• Nenhum resultado encontrado

2 CONTEXTUALIZAÇÃO E ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DA REDE E-

2.1 Educação e Desenvolvimento Econômico

Entre 2002 e 2012, o Brasil, em virtude do crescimento econômico que vem apresentando, posicionou-se na economia mundial em um lugar de destaque. Segundo dados obtidos do relatório “Economia Brasileira em Perspectiva”, apresentado em fevereiro de 2012 pelo Ministério da Fazenda, o Produto Interno Bruto (PIB) do país, em 2012, correspondia a US$ 500 bilhões e, em 2012, o PIB passou a representar US$ 2,6 trilhões na economia brasileira.

Segundo Vieira, Albert e Bagolin (2008, p.31), “o desenvolvimento econômico pode ser definido como um processo de mudanças sociais e econômicas que ocorrem numa determinada região ou país e que contribuem

para a melhoria do bem-estar da população”, mudanças estas que podem ser atribuídas, em grande parte, aos benefícios gerados pela educação.

Observa-se que um dos índices que demonstram o desenvolvimento econômico de um país é o aumento do seu PIB, que representa a soma de todos os bens e serviços produzidos em determinado período. Cumpre salientar que o PIB é utilizado como um indicador de investimento do governo federal na educação. Nesse sentido, o PNE 2011-20, mais especificamente a meta nº 20, determina a ampliação progressiva do investimento público na educação, até atingir o mínimo de 7% do PIB. Visando cumprir esse percentual, foram propostas as seguintes estratégias:

Garantir fonte de financiamento permanente e sustentável para todas as etapas e modalidades da educação pública.

Aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de acompanhamento da arrecadação da contribuição social do salário-educação.

Destinar recursos do Fundo Social ao desenvolvimento do ensino.

Fortalecer os mecanismos e os instrumentos que promovam a transparência e o controle social na utilização dos recursos públicos aplicados em educação.

Definir o custo aluno-qualidade da educação básica à luz da ampliação do investimento público em educação.

Desenvolver e acompanhar regularmente indicadores de investimento e tipo de despesa per capita por aluno em todas as etapas da educação pública (BRASIL, MEC. Plano Nacional de Educação, 2011).

Verifica-se uma relação direta entre o investimento na educação e o desenvolvimento econômico do Brasil, como pode ser observado na tabela 3:

Tabela 3 – Crescimento econômico do PIB brasileiro

% de crescimento anual 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

% de crescimento real do

PIB 1.1 5.7 3.2 4.0 6.1 5.2 (0.6) 7.5 2,7 Fonte: Relatório gerado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) (2011).

Apesar da crise econômica mundial percebida a partir de 2008, nota-se que o Brasil manteve um PIB positivo, exceto em 2009, ano em que o Governo Federal lançou mão de medidas econômicas com vista à manutenção do crescimento do País, principalmente em redução de impostos nas indústrias e incentivos na construção civil, fato de extrema relevância para a sequência de investimento da educação no Brasil, que demanda a formação de mão-de-obra qualificada para continuidade do crescimento econômico do país.

Ademais, segundo dados publicados no relatório de informações econômicas do Ministério da Fazenda, a partir de 2012, o Brasil vem oscilando entre a 6ª e 7ª maior economia mundial. Confirmando esses dados, os indicadores de Volume e Valores Correntes publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)4 informa que os setores de serviço e

comércio foram os que mais contribuíram com os empregos gerados nesse período. Outro setor que se destacou com a melhora da demanda de mercado foi o agropecuário, elevando o rendimento e a produção estimada no período entre 2010 e 2012. (BRASIL, Ministério da Fazenda, 2012)

Diante do exposto, percebe-se que, na última década, o Brasil vem registrando um contínuo crescimento econômico. Para manter a economia brasileira nesse ritmo ascendente, deve-se investir inevitavelmente na educação do país. Esse investimento torna-se cada vez mais necessário, haja vista que, segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), em 2009, o Brasil ocupava a 53ª colocação entre os 65 países5 que participam da avaliação. O PISA é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é um órgão internacional e intergovernamental que reúne os países mais industrializados para trocar informações e alinhar políticas com o objetivo de potencializar seu crescimento econômico e colaborar com o desenvolvimento de todos os demais países membros.

4Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000013194505112 013451229740758.pdf>. Acesso em: 19 de agosto de 2013

5Disponível em:<http://portal.inep.gov.br/internacional-novo-pisa-resultados>. Acesso em: 19 de agosto de 2013

Menezes Filho (2009, p.201) assevera que “a educação é um dos principais mecanismos para tirar permanentemente as pessoas de uma situação de pobreza e possibilitar o acesso delas ao mercado de trabalho.” Assim, considerando a educação um dos pilares para o desenvolvimento socioeconômico de um país, verifica-se, no contexto atual, a implementação de políticas públicas educacionais pelos governos federal, estadual e municipal, pautadas na formação e qualificação da sociedade.

Consta no documento base da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio (2007) que as discussões acerca da educação profissional no Brasil estiveram permeadas pelas questões assistencialistas e formação secundária às classes menos favorecidas.

Segundo Moura (2007) a Educação Profissional no Brasil teve a sua origem no século XIX, com o objetivo de formar cidadãos que não possuíam condições sociais satisfatórias. A título de exemplificação, no início do século XX, o então presidente Nilo Peçanha criou as Escolas de Aprendizes Artífices, que também eram destinadas às classes menos favorecidas. Essas escolas foram fundamentais para a ampliação da Educação Profissional no país, culminando nas décadas de 1930 e 1940 com o fortalecimento da nova burguesia industrial no Brasil em substituição às grandes oligarquias cafeeiras desse período.

Moura (2007) afirma, ainda, que foi necessária a instituição de um conjunto de decretos para satisfazer às demandas de normatização que a educação exigia. Nesse sentido, foram provocados debates que permearam toda a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, cujas discussões iniciaram-se em 1948, entrando em vigor em 1961.

Na década de 1970, durante o governo militar, verificou-se outro aspecto relevante para a educação profissional no Brasil: o estabelecimento da profissionalização compulsória. A Lei Federal nº 5.692/71 atribuía ao ensino de 2º grau um caráter profissionalizante na educação, como forma de responder aos anseios da sociedade, concedendo uma formação generalista visando ao mercado de trabalho. Ainda com o intuito de fortalecer o ensino técnico, foi estabelecido por meio da Lei Federal nº 8.948 de 1994 o Sistema Nacional de Educação Tecnológica, transformando as atuais escolas técnicas federais em Centros Federais de Educação Tecnológica.

Apesar dessas tentativas de ampliação da educação profissional no país, verifica-se que ações pontuais no desenvolvimento da educação profissional somente ocorreram após a elaboração do Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE. Segundo Voss (2011, p.54), “a principal razão da elaboração do PDE foi o enfrentamento da desigualdade de oportunidades educacionais.”

Haddad (2008) reforça a relação intrínseca entre educação e desenvolvimento, apresentando as seguintes considerações:

A relação recíproca entre educação e desenvolvimento só se fixa quando as ações do Estado são alinhadas e os nexos entre elas são fortalecidos, potencializando seus efeitos mútuos. Desse movimento de busca de sintonia das políticas públicas entre si depende a potencialidade dos planos setoriais, inclusive o educacional, que passam, nesses termos, à condição de exigência do desenvolvimento econômico e social, garantindo-se que o todo seja maior que a soma das partes (HADDAD, 2008. p.6).

Posto isso, Menezes Filho (2009) argumenta que,

ao melhorar o nível educacional de sua população, os países conseguem reduzir sua desigualdade de renda, aumentar a adoção de novas tecnologias e, com isso, crescer de forma sustentada a longo prazo (MENEZES FILHO, 2009, p. 202). O desenvolvimento econômico dos países emergentes, como o Brasil, tem proporcionado mudanças efetivas nas relações de empregabilidade e, consequentemente, na educação e formação dos trabalhadores. Segundo Ramos (2002),

esse processo de globalização da economia e a crise do emprego têm criado novos códigos que aproximam a educação das tendências produtivas”, ela afirma ainda, que “a competência vem associada às noções de empregabilidade e laboralidade (RAMOS, 2002, p. 402).

Desde a Constituição de 1967, com reforço na Constituição de 1988, a educação brasileira se pautou na inclusão escolar. O lema era “nenhuma criança fora da escola”; atualmente, em cumprimento à obrigatoriedade

constitucional, ampliou-se nas esferas federal, estadual e municipal a efetivação de aberturas de vagas.

Segundo Voss (2011, p.45), “o discurso da educação como fator estratégico de desenvolvimento social e econômico é atualmente recontextualizado.” Essa recontexualização privilegia a busca pela equidade, ao passo que, anteriormente, o enfoque era a expansão.

Para se adequar a esse sistema educacional, é preciso focar na qualificação e ampliação da formação do trabalhador. Voss (2011, p.45) ainda sustenta que, para se ter essa equidade na educação, é preciso uma “oferta eficiente e eficaz do ensino, de modo a garantir condições de aquisição de habilidades e informações que permitam competir no mercado profissional.”

Como forma de desenvolver a Educação Profissional para as exigências do mercado de trabalho, no Brasil, a partir das décadas de 1970 e 1980, a educação tecnológica passou a adquirir grande força, período em que a necessidade de mão-de-obra capaz de desenvolver de maneira eficaz os processos produtivos com saber tecnológico desencadeou a procura por uma formação mais específica e especializada. Moura (2007) argumenta que foi nesse período que o governo desenvolvia o projeto de uma nova fase de industrialização no país, época essa que ficou conhecida como o “milagre brasileiro”, que demandava mão-de-obra qualificada em nível técnico.

Porém, a forma como foi implantada a educação profissional nesse período, reduzindo a formação geral para incluir as habilidades técnicas, gerou uma “migração” da classe média das escolas públicas para as escolas particulares, à procura de uma educação voltada para a formação em nível superior.

Em 1999, com o intuito de revitalizar a educação profissional e, fundamentado no Parecer 16/99, o Conselho Nacional de Educação cria as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico, apresentando as seguintes orientações:

A educação profissional requer, além do domínio operacional de um determinado fazer, a compreensão global do processo produtivo, com a apreensão do saber tecnológico, a valorização da cultura do trabalho e a mobilização dos valores necessários à tomada de decisões (BRASIL. RESOLUÇÃO CEB N.º 4, de 8 de dezembro de 1999).

Atualmente, a legislação que rege a educação profissional está definida no Decreto nº 5.154, de 23 de Julho de 2004, que regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41, que estabelecem as diretrizes e bases da educação nacional (BRASIL, MEC, 2004).

De acordo com a legislação atual, a classificação do sistema da educação profissional no Brasil é organizada em três níveis6: o nível básico enquadra a educação não-formal e de duração variável; o nível técnico destina- se a jovens e adultos no desenvolvimento técnico; e o nível tecnológico presta- se à formação técnica em nível superior.

A educação exerce papel primordial na construção do Índice de Desenvolvimento Humano7 (IDH), tanto que, dos quatro índices de cálculo do

IDH, dois se referem à educação: a taxa de alfabetização de adultos e número médio de anos de escolaridade. A melhoria contínua desses índices tem reflexos diretos na formação profissional do indivíduo e, consequentemente, na possibilidade de formação de mão-de-obra qualificada, como afirmam Rocha e Bressolin (2006):

a educação amplia oportunidades de realização do trabalho, mas também de compreensão das condições sociais e econômicas em que se situa. Amplia, dessa maneira, as possibilidades de escolha de atuação do cidadão, comprometendo-se com a transformação da realidade (ROCHA e BRESSOLIN, 2006, p. 49).

Posto isso, torna-se oportuna a apresentação da Rede e-Tec Brasil no contexto da educação a distância.

2.2 Educação a Distância: modalidade da Rede e-Tec Brasil/Unimontes

6 Sistema Educativo no Brasil – Educação profissional. Disponível em:

<http://www.oei.es/quipu/brasil/educ_profesional.pdf>. Acesso em: 08 de novembro de 2012

7 O IDH é uma medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Disponível em:<http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx>. Acesso em 10/11/2012.