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Com relação ao homem antigo vamos analisar a educação dos gregos e romanos.

Com os gregos a educação adquire grande importância, e seu desenvolvimento foi imenso, como a sua própria civilização.

A escravidão foi amplamente utilizada e, por isso, a educação tinha como destinatários unicamente os próprios gregos (os homens livres), excluídos os demais habitantes que não tinham direitos, e que constituíam em 9/10 da população.

Porém, para aqueles que nasceram livres, a idéia da educação grega era o desenvolvimento integral da personalidade, em todos os seus aspectos.

A educação grega passou por uma contínua evolução, desde os tempos mais primitivos até o seu auge, com a criação das escolas filosóficas.

Duas de suas grandes cidades responderam de forma diferente ao mesmo desafio da educação.

Para Esparta, a educação tinha como ideal a formação de exércitos guerreiros, e por isso davam imensa importância ao corpo, como fonna de assegurar a supremacia militar sobre os povos e regiões conquistados.

Nessa cidade, o individualismo não teve espaço, e o Estado subjulgava o indivíduo, visto que, como indica Paul Monroe:

"O objetivo da educação espartana era dar a cada indivíduo tamanha perfeição física, coragem e hábito de obediência completa às leis, que o tornassem um soldado ideal, insuperável em bravura: um soldado em que o indivíduo estivesse absorvido pelo cidadão. Foi o mais bem sucedido dos planos extremos de educação por imposição" (MONROE,

1972:34).

Essa educação voltada unicamente para fins militares tinha um objetivo prático inegável: a preservação da sua própria existência, pois Esparta estava cercada por inimigos poderosos, e existia uma grande legião de escravos.

Para a realização desse objetivo as crianças eram retiradas de suas famílias aos 7 anos de idade, ficando sob os cuidados de escolas militares custeadas pelo Estado.

Ao contrário, Atenas conservava a família, atribuindo-lhe a missão de educar a criança, através de uma educação que devia assegurar a liberdade, com o ensino para a verdade, para o bem e o belo.

As escolas eram particulares, e buscava-se o desenvolvimento moral e intelectual, e não exclusivamente físico.

Três grandes filósofos gregos - Sócrates, Platão e Aristóteles - criaram sua doutrina educacional.

As grandes contribuições de Sócrates para a educação podem ser resumidas nas seguintes: "1) o conhecimento possui um valor prático ou moral, isto é, um valor funcional, e conseqüentemente é de natureza universal e não individualista; 2) o processo objetivo para obter-se conhecimento é o de conversação; o subjetivo, é o de reflexão e organização da própria experiência; 3) a educação tem por objetivo imediato o desenvolvimento da capacidade de pensar, não apenas o de ministrar conhecimentos" (MONROE, 1972:61).

Platão aceitou as idéias de Sócrates, porém deu-lhe roupagem diversa, menos democrática, pois enquanto o último considerava que todos poderíam adquirir conhecimentos, Platão dizia que somente poucas pessoas estavam aptas a essa aquisição: a classe dos filósofos. Existiam outras duas classes: a classe dos militares, cuja virtude era a honra, e a classe industrial, encarregada do comércio e ofícios em geral.

"A filiação a essas classes, entretanto, não deve ser determinada por espírito algum de casta. Por meio de um sistema de educação, que descobre e desenvolve as qualificações do indivíduo para filiação na classe a que a natureza o destinou, consegue-se alcançar a virtude, no indivíduo, e a justiça na sociedade. Desta forma, e conscientemente, atribui-se à educação a mais ampla função que jamais lhe foi prescrita, pois que ela visa agora ao mais completo desenvolvimento da personalidade do indivíduo e à manutenção de uma forma perfeita de sociedade" (MONROE,

1972:64).

Aristóteles considerava como fim da educação a felicidade, que seria obtida mediante o uso da razão, que deveria reger a conduta. Assim, duas idéias básicas regem esse sistema: há um bem intelectual que deve ser produzido e desenvolvido pelo ensino, e um bem do caráter que é produzido por hábitos saudáveis.

Esse filósofo também não era democrático, no conceito que hoje entendemos, pois excluía os escravos da possibilidade da aquisição da felicidade, pois estes não podiam adquirir a cidadania.

Para os romanos a educação tinha um sentido essencialmente prático e utilitário.

O ideal romano sempre se ateve numa concepção de virtude, e teve na família seu suporte indispensável, consistindo o método educacional basicamente na imitação direta dos pais e dos antigos romanos.

"Numa educação que visa sobretudo à formação do caráter moral, as escolas não exercem senão uma função secundária. E era assim em Roma. O lugar da escola era tomado por outras instituições, principalmente o lar. O poder paterno, enaltecido nas suas funções, tornou a família a unidade social, mesmo em muitos aspectos legais. Deu grande revelo à importância moral do lar bem como à sua importância legal e social. O pai era responsável pela educação moral e física do menino. A mãe ocupava uma posição muito superior à das mulheres na Grécia. No lar ela era dignificada com uma posição de independência e responsabilidade. Ela era mais companheira de seu marido, socialmente e no governo do lar, do que na Grécia. Ela mesmo criava e cuidava dos seus filhos, em vez de entregá-los a amas. O menino, quando um tanto crescido, tornava-se o companheiro de seu pai, em vez de ser entregue aos cuidados de um escravo ou pedagogo, como faziam os gregos" (MONROE, 1972:80).

Por volta do século III a I, antes de Cristo, pouco a pouco foi-se adotando a educação grega, organizando-se bibliotecas e algumas instituições educacionais gregas. Em decorrência, adquiriram grande prestígio as escolas de gramática, que se espalharam pela região.

Com a decadência do império romano, a nova educação ministrada pela primitiva igreja cristã foi substituindo a educação romana que, pelo seu sentido prático, não conseguiu desenvolver nenhum ensinamento teórico que conseguisse subsistir à sua destruição.

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