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RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 Relatos e análise da observação participante

4.2.2 Desenvolvimento das atividades e das estratégias pedagógicas de educação musical num contexto informatizado

4.2.2.4 Edição das partituras pelos alunos

Para execução da atividade os alunos receberam as seguintes instruções: ligue o seu computador, clique no comando iniciar, acesse o programa Encore, clique em arquivo, clique em novo. Crie um arquivo com seu nome e edite as partituras, ao terminar o processo de edição salve seu trabalho dando um clique em arquivo/salvar.

É importante ressaltar que o trabalho de edição das partituras foi realizado em doze aulas (três meses) com duração de sessenta minutos cada. Nestas aulas foi possível trabalhar buscando sempre na pesquisa e na experimentação o suporte para adquirir e construir o conhecimento. Portanto, para a realização das atividades os alunos foram incentivados a experimentar os diversos recursos apresentados pelo computador e pelo programa Encore relativos a edição e produção musical e dos efeitos sonoros apresentados. Todo o processo contou com a participação do professor como um mediador do processo de ensino- aprendizagem, o que é pertinente à abordagem construtivista. Portanto, não foram oferecidos aos alunos arquivos MIDI pré-formatados. Os procedimentos tais como: definir número de pentagramas, tonalidade, fórmula de compasso, inserir notas no pentagrama e outros parâmetros musicais foram “construídos e descobertos” passo a passo por cada aluno dentro de suas possibilidades tendo em vista o domínio operacional do computador e das ferramentas do programa Encore. É necessário salientar que para o desenvolvimento das atividades de edição no software Encore, no início de cada aula era realizado um comentário sobre as ferramentas a serem utilizadas em cada etapa do trabalho, podendo o aluno experimentar os recursos da ferramenta antes de iniciar as atividades.

Para compreensão das estratégias de ensino-aprendizagem serão apresentados os procedimentos metodológicos utilizados na edição da partitura da música Terezinha de Jesus, trabalhada em outras circunstâncias nas salas de aula e nas atividades de canto coral da escola.

A atividade iniciou-se nas aulas de teoria musical com a distribuição de cópias da partitura a ser editada e um comentário do professor dos elementos presentes na mesma. Nesta aula os alunos foram motivados a organizar um esquema de padrões gráficos percebidos por eles ao manusearem a partitura. O objetivo desta atividade era colocar os alunos em contato com a escrita. Esperava-se que por meio da observação visual dos elementos da escrita musical ali presentes, eles estabelecessem uma conexão com os elementos básicos da escrita musical presentes no software Encore. Da observação realizada os alunos estabeleceram os seguintes padrões gráficos: a peça apresenta três sistemas sendo os mesmos divididos em três partes. Os grupos de notas variam entre mínimas, semínimas e colcheias, sendo que há uma predominância de colcheias. Também foi observado que a partitura apresentava sinais de alteração junto à clave e junto à nota em um determinado trecho. Após o estabelecimento dos padrões elementares apresentados pelos alunos, foi proposta uma segunda tarefa na qual eles deveriam organizar estes padrões, nomeando-os. O objetivo desta atividade era sondar se os alunos tinham assimilado os conteúdos trabalhados nas aulas de teoria musical elementar utilizando o software Encore.

O resultado desta atividade foi apresentado pelos alunos da seguinte forma: o primeiro pentagrama é formado por grupos de colcheias, semínimas e uma mínima, os dois pentagramas finais apresentam as mesmas figuras em ordem diferente. Foi mencionado que no início do primeiro pentagrama havia a indicação de uma fração 3/4 e que neste compasso só havia um grupo de duas colcheias. Nesta atividade verificou-se que alguns alunos (quatro num grupo de vinte alunos), mesmo escrevendo corretamente o nome das figuras, não conseguiram estabelecer uma relação entre símbolo (nome da figura musical como, por exemplo, a semínima) e a execução prática (valor em termos de pulsação estabelecida). Tal fato tornou evidente que era preciso reavaliar o processo metodológico desenvolvido nas aulas de teoria musical elementar, tendo em vista a compreensão dos valores atribuídos às figuras. Na reavaliação inferiu-se que os alunos não tinham assimilado os valores atribuídos às figuras como, por exemplo, um pulso (tempo) para a semínima e o valor fracionário de sua representação (1/4) um quarto. Buscando resolver este problema, a professora regente de turma

foi orientada no sentido de trabalhar os conceitos matemáticos de fração por meio de materiais concretos como pedacinhos de madeira, figuras, recortes e outros. Estes conceitos também foram trabalhados nas aulas de teoria musical por meio da representação gráfica de objetos considerados inteiros e em seguida fracionados em partes semelhantes. Esta atividade foi desenvolvida no laboratório de informática utilizando-se o programa Excel uma vez que o mesmo trabalha com figuras geométricas que podem ser divididas de acordo com uma fração pré- determinada. É importante ressaltar que esta atividade foi desenvolvida pelos alunos ancorados na experimentação e na descoberta, tendo como meta, a construção do conhecimento e sua apreensão. Solucionado este problema, retornou-se ao processo de edição das partituras.

Os principais problemas observados nesta fase estavam relacionados ao uso das ferramentas do programa Encore, pois alguns alunos apresentaram dificuldades em sua utilização. O problema mais freqüente era a inserção da nota no pentagrama, pois este procedimento requer maior habilidade no controle do mouse pelo aluno. Tendo em vista o processo de construção do conhecimento considerou-se válido propor aos alunos que os mesmos apresentassem uma solução para o problema. Um dos alunos sugeriu que nas aulas de educação musical realizadas no laboratório de informática, uma aula fosse utilizada somente para o treino de inserção de notas com o mouse. Primeiro seriam inseridas notas sempre na mesma linha só passando para a linha seguinte, após o domínio da anterior e que o mesmo procedimento seria realizado para as notas inseridas nos espaços entre as linhas e finalmente, seriam inseridas notas nas linhas e nos espaços aleatoriamente. Esta atividade demonstrou-se válida pois, nas aulas seguintes, os alunos apresentaram uma melhora na manipulação do mouse e na inserção de notas no pentagrama.