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A educação é antes de tudo um instrumento de promoção da cidadania e, sobretudo nos dias de hoje, instrumento

A ação centralizada do governo federal sobre as diversas formas ditas de avaliação, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional de Cursos (Provão), focaliza apenas o produto final e não o processo educativo. Essa forma de avaliação serve para destacar alguns efeitos especiais, pelos quais o MEC tem grande interesse, como o ranking dos estados, no caso da educação básica, e o das universidades, no caso da educação superior. Esse tipo de avaliação, para ser eficaz, precisaria vir acompanhado de programas

consistentes de melhoria de qualidade do ensino, por meio tanto de formação, retreinamento e melhor remuneração de professores, a partir de critérios de desempenho, quanto da rediscussão das grades curriculares, com a valorização de conteúdo. P.45

Quanto ao avanço da privatização do sistema, ela não se dá pela venda das universidades e escolas públicas, mas pelo acelerado aumento proporcional da rede privada, a cada dia com maior peso no sistema, principalmente na educação infantil e na superior. P.45

Promover a educação infantil a um novo estatuto, de modo que todas as crianças tenham os meios para sua formação intelectual igualmente assegurada. Será prioridade, nos próximos quatro anos, universalizar o

ensino do nível pré-escolar até o médio e garantir o acesso à creche. P.46

No caso do ensino médio, formularemos uma política que inclua os jovens trabalhadores. Para tanto, o

Fundef deve ser ampliado para todo o ensino básico e contar com recursos suplementares do governo federal, revertendo-se o atual processo de municipalização predatória da escola pública. Além disso, a exemplo da saúde, a educação tem que ser concebida como um sistema nacional articulado, integrado e gerido em

regime de colaboração (União, estados e municípios) e de forma democrática, com a participação da

sociedade. P.46

Os dados do Censo da Educação Superior de 2000 mostram que os jovens das camadas mais pobres praticamente não têm acesso à educação superior pública: apenas 7,7% dos jovens entre 18 e 22 anos frequentam cursos universitários. Cerca de 70% deles estudam em estabelecimentos privados. Quando conseguem chegar ao ensino superior, o custo é tão alto que apenas os que têm bons empregos ou apoio econômico da família conseguem pagar a faculdade. Por isso, há elevada inadimplência e evasão, até porque o sistema de crédito educativo, que poderia ser uma alternativa, é insuficiente e inadequado. São tarefas

inadiáveis a ampliação significativa das vagas nas universidades públicas e a reformulação do sistema de crédito educativo vigente. P.46

Disponível em https://www1.uol.com.br/fernandorodrigues/arquivos/eleicoes02/plano2002-lula.pdf. Acesso em 10/10/2018. Grifos nossos.

O programa define a Educação (o acesso, em todos os níveis) como caminho para o desenvolvimento e os programas de bolsas e transferências de renda como condições emergenciais para a redução das desigualdades e, ao mesmo tempo reforça a perspectiva de elevação de índices, incentivo à iniciativa privada e ampliação do crédito educativo.

No entanto não evidencia com clareza a forma como pretende executar e muito menos apresenta alguma menção a Educação de Jovens e Adultos exceto, quando propões bolsas de estudo para os jovens até 29 anos completarem o Ensino Médio ou a Graduação (público que sabemos não fazer parte do perfil da modalidade).

Para as eleições de 2006, a base petista já havia acumulado a experiência da máquina pública e o programa reflete este acumulo. O programa apresenta dados, alguns projetos e ações mais objetivas para a gestão 2007-2010. Mantém a ideia de ampliação do acesso à Educação e apresenta o FUNDEB como estratégia para o desenvolvimento da Educação nos municípios e estados brasileiros bem como a formação e o desenvolvimento da carreira do magistério.

No cenário político econômico o país segue a lógica das recomendações dos organismos internacionais e com um crescimento aparente.

A situação que se cristaliza a partir do segundo governo Lula é diferente. A modesta retomada do crescimento econômico, após quase três décadas de estagnação, a lenta recuperação do poder aquisitivo do salário após décadas de arrocho, a ligeira melhoria na distribuição pessoal da renda, o boom de consumo financiado pelo endividamento das famílias e a aparente resiliência do Brasil perante a crise econômica mundial dão um lastro mínimo de realidade à fantasiosa falácia de que, finalmente, o Brasil estaria vivendo um ciclo de desenvolvimento. (ARRUDA JR, 2012, 679)

PROGRAMA DE GOVERNO LULA 2006

Desenvolvimento com distribuição de renda e educação de qualidade

Caberá ao segundo mandato avançar mais aceleradamente no rumo desse novo ciclo de desenvolvimento. Um desenvolvimento de longa duração, com redução das desigualdades sociais e regionais, respeito ao meio ambiente e à nossa diversidade cultural, emprego e bem-estar social, controle da inflação, ênfase na

educação, democracia e garantia dos Direitos Humanos, presença soberana no mundo e forte integração

continental. P.5

Terão continuidade ações de regulação que garantam as condições para o investimento privado necessário ao desenvolvimento do país, além de novas alterações na legislação que favoreçam o ambiente

para investimento. P.10

O Estado Brasileiro reafirmará seu compromisso com uma política integrada de educação,

reconhecendo-a como direito inalienável e inadiável. Isso exigirá expressivos investimentos na

ampliação e acesso ao sistema escolar, bem como a democratização da gestão das unidades educacionais. Para alcançar esses objetivos, entre outras ações, é fundamental a aprovação do FUNDEB pelo Congresso Nacional. P.12

Será dada ênfase ao acesso à escola pública democrática e de qualidade; à superação do analfabetismo, à inclusão digital, ao acesso mais amplo à educação profissional, técnica e tecnológica, e a uma universidade reformada, expandida e de qualidade superior. P.12

Trata-se, portanto, de conceber a educação como questão nacional de primeira grandeza e torná-la prioridade do Estado e da sociedade. P.12

• Gerar mais e melhores empregos, por meio da expansão do investimento público e do estímulo ao investimento privado nos setores com maior potencial de criação de novos postos de trabalho. P.18

Expandir a rede de serviços básicos para os beneficiários do Bolsa Família, em especial no campo do trabalho e da renda, através de programa interministerial que promova a auto-suficiência das famílias atendidas. P.27

• Fortalecer o PROUNI e os programas de escolarização e profissionalização dos jovens no ensino

médio. P. 30

Disponível em: http://csbh.fpabramo.org.br/uploads/Programa_de_governo_2007-2010.pdf Acesso em 10/10/2018 Grifos nossos.

Através do programa observamos a preocupação com os mecanismos de regulação do mercado e com condições que mantivessem ou ampliassem o ambiente de investimento seguro no país. O Presidente Lula vem para a campanha ainda sob os desdobramentos do “mensalão” de 2005, mas vence as eleições com o apoio dos segmentos de base das alianças

do partido e de “um grupo de eleitores de baixíssima renda” (SINGER, 2017) – uma eleição com recorte de classe marcado. Esta marca já fica clara no tema do programa do governo: “distribuição de renda”.

Em relação à educação as propostas aparecem especialmente nas pontas da estrutura educacional: na pré-escola e creches e no ensino superior. A Educação de Jovens e Adultos pode ser considerada citada parcialmente da via da Educação Profissional, muito embora sua prioridade de investimentos neste segmento só se consolidará com o “carro chefe” do programa de Dilma Rousseff no plano educacional: o PRONATEC.

LULA EDUCAÇÃO 2006

• Ampliar, com estados e municípios, o acesso à educação básica, por meio da universalização do ensino

fundamental de 9 anos; do atendimento à educação infantil; da continuidade à reestruturação do ensino médio e do ensino noturno, da ampliação significativa do ensino técnico e tecnológico e da

continuidade das mudanças para a educação no campo

. • Expandir progressivamente o atendimento integral à criança e ao jovem, por meio da articulação entre a União, estados, municípios e comunidade, integrando políticas, programas e equipamentos, que façam da escola um pólo educacional, cultural, de esporte e lazer.

• Instituir Piso Salarial Profissional, a partir da aprovação do FUNDEB, e redefinir a docência por meio de diretrizes de carreira, que contribuam para a ampliação da jornada do professor na mesma escola e para o trabalho integrado e coletivo nos espaços educacionais.

• Estruturar a Rede Nacional de Formação de Educadores para a capacitação inicial e continuada.

Ampliar, para tanto, a Universidade Aberta do Brasil, fruto da cooperação entre União, estados,

municípios e universidades federais.

• Fortalecer o caráter inclusivo e não-discriminatório da educação, aumentando investimentos na

educação especial e indígena e na valorização da diversidade étnico-racial e de gênero.

• Aprofundar a ampliação do ensino superior de qualidade: continuidade do PROUNI, criação de novas

universidades e de mais vagas nas Universidades Federais existentes; aprovação da Reforma

Universitária, desenvolvimento de Plano Nacional de Pós-Graduação e do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES).

• Dar prosseguimento à alfabetização de jovens e adultos, garantindo a continuidade do processo de

escolarização, inclusive profissional.

Disponível em : http://csbh.fpabramo.org.br/uploads/Programa_de_governo_2007-2010.pdf Acesso em 10/10/2018 Grifos nossos.

É fundamental destacar que das propostas elencadas pela base petista, a mudança do padrão de investimentos em educação a partir de 2007 sem dúvida foi a mais relevante. Ainda que façamos muitas críticas à gestão petista, neste sentido é importante reconhecer a sensível transformação dos valores investido com Educação à partir da aprovação do FUNDEB.

QUADRO 4 – DESPESAS DO GOVERNO FEDERAL EM EDUCAÇÃO COM FIES E FUNDEF/FUNBED NO PERIODO DE 2004 A 2014.

Disponível em: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/boletins- legislativos/bol26

O gráfico demonstra a grande variação a partir de 2007 na ordem de milhões. No ano de 2006 (com o Fundef) foram gastos cerca de 492 milhões e no ano seguinte com o FUNDEB o valor passa para 2 bilhões 984 milhões. Em compensação o mesmo gráfico aponta um crescimento ainda maior do FIES, não no período Lula da Silva, mas sob a gestão petista nos anos de 2011 em diante com Dilma Rousseff.

3.1.2 – PROGRAMAS DE 2010 E 2014

O cenário econômico mundial mudou. Nas eleições de 2010 o mundo vive ainda sob os impactos diretos da crise de 2008 e um novo arranjo político mundial começa a se dimensionar. Em concomitância, no caso brasileiro, Lula da Silva não pode concorrer novamente as eleições, os grandes nomes no partido começam a se articular para tentar garantir a manutenção do partido no governo federal. A insegurança de um nome “novo” e no afã de perpetuar o legado por mais quatro anos, o partido lança um programa muito mais pautado na trajetória da gestão que propriamente com as “promessas”.

PROGRAMA DE GOVERNO DILMA 2010 Para Seguir Mudando

O Governo Dilma será de todos os brasileiros e brasileiras e dará atenção especial aos trabalhadores. O governo Dilma dará especial atenção ao acesso ao trabalho formal de homens e mulheres, em

particular aos jovens e aos segmentos sociais hoje mais discriminados. Ampliará os programas de apoio à inserção de jovens no mercado de trabalho e alternativas para inserção ocupacional dos beneficiários do Bolsa Família; protegerá o emprego e a renda dos trabalhadores; combaterá todas as

formas de trabalho infantil, precário e degradante, especialmente as manifestações residuais de trabalho escravo; promoverá relações e condições de trabalho saudáveis, qualificadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como “trabalho decente”; manterá diálogo permanente com os sindicatos para definir as grandes linhas das políticas trabalhistas. No campo e na cidade, políticas habitacionais, de saneamento, transporte, educação e saúde contribuirão para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores; P.13

Será garantido aos brasileiros – especial - mente aos jovens – acesso a uma escola de qualidade, que combine ensino e capacitação para o trabalho. O governo Dilma expandirá e melhorará o ensino

público e cuidará da educação da pré-escola à pós - -graduação. Nas suas atribuições específicas, dará continuidade à ampliação e à qualificação da educação superior. Mais universidades públicas, mais campi e extensões universitárias garantirão a ampliação das matrículas. Mais verbas para estimular as pesquisas e fortalecimento da pós-graduação, que será expandida a todas as regiões do país. A experiência do PROUNI será potencializada, permitindo a mais estudantes de baixa renda ingressarem na universidade. O projeto de construção das Instituições Federais de Educação Tecno - lógica

(IFET) será ampliado. As cidades polo ou com mais de 50 mil habitantes possuirão, pelo menos, uma

escola técnica. O piso nacional para professores e os programas nacionais de capacitação de docentes permitirão a cooperação da União com estados e municípios para alcançar padrões educacionais de qualidade em todos os níveis. O Governo Federal assumirá a responsabilidade da criação de 6 mil creches e pré-escolas e de 10 mil quadras esportivas cobertas. Será estabelecida uma articulação entre políticas educacionais, de esporte e cultura. Uma ampla mobilização – envolvendo poderes públicos e

sociedade civil – terá como objetivo a erradicação do analfabetismo; P.13

Disponível em:

http://deputados.democratas.org.br/pdf/Compromissos_Programaticos_Dilma_13%20Pontos_.pdfAcesso em 10/10/2018

Para a Educação, o programa se compromete apenas parcialmente com uma “mobilização” para a “erradicação do analfabetismo”. Apresenta os números do governo anterior com a criação das universidades e escolas profissionais. Aponta atenção especial para a pós-graduação, a expansão do ensino superior e a valorização do magistério.

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