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Capítulo I – A Criança, o Educador e a Educação Pré-Escolar

3. Educação Pré-Escolar

3.1.Lei de Bases do Sistema Educativo e Lei Quadro da Educação Pré- Escolar

A educação pré-escolar, considerada uma etapa no ensino do Sistema Educativo Português, está referenciada no documento oficial, o Diário da República, na Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) e na Lei Quadro da Educação Pré-Escolar.

A LBES, Lei n.º 46/86, de 14 de outubro, é responsável pela definição dos princípios gerais e organizacionais pelos quais o Sistema Educativo em Portugal é regido, sendo que, neste diploma, é também assegurado a todos os cidadãos o direito à educação e cultura, a igualdade de oportunidades no acesso à educação e o desenvolvimento integral dos indivíduos, formando cidadãos ativos. Nesta lei, a Educação Pré-Escolar é consagrada como parte integrante do sistema educativo, a qual, ao assumir a sua responsabilidade formativa, “é complementar e ou supletiva da acção educativa da família, com a qual estabelece estreita cooperação” (Lei n.º 46/86, de 14 de outubro, Capítulo II, Artigo 4.º).

Seguindo a linha dos princípios elucidados na LBSE, a Lei Quadro da Educação Pré-Escolar, Lei n.º 5/97, de 10 de fevereiro, define especificamente a organização jurídica da educação pré-escolar, e tem como princípio geral a definição da educação pré-escolar como

a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da acção educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário (Lei n.º 5/97 de 10 de fevereiro, Capítulo II, Artigo 2.º).

Anunciados nesta lei estão de igual forma outros princípios, os organizacionais, os administrativos e os pedagógicos, sendo que nestes últimos advêm os designados para a educação pré-escolar. São eles:

a) Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em experiências de vida democrática numa perspectiva de educação para a cidadania.

b) Fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos, no respeito pela pluralidade das culturas favorecendo uma progressiva consciência como membro da sociedade.

c) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o sucesso da aprendizagem.

d) Estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas características individuais, incutindo comportamentos que favoreçam aprendizagens significativas e diferenciadas.

e) Desenvolver a expressão e a comunicação através de linguagens múltiplas como meios de relação de informação, de sensibilização estética e de compreensão do mundo.

f) Despertar a curiosidade e o pensamento crítico.

g) Proporcionar à criança ocasiões de bem-estar e de segurança, nomeadamente no âmbito da saúde individual e colectiva.

h) Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências ou precocidades e promover a melhor orientação e encaminhamento da criança.

i) Incentivar a participação das famílias no processo educativo e estabelecer relações de efectiva colaboração com a comunidade (ibidem, Capítulo IV, Artigo 10.º)

3.2.Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar

Segundo o princípio geral e os objetivos pedagógicos da Lei Quadro, anunciados anteriormente, são definidos os fundamentos e a organização das Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Essas Orientações “constituem um conjunto de princípios para apoiar o educador nas decisões sobre a sua prática, ou seja, para conduzir o processo educativo a desenvolver com as crianças” (Ministério da Educação, 1997, p. 13).

Este “conjunto de princípios para apoiar o educador” (ibidem) é uma referência comum a todos os educadores e não um programa estipulado, pois é de cariz orientador, geral e abrangente, com indicações para o educador, cedendo-lhe em simultâneo a liberdade de “fundamentar diversas opções educativas” (ibidem). Acredita-se assim que, ao ser definida uma linha orientadora para todos os educadores, esta é uma contribuição na promoção da melhoria da qualidade da educação pré-escolar. Os fundamentos enunciados nas OCEPE, e que são a base das mesmas, são:

- O desenvolvimento e aprendizagem como vertentes indissociáveis;

- O reconhecimento da criança como sujeito do processo educativo – o que significa partir do que a criança já sabe e valorizar os saberes como fundamento de novas aprendizagens;

- A construção articulada do saber – o que implica que as diferentes áreas a contemplar não deverão ser vistas como compartimentos estanques, mas abordadas de uma forma globalizante e integrada;

- A exigência de resposta a todas as crianças – o que pressupõe uma pedagogia diferenciada, centrada na cooperação, em que cada criança beneficia do processo educativo desenvolvido com o grupo (Ministério da Educação, 1997, p. 14).

Neste documento orientador, o educador assume total responsabilidade sobre o desenvolvimento curricular. Porém, este deverá ter em consideração alguns aspetos como os objetivos gerais proclamados na Lei Quadro da Educação Pré-Escolar; a organização do ambiente educativo, considerando a sua importância na intencionalidade do trabalho curricular e nos diversos níveis de interação; as várias áreas de conteúdo como referências gerais para o planeamento e avaliação; a continuidade educativa, tendo como ponto inicial o que as crianças já sabem; e a intencionalidade educativa para, através da reflexão, adequar a prática às necessidades das crianças.

3.3.Metas de Aprendizagem para a Educação Pré-Escolar

Com base nas OCEPE, as metas de aprendizagem surgem como “um referencial comum que será útil aos educadores de infância, para planearem processos, estratégias e modos de progressão para que todas as crianças possam ter realizado essas aprendizagens antes de entrarem para o 1.º ciclo” (Ministério da Educação, 2010). Neste

sentido, auxiliam o educador no que deve ter em conta para o desenvolvimento curricular (ibidem).

As metas de aprendizagem estão estruturadas segundo as áreas de conteúdo apresentadas nas OCEPE, sofrendo apenas uma pequena reorganização interna, nomeadamente na definição de domínios com o intuito de estabelecer uma sequência de aprendizagens, as quais visam dar continuidade entre o que se aprende na educação pré- escolar e o que se aprende no ensino básico. Considerando esta necessidade de definir as aprendizagens esperadas em cada área, importa referir a importância da “construção articulada do saber, em que as áreas devem ser abordadas de uma forma globalizante e integrada” (Ministério da Educação, 2009).