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5. O GRUPO DE MULHERES DAS GOIABEIRAS E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DIALÓGICA

5.1 Educação Ambiental Dialógica é se fazer grupo

O Grupo de Mulheres das Goiabeiras se compõe e recompõe ao longo de sua caminhada. Ele não existia como o encontrei no ano de 2008, tampouco como se organiza atualmente. Conforme as primeiras participantes, por volta do ano de 2004 havia convites por parte do Centro Socorro Abreu de Desenvolvimento Popular e Apoio à Mulher (CSA) para

quem se interessasse nos cursos, palestras e seminários ofertados por esta ONG, cuja Sede funcionava externa à comunidade, como relembra Maria: “Na verdade o grupo para mim existiu quase por acaso a gente foi convidado para fazer um curso no Centro Socorro Abreu e através desse curso, filmes, palestras, conhecendo pessoas a gente resolveu que ter um grupo de mulheres seria viável”.

Figura 04: Distância entre a comunidade de Goiabeiras (A) e Bairro Elléry localidade onde se situa o CSA (B)

Fonte: Adaptado do Google Earth , 2014.

O vínculo entre as Mulheres e esta organização se dava por meio de uma das integrantes que fundaram o GMG, Jeane, que à época atuava como funcionária do CSA e buscava formas de atender a sua própria comunidade, sobretudo as mulheres. Algumas mulheres que mantinham uma relação de amizade com Jeane começaram a participar dos eventos. Foi assim que mais tarde a ONG, por intermédio de Jeane, ofereceu atendimento psicológico individual gratuito na própria comunidade das Goiabeiras para elas.

Esse atendimento acontecia no espaço comunitário “Casa de Encontro O Amanhecer” da comunidade católica São Pedro de Goiabeiras, em que até hoje o GMG se encontra, dividindo-o com outras atividades da Paróquia.

É importante destacar como a força geradora do grupo apareceu pela primeira vez, vinculando-se à vida. A preocupação de Jeane com os problemas das mulheres, especialmente a depressão, representa no constituir deste grupo a importância da empatia com o outro, de

uma para outras, encontrando na ONG uma oportunidade de constituir uma ação concreta que atendesse um dado coletivo, aparecendo assim como uma forma de partilha comunitária. De acordo com Jeane “Quando a gente fundou esse grupo ele era para salvar vidas mesmo”.

Em meio aos atendimentos, certo dia Jeane perguntou: “porque a gente não tira um momento em que pudesse vir todo mundo a ser atendido e ficava aqui mesmo em vez de cada uma vir no seu horário?”. Este foi um importante marco definidor do que as mulheres poderiam realizar em grupo, transformando pouco a pouco o caráter individual dos atendimentos:

[...] No início mesmo a gente começou o atendimento individual. Depois a gente viu o seguinte, o atendimento individual era por hora, um era duas horas, três horas, quatro horas então quem vinha às duas horas terminava o atendimento e ia embora. Chegava a de três horas, a de duas horas já tinha ido, chegava a de três, depois vinha a de quatro horas, aí uma vez a gente reunida a gente pensou assim porque a

gente não tira um momento em que pudesse vir todo mundo a ser atendido e ficava aqui mesmo em vez de cada uma vir no seu horário? Aí a gente começou.

Então, quem vinha no horário de duas e quem vinha para o horário de quatro já vinha todo mundo juntos, a gente lia textos, a gente fazia reflexão, ia pras reuniões com a Isabel Lopes, ia pra formação no Socorro Abreu, então à coisa começou

muito ... foi mesmo a gente querer mesmo, todo mundo foi criando gosto – Jeane, durante um dos encontros semanais, 2011).

Entendi que no se fazer grupo, um fazer específico, o atendimento institucional do CSA, foi ponto de partida para a transformação de interesses individuais em sentimentos coletivos, criando relações de afeto que permitem até hoje o respeito mútuo, a valorização do saber do outro, a partilha, a reflexão e ação em prol do todo.

Assim entendo que esse grupo não é um aglomerado de pessoas que se juntam para cumprir certas atividades ou obrigações, mas é resultado de um processo em que aspectos individuais e coletivos, vivências subjetivas e realidade grupal dialogam manifestando assim um caráter histórico. A história do grupo é uma composição de histórias pessoais e coletivas, de relações interpessoais.

Quando a gente criou o grupo, que a gente trouxe essa proposta lá do Centro Socorro Abreu, eu e o André, quando a gente começou lá, a gente veio pra cá com o objetivo de formar um grupo, com um psicólogo que atendesse as mulheres que a gente

nem sabia quem eram as mulheres e aí se divulgou na igreja, se divulgou nos grupos e aí é o “chamado chamado”, alguém que nos chama, alguma coisa que

nos toca porque não é que alguém chama não, é vontade de ir mesmo – Jeane, durante um dos encontros semanais, 2011.

Então vejo que o GMG se constituiu inicialmente com aspectos de grupo funcional, pelo objetivo que o Centro Socorro Abreu exerceu nos primórdios de sua história por meio de atendimento psicológico individual e o interesse de lidar com as mulheres atendidas com foco na formação de um grupo:

Os grupos funcionais são aqueles que correspondem a divisão do trabalho no interior de um determinado sistema social. Trata-se, por conseguinte, de pessoas que cumprem a mesma função com respeito a um sistema, pessoas que têm os mesmos papéis e ocupam uma posição equivalente. O poder dos grupos funcionais enquanto tais, depende do valor ou importância que o seu trabalho tenha em uma sociedade (BARÓ in MARTINS, 2003, p.207-208).

A partir dessa definição, Martins (2003, p. 208) verifica:

[...] que uma característica básica dos grupos funcionais é que eles referem-se apenas a aspectos parciais da vida de seus membros, o que pode produzir em algumas situações conflitos entre os diferentes papéis que desempenham os indivíduos, participantes desses grupos.

Diferentemente do grupo funcional, Barô (in Martins, 2003, p 206-207) apresenta outras características que definem um grupo primário:

Nos grupos primários o produto das relações sociais (o ‘fazer’ social) é a satisfação das necessidades básicas da pessoa e a formação de sua identidade. Deste modo, o que caracteriza o grupo primário são os vínculos interpessoais (identidade), as características pessoais (poder) e a satisfação de necessidades pessoais (atividade grupal) [...]A própria atividade dos grupos primários vai gerando vínculos afetivos e de complementariedade funcional entre os membros, tornando-os mais interdependentes, até o ponto de modelar as necessidades e ainda a identidade pessoal de cada um.

Podemos constatar que estamos vinculados a grupos funcionais no decorrer de toda a vida na escola, no trabalho, no lazer etc. e a nossa vinculação a grupos primários é restrita a poucos grupos no decorrer de toda a vida. Mas segundo Martins (2003, p.209):

... não podemos deixar de apontar a possibilidade de um grupo originalmente funcional vir a se transformar no decorrer do tempo em um grupo primário, na medida que seus membros vão aprofundando suas relações e descobrindo muitas semelhanças entre si, gerando vínculos afetivos e de complementaridade, fortalecendo a interdependência de seus membros. Grupos que vivenciam essa mudança deslocam sua atividade grupal, anteriormente focada na satisfação de necessidades sistêmicas, para a satisfação de necessidades pessoais.

A autora relata uma experiência muito parecida com a história do Grupo de Mulheres e que penso ser importante reportar aqui:

Pudemos verificar essa mudança em um grupo de usuários de uma unidade básica de saúde, que originalmente foram agrupados pela doença comum a todos. O objetivo da equipe de saúde, e fundamentalmente da secretaria de saúde que propõe a formação desses grupos nas unidades, era diminuir a possibilidade de situações de risco que poderiam reverter-se em quadros graves para a saúde do usuário, quadros esses que têm um custo financeiro muito elevado para o município. [...] Em geral, esses grupos têm uma duração curta, com uma média de seis encontros, centrados todos na informação, caracterizando-se como grupos funcionais, do início até o final de sua existência. No entanto, algumas condições objetivas contribuíram para que o

grupo mudasse radicalmente: ele era formado apenas por mulheres, com faixa etária elevada (acima de 60 anos), moradoras em um bairro de periferia distante de outros bairros e do centro da cidade, com baixa renda.

Essas condições implicavam em que essas mulheres tinham pouco acesso a outros locais, viviam essencialmente em casa, no âmbito do espaço privado. Algumas se vinculavam à igreja no bairro e eventualmente iam à unidade de saúde. Em geral suas relações eram restritas ao núcleo familiar e suas atividades eram rotineiras. Inicialmente implementamos neste grupo um processo grupal, que partiu do objetivo comum que identificava naquele momento todos os membros do grupo (a doença), introduzindo já no início do trabalho, além do caráter informativo, um caráter formativo, possibilitando que a experiência pessoal, a história de vida de cada participante passasse a ser um elemento aglutinador e definidor de identificações, assim como a articulação da história individual com a história social de seus membros. Com o passar do tempo, muitas semelhanças são descobertas, não apenas no aspecto restrito à saúde, mas à vida em geral. Com isso, outros componentes vão caracterizando o grupo e vão se formando vínculos afetivos, tendo como consequência a mudança da sua atividade principal e, consequentemente a mudança da identidade grupal, passando os membros a se preocuparem com a satisfação de suas necessidades pessoais. A necessidade que tinham de se expressarem, de ouvirem e serem ouvidas, de ter um local para onde ir sistematicamente, enfim, de terem uma atividade que rompesse com sua rotina, fez com que essa experiência ganhasse relevância, transformando-se em atividade essencial. A afetividade positiva gerada na experiência grupal, assim como a possibilidade, por menor que seja, das mulheres exercerem controle sobre suas vidas, foram fundamentais para a mudança da identidade grupal. Essa experiência, entre outras, nos deixou claro que o processo grupal estimula a reflexão individual e coletiva, no sentido de possibilitar que seus membros se conscientizem de sua identidade psicossocial. É o espaço para a problematização do cotidiano, para o desencadeamento de novas relações e vínculos afetivos, para a expressão de opiniões e sentimentos. A partir do grupo torna-se possível identificar as diferenças e as semelhanças nas experiências individuais. Portanto, formação e informação, possibilitam o confronto de valores, de experiências, de sentimentos e de informações (senso comum versus conhecimento científico) que gera reflexão e a valorização dos indivíduos, e os impulsionam para a ação. Foram essas condições que facilitaram a transformação do grupo acima citado, em um grupo com uma identidade social, quando sua atividade principal passa a satisfazer as necessidades pessoais de seus membros. Em seguida, o grupo vivenciou uma nova mudança, que o levou novamente a se constituir primordialmente como um grupo funcional, porém qualitativamente diferente do momento inicial. Além de sua produção afetivo-emocional dirigir-se para a relação interna, mantendo as relações primárias, o grupo iniciou o movimento de sua externalização social efetiva através de atividades voltadas para a saúde da população de seu bairro, através da produção de jornal popular e a organização de pequenos eventos, com a ampliação da participação para familiares e população em geral (Martins, 2003, p 206-207).

Martin Baró (in MARTINS, 2003, p.209) considerando “os aspectos pessoais, as características grupais, a vivência subjetiva e realidade objetiva e o caráter histórico do grupo” prefere falar em processo grupal e não em grupo. Ao falar em processo se remete “ao fato do próprio grupo ser uma experiência histórica, que se constrói num determinado espaço e tempo, fruto das relações que vão ocorrendo no cotidiano, e ao mesmo tempo, que traz para a experiência presente vários aspectos gerais da sociedade”, e Silvia Lane (ibd.) afirma que “o significado da existência e da ação grupal só pode ser encontrado dentro de uma perspectiva

histórica que considere a sua inserção na sociedade, com suas determinações econômicas, institucionais e ideológicas”.

Então, considerando o processo grupal, ou seja, a história do Grupo de Mulheres das Goiabeiras, vejo que a convivência está na base e é a essência do grupo, “já que ela tem como centralidade o diálogo” e Figueiredo salienta “que é pela práxis que o ser humano se constrói, construindo o mundo. Isto ocorre nas relações com os outros, a sociedade e a natureza” (FIGUEIREDO, 2007, p.91).

Nas falas das participantes, das duas oficinas que promovi em 2012 para retocar a história do GMG, elas destacam os processos que as aproximaram inicialmente como grupo e dizem sobre o fazer como processo dinâmico e alternativa possível:

Ivone: Quando o grupo começou eu não estava aqui, mas sempre me

encontrava com a Jeane, e ela sempre me disse “a gente está começando um grupo” e sempre me convidou, só que eu não tinha como estar aqui dentro, mesmo

assim eu soube quando começou, como é que estava e tudo, participei de algumas coisas que houve aqui e hoje eu não sei se posso dizer que estou dentro, estou participando.

Silva: Antes eu estava em casa... Na época quando começou eu tinha problemas de

saúde, quando conheci o André [o psicólogo], comecei a participar do atendimento

psicológico e a partir do atendimento foi gerado o grupo para fazer esse curso que as meninas já comentaram.

Célia: Bem gente, bem, eu estava em casa sem fazer nada, fui convidada pelas

minhas colegas, pela Maria, pela Silva, eu vivia em casa sem fazer nada e hoje o

meu objetivo é de ir para o grupo apesar de que eu trabalho.

Raimunda: Eu vivia dentro de casa fazendo meus tapetes aí foi o tempo que a gente recebeu o convite para participar de um curso de auto-estima no Centro Socorro Abreu e de lá pra cá a gente começou a caminhar se juntando.

A peculiaridade desse grupo é que uma necessidade individual dentro de uma “situação limite” entendida por Freire (1997) como “obstáculos, barreiras que precisam ser vencidas”, nesse caso o mal estar (depressão, baixo astral, desespero) que inicialmente cada

uma tinha e estava tentando superar sozinha, se tornou uma necessidade coletiva a ser superada em comum, partilhando o mesmo anseio.

Nesse caso a "situação-limite” foi percebida criticamente e por isso aqueles e aquelas que a entenderam querem agir, desafiados que estão e se sentem a resolver da melhor maneira possível, num clima de esperança e de confiança, esses problemas da sociedade em que vivem (FREIRE, 1997, p.106).

A atitude diante dessa situação-limite foi percebê-la como algo que sabiam que existia e que precisava ser rompido e logo se empenharam em sua superação. Durante as oficinas, elas manifestaram o fenômeno que as tornaram comum e as formas particulares de

superação, de onde entendo que a formação do grupo como mecanismo de transformação se dá por via das relações afetivas, o individual e o grupo, o ser grupo, o grupo e o ser mais, pois “no momento, porém, em que se comece a autêntica luta para criar a situação que nascerá da superação da velha, já se está lutando pelo Ser Mais” (FREIRE, 1987, p. 19).

Raimunda: Então depois de terminar o curso lá (Centro Socorro Abreu) a gente vinha pra cá pra conversar, aí o André [o psicólogo] veio quando terminou esse curso, parece que era seis meses, aí foram se juntando, se juntando, nós chegamos aqui através do atendimento, o psicólogo o André vinha pra cá, lá do Socorro Abreu, passou um tempo aqui, até que fui atendida por ele também, eu andava com uma

depressão muito grande e aí fui atendida por ele também e aí nós se juntemos aqui (...) Acho que faz sete anos que eu estou aqui, sabe por que? Eu já vivia doente de depressão eu estava no grupo de mulheres, estava com depressão, estava triste, não estava nem aí para a vida. Eu era uma mulher alegre gostava de

ir à praia, me divertir, tomar um vinhozinho, eu era desse jeito, desde os tempos que as minhas meninas começaram a fazer coisas que não gostei. Aí pronto a minha alegria, meu divertimento foram embora, só tristeza e dessa tristeza eu caí numa depressão.

Maria: Passamos muito tempo com o André, o psicólogo, que a gente conseguiu no período desse curso através do Centro Socorro Abreu, que ficou muito tempo aqui

com a gente e também isso me motivou a estudar. Terminei o ensino médio, fui

para a faculdade, estou finalizando um curso técnico do qual estou gostando muito. Silvia: Hoje eu estou no mercado de trabalho eu trabalho de segunda à sexta, eu me

sinto muito bem por estar nesse mercado, porque às vezes agradeço até a Deus por ter adoecido porque se não tivesse adoecido eu ainda estava na Iracema33

até hoje, estava lá arrastando minhas castaninhas brincando com elas. Graças a

Deus que ... a gente as vezes até tem que agradecer pelas coisas ruins, eu agradeço a Deus ter tido esse problema e a partir desse problema consegui conhecer o André,

nós conseguimos formar o grupo, eu consegui ter uma auto-estima melhor e seguir em frente e terminar o ensino médio e a partir daí é que comecei a trabalhar

e eu estou ativa, graças à Deus (05.05.2012).

Assim é que verifico que o CSA foi um instrumento, uma oportunidade para as mulheres, porque tocou em aspectos da vida das mulheres, as encorajou e as possibilitou mover transformações contextuais. Mas, o que aparece como força motriz é a empatia e a identificação de uma problemática comum – nesse caso a depressão, geradora de preocupações – encharcadas de afeto manifestado por meio do querer bem ao outro, que as sensibiliza enquanto grupo e apresentado de início como um convite, um estender à mão para que a pessoa se levante,.

As falas das mulheres, além de anunciar o problema, primeiro chama atenção pelo despertar da consciência, da situação vivida, da diferença de situações que a vida apresenta.

33 Iracema Indústria e Comércio de Castanhas de Caju com sede na Avenida Francisco Sá no Bairro Carlito Pamplona.

Revela, portanto, o transformar do viver, indicando a possibilidade de que as mulheres podem gerar novas perspectivas.

Do contexto dos atendimentos, após esta primeira fase, mais mulheres tanto de Goiabeiras como das adjacências procuravam o serviço psicológico na Casa de Encontro O Amanhecer, ampliando o número de pacientes.

Livramento: Cheguei aqui através da nossa colega Aldenora porque eu estava com

síndrome do pânico e estava precisando de atendimento psicológico e eu já

conhecia a Aldenora porque uma das filhas dela participava de um grupo de natação com a minha filha, aí eu conversei com ela, contei todo o meu problema para ela, sobre o problema que eu tinha e ela me disse “no Amanhecer tem psicólogo”, aí eu vinha a procura. Quando eu cheguei aqui o atendimento era com a doutora Carolina34. Aí aqui na cozinha ficava a Silvinha, dona Raimunda, acho que a

Patrizia já estava aqui, a Jeane, a Maria e outras pessoas que eu não me lembro, ah sim, a Leila, a Célia e a Luzia aí fui convidada para a cozinha enquanto eu esperava o atendimento. Aí fui ficando. No início eu estava tomando

medicação, só tomei três meses não precisou mais, e aí eu posso dizer que não tenho mais o síndrome do pânico [...] Enquanto uma das colegas estava na sala do

psicólogo as outras estavam aqui, mas não estava à toa sempre estavam aprendendo/ensinando alguma coisa um artesanato, uma boneca, um crochê , todas tinham uma atividade que traziam pra cá. (05.05.2012).

No que se refere a dinâmica de formação do grupo, que antecedia os atendimentos, cada vez mais se consolidava, pois assumia algumas práticas próprias, aos poucos, ainda que se mantivesse articulado aos atendimentos, já que as mulheres participantes eram atendidas, ia se definindo como uma experiência de fato. Experiência esta que se dava por meio de mulheres que intencionalmente, por gosto, por objetivo e desejo, frequentavam semanalmente o espaço comunitário.

Raimunda: Nós do atendimento, aquelas pessoas que ficaram aqui fazendo café, fazendo tapioca, fazendo cuscuz e quando terminava todo mundo merendava .

No dia do atendimento, que acontecia semanalmente, as amigas se uniam e enquanto uma estava sendo atendida, as outras aguardavam, batiam um papo e preparavam lanches, tomavam um café. Depois de um tempo algumas mulheres começaram a trazer seu artesanato, que geralmente produziam em casa, para o atendimento. A partilha da ceia e a produção do artesanato se revelaram uma forma de terapia comunitária e logo depois surgiu a ideia de convidar outras mulheres que eram atendidas pelo psicólogo a participar também do grupo para receber apoio afetivo enquanto esperavam seu atendimento.

Então, nascido do encontro de diferentes mulheres que buscavam atendimentos psicológicos individuais e provocadas pelo desejo emergente de estar junto, o Grupo de