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Capítulo II – Intervenção Pedagógica

4. Atividades Desenvolvidas na Prática

4.1. Primeira Semana: Os Amigos

A primeira semana de prática pedagógica teve início com o acolhimento das crianças na área do tapete, tal como fazia parte da rotina. Nesse momento aproveitei para iniciar um diálogo com as crianças, dando-lhes voz para se expressarem, perceber em concreto os seus interesses e saber o que gostavam de fazer como atividades dentro da sala. Nessa ocasião pude ter a confirmação do que já tinha em mente: a leitura e conto de histórias era realmente um dos seus interesses, tendo grande parte das crianças o confirmado, enquanto os restantes não se manifestaram. Tendo esta informação como ponto de partida, propus a leitura da história A magia da estrela do outono, de Heidi Howarth e Daniel Howarth, que serviria de introdução ao tema da semana proposto pelas educadoras, a amizade.

Figura 18. História: A magia da estrela do outono

Figura 19. Leitura da história: A magia da estrela do outono

Após a leitura, a conversa continuou, desta feita sobre o tema em si; quis saber o que elas consideravam ser amigo, o que era alguém amigo, quais os amigos dentro e fora da sala, entre outras informações. Esta troca de “dados” foi realizada com uma certa dificuldade, pois a participação das crianças, com a exposição das opiniões próprias, sentimentos e pensamentos, não era muita, como já referido anteriormente.

Neste sentido, propus que realizássemos um jogo, “Encontra um Amigo”: as crianças tinham de se deslocar pela sala, ao som de uma música; sempre que esta parasse tinham que executar uma tarefa: neste caso, encontrar um amigo com quem fazer par. À medida que o jogo ia decorrendo, fui introduzindo algumas variantes, como a forma de se deslocarem pela sala (com passos de gigante, pezinhos de lã, como gatos), entre tantas outras, que as próprias crianças foram também sugerindo; assim como o que tinham que fazer quando se juntassem (dar um abraço, dar a mão), entre outros. Desta forma, o jogo foi um sucesso: as crianças estavam muito entusiasmadas e mostraram-se muito participativas. Não obstante, no início, foi um pouco complicado a sua implementação, pois algumas crianças estavam muito tímidas e tinham a tendência de seguir sempre uma outra criança.

Figura 20. Jogo: “Encontra um amigo” I Figura 21. Jogo: “Encontra um amigo” II

Com a realização do jogo ganharam uma melhor noção de quem eram os seus amigos e daqueles com quem normalmente queriam fazer par. Em sequência da atividade, sugeri às crianças que se desenhassem a si próprios e a, pelo menos, um amigo da sala. Após o seu término, fui com cada criança saber o porquê de ter sido aquele o amigo escolhido, o porquê de serem aquelas crianças amigas.

Os desenhos serviram, posteriormente, para criar o livro dos amigos da pré 1, que iria fazer parte, mais tarde, da biblioteca, para que pudessem consultar o que eles próprios e os seus amigos tinham feito. Com esta atividade dos desenhos para o livro, consegui perceber outras dificuldades sentidas pelas crianças - a representação da figura humana foi a primeira, sendo que, em alguns casos, até as sabem descrever, mas não representar. Como o desenho implica pintura, acabei por me aperceber que a identificação das cores também constituía um obstáculo.

Figura 22. Livro dos amigos I Figura 23. Livro dos amigos II

Figura 24. Desenhos do livro dos amigos

Figura 25. Resultado final do livro dos amigos

Ainda relacionado com o tema, foi desenvolvido um outro jogo. Este já foi mais simples e consistia em retirar uma das fotos que estavam dentro de uma pequena caixa, dizer o nome da criança da foto e entregar-lhe o cartão, repetindo-se todo o processo com a criança que recebia a foto, e assim sucessivamente.

Esta pequena brincadeira foi elaborada com o intuito principal de ajudar as crianças a decorar o nome dos seus colegas, pois era algo em que também tinham dificuldade, sendo isto muito claro quando, nos momentos da rotina, tinham que chamar uns pelos outros, como, por exemplo, no caso da chamada para o comboio. Este pequeno jogo que, à partida, parecia muito simples, mostrou-se mais complexo do que esperado, pois algumas crianças demonstraram uma certa dificuldade em identificar e chamar os pares pelo seu nome.

No sentido de trabalhar a comunicação com as crianças e, em simultâneo, saber as suas opiniões sobre as atividades desenvolvidas, adicionei ao meu tempo de prática um momento de reflexão e avaliação sobre as atividades e o dia em si. Infelizmente, a realização desta prática foi muito complicada, e, num dos dias, foi mesmo impossível realizá-la, pois as atividades de enriquecimento curricular, como a de expressão

musical, quebram as atividades anteriores e os tempos para a rotina diária, que são indispensáveis, ocupam bastante tempo.

Se, por norma, já são necessários reajustamentos, a primeira semana foi recheada a esse nível. Um desses momentos resultou da falta do professor de expressão físico-motora. Sendo uma informação de última hora, não tinha nada planeado. Por indicação da educadora cooperante, assumi o grupo durante o tempo destinado à atividade de enriquecimento curricular. Comecei por explicar às crianças a situação, a falta do professor de educação física, pois todas elas já estavam à espera do docente, e perguntei-lhes o que queriam fazer; algumas queriam brincar nas áreas e outras queriam dar continuidade aos desenhos para o livro dos amigos e, assim, foi usado o tempo extra. As crianças escolheram as áreas em que queriam brincar e as que quiseram dar continuidade ao desenho, logo que o terminassem, podiam ir brincar com os colegas. Agarrei a oportunidade para dar continuidade e explorar mais calmamente o livro dos amigos, e, deste modo, abordar o tema de forma mais próxima à criança, criando, em simultâneo, uma maior proximidade e afetividade com as mesmas.

Figura 26. Atividades livres I Figura 27. Atividades livres II

Figura 28. Atividades livres III Figura 29. Livro dos amigos (continuação)

Ao longo desta primeira semana de prática pedagógica, consegui perceber outras características, interesses e dificuldades das crianças, quer individualmente, quer do grupo em geral, que não tinha conseguido observar e/ou perceber durante a semana de observação participante, pois, na prática, o meu envolvimento nas atividades com as

crianças foi muito superior ao da semana anterior, o que tornou possível também uma maior aproximação às próprias crianças e, por consequência, um maior conhecimento das mesmas.

Desta forma, a semana foi completa de reajustamentos a vários níveis, desde a planificação inicial das atividades - a planificação sofreu algumas alterações, beneficiando assim do seu caráter flexivo - até à minha postura enquanto estagiária e “educadora da sala” durante aquele determinado tempo.