhoso o vozeirão que saía de sua boca, pediu ao Deus que não continuasse a emitir tal voz, e o Deus respondeu; "Então pegai um pincel". Mas ela, analfabeta, explicou-Lhe que não podia escrever letras. "Não, vós

não escrevereis. Eu escreverei", disse o Deus. E, ao sentar-se a

Fundadora diante do papel, tomando do pincel, sua mão moveu- se automaticamente e começou a escrever revelações.

Do dia em que ocorreu a primeira possessão divina, a Fundadora começou a despejar sobre si baldes d'água junto a um poço, no rigor do frio. Com isso ela desejava tornar mais limpos o seu coração e o seu corpo. Além disso, informada pelo Deus sobre a aproximação de grande dificuldade no mundo e do grande empreendimento da humanidade, ela desejou rogar a Deus pela salvação de todos os seres vivos, transformando a grande dificuldade em pequena, e eliminando a pequena. A autopurificação pela água ela praticava diversas vezes no dia, de dia e de noite, desordenadamente. E esse rigoroso ascetismo durou 20 anos sem nem mesmo um dia de descanso, até que Deus proibisse isso a ela já entrada em anos.

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O Fudesaki foi escrito com caracteres simples de kana (silabário japonês) juntamente com algumas letras chinesas, mas aqueles apresentavam algum vigor. Quase todas as coisas ali escritas versavam sobre "o mundo" e "os povos do mundo". Ao escrever o Fudesaki, a Fundadora costumava purificar-se com água, sentava-se diante da mesa com o corpo a prumo, não levando para o cômodo nenhum aquecedor, mesmo no inverno, e não usava nenhum ventilador no verão. Também os fiéis realizavam a respectiva purificação, repetindo a transcrição e leitura humilde do Fudesaki.

O Fudesaki assim escrito foi em seguida compilado pelo

Mestre Onisaburo DEGUCHI e publicado sob o título de

Revelações Divinas da Oomoto.

Após a fundação da Oomoto, nos intervalos da escrita diária do Fudesaki, a Fundadora cumpria as tarefas sagradas do plano divino: por ordem de Deus ela viveu algum tempo numa ilhota isolada do Mar do Japão com apenas um pouco de comida, orando pelo fim da Guerra Nipo-russa e pela paz mundial, e na companhia de Onisaburo e alguns outros fiéis ela visitou santuários de vários locais do oeste do Japão, desempenhando a sagrada causa de fazer os "deuses caídos em miséria nas priscas eras" saírem para a vanguarda do mundo, etc.

Por outro lado, os visitantes e crentes eram sempre recebidos por ela com cortesia e amável ajuda, sem distinguir, absolutamente, entre ricos e pobres, entre nobres e plebeus, a todos dirigindo a palavra sempre com humildade e voz cristalina.

Na madrugada de 6 de novembro do ano 7 da Era Taishô (1918) a Fundadora levou uma queda num corredor. Ao Mestre Onisaburo, que a acudiu depressa, ela dirigiu duas ou três palavras, com os olhos semicerrados. Em seguida entrou em coma e ficou nesse estado até a noite. Às 22 e meia a Fundadora ascendeu ao céu em meio às preces dos crentes. Contava ela

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então 81 anos de idade. Que maravilha! Nesse mesmo dia a Primeira Guerra Mundial, que durou 5 anos, depôs as armas e simultaneamente cessou o troar de todos os canhões. Cinco dias depois, dia 11, terminou a Guerra Mundial.

Realmente, a Fundadora passou por toda espécie de sofrimento durante sua existência neste mundo (v. os parágrafos

145, 576). No Fudesaki há a expressão: "Fiz Nao padecer, e seu coração e seu corpo ficaram tão carcomidos como uma vareta de ferro que fosse raspada até reduzir-se a uma agulha." Isto

constitui uma prova divina para torná-la uma coluna de Deus, uma coluna do mundo, e, sob outro ponto de vista, constituiu um resgate para a humanidade.

Isto está relacionado com o modo de vida singelo a que ela se obrigou. De fato, a Fundadora não comeu à saciedade nem uma só vez durante toda a sua vida; na primeira metade de sua existência, por pobreza; na outra, por levar em conta a fome que a humanidade haveria de sofrer, eventualmente, no futuro. Ela comia até mesmo folha amarelada de legume e casca de batata doce, que não jogava fora, e, no que diz respeito ao arroz, comia calada diariamente, pondo pequena quantia numa tigela, e despejando sobre ele água fervente limpa. Uma vez ela confessou: "Quando medito sobre o julgamento de Deus acerca

do pecado da humanidade, de desgosto não consigo comer nada". Até o último suspiro ela não desejou usar senão um

quimono barato de tecido de algodão.

Certa vez, anos mais tarde, a Terceira Guia Naohi DEGUCHI,

neta da Fundadora, compôs os seguintes uta, saudosa da Fundadora:

180 Nas horas vagas

costumava contemplar a nuvem fugaz cortando o firmamento

em que se absorvia.

No documento REVELAÇÕES DIVINAS OFUDESAKI (páginas 168-196)

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