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Capítulo II – Enquadramento Conceptual 17

1. Educação em Portugal nos dias de hoje 17

Neste ponto pretendeu-se realizar a mobilização de alguma literatura, acompanhada por alguns dados estatísticos que pudessem caracterizar de uma forma holística a Educação em Portugal nos últimos anos. Assim, tendo presente a linha de investigação em que esta tese se inscreve e a frequência no curso de doutoramento de educação na especialidade de formação de professores, julgou-se ser pertinente efetuar esta incursão pelo sistema educativo nacional nos últimos anos, sendo que muitas das temáticas que serão abordadas fazem parte ou começam a fazer parte da formação inicial e contínua de professores.

Apesar de alguns avanços, alguns consideráveis, a educação em Portugal revela ainda alguns aspetos a ter em conta, tendo em vista uma equiparação aos registos de alguns dos restantes países da União Europeia (UE). De acordo com Mucharreira (2012), apoiado em Santiago et al., (2012), a Educação em Portugal tem, aliás, originado um longo debate conceptual, assistindo-se a uma sucessão de reformas que, não raras vezes, se anulam, não permitindo isolar e verificar os seus resultados no médio e longo prazo. O sistema educativo em Portugal não-superior encontra-se organizado em três níveis sequenciais, educação pré-escolar, ensino básico e ensino secundário. O ensino secundário contemplava, até há relativamente pouco tempo, cursos científico-humanísticos (mais direcionados para o prosseguimento de estudos no ensino superior) e cursos tecnológicos e profissionais (mais direcionados para a entrada no mercado de trabalho), registando-se mais recentemente a extinção dos cursos tecnológicos.

De acordo com o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE, 2014b), sobre a educação em Portugal, na década de 70, um quinto da população portuguesa entre os 15 e 64 anos era analfabeta e somente 5% destes tinham o ensino secundário completo. Apesar da expansão do sistema educativo, o sucesso deste tem vindo a permanecer como um enorme desafio. Paralelamente à evolução verificada neste aspeto, mantém-se como problema central o abandono escolar de muitos jovens, demasiado cedo por vezes, numa percentagem muito acima dos valores registados em média pelos outros países da OCDE (Santiago et al., 2012).

Segundo Cabrito (2011), para além de uma crise económica e financeira, há que considerar também uma crise de valores, consequência de uma globalização desregulada, que conduz ao reforço do fosso entre

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os 20% mais pobres e os 20% mais ricos. No contexto da UE, Portugal encontra-se, sem surpresa, em plano de destaque pela negativa, sendo o país onde esse fosso é mais acentuado (Cabrito, 2011).

À luz do exposto por Santiago et al. (2012), apoiado no relatório da OCDE de 2012 sobre a educação em Portugal, três dos grandes objetivos consistiam na demanda de um incremento dos níveis de motivação e desenvolvimento integral dos recursos humanos da educação, incluindo os alunos, a promoção de estabilidade e reforço do estatuto da profissão docente e assegurar que todos os jovens permanecessem no sistema escolar até aos 18 anos.

Nesse já citado relatório da OCDE eram também identificados os impactos na educação das medidas de austeridade implementadas a partir de 2011. De 5% do Produto Interno Bruto (PIB) de investimento no setor da educação em 2010, a redução em 2011 conduziu a um valor ligeiramente mais baixo, 4,7% do PIB, continuando os cortes nos anos subsequentes. De realçar que esta redução não foi apenas relativa, mas muito mais acentuada em termos absolutos, ao fazermos o paralelo com o recuo do crescimento económico durante esse período em consideração. No estudo são ainda referidas algumas reformas implementadas, e apontamentos para o que deveria ser tido em conta para o curto prazo. Para Santiago et al. (2012), nesse período, era dado pouco ênfase à autorregulação das aprendizagens por parte dos alunos, não lhes tendo sido ainda possibilitado o desenvolvimento de capacidades para regular a sua aprendizagem, quer através de autoavaliação, quer da avaliação interpares. Para além disto, a avaliação permanecia eminentemente sumativa, sem ser dada igual relevância à avaliação formativa, dando feedbacks aos alunos.

Neste relatório e em muitos outros, tem sido demonstrado que o aluno não se encontra no centro da aprendizagem, sendo que existem elevados níveis de repetência, acima da média da OCDE. Esta organização tem apelado a que os professores portugueses assumam que a reprovação é, por vezes, uma medida ineficaz, que é necessário abandonar certas abordagens mais tradicionais e a importância de motivar os alunos para a aprendizagem. No fundo, seria desejável que os docentes pudessem compreender que ensinar é uma responsabilidade partilhada. Por outro lado, um outro aspeto a ter em conta, segundo Santiago et al. (2012), seria o papel da envolvente, adiantando que seria importante que os pais e a comunidade fossem mais implicados no sistema educativo.

Reforçando os dados estatísticos apresentados anteriormente, é de assinalar que se tem verificado um claro progresso na escolarização média da população portuguesa. Cada português, no início da década de 90, tinha em média 4,6 anos de escolarização, em 2001 esse valor médio já atingia os 6 anos, sendo que em 2011 passou para os 7,4 anos, realçando-se nestes valores globais, a evolução que foi sendo gradual na população entre os 25 e os 44 anos, que atingiu em 2011 os 10,4 anos de escolarização média (CNE, 2015a).

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No que diz respeito aos docentes, o relatório do Conselho Nacional de Educação (CNE) alerta para um progressivo envelhecimento do corpo docente, com todas as vantagens e desvantagens daí decorrentes, particularmente no que concerne à população docente das escolas públicas, onde cerca de um terço dos professores têm mais de 50 anos de idade.

O mesmo relatório defende taxativamente a necessidade imperiosa de se reforçar para todos os docentes, particularmente para os que possuem mais experiência profissional e todos aqueles que estejam já integrados na carreira, a oportunidade de elevarem as qualificações, através da aposta num plano de formação contínua que possa articular os seus interesses com as prioridades de política educativa que sejam definidas, só assim sendo possível almejar melhorias nas aprendizagens e a uma real valorização da profissão docente (CNE, 2015a).

Quadro 2 - Taxa real de escolarização em Portugal, por nível de ensino (1970 a 2014)

Anos Pré-Escolar 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Secundário

1970 2,4 84,3 22,2 14,4 3,8 1980 14,2 98,4 35,4 25,8 11,7 1990 41,7 100,0 69,2 54,0 28,2 2000 71,6 100,0 87,4 83,9 58,8 2005 77,4 100,0 86,4 82,5 59,8 2010 83,9 100,0 93,8 89,5 71,4 2011 85,7 100,0 95,4 92,1 72,5 2012 89,3 100,0 92,3 89,9 72,3 2013 88,5 100,0 91,9 87,5 73,6 2014 87,8 97,9 90,9 86,3 74,3

Fonte: Dados obtidos em Pordata (2016).

Embora Portugal nos mais diversos relatórios esteja a registar progressos na taxa de escolarização, essa evidência é mais notória na taxa bruta de escolaridade e não tanto na taxa real de escolarização, que representa a conclusão dos níveis de ensino na idade expectável de frequência e conclusão. Conforme se apresenta no Quadro 2 (Taxa real de escolarização em Portugal, por nível de ensino (1970 a 2014), é de salientar o valor de 74,3% em 2014 relativo à taxa de conclusão do ensino secundário, o que reflete que a escolaridade obrigatória de 12 anos estará ainda por cumprir, não se alcançando por simples decreto (Cerdeira, 2015).

São também de assinalar os indicadores bastante positivos ao nível do ensino pré-escolar, sendo de referir que, neste nível de ensino, Portugal encontra-se com uma taxa de escolarização acima da média dos países da OCDE (OCDE, 2015).

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Quadro 3 - População residente com 15 e mais anos: total e por nível de escolaridade completo mais elevado - 2000 a 2015

Anos Total Sem nível de escolaridade Básico - 1º ciclo Básico - 2º ciclo Básico - 3º ciclo Secundário e pós- secundário Superior 2000 8.608,6 1.549,6 2.865,1 1.430,0 1.241,2 966,1 556,7 2005 8.828,0 1.202,7 2.742,4 1.386,7 1.473,3 1.188,6 834,2 2010 8.965,4 949,8 2.583,0 1.258,3 1.738,5 1.380,6 1.055,2 2011 8.970,5 981,3 2.332,5 1.153,7 1.841,8 1.475,1 1.186,1 2012 8.947,5 906,0 2.270,0 1.104,7 1.821,7 1.564,7 1.280,3 2013 8.911,9 843,7 2.191,5 1.059,2 1.830,8 1.650,5 1.336,2 2014 8.883,4 788,5 2.117,5 996,0 1.817,0 1.702,3 1.462,1 2015 8.866,2 738,9 2.080,2 963,8 1.800,5 1.763,6 1.519,2

Fonte: Dados obtidos em Pordata (2016).

Apesar dos avanços que o nosso país tem conseguido nos últimos anos ao nível do reforço das habilitações da sua população total e, dentro desta, da população ativa, o que se verifica é que em 2015 ainda existiam perto de 740 mil pessoas sem qualquer nível de escolaridade, segundo a informação disponibilizada no Quadro 3 (População residente com 15 e mais anos: total e por nível de escolaridade completo mais elevado - 2000 a 2015). De referir que, em 2015, 23,5% da população com mais de 15 anos possuía apenas o 1º ciclo do ensino básico e 20,3% o 3º ciclo do ensino básico, querendo isto dizer que, da população total com mais de 15 anos, apenas 37% detinha habilitações de nível secundário, pós-secundário ou superior. Os progressos têm sido, assim, muito ténues e temporalmente lentos, notando-se a reduzida descida da percentagem de população com apenas o 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico, em favor da taxa de conclusão do ensino secundário e superior.

Quadro 4 - Indicadores - 2014

Indicadores - 2014 Portugal UE - 28

Taxa de Abandono Escolar 17,4 % 11,1 %

População residente com pelo menos o Ensino Secundário (25-64 anos) 42,6 % 75,8 %

Remuneração média dos trabalhadores por conta de outrem (poder de compra padrão) 26674 34225

Despesas em I&D em % do PIB 1,4 % 2 %

Fonte: Dados obtidos em Pordata (2015).

Ao observarmos, no Quadro 4 (Indicadores - 2014), alguns indicadores fornecidos pela Pordata (2015), facilmente se corroboram os valores apresentados até ao momento, onde Portugal se apresenta ainda muito distante em relação aos seus parceiros europeus, quer pela ainda elevada taxa de abandono escolar, bem como, pelo baixo investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) em percentagem do PIB, com todas as implicações negativas daí decorrentes para a economia. Uma população com menos habilitações e qualificações é também, necessariamente, uma população que tenderá a ter menor

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produtividade e remunerações inferiores, quando comparada com países com uma população mais qualificada.

Quadro 5 - Despesas do Estado em educação: execução orçamental e em % do PIB (1980 a 2014) Anos Despesas do Estado em Educação Despesas do Estado em Educação em % PIB

1980 258,5 3,1 1990 2.091,0 3,7 2000 6.202,6 4,8 2005 7.316,1 4,6 2010 8.559,2 4,8 2011 7.878,5 4,5 2012 6.622,4 3,9 2013 7.108,4 4,2 2014 6.959,1 Pre 4,0

Fonte: Dados obtidos em Pordata (2015).

Da análise do Quadro 5 (Despesas do Estado em educação: execução orçamental e em % do PIB - 1980 a 2014), relativo às despesas do Estado em educação, é possível verificar um reforço gradual da dotação orçamental até 2010, com um valor na ordem dos 8,6 mil milhões de euros, representando 4,8% do PIB desse mesmo ano, registando-se a partir daí um gradual decréscimo do investimento estatal na educação, tanto em valores absolutos como em termos relativos em função do PIB. De assinalar que a situação portuguesa é ainda mais preocupante pois, para além deste notório desinvestimento, uma parte assinalável do que se vai investindo na formação de mão-de-obra qualificada se vai perdendo para o exterior, resultante da elevada emigração de profissionais qualificados. Esta designada fuga de cérebros, que tem tido lugar ao longo dos últimos anos, tem originado elevados custos ao país, não apenas económico-financeiros, mas também ao nível demográfico e social, estimando-se que Portugal tenha perdido, para o exterior, com os cerca de 145 mil emigrantes qualificados em 2010, um investimento realizado na sua formação na ordem dos 9 mil milhões de euros (Cerdeira et al., 2015).

Uma parte significativa destes emigrantes altamente qualificados, consistiam em profissionais ligados ao ensino e à investigação (Cerdeira et al., 2015), que, não se sentindo realizados profissionalmente ou não conseguindo colocação, optam por procurar noutros países as condições que o nosso país não tem proporcionado. O Quadro 6 (Docentes em exercício nos ensinos pré-escolar, básico e secundário: total e por nível de ensino - 1980 a 2015) reflete precisamente a evolução dos docentes em exercício nas últimas três décadas.

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Quadro 6 - Docentes em exercício nos ensinos pré-escolar, básico e secundário: total e por nível de ensino (1980 a 2015)

Anos Total Pré-Escolar 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo e Secundário

1980 108.361 4.167 42.501 25.900 35.793 1990 142.107 7.737 41.512 31.463 61.395 2000 175.209 15.437 39.022 35.180 85.570 2005 185.157 17.797 40.619 37.164 89.577 2010 179.956 18.380 34.572 35.629 91.375 2011 174.953 18.284 33.044 34.086 89.539 2012 163.175 17.628 30.692 31.330 83.525 2013 150.311 17.139 30.200 26.871 76.101 2014 141.250 16.143 28.214 24.384 72.509 2015 141.274 16.079 28.095 23.747 73.353

Fonte: Dados obtidos em Pordata (2016).

Pode constatar-se uma diminuição gradual dos professores em exercício de funções a partir de 2010, contrariando a tendência verificada até essa altura. De um máximo de 185157 docentes em 2005, em 2015 já eram apenas 141274 docentes, ou seja, uma variação negativa na ordem dos 23,7%. O ensino pré-escolar é aquele que apresentou uma maior estabilidade, não sendo provavelmente alheio o facto de o Estado em particular ter vindo a reforçar a rede, conforme ilustrado no quadro anterior. Tendo, por referência, o mais recente relatório da OCDE (2015a), em Portugal regista-se o valor mais alto do número de professores por aluno, em todos os níveis de ensino, comparativamente com a maioria dos outros países da OCDE. Esta realidade é transversal ao ensino público, ensino privado dependente do Estado e ensino privado independente do Estado. No Quadro 7 (Docentes em exercício nos ensinos pré-escolar, básico e secundário privado: total e por nível de ensino - 1980 a 2015) encontra-se patente a relação de docentes em exercício em estabelecimentos de ensino privado independente do Estado.

Quadro 7 - Docentes em exercício nos ensinos pré-escolar, básico e secundário privado: total e por nível de ensino (1980 a 2015)

Anos Total Pré-Escolar 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo e Secundário

1980 x x 2.575 2.278 3.922 1990 x x 2.135 2.811 7.446 2000 19.859 6.905 2.811 2.858 7.285 2005 21.489 7.334 2.860 3.141 8.154 2010 23.428 8.012 3.279 3.344 8.793 2011 23.198 7.981 3.440 3.024 8.753 2012 22.274 7.863 3.428 2.911 8.072 2013 21.380 7.594 3.411 2.722 7.653 2014 20.466 7.137 3.013 2.881 7.435 2015 20.327 7.092 3.011 2.820 7.404

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Como podemos observar pelos Quadros 6 (Docentes em exercício nos ensinos pré-escolar, básico e secundário: total e por nível de ensino - 1980 a 2015) e 7 (Docentes em exercício nos ensinos pré-escolar, básico e secundário privado: total e por nível de ensino - 1980 a 2015) infra, em Portugal e em 2015, exerciam funções 141 274 docentes em todos os níveis de ensino, registando-se assim, numa década, a diminuição de mais de 40 mil docentes de forma mais acentuada desde 2010, tanto no setor público como no privado e considerando todos os níveis de escolaridade. Este decréscimo resultará, segundo o CNE (2015a) da conjugação de diversos fatores, como a diminuição da natalidade e consequente redução das matrículas de alunos, a consequente reorganização dos agrupamentos de escolas, alterações curriculares, a redução dos horários zero e o crescente número de aposentações que não originaram uma entrada correspondente de novos docentes.

Ainda segundo o CNE (2015a), a relação aluno/docente tem vindo a aumentar, na última década, sendo de realçar que este rácio tem sido sempre superior no ensino privado independente do Estado, constituindo-se Portugal como dos poucos países da OCDE onde tal se verifica (OCDE, 2015a). De relevar o reforço de habilitações dos docentes dos diferentes níveis de ensino, de acordo com os dados da DGEEC (2014), existindo um aumento dos docentes com habilitações ao nível do mestrado e doutoramento, embora a larguíssima maioria possua o grau de licenciado. Como justificativo para esta elevação de qualificações poderá apontar-se a necessidade, desde os últimos anos, em se possuir o grau de mestre para obtenção da qualificação profissional e assim aceder-se à carreira docente de nível não superior.

Os dados estatísticos revelam uma cada vez menor colocação de docentes em exercício de funções, a que não corresponderá uma menor necessidade, contudo, a menor taxa de colocação – em grande medida explicada pelas opções de contenção orçamental de alguns governos -, conjugada com muitos outros fatores, tem levado a uma menor atratividade pela profissão. Segundo estudos da OCDE (2014b) a profissão docente é consideravelmente pouco atrativa, na perspetiva dos jovens inquiridos, em países como a Alemanha, Estónia, Hungria, Itália e Portugal. Torna-se assim urgente a promoção nestes países das medidas tendentes a recrutar pessoas devidamente qualificadas e motivadas para a função, sendo para tal necessária a elevação do estatuto social da profissão, muito dependente da melhoria dos níveis salariais, das condições e autonomia no exercício da função. Um dado preocupante que resulta destes países com uma atratividade da função docente abaixo da média da OCDE é que o perfil médio do estudante, que perspetiva vir a ser professor, revela baixas competências ao nível da matemática e da gramática, comparativamente com outros, constituindo-se como desafio para muitos sistemas educativos dos países mais desenvolvidos do mundo a tentativa de atrair e manter os melhores profissionais, no exercício da função docente (OCDE, 2014a; OCDE, 2014b).

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Quadro 8 - Estabelecimentos dos ensinos pré-escolar, básico e secundário privado: total e por nível de ensino (1970 a 2015)

Anos Total Escolar Pré- 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Secundário

1970 2.065 289 751 1.025 x x 1980 1.025 x 602 230 193 x 1990 1.138 x 685 253 200 x 2000 3.514 2.105 576 233 244 356 2005 3.508 2.122 513 246 261 366 2010 3.987 2.454 560 262 343 368 2011 3.973 2.433 556 266 347 371 2012 3.945 2.404 554 268 345 374 2013 3.851 2.333 546 269 324 379 2014 3.863 2.367 537 264 314 381 2015 3.846 2.348 522 271 327 378

Fonte: Dados obtidos em Pordata (2016).

Os dados mais recentes da Pordata (2016) e do CNE (2015a) apontam no sentido de um crescimento sustentado, ao longo dos últimos anos, da rede de escolas do ensino particular e cooperativo de nível não superior, atingindo um máximo de 3987 estabelecimentos em 2010, começando, a partir dessa data, a registar-se uma ligeira tendência de decréscimo, constatando-se a existência de 3846 estabelecimentos em 2015, segundo o Quadro 8 (Estabelecimentos dos ensinos pré-escolar, básico e secundário privado: total e por nível de ensino - 1970 a 2015).

Quadro 9 - Consumo final das famílias no território económico: total e por tipo de bens e serviços (base=2011)

Anos Total Educação Peso Relativo das Despesas Educação (%)

2000 82.504,9 857,1 1,0 2005 103.230,5 1.149,7 1,1 2010 119.862,0 1.576,5 1,3 2011 117.888,0 1.677,8 1,4 2012 113.880,3 1.555,4 1,4 2013 113.836,0 1.481,2 1,3

Fonte: Dados obtidos em Pordata (2016).

Pela análise dos dados do Quadro 9 (Consumo final das famílias no território económico: total e por tipo de bens e serviços (base=2011), constata-se que o consumo total das famílias começou a decrescer a partir de 2011, refletindo-se posteriormente na componente das despesas em Educação, particularmente em termos absolutos, registando-se até um aumento e estabilização em termos relativos. Entre 2010 e 2013 as despesas de educação representaram 1,3% a 1,4% do total de despesas das famílias, não deixando de se constituir como uma componente residual, em comparação com outro tipo de despesas.

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Uma tendência que se tem verificado nos últimos anos é a elevação da percentagem respeitante à despesa dos privados, sobretudo das famílias, nos ensinos básico e secundário, e muito particularmente no ensino superior, neste último caso com o peso percentual mais alto da União Europeia (UE), neste caso, 45,7% (OCDE, 2015; Cerdeira, 2015).

No que diz respeito à despesa suportada pelas famílias e outros privados, em 2012, nos ensinos básico e secundário, representava em Portugal 14,8% do total de despesas, quando na OCDE representava 9,4% e na UE-21, apenas 7,2% (OCDE, 2015). No que diz respeito à despesa suportada pelas famílias e outros privados, em 2012, no ensino superior, representava em Portugal 45,7% do total de despesas, quando na OCDE representava 30% e na UE-21, apenas 21,9%, sendo também de assinalar, de novo pela negativa, que a tendência de Portugal dos últimos anos, de aumento do esforço das famílias na partilha de custos com a educação está em contraciclo com os restantes países da OCDE e da UE (OCDE, 2015).

Em síntese, apesar de Portugal ter registado significativos progressos no seu sistema educativo, ao longo dos últimos anos, tem ainda um longo caminho a percorrer no sentido de uma convergência real, ao nível educativo, com os países mais desenvolvidos, particularmente os pertencentes à OCDE.