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Educação Profissional e a formação de professores no IFCE campus Sobral:

2 CONTEXTOS E DESAFIOS DA LICENCIATURA EM

2.2 Educação Profissional e a formação de professores no IFCE campus Sobral:

Intencionando fidelizar o contexto de origem do lócus da pesquisa, oportunamente, buscou-se em diferentes fontes de informações, iniciando pelo contexto histórico apresentado no site institucional, onde consta que o referido Instituto nasce da integração do Centro de Educação Tecnológica do Ceará com as Escolas Agrotécnicas Federais de Crato e Iguatu. Com mais de 100 anos de criação, é parte da história da educação profissional do Brasil, sendo referência nessa modalidade de ensino.

O campus Sobral surgiu do plano de Expansão Fase II da rede de ensino tecnológico do País, planejamento realizado pelo Governo Federal em 2007. Foram escolhidas 150 cidades polos em todo o Brasil para ampliação dos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET’S). Dessas, seis pertencem ao Estado do Ceará, sendo uma em Sobral. Ainda em 2007, houve a chamada pública para que cada município selecionado apresentasse as contrapartidas para a implantação das Unidades de Ensino Descentralizadas (UNED) dos CEFET’S. No caso de Sobral, o Governo do Estado e a Prefeitura Municipal ofereceram a Faculdade de Tecnologia CENTEC (FATEC/Sobral).

Iniciou-se assim, o processo de transição para o CEFET, com a incorporação dos alunos e realização de concurso público para contratação de professores e servidores. A UNED Sobral do CEFET fora oficialmente criada em 10 de junho de 2008, mediante portaria

689 de 9 de junho do Ministério da Educação (MEC). Em 29 de dezembro de 2008, a Lei nº 11.892 transformou a UNED Sobral do CEFETCE em campus Sobral. A escola foi inaugurada no dia 10 de setembro de 2009, com a presença do então Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva.

Notadamente, percebe-se um contexto sócio-político de mobilização a favor da unidade educacional neste município, que convoca a pensar sobre a importância da instituição junto à população, visto que segundo Silva (2009 apud SOUSA, 2016, p. 80), “a proposta dos institutos federais entende a educação como instrumento de transformação e de enriquecimento do conhecimento, capaz de modificar a vida social e atribuir maior sentido e alcance ao conjunto da experiência humana”.

Agrega-se a informação que os Centros Federais de Educação Tecnológica passaram a formar professores atendendo a uma orientação do Ministério da Educação ainda no final dos anos 1990, com a aprovação do Decreto nº 2.406/97. No referido documento previa-se a reestruturação interna dos CEFETs e, com a nova redação dada a ele pelo Decreto nº 3.462/00, firmou-se que os Centros Federais de Educação Tecnológica,

gozarão de autonomia para a criação de cursos e ampliação de vagas nos níveis básico, técnico e tecnológico da Educação Profissional, bem como para a implantação de cursos de formação de professores para as disciplinas científicas e tecnológicas do Ensino Médio e da Educação Profissional. (BRASIL, 2000). Prioritariamente, a inserção dos CEFETs na formação de professores se deu nas áreas indicadas pelo MEC: Matemática; Química; Física e Biologia. No ano de 2008 foi ofertado em toda a rede federal um total de 65 cursos de licenciatura em CEFETs: licenciatura em Física, 12; Matemática, 18; Química, 15; Biologia, 6 e 14 licenciaturas em outras áreas (Educação Física, Informática, Construção Civil, Eletricidade, Mecânica, Geografia, Espanhol e Ciências da Natureza).

As novas ressignificações e mudanças nessas instituições, com a sua transformação em Institutos Federais de Educação Profissional e Tecnológica faz com que esses números continuem em ascensão. A nova proposta é que sejam reservadas 20% das vagas de cada instituição para cursos de licenciatura, conforme determina a Lei nº 11.892/2008.

Assim, com base no Projeto Pedagógico do Curso, reitera-se que o “Curso de Licenciatura em Física do IFCE campus Sobral é parte do esforço para amenizar a carência de professores na área de Matemática e Ciências da Natureza e Suas Tecnologias”. (IFCE, 2015, p. 12). O que supõe pensar que essa demanda, contudo, não é nova.

Historicamente, o enfrentamento da carência de professores pelo governo federal tem sido sinônimo de soluções (ou improvisos) que pouco contribuí para a melhoria da qualidade da formação desses profissionais. Hoje, uma das ações do governo para solucionar a carência de professores, emergencial há mais de cinquenta anos, é o investimento no Ensino Superior para ampliar e melhorar os cursos de licenciatura. E dentre os meios para se alcançar esse fim, a Educação à Distância (EaD) tem sido um dos caminhos trilhados. (ARAÚJO e VIANNA 2011, p. 808).

Os autores apontam certa atenção a esta causa no contexto de oito anos atrás, quando a conjuntura política, econômica e social do país, comparada aos dias atuais, diferencia-se completamente. A esse respeito, lembra-se que mudanças recentes na LDB nº 9.394/96 foram aprovadas sob a Medida Provisória 746/2016, convertida na Lei nº 13.415, de 2017, gerando impactos não só no Ensino Médio, mas na Educação Básica como um todo, alcançando o nível da Educação Superior.

Tal situação, que demanda percepção e acompanhamento contínuo, infelizmente se apresenta sem a atenção necessária, sobretudo pelos políticos representantes do povo que estão no poder e que deveriam se empenhar com intervenções que de fato são requeridas às muitas causas da educação nacional.

Com lamento, diante de um cenário de baixa expectativa de melhorias, considera- se que

[...] encaminhar um debate tão importante por Medida Provisória diz muito! O MEC2 desconsiderou todo o debate acumulado sobre a reforma do ensino médio e a construção da Base Nacional Comum Curricular. As alterações advindas da MP 746 atingem a estrutura curricular, a destinação dos recursos do Fundeb3, o conceito de CAC4, CAQi5 e a valorização profissional. Há consolidada, inclusive pelo PNE6, a necessidade de afirmar a identidade para o ensino médio, mas não o empobrecendo em conteúdos e processos formativos. A MP 746 rompe com a concepção sistêmica de educação e em médio prazo servirá como mecanismo para aliviar a demanda por ensino superior. Não é à toa que o MEC não só quer diminuir em 20% a oferta de vagas para 2017, como quer mexer nos programas de acesso. (MELO e MARQUES, 2016, p. 374-375).

Ou seja, as circunstâncias políticas atuais do Brasil, tentam romper toda a perspectiva de dias melhores na educação, afetando consequentemente o processo de formação de professores. E se não se reconhece a necessidade perene de zelo pelo professor, o sujeito que no cotidiano da sala de aula tem nas mãos o poder de transformar a realidade dada, como é que fica? Ocorre que vai minando o sentimento de luta, quando este jamais pode

2

Ministério da Educação.

3

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.

4

Cálculo Aluno Qualidade.

5

Cálculo Aluno Qualidade Inicial.

6

adormecer ou acabar.

2.3 Curso de Licenciatura em Física do IFCE campus de Sobral: primeiras