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A saúde nunca ocupou lugar de destaque na política do Estado brasileiro, sendo sempre deixada na periferia do sistema, tanto no que diz respeito à solução dos grandes problemas que afligem a população, quanto na destinação de recursos (BARBOZA et al., 2008).

O termo “educação sanitária” foi proposto em 1919, nos Estados Unidos, em uma conferência internacional sobre a criança. A ênfase na educação de infantes era ressaltada pela maior possibilidade de se criar hábitos saudáveis. Sendo assim, com propostas de medidas preventivas, imunização e atitudes individuais relacionadas a cuidados higiênicos, os programas de ensino e currículos passaram a incluir, a educação sanitária (SCHALL et al., 1987).

Naquele momento, a educação sanitária era proposta pelas campanhas higienistas partindo-se do princípio de que as doenças eram decorrentes da ignorância da população, sendo fundamental educar e ensinar comportamentos saudáveis. Com o desenvolvimento do capitalismo, o Estado sentiu a necessidade de se reemparelhar para as novas exigências de uma sociedade em constante mudança, surgindo, assim, uma preocupação com o educar para a vida e para a saúde, emergindo o conceito de educação em saúde (MELLO, 1987).

A educação em saúde sobrepõe-se ao conceito de promoção da saúde, como uma definição mais ampla de um processo que abrange a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não apenas de pessoas sob o risco

de adoecer (SCHALL & STRUCHINER, 1999). Se o estado de saúde está diretamente relacionado ao comportamento das pessoas, deve-se procurar vias mais adequadas para promover a adoção de hábitos saudáveis ou alteração de condutas prejudiciais, por meio da educação em saúde (PRECIOSO, 2004).

Surge, então, a necessidade de repensar sobre as questões que envolvem a educação, uma vez que no setor saúde, o ato de educar sempre esteve presente, em diferentes conjunturas e com objetivos distintos, influenciando o cuidado dos indivíduos e grupos. Além disso, sabe-se que no contexto histórico, no qual se concebe a saúde como direito de todos, a educação em saúde se propõe a contribuir para um cuidado mais amplo, por meio de uma perspectiva político- pedagógica baseada em uma concepção abrangente de saúde (EBLING et al., 2012).

Diante disso, a educação em saúde representa um processo de ensino- aprendizagem que objetiva a promoção da saúde. O educador em saúde é capaz de facilitar descobertas e reflexões dos sujeitos sobre a realidade, sendo que os mesmos têm o poder e a autonomia de escolher as alternativas (BARBOSA et al., 2009).

As práticas educativas, quando bem aplicadas, levam as pessoas a adquirirem conhecimentos necessários para prevenção de parasitoses, alcançando objetivos propostos e evidenciando o valor da orientação como forma de conscientizar a população (FERREIRA & ANDRADE, 2005). Além disso, atividades de educação em saúde, quando realizadas na escola, distinguem-se das demais instituições, por ser um espaço que possibilita educar por meio da construção de conhecimentos resultantes do confronto de diversos saberes (SILVEIRA et al., 2015).

Pezzan et al. (2009) implementaram e avaliaram um plano de ações destinadas a reduzir as parasitoses em uma cidade rural na província de Buenos Aires, Argentina. Os autores coletaram amostras fecais de 522 pessoas e realizaram atividades de educação em saúde com a população. Os resultados apontaram que a frequência de parasitoses intestinais foi de 43,9% de positividade para protozoários e de 35,2% para helmintos antes da intervenção educativa. Após a intervenção, houve uma redução na positividade para 38,9% para os protozoários e 20,3% para os helmintos. Os autores concluíram, então, que a intervenção educativa reduziu a

frequência de parasitos na comunidade estudada, principalmente as infecções causadas por helmintos.

Pereira et al. (2012) realizaram um estudo que implementou estratégias de educação em saúde para promover medidas preventivas em Campos dos Goytacazes, RJ. O objetivo desses autores foi avaliar a influência da educação em saúde sobre a prevalência de infecções parasitárias intestinais na região, em um esforço para fortalecer as políticas públicas para o controle dessas doenças no Brasil. Os resultados, segundo os autores, demonstraram que o estudo exibiu uma consciência aumentada da população quanto à importância das infecções parasitárias intestinais e, dessa forma, atitudes e práticas relacionadas à prevenção foram significativamente melhoradas após a atividade de educação em saúde.

Silveira et al. (2015) realizaram atividades de educação em saúde em uma escola pública de um município da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Nos encontros abordaram-se temáticas sobre educação em saúde, riscos do uso indiscriminado e inadequado de piercing e tatuagens, além de higiene bucal. Segundo os autores, o trabalho direcionado aos escolares promoveu a troca de conhecimentos, esclareceu dúvidas, além de ter atuado na prevenção de doenças e agravos.

Dessa forma, a escola tem representado um importante local para o encontro entre saúde e educação abrigando amplas possibilidades de iniciativas tais como: ações de diagnóstico clínico e/ou social, estratégias de triagem e/ou encaminhamento aos serviços de saúde especializados ou de atenção básica; atividades de educação em saúde e promoção da saúde (CASEMIRO et al., 2014).

Gomes dos Santos et al. (p. 574, 1993) sugeriram que:

Um programa de educação em saúde, incluído de modo sistemático e criativo no currículo escolar, pode conscientizar a criança em relação à saúde, estimulando o seu espírito crítico e responsabilidade na condução de sua vida de uma forma profilática, ciente de seus direitos e da importância de sua participação.

Os programas de educação em saúde disponíveis para a sociedade, principalmente no Nordeste do Brasil, vêm contribuindo de forma primária no tocante à assistência básica em saúde. As universidades, com perfis extensionistas, vêm tentando contribuir com a sociedade principalmente com a difusão de técnicas que

minimizem os agravos em saúde. Além de contribuir com o aspecto socioeconômico, favorece a docentes e discentes o campo de prática para a consolidação de seus cursos e disciplinas, junto às reais necessidades da comunidade onde estão inseridas (RODRIGUES et al., 2013).

A educação é comprovadamente uma medida profilática efetiva e tem sido utilizada por vários pesquisadores no processo de prevenção às parasitoses (MELLO et al., 1988; FERREIRA & ANDRADE, 2005; BARBOSA et al., 2009). Dessa forma, por meio da realização de atividades relacionadas à educação em saúde busca-se uma interação com os alunos, colocando-os como agentes conhecedores e disseminadores de informações sobre as parasitoses, na comunidade em que vivem (GELATTI et al., 2013).

A educação em saúde é um processo de ensino-aprendizagem que visa a promoção da saúde. O educador em saúde tem o papel de facilitador das descobertas e reflexões dos sujeitos sobre a realidade, sendo que os indivíduos têm o poder (empowered) e a autonomia de escolher as alternativas. Tal processo deve superar a conceituação biomédica de saúde e abranger objetivos mais amplos, uma vez que a saúde deixa de ser apenas a ausência de doenças para ser uma fonte de vida (BARBOSA et al., 2009).

A aproximação da intervenção educativa de métodos e técnicas pedagógicas, em oposição aos modelos tradicionais de ensino em que a informação é simplesmente fornecida ao indivíduo, pode potencializar a ação em saúde, favorecendo a maior participação dos sujeitos envolvidos, o debate e a autonomia, além de garantir o exercício da cidadania (RIBEIRO et al., 2013).

Por meio dos programas de educação em saúde, deve-se preparar o estudante para que, ao deixar a escola, seja capaz de cuidar da sua própria saúde e de seus semelhantes e, sobretudo, adotar um estilo de vida que comporte o objetivo da chamada “saúde positiva” e que constitui o desenvolvimento de todas as suas possibilidades físicas, mentais e sociais (PRECIOSO, 2004).

O âmbito escolar passa a ser, portanto, uma possibilidade de construir e fortalecer vínculos entre a universidade, escola e serviço de saúde. Além disso, essa tríade possibilita a conscientização de que a atuação transdisciplinar de forma interdisciplinar deve ser contínua, cujos saberes devem ser mediados considerando aspectos sociais de cada sujeito. Assim, não existe um saber absoluto, mas a

construção de um saber que emerge da coletividade, de forma horizontal que incorpora os aspectos sócio culturais de todos os envolvidos (SILVEIRA et al., 2015). Dessa forma, a educação em saúde precisa ser vista em uma perspectiva construtiva de cidadãos participativos e autônomos, deixando a posição de meros expectadores, conquistando uma atitude de sujeitos sociais conscientes de seus direitos (EBLING et al., 2012). Nesse sentido, é importante que se busque ativamente parceria com autoridades a níveis distritais, nacionais e internacionais a fim de que uma estratégia desejada tenha um maior alcance e efetividade, uma vez que a promoção da saúde envolve a responsabilidade de vários participantes da sociedade: estado, comunidade, família e indivíduo (RIBEIRO et al., 2013).

Assim, torna-se necessário o desenvolvimento de ações educativas na busca pelo “empowerment” comunitário, bem como a publicação de suas práticas desenvolvidas no cotidiano de trabalho. Portanto, pode-se conhecer e avaliar a eficácia das ações executadas e, assim, servirem de exemplo no direcionamento de outros profissionais na execução dos processos educativos (BARBOSA et al., 2009).

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