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(TCLE) 158 APÊNDICE B – Artigo original 1

1.2.1 Educação em Saúde Ambiental.

Uma das ações estratégicas da Fundação Nacional de Saúde – Funasa - é a Educação em Saúde Ambiental. Relativamente recente no Brasil (nesses termos, encontramos periódicos a partir do ano de 2010), essa vertente sócio- educadora tem seus interesses e ações para fomentar o desenvolvimento e da inclusão social, a promoção e proteção da saúde, por meio do apoio aos gestores e técnicos dos diversos níveis de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) (FUNASA, 2012).

A Funasa reconhece a Educação em Saúde Ambiental como uma área de conhecimento técnico que contribui efetivamente na formação e o desenvolvimento da consciência crítica do cidadão, estimulando a participação, o controle social e sustentabilidade socioambiental, utilizando entre outras estratégias a mobilização social, a comunicação educativa/informativa e a formação permanente (FUNASA, 2012).

Segundo suas propostas, o incentivo à busca de novas ferramentas e estratégias de aprendizagem em Educação em Saúde Ambiental, por meio de estudos e pesquisas, com vistas ao aperfeiçoamento técnico das atividades educativas desenvolvidas no âmbito da Funasa e junto aos parceiros do SUS, baseia-se, entre outros princípios, no diálogo, reflexão, respeito as diferenças, compartilhamento de saberes, ação participativa, planejamento e decisão local, participação, controle social, sustentabilidade socioambiental, mobilização social e inclusão social (FUNASA, 2012). Este modelo pretende tornar-se incentivo para ações de qualificação da Saúde Ambiental.

A utilização da educação estratégia de intervenção é um dos efeitos das construções de autores preocupados com as relações sociais da saúde e ambiente. Para Czeresnia & Freitas in Czeresnia (2003), a grande necessidade atual é a produção de conhecimentos e práticas que integrem dimensões econômicas, sociais, políticas, ambientais e sanitárias ao pensarmos

problemas em saúde ambiental em sua relação com o desenvolvimento e sustentabilidade, assim como possíveis estratégias de promoção da saúde, de caráter emancipatório, que articulem a tão propalada relação local em todos os sentidos.

Gadotti (2009) expõe que os sistemas educacionais, em geral, são baseados em princípios predatórios, em uma racionalidade instrumental, reproduzindo valores insustentáveis, que promovem lugares e posturas desarmonicas entre os envolvidos no processo (docente/discente).

Para introduzir uma cultura da sustentabilidade nos sistemas educacionais nós precisamos reeducar o sistema: ele faz parte tanto do problema, como também faz parte da solução. Por isso precisamos de uma nova pedagogia. (GADOTTI, 2009, p. 4)

Deste modo, investimentos educacionais na interface ambiente/saúde/sociedade podem ser estratégicos na construção dessa perspectiva, ou de outra forma, “a educação ambiental adquire um sentido estratégico na condução do processo de transição para uma sociedade sustentável” (LEFF, 1999: 128).

A utilização de recursos ativos de ensino- aprendizagem, tais como procedimentos e ferramentas (recursos práticos), propõem desafios a serem superados pelos estudantes e docentes, que lhes possibilitem ocupar o lugar de sujeitos na construção dos conhecimentos, participando da construção do próprio processo assistencial em que estão inseridos e que coloquem-os como protagonistas (BRASIL, 2004; REDE UNIDA, 2000). Dias e Teófilo (2009) colocam este processo como uma íntima relação interpessoal e intersubjetiva (dos estudantes e dos professores) para a qualificação educaçional.

Anastasiou (2003) coloca que tanto a ação de ensinar quanto a de aprender, em processo contratual, de parceria deliberada e consciente para o enfrentamento na construção do conhecimento, resultante de ações efetivadas. A autora complementa que uma ação de construção de conhecimento da qual resulta a aprendizagem do estudante deve superar o simples dizer do conteúdo por parte do professor. Nessa superação da exposição tradicional, como única forma de explicitar os conteúdos, é que se inserem as estratégias de ensinagem.

Nesse sentido, os processos de aprendizagem devem ser contínuos e interativos. As relações entre docentes e discentes não são limitadas em níveis concretos de conhecimento ou conteúdos específicos (MEDINA; SANTOS, 1999). A suficiência da área ou disciplina adquirem sentido enquanto o meio de relacional, desenvolvendo uma série de capacidades interessantes as partes.

O processo educacional que nada transforma está negando a sua identidade social. O conhecimento não nasce com o indivíduo e nem é dado pelo meio social. O sujeito constrói seu conhecimento na interação das relações cotidianas da vida (BECKER, 1993).

A orientação pedagógica piagetiana oferece formas de entender o ser humano como uma estrutura hereditária que remonta a milhões de anos de adaptações ao ambiente, porém não consegue emitir a mais simples operação de pensamento ou o mais elementar ato simbólico. Ainda que o meio social, por mais que ofereça milhares de anos de civilização, não consegue ensinar a esse recém-nascido o mais elementar conhecimento. Isto é, o sujeito humano é um projeto a ser construído; o objeto na investigação científica é, também, um projeto a ser construído. Sujeito e objeto não têm existência prévia, eles se constroem mutuamente, na interação (CHAKUR, 2002).

Paulo Freire, o qual teve uma vida dedicada ao movimento pedagógico de libertação, contra a “cultura do silêncio” (analfabetismo), defendia a idéia que o conformismo leva à alienação, e este alheamento remetia o individuo a uma ingenuidade degradante, individualmente e coletivamente (FREIRE, 2000).

Freire não trata de conceber a educação apenas como transmissão de conteúdos por parte do educador. Trata-se de estabelecer um diálogo, onde ambos se escutam e ambos refletem e ambos se modificam. Ou seja, o educador também aprende do educando da mesma maneira que este aprende dele. Não há ninguém que possa ser considerado definitivamente educado ou definitivamente formado. Cada um, a seu modo, junto com os outros, pode aprender e descobrir novas dimensões e possibilidades da realidade na vida. A educação torna-se um processo de formação mútua e permanente. O pensamento emancipador de Freire propunha uma pedagogia significativa, não dissociando estudo, experiência vivida, trabalho, pedagogia

e política, assim, tanto os alunos quanto os professores transformados em pesquisadores críticos que permeiam quais quer caminhos do aprendizado (GADOTTI, 1996).