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Estudo do consumo de antidiabéticos orais na Farmácia Santos Salvador

GLP-1 Insulina

1.5. Estudo do consumo de antidiabéticos orais na Farmácia Santos Salvador

Na sequência da observação continuada de uma elevada percentagem de doentes diabéticos entre os utentes da FSS, surgiu o interesse de realizar um estudo sobre a aquisição de medicamentos ADOs através de uma análise das vendas realizadas nos últimos 12 meses com ponto de partida em setembro de 2013.

A Figura 1, painel à esquerda, mostra a evolução mensal das unidades vendidas de ADOs, por princípio ativo isolado, durante os meses de setembro de 2013 e setembro de 2014. Verifica-se que o número de unidades, em qualquer classe de ADO, dispensadas mensalmente aos doentes diabéticos não varia significativamente, sugestivo que, de uma forma generalizada, os utentes não viram alterada a respetiva medicação durante este período. O painel à direita mostra o consumo anual dos diversos princípios ativos isolados. Verifica-se que de entre os ADOs dispensados na FSS, os três principais são em primeiro lugar, e com significativo destaque, a metformina, de seguida a gliclazida e em terceiro lugar a sitagliptina.

Figura 1. Evolução mensal (painel à esquerda) e anual (painel à direita), de dispensa de antidiabéticos orais, por

princípio ativo isolado, durante os meses de setembro de 2013 a setembro de 2014 na FSS.

Na Figura 2, painel à esquerda mostra-se a evolução mensal e à direita o global anual das unidades vendidas de ADOs a nível nacional segundo dados da “IMS health Portugal”, por princípio ativo isolado, durante os meses de setembro de 2013 a setembro de 2014. Comparando com os resultados a nível nacional, pode-se afirmar que, de uma forma geral, os resultados obtidos para a FSS são semelhantes aos valores nacionais. No entanto, é de sublinhar um aspeto relevante: a acarbose a nível nacional destaca-se

como um dos ADOs mais utilizados, enquanto na FSS apesar de ser o quarto mais vendido, as vendas não estão ao nível de comparação dos três primeiros.

Figura 2. Evolução mensal (painel à esquerda) e anual (painel à direita) de vendas de antidiabéticos orais, por princípio

ativo isolado, durante os meses de setembro de 2013 a setembro de 2014 em Portugal, segundo IMS Portugal.

Elegendo os três fármacos mais dispensados na FSS, é interessante comparar o consumo de medicamentos de marca e os respetivos genéricos (Figura 3).

Figura 3. Evolução mensal (painel inferior) e anual (painel superior) da dispensa de metformina, gliclazida e sitagliptina,

No caso da metformina é bastante evidente que existe uma maior dispensa de genéricos face à aquisição de medicamentos de marca (painel superior), tendência que se acentuou a partir do início do ano de 2013 (painel inferior). No caso da gliclazida verifica-se uma relativa igualdade no número de unidades vendidas para o medicamento de marca e o genérico (painel superior), não se tendo observado grande oscilação ao longo do ano (painel inferior). Em relação à sitagliptina, dado não existir medicamento genérico aprovado pelo Infarmed, não é possível fazer esta comparação. No entanto, é de sublinhar que o número de unidades dispensadas de sitagliptina já é cerca de 50% das dispensas totais de gliclazida.

A metformina está disponível em quatro diferentes dosagens (500, 700, 850 e 1000 mg), no entanto a maior parte dos doentes diabéticos utentes da FSS, adquiriram predominantemente a dosagem mais elevada (1000mg; Figura 4, painel superior), não se tendo detetado grande variabilidade mensal. O apuramento possível a nível nacional mostra que a metformina na dosagem de 1000mg é igualmente a mais utilizada (Figura 4, painel inferior).

Figura 4. Evolução mensal (painel à esquerda) e anual (painel à direita) das dispensas de metformina, durante os meses

Na Figura 5 compara-se o consumo de medicamentos de marca e genéricos para as dosagens mais utilizadas de metformina (850 e 1000 mg).

Figura 5. Evolução mensal (painel à esquerda e central) e anual (painel à direita) da dispensa de metformina, durante

os meses de setembro de 2013 a setembro de 2014 na FSS (painel superior) e em Portugal, segundo IMS Portugal (painel inferior). Legenda: met – metformina.

 

Da análise destes dados conclui-se que, tanto na FSS como no mercado farmacêutico nacional, nos últimos 12 meses se verificou um aumento no consumo de metformina genérica e uma consequente diminuição do consumo da metformina de marca. Esta diferença no uso de metformina medicamento genérico torna-se mais evidente quando se analisam os consumos anuais. Da minha experiência pessoal no âmbito do estágio em farmácia comunitária, a explicação para este comportamento passa não só pelo fator económico, que é por si só muito relevante, mas também na crescente confiança nos medicamentos genéricos.

A gliclazida está disponível em três dosagens (30, 60 e 80 mg), destas destacam- se as de 30 e 60 mg como as preparações mais vendidas (Figura 6).

set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set Un id ad es ve nd id as ( an ua l)

Figura 6. Evolução mensal (painel à esquerda) e anual (painel à direita) das dispensas de gliclazida, durante os meses

de setembro de 2013 a setembro de 2014 na FSS.

A Figura 7 representa o consumo mensal e anual de gliclazida. É interessante verificar-se um comportamento distinto quanto à dispensa das duas dosagens de gliclazida respeitante à venda de medicamentos de marca ou genéricos. Para a gliclazida 30 mg verifica-se um maior consumo de genéricos e para a gliclazida 60 mg verifica-se um maior consumo do produto de marca, sendo que esta tendência não apresenta oscilações mensais muito acentuadas.

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U ni da de s v end id as (m ens al )

set out novdez jan fev mar abrmai jun julago set

U ni da de s v end id as (m ens al ) Gliclazida Marcas e Genéricos 0 100 200 300 400 500 30 Gliclazida 60 Gliclazida

Figura 7. Evolução mensal (painel superior) e anual (painel inferior) da dispensa de gliclazida, durante os meses de

Como referido anteriormente, a metformina é o ADO de primeira linha no tratamento da DM2. Como por vezes a utilização deste ADO isolado é insuficiente para atingir o objetivo terapêutico, recorre-se à associação com outro ADO. Nesta linha de estratégia surgiram as associações em dose fixa de metformina com outras classes de ADOs, com o objetivo de potenciar a eficácia da terapêutica antidiabética, nomeadamente melhorando a adesão do doente à terapêutica através da redução do número de medicamentos a utilizar.

Na Figura 8 representam-se as associações comercializadas na FSS e disponíveis em Portugal.

Figura 8. Evolução mensal (painel à esquerda) e anual (painel à direita) da dispensa de associações em dose fixa de

metformina e outros antidiabéticos orais, durante os meses de setembro de 2013 a setembro de 2014 na FSS (painel superior) e em Portugal, segundo IMS Portugal (painel inferior).

Associações dose fixa

Met form ina + P iogl itazo na Met form ina + G liben clam ida Met form ina + S axag liptin a Met form ina + S itagl iptin a Met form ina + V ildag liptin a 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 U ni dade s v endi da s (a nua l)

As associações em dose fixa mais vendidas são a metformina e um iDPP-4, nomeadamente a sitagliptina ou a vildagliptina, não se verificando uma diferença muito significativa entre estas, como é possível comprovar nos gráficos (Figura 8). Fazendo a comparação com os resultados a nível nacional, é possível verificar a mesma tendência (Figura 8).

Quanto às associações em dose fixa mais utilizadas considerou-se interessante fazer a comparação entre a dimensão das vendas do princípio ativo isolado e as vendas das associações em dose fixa (Figura 9). Avaliaram-se deste modo as vendas de metformina, vildagliptina e sitagliptina, e verificou-se que a metformina isolada é mais vendida que as associações em dose fixa contendo metformina, sendo esta diferença bastante elevada. Por outro lado, a vildagliptina é mais vendida quando em associação com metformina do que isoladamente. No caso da sitagliptina, esta é mais vendida quando isolada do que em associação, embora a diferença seja mínima.

Figura 9. Evolução mensal (painel à direita) e anual (painel à esquerda) da dispensa de metformina, vildagliptina e

sitagliptina isoladas ou em associação em dose fixa, durante os meses de setembro de 2013 a setembro de 2014 na FSS. Legenda: met – metformina; vilda – vildagliptina; sita – sitagliptina.

Realizou-se também uma comparação entre a utilização de metformina isolada e a utilização de duas associações em dose fixa de metformina e um iDPP-4, para as duas dosagens de metformina mais utilizadas. Nas associações metformina e iDPP-4, a dosagem mais utilizada de metformina foi a de 1000 mg (Figura 10).

Figura 10. Evolução mensal (painel esquerdo e central) e anual (painel direito) da dispensa de metformina isolada (850

mg e 1000 mg) e associada em dose fixa a vildagliptina ou a sitagliptina, durante os meses de setembro de 2013 a

setembro de 2014 na FSS. Legenda: met – metformina; vilda – vildagliptina; sita – sitagliptina. 

No âmbito deste estudo não poderia deixar de abordar, mesmo que de uma forma muito sucinta, o consumo de insulinas. É conhecido que uma grande parte dos doentes com DM2 não necessitam de terapêutica com insulina para um controlo efetivo da glicemia, embora em alguns doentes tal seja necessário como complemento. Apesar de possuírem um modo de administração pouco apreciado pelos doentes, as insulinas podem ser uma alternativa muito eficaz a um ADO na DM2, como tratamento de 2ª ou 3ª linha.

Na FSS verificou-se um consumo mais elevado de insulinas de ação longa, ação intermédia e pré-misturas (Figura 11). Este comportamento pode estar associado ao facto de a maior parte dos doentes diabéticos que recorrem à FSS serem diabéticos tipo 2. É conhecido que a insulina mais aconselhável para o tratamento destes doentes é a insulina de longa duração. Caso não seja alcançado o controlo glicémico opta-se pela insulina bifásica ou também denominada de pré misturas [37].

set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set

acção ul tra r ápida acção r ápida acção i nter médi a acção i nter médi a - bi fásic as acção l onga U ni dad es vendida s ( an ua l)

Figura 11. Evolução mensal (painel à direita) e anual (painel à esquerda) da dispensa de insulina durante os meses de

2. Pé Diabético

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