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4.5. Qualidade de Vida na Prainha do Canto Verde

4.5.2. Educação

Escola com boa estrutura (física, energia, água encanada), material de consumo e pesquisa, horta e galpão, professores capacitados, apoio da comunidade (Associação, Conselho de Educação e os outros Conselhos, Cooperativa de Turismo, pais e mães), trabalhos diversificados (musicalização, brinquedoteca, artesanato e educação ambiental), merenda escolar, curso de formação de lideranças, escola de pesca, trabalhos universitários e educação de jovens e adultos.

❁ Ideal

Escola inovadora, com área de lazer, laboratório de informática e ciências, e capacitações continuas.

❁ Problemas (Atrapalham)

1) Famílias que não participam;

2) Dificuldades financeiras da escola (poucos recursos); 3) Falta de uma estrutura para lazer (quadra, parque); 4) Pais que não ajudam os filhos nos deveres;

❁ Potencialidades (Ajudam)

1) Famílias que participam das atividades da escola; 2) Alunos que utilizam os recursos da biblioteca; 3) Pais e mães que estudaram ou estão estudando;

4) Alunos que utilizam o transporte escolar para Parajurú (2° grau); 5) Número de professores preparados;

❁ Indicadores e Índice

Tabela 6

Indicadores para Educação

Código EDUCAÇÃO %

EDU.1 Famílias em que os filhos utilizam os recursos da biblioteca 85,6 EDU.2 Famílias em que os pais ajudam os filhos nos deveres 75,9 EDU.3 Famílias que possuem filhos fazendo atividades extra-classe 22,8 EDU.4 Famílias que participam das atividades escola 69,0

EDU Índice 62,1

Figura 13. Indicadores para Educação. 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 %

EDU.1 EDU.2 EDU.3 EDU.4 Prainha do Canto Verde

A Prainha do Canto Verde, como já dissemos, conta com uma escola chamada ‘Bom Jesus dos Navegantes’, dividida em 2 blocos (Figuras 14 e 15).

Figura 14. Escola Bom Jesus dos Navegantes, bloco mais antigo.

Figura 15. Escola Bom Jesus dos Navegantes, bloco mais novo.

Conforme seu Projeto Político-pedagógico (2000), a escola funciona hoje, nos dois espaços, com a seguinte estrutura: nove salas de aula; 1 auditório; 6 banheiros; 1 refeitório; 1 cozinha; 1 biblioteca; 1 videoteca/auditório; 1 brinquedoteca; 1 secretaria; 1 sala de professores(as); 1 galpão de artesanato e 1 farmácia viva e horta.

A escola possui ainda, entre outros equipamentos: dois computadores; cinco televisores e três vídeos; um órgão musical, um microfone, uma caixa e um aparelho de som; uma máquina de costura; dois bebedouros, sendo um 'gelágua' e um bebedouro grande; uma máquina de escrever; uma geladeira e um freezer.

Podemos notar que, em relação à estrutura e aos recursos materiais, a escola apresenta uma condição diferenciada da maioria das escolas rurais do litoral cearense. Além disso, destaca-se por possuir um projeto político-pedagógico orientador do trabalho da escola, que apresenta como objetivo geral:

"Traçar caminhos onde a escola possa desenvolver uma melhoria na educação e na vida local, através de um trabalho coletivo que possibilite ao aluno um desenvolvimento intelectual, social, crítico, político, econômico e cultural" (Projeto Político-pedagógico, 2000). Esta conquista se deve, em grande parte, ao trabalho cooperativo que teve como agente propulsor a assessoria técnica do Instituto Terramar a partir de 1995:

"Em 1995, ano do nascimento do Conselho de Educação local, o Instituto Terramar foi convidado pela comunidade (...) a elaborar um projeto que objetivasse a melhoria da educação na comunidade (...), foi elaborado [então] o projeto Criança Construindo" (CAVALCANTE, 1999).

A partir deste trabalho, diversas mudanças foram sendo colocadas em prática, através da assessoria do Instituto Terramar, que trabalhou mais intensivamente na escola, no período de 1996 a 1999. Como frutos desta empreitada, hoje a escola conta com uma melhor estrutura, organização, capacitação dos professores (dos 10 professores da escola, 3 já são graduados em Pedagogia e 6 estão cursando a graduação), relação com a comunidade e com o poder público. Bem como, e principalmente, transborda a intenção nas ações de estar sempre construindo algo mais pela educação e pela qualidade de vida da comunidade.

"Hoje nem tudo é 100 %, temos momentos difíceis, mas já estamos sabendo superar, a gente cai e se levanta" (Marlene, ' diretora da escola' , março, 2002).

Neste sentido, a escola orienta seu trabalho por meio de projetos interdisciplinares mensais, trabalhando os conteúdos curriculares através da construção coletiva do conhecimento, a partir do estudo, da pesquisa e da discussão de temas relevantes para a comunidade.

"Nossa opção por trabalharmos com a pedagogia dos projetos advém do fato de acreditarmos que esta possibilita a construção de um conhecimento sobre a realidade vivenciada, a ampliação deste conhecimento e a construção de uma ética que tem como princípios a solidariedade, o respeito pelo outro, pela diferença e pela natureza (...), todos os projetos partem de dois grandes princípios norteadores: a educação ambiental e a arte-educação" (Projeto Político-pedagógico, 2000).

Em nossa pesquisa, quisemos levantar indicadores, a partir do olhar sobre às famílias da comunidade, como já argumentamos, para a educação também não foi diferente. Assim, o

primeiro indicador escolhido trata da proporção de famílias em que os filhos utilizam os recursos da biblioteca da escola que, segundo informações de sua diretoria, conta hoje com um acervo de mais de 2000 livros.

Conforme CAVALCANTE (1999), "a proposta de construção da biblioteca foi muito importante para promover um processo de mudanças na escola, pois, a partir da educação infantil, as crianças começaram a ter acesso a livros, passando a construir uma nova relação com o mundo da leitura e da escrita".

O resultado deste indicador revela que, na maioria das famílias (85,6 %), as crianças costumam utilizar os recursos da biblioteca, o que nos faz crer que a escola, através desta, tem conseguido estimular em seus alunos a curiosidade e o hábito da leitura. Para Marlene (diretora da escola), "a biblioteca é um dos espaços que os alunos gostam mais; na hora do lanche, eles merendam rapidinho e voltam pra lá, a gente sente que eles gostam de estar ali. Só saem quando a gente fecha" (março, 2002).

O segundo e o quarto indicadores dizem respeito à postura dos pais frente à educação dos filhos. O segundo trata da proporção das famílias em que os pais auxiliam os filhos nos deveres e o quarto, da proporção de famílias que participam das reuniões e atividades da escola.

Pudemos observar que em cerca 76 % das famílias os pais auxiliam seus filhos nos deveres. Este auxílio não é necessariamente através da ajuda na leitura e na escrita, uma vez que diversos casais ainda são analfabetos. No entanto, este auxílio pode ser observado no acompanhamento da educação dos filhos; além do mais, como a escola desenvolve a proposta pedagógica de trabalhar temas que dizem respeito à vida da comunidade, a ajuda dos pais se torna mais relevante e viável, e pode vir através de conversas e reflexões sobre diversos assuntos, com seus filhos.

Com o quarto indicador observamos que a maioria das famílias costumam participar das reuniões e atividades da escola (69 %), o que, sem dúvida, é uma grande conquista da comunidade, mas que ainda pode melhorar muito. Essa constatação é condizente com a informação dada por Marlene (diretora da escola):

"Tem melhorado muito mesmo; já tivemos reunião com quase 100 pais. Em média, temos tido 80/85 pais nas reuniões" (Março, 2002)

Outro aspecto importante, em relação às reuniões e eventos da escola, é a necessidade de proporcionar maior envolvimento do conselho da educação, na elaboração e organização dos mesmos. Esta necessidade, já sentida pelo corpo docente, pode ser observada na fala de José Maria (professor e presidente da Associação):

"Se pensa em envolver mais não só o conselho, mas também os pais, de modo geral, para que eles possam não apenas assistir os eventos, mas também ajudar em sua organização" (Fevereiro, 2002).

Por fim, o terceiro indicador tenta demonstrar qual a abrangência das atividades extra- classe desenvolvidas na escola (musicalização, artesanato, construção de brinquedos), que foi apontada como um importante instrumento educativo da escola. O resultado revela que a proporção de famílias que possuem filhos realizando algum tipo de atividade extra-classe, ainda é muito baixa (22,8 %), ou seja, nem um quarto das famílias. Sendo este o indicador que obteve menor valor.

Recentemente, pudemos observar a iniciativa de implantação de curso básico de informática na escola, a um custo simbólico, que vêm sendo ministrado por funcionários e que gera, além de recursos para a própria escola, alguma remuneração para o funcionário. Outras iniciativas como esta podem e devem ser realizadas, fazendo com que a escola seja um espaço de capacitações contínuas, como é desejado pelo grupo. Cabe observar que a horta/farmácia viva pode ser melhor aproveitada, servindo como importante espaço para a educação e para a disseminação de práticas de horticultura.

Assim, acreditamos que pequenos cursos e oficinas também podem ser ministrados, por comunitários, no espaço da escola, envolvendo diferentes assuntos que dizem respeito à qualidade de vida da comunidade.

❁ Outros Indicadores que podem ser acompanhados

Evidentemente, um olhar sobre a educação da comunidade, na perspectiva do monitoramento da Qualidade de Vida, deve contemplar outros elementos que digam respeito à escola e ao ensino proporcionado pela mesma.

Não temos a pretensão de fazer esta análise, no entanto, gostaríamos de apontar algumas características que consideramos importantes para a qualidade da educação:

- Elaboração participativa do Projeto Político-pedagógico e revisão periódica do mesmo;

- Condução do ensino através da pedagogia de projetos, através do planejamento participativo das atividades pelo corpo docente, integrando diferentes disciplinas em torno de temáticas relevantes para a comunidade;

- Orientação do processo ensino-aprendizagem por princípios de arte-educação ambiental;

- Conselho de educação, democrático, representativo e integrado ao planejamento e atividades desenvolvidas na escola;

- Estrutura da escola, adaptada às condições natu-culturais locais, servindo de exemplo ao uso e ocupação sustentável do ambiente;

- Constante capacitação dos atores da escola;

- Promoção de debates, seminários, cursos e oficinas, sobre diversos temas que dizem respeito à qualidade de vida da comunidade;

- Troca de experiência entre os atores da escola e outras escolas e realidades;

- Produção de recursos didáticos, como papel reciclado, tintas naturais, dentre outros;

- Realização de eventos e festividades para a valorização da natu-cultura local, educação informal, bem como para a integração da comunidade;

- Produção de alimentos através da agroecologia, para complementar a merenda; Enfim, outros indicadores podem e devem ser monitorados pela escola o que demanda um trabalho específico com a mesma.

4.5.3. Saúde