GLP-1 Insulina
2. Pé Diabético 1 Objetivos
2.4. Educação/Cuidados
Para evitar/prevenir esta complicação é importante não só um bom controlo da DM mas também uma série de cuidados com os pés.
Todos os doentes com diabetes devem ser anualmente avaliados com o objetivo de detetar potenciais complicações a nível dos pés [40].
Após o exame do pé, a cada paciente é atribuído uma categoria de risco, que define a vigilância e cuidados a ter posteriormente (Tabela 4).
Tabela 4: Categorias de risco versus vigilância necessária na avaliação do Pé Diabético
Baixo risco Ausência de fatores de risco, contudo é necessária vigilância anual.
Médio Risco Presença de neuropatia, é necessária vigilância semestral.
Alto Risco Existência de isquemia ou neuropatia com deformidades do pé ou história de
úlcera cicatrizada ou ainda, amputação, é necessária vigilância de 1 a 3 meses
Tabela adaptada de [23].
É importante referir que a ausência de sintomas não é sinónimo de pés saudáveis; o paciente pode ter neuropatia, doença vascular periférica, ou mesmo uma úlcera sem quaisquer queixas.
A educação do paciente desempenha desta forma um papel fundamental na prevenção das complicações referidas. Doentes diabéticos devem aprender a reconhecer potenciais problemas nos pés e estar cientes dos passos a seguir [41].
É importante o reconhecimento, por parte do doente, da falta de sensibilidade dos membros inferiores a que pode estar sujeito, e a consequente necessidade de contornar este problema com medidas de vigilância, como a palpação e a inspeção visual [29]. Para evitar esta complicação deve ser feita uma instrução completa do doente sobre os cuidados a seguir no dia-a-dia, nomeadamente:
Inspecionar diariamente os pés, incluindo as zonas interdigitais. Utilizar um espelho para verificar também a planta do pé;
Realizar a palpação do interior dos sapatos para verificar que não existem corpos estranhos que possam ferir o pé, como pedras ou deformações nas palmilhas; Recorrer a um profissional de saúde para garantir uma boa examinação dos seus
pés;
Não utilizar um aquecedor ou uma botija de água quente para aquecer os pés. Evitar o excesso de peso [41,43].
Efetuar a higiene diária, a hidratação e os cuidados com as unhas são fundamentais para a manutenção de pés saudáveis. Para este efeito é importante ter em consideração os seguintes passos:
Lavar regularmente os pés com água tépida; Utilizar gel ou sabonete com pH neutro;
Hidratar os pés com óleos lubrificantes ou cremes para a pele seca, sem aplicar nas áreas interdigitais;
Cortar as unhas em linha reta e limar as pontas mais aguçadas;
Não utilizar agentes químicos ou emplastros para remover calos, recorrer antes a um prestador de cuidados de saúde [41,43].
Os doentes devem ser alertados para o facto de o calçado inadequado ser uma causa importante de ulceração. Deste modo, é fundamental cumprir com as seguintes regras:
Evitar andar descalço em ambientes fechados ou ao ar livre; Mudar de meias diariamente;
Evitar o uso de sapatos sem meias; Evitar sapatos abertos ou sandálias;
Utilizar meias sem costuras e sem elásticos, de algodão ou lã; Nunca usar meias apertadas ou até o joelho;
Não usar sapatos apertados ou sapatos com arestas e costuras irregulares [40,41,43].
No caso de lesões, o doente deve notificar o médico imediatamente, nomeadamente se uma bolha, lesão (corte, arranhão ou ferida), micose se desenvolveu, ou se sentir dor ou inchaço dos pés e pernas [40]. Se a lesão está já instalada então torna-se crucial manter as eventuais feridas cobertas com gases sempre limpas.
3. Conclusão
O sedentarismo e obesidade têm vindo a aumentar nos últimos anos, acompanhados da patologia acima abordada, a Diabetes Mellitus tipo 2, não só em Portugal, mas globalmente.
O facto de uma grande parte dos utentes da FSS serem diabéticos, fez-me compreender que existe um trabalho essencial a fazer junto das populações, por parte do farmacêutico, no sentido de alertar e acompanhar os doentes diabéticos tanto na adesão à terapêutica como na prevenção das consequentes complicações.
O farmacêutico têm ainda um papel fundamental no apelo à prevenção da doença, nomeadamente os fatores de risco controláveis como o estilo de vida.
Bibliografia:
[1] Decreto-lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto do Ministério da Saúde. Regime jurídico das farmácias de oficina. Diário da República, 1ª série, nº 168 (2007).
[2] Manual das Boas práticas de farmácia. Norma 1 – Normas gerais sobre as
instalações e equipamento. Acessível em: http://www.ordemfarmaceuticos.pt/xFiles/scContentDeployer_pt/docs/Doc3082.pdf
[acedido em 05 Novembro 2014].
[3] Portaria n.º 348/98, de 15 de Junho do Ministério da Saúde. Boas práticas de distribuição de medicamentos de uso humano e medicamentos veterinários. Diário da
República, 1ª série, nº 135 (1998).
[4] Decreto-lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto do Ministério da Saúde: Estatuto do Medicamento. Diário da República, 1ª Série, nº 167 (2006).
[5] Infarmed – Produtos Cosméticos e Higiene Corporal. Acessível em: http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SA IBA_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO/8%20P_Cosm%E9ticos_Hig_Corporal.p df [acedido em 6 novembro 2014].
[6] Decreto-Lei n.º 74/2010, de 21 de Junho, do Ministério da agricultura, do desenvolvimento rural e das pescas. Diário da República, 1ª Série, nº 118 (2010). [7] Decreto-Lei nº 136/2003, de 28 de Junho, do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da República, 1ª série, nº 147 (2003). [8] Decreto-Lei n.º 148/2008, de 29 de Julho, do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da República, 1.ª série, nº 145 (2008). [9] Lei n.º 45/2003, de 22 de Agosto. Lei do enquadramento base das terapêuticas não convencionais. Diário da República, 1ª série nº 193 (2003).
[10] Infarmed – Dispositivos Médicos: Acessível em: http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PERGUNTAS_FREQUENTES/D
M/#P1 [acedido em 06 Novembro 2014].
[11] Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio, do Ministério da Saúde. Diário da República, 1ª Série, nº 92 (2012).
[12] Portaria n.º 198/2011, de 18 de Maio, do Ministério da Saúde. Diário da República, 1.ª série, nº 96 (2011).
[13] Lei n.º 11/2012, de 8 de março, da Assembleia da República. Diário da República, 1.ª série, nº 49 (2012).
[14] Decreto-Lei n.º 106-A/2010, de 1 de Outubro, do Ministério da Saúde. Diário da
[15] Decreto-Lei n.º 48-A/2010, de 13 de Maio, do Ministério da Saúde. Diário da
República, 1.ª série, nº 93 (2010).
[16] Portal da Saúde: Comparticipações de Medicamentos. Acessível em: http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/informacoes+uteis/comparticipacoes/co mparticipacaomedicamentos.htm [acedido em 5 Novembro 2014].
[17] Infarmed – Medicamentos comparticipados; acessível em: http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HUMA NO/AVALIACAO_ECONOMICA_E_COMPARTICIPACAO/MEDICAMENTOS_USO_A MBULATORIO/MEDICAMENTOS_COMPARTICIPADOS/Dispensa_exclusiva_em_Far macia_Oficina [acedido em 05 Novembro 2014].
[18] Infarmed – Psicotrópicos e Estupefacientes. Acessível em: http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SA IBA_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO/22_Psicotropicos_Estupefacientes.pdf. [acedido em 5 Novembro 2014].
[19] Nutricion Center – Acessivel em: http://www.nutricioncenter.es/pt/index.php/a- companhia.html [acedido em 31 Maio 2014].
[20] Labesfal Genéricos – Acessível em: http://www.labesfalgenericos.pt/produtos/nutricao-enterica/ [acedido em 30 Outubro
2014].
[21] Valormed – Acessível em: http://www.valormed.pt/pt/conteudos/conteudo/id/5 [acedido em 4 Novembro 2014].
[22] Rochester CD, Akiyode O, (2014). Novel and Emerging Diabetes Mellitus Drug Therapies for the Type 2 Diabetes Patient. World Journal of Diabetes; 5(3): 305-315. [23] Marçal M, Augusto N, Dias S, Pereira P, Dixe M, Guarino M, et al, (2014). Avaliação Funcional em Diabéticos Tipo 2 com Risco Médio e Elevado de Pé Diabético. Revista Portuguesa de Diabetes; 9 (2): 73-82.
[24] American Diabetes Association (2004). Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Diabetes Care, 27(1)
[25] Ryden L, Grant PJ, Anker SD, Berne C, Cosentino F, Danchin N, et al, (2013). ESC Guidelines on diabetes, pre-diabetes, and cardiovascular diseases developed in collaboration with the EASD. European Heart Journal; 10.1093, eht108.
[26] Correia LG, Boavida JM, Almeida JPF, Cardoso SM, Dores J, Duarte JS, et al, (2013).Diabetes: Factos e Números 2013- Relatório Anual do Observatório Nacional de Diabetes. Sociedade Portuguesa de Diabetologia.
[27] Marcelino M, Silva J, Domingues A, Lopes AF, Pereira A, Passos D, et al, (2014). Caracterização e Avaliação de Qualidade de Cuidados numa Consulta de Diabetes. Revista Portuguesa de Diabetes; 9 (2): 54-59.
[28] Inzucchi SE, Bergenstal RM, Buse JB, Diamant M, Ferrannini E, Nauck M, et al, (2012). Management of Hyperglycemia in Type 2 Diabetes: A Patient-Centered Approach. Diabetes Care, 35(6): 1364-1379.
[29] American Diabetes Association, (2014). Standards of Medical Care in Diabetes – 2014. Diabetes Care; 37(1): 14-62.
[30] Direção Geral de Saúde. Acessível em: http://www.dgs.pt/directrizes-da- dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0332011-de-30092011-atualizada-a- 06122012-jpg.aspx. [acedido em 3 Novembro 2014].
[31] Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health (2013). Second-line pharmacotherapy for type 2 diabetes - Update. Ottawa: The Agency; CADTH optimal use report; vol.3, nº 1a.
[32] Zintzaras E, Miligkos M, Ziakas P, Balk EM, Mademtzoglou D, Doxaniet C, et al, (2014). Assessment of the Relative Effectiveness and Tolerability of Treatments of Type 2 Diabetes Mellitus: A Network Meta-analysis. Clinical Therapeutics; 36(10): 1443–1453. [33] Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health (2013). Optimal Use Recommendations For Second and Third-Line Therapy for Patients With Type 2 diabetes. Ottawa: The Agency; CADTH optimal use report; vol.3, nº 1d.
[34] Pernicova I, Korbonits M, (2014). Metformin—mode of action and clinical implications for diabetes and cancer. Nature Reviews Endocrinology, 10:143–156 (2014) [35] Ioannidis I, (2014). Diabetes treatment in patients with renal disease: Is the landscape clear enough?. World Journal of Diabetes, 5(5): 651-658.
[36] Duarte R, Nunes JS, Dores J, Rodrigues E, Raposo JF,Carvalho D, et al, (2013). Recomendações Nacionais da SPD para o Tratamento da Hiperglicemia na Diabetes Tipo 2 – Versão Resumida. Revista Portuguesa de Diabetes; 8(1): 30-41.
[37] Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health (2013). Combination Use of Insulin and Incretins in Type 2 Diabetes. Ottawa: The Agency; CADTH optimal use report; vol.3, nº 1c.
[38] Sorli C, Heile MK, (2014). Identifying and Meeting the Challenges of Insulin Therapy in Type 2 Diabetes. Journal of Multidisciplinary Healthcare, 7: 267-282.
[39] Mendes JJ, Neves J, (2012). Diabetic Foot Infections: Current Diagnosis and Treatment. The Journal of Diabetic Foot Complications; 4 (2): 26-45.
[40] Bakker K, Apelqvist J, Schaper NC, (2012). Practical guidelines on the management and prevention of the diabetic foot 2011. Diabetes Metabolism Research Reviews; 28(1): 225–231.
[41] O'Loughlin A, McIntosh C, Dinneen S., O'Brien T, (2010). Basic Concepts to Novel Therapies: A Review of the Diabetic Foot. International Journal of Lower Extremity Wounds, 9(2): 90-102.
[42] Edmonds ME, Foster AVM (2014). Managing the Diabetic Foot. 3th ed. John Wiley & Sons, Ldt, Chichester.
[43] Direção Geral de Saúde. Acessível em: http://www.dgs.pt/directrizes-da- dgs/orientacoes-e-circulare informativas/orientacao-n-0032011-de-21012011.aspx [acedido em 15 Setembro 2014].
Anexos