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Parasitoses intestinais em escolares de Niterói, RJ:Frequência, conhecimento e educação em saúde

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO BIOMÉDICO

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA APLICADAS (MIP/PPGMPA)

MAYARA PERLINGEIRO DE SIQUEIRA

PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCOLARES DE NITERÓI, RJ: FREQUÊNCIA, CONHECIMENTOS E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

NITERÓI 2016

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MAYARA PERLINGEIRO DE SIQUEIRA

PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCOLARES DE NITERÓI, RJ: FREQUÊNCIA, CONHECIMENTOS E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Parasitologia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Claudia Maria Antunes Uchôa Souto Maior

Niterói 2016

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MAYARA PERLINGEIRO DE SIQUEIRA

PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCOLARES DE NITERÓI, RJ: FREQUÊNCIA, CONHECIMENTOS E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Parasitologia.

Aprovada em 16 de Fevereiro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Otilio Machado Pereira Bastos – UFF– Presidente

Prof. ª Alynne da Silva Barbosa – UFF

Prof. ª Maria do Carmo Ferreira – UNIRIO

Prof. Alexander Sibajev – UFRR – Suplente

Prof. ª Danuza Pinheiro Bastos Garcia de Mattos – UFF – Suplente

Niterói 2016

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado a vida, por me abençoar e me guiar nas conquistas de meus ideais, sempre me dando forças para seguir em frente.

À minha orientadora, Prof. Claudia Uchôa, por ter me dado asas. Por toda atenção e paciência. Pelos ensinamentos, que iam além do científico. Pelo carinho de mãe e apoio incondicional, inclusive nos momentos mais difíceis. Por ser um grande exemplo e inspiração como profissional.

Ao prof. Otilio Bastos pela revisão criteriosa. Por todo auxílio e ensinamento, enriquecendo cada passo dado com sua experiência e sabedoria.

À Fundação Municipal de Educação de Niterói pela parceria durante todo o estudo. À CAPES, PROPPI/FOPESQ – UFF, PROEX – UFF e PIBIC – UFF pela concessão de bolsas e apoio financeiro.

À prof. Ana Beatriz Fonseca pela realização da análise estatística.

À prof. Alynne Barbosa por ter me aberto as portas da Parasitologia há quatro anos atrás. Pelo imenso apoio em todos os momentos. Pelos muitos ensinamentos e pela amizade construída ao longo desses anos.

À toda a equipe de alunos que participaram do projeto: Eduarda Peixoto, Élida Almeida, Juliana Matos, Andreza Ramos, Stephanie Scarabelli, Dessirer Netto, Mayra Correa, Thiago Pilotto, Juliana Torres, Jéssica Detrano e Anna Luisa Finkelstein. Por muito terem me ensinado, ao mesmo tempo que aprendiam. Pela dedicação e esforço, sem o qual o estudo não teria acontecido.

Às escolas, funcionários e estudantes participantes do estudo pelo acolhimento, participação e interesse demonstrado.

Aos meus pais, Claudete Perlingeiro e José Damião de Siqueira, por estarem sempre ao meu lado me dando amor, confiança, suporte e incentivo. Por me ajudarem a dar todos os meus passos, segurando minha mão no sucesso e na derrota.

Aos meus avós, Maria da Glória e Antônio Ariosto Perlingeiro (in memoriam), pela minha criação. Por serem os amores da minha vida, meus heróis, meus ídolos e por me tornarem a pessoa que sou hoje. Cada luta, cada conquista e cada vitória é para vocês.

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Ao meu namorado e companheiro, Lucas Porto, pelo amor, carinho, apoio, companheirismo e paciência. Por compreender minha ausência e nervosismo, por me dar ombros e ouvidos e estar ao meu lado nos melhores e piores momentos. À minha “filha peluda”, Flicka, por ser o meu anjinho de quatro patas, pela lealdade e amor incondicional. Por ser minha fonte de consolo e alegria depois de um longo dia de trabalho.

À minha “dinda”, Tania Roubier, por sempre me incentivar. Por suas sábias palavras nos momentos de dificuldade e por ser minha segunda mãe.

Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas pelos ensinamentos transmitidos durante esse percurso, e à Anna Soares, secretária do curso, por toda a paciência, carinho e pela pronta atenção.

Às minhas companheiras de turma do mestrado pelos momentos de alegria e dificuldade que compartilhamos e pelo que juntas aprendemos.

A todos os meus amigos que direta ou indiretamente participaram do estudo, dando força e incentivo para que o trabalho fosse concluído.

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“Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas! ”

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RESUMO

O parasitismo intestinal ainda se constitui um dos mais sérios problemas de Saúde Coletiva no Brasil, principalmente pela sua correlação com o grau de desnutrição das populações, afetando especialmente o desenvolvimento físico, psicossomático e social de escolares. Além das condições precárias de higiene e das dificuldades econômicas, o desconhecimento sobre medidas preventivas contribui para que as populações menos favorecidas e, em especial, as crianças, se tornem o principal grupo em frequência de parasitoses intestinais. Vários recursos têm sido propostos como instrumentos auxiliares no processo de ensino, aprendizagem em saúde e da educação em saúde, que representa uma das ferramentas indispensáveis ao trabalho do profissional de saúde, devendo ampliar seu enfoque à criança, aumentando as possibilidades de se tornarem, na idade adulta, indivíduos com consciência crítica e com autoridade sobre as questões de saúde. Baseado neste contexto, o presente estudo objetivou avaliar a frequência de parasitoses intestinais em estudantes e funcionários de sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, identificar os saberes e implementar ações educativas. Foram realizadas atividades de sensibilização aos membros da comunidade escolar, seguido de assinatura de termo de consentimento e entrega de coletores fecais com orientações de coleta. As amostras fecais foram processadas pelas técnicas de Baermann-Moraes, Faust et al., Ritchie modificada, Lutz e Kato-Katz. Foram coletados material subungueal, processados pela técnica de Ritchie modificada e aplicados questionários de identificação de saberes aos funcionários e estudantes do 3º ao 7º ano do Ensino Fundamental. Ao final, foi apresentada uma feira educativa com dez dinâmicas. Aderiram ao estudo 630/2528 crianças e 111/460 funcionários, dos quais 263 crianças e 70 funcionários entregaram amostras fecais. Das amostras fecais, 72 (27,4%) de estudantes e 13 (18,6%) de funcionários estavam positivas para formas evolutivas de parasitos. Foi encontrada maior positividade para protozoários, principalmente não patogênicos. Das 494 amostras de material subungueal analisadas, um estudante apresentou positividade para Enterobius vermicularis. Dentre os 335 escolares que preencheram o questionário de saberes, observou-se conhecimento adequado sobre habitat (47,5%), formas de prevenção (48,4%) e sintomatologia (45,1%). Desses, 43,6% detinham conhecimento inadequado sobre transmissão. A maioria (50,7%) associou verminoses a vermes e 2,7% apresentaram conhecimento sobre protozoários. Dentre os 62 funcionários, observou-se conhecimento adequado sobre definição, exemplos, habitat, transmissão, sintomatologia e formas de prevenção. Na feira, que foi avaliada positivamente pelas equipes pedagógicas, observou-se grande interesse e participação das crianças, além de motivação em aprender. A baixa positividade, com predomínio de protozoários, pode estar associada a mudanças ambientais que inviabilizam a manutenção de alguns ciclos parasitários, bem como ser reflexo da baixa adesão ao trabalho proposto nessas escolas. A presença de informações fragmentadas sobre o tema reforça a necessidade de implementação de ações educativas estimulando a participação e a aquisição da informação por parte dos estudantes, assim como a importância do fortalecimento do conteúdo sobre parasitoses intestinais dentro do ensino de ciências, possibilitando a ampliação do conhecimento correto, o que poderá vir a interferir no empoderamento da comunidade alvo em relação a parasitoses intestinais e melhora na qualidade de vida.

Palavras-chave: Enteroparasitoses. Crianças. Profissionais. Saberes. Orientação em saúde.

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ABSTRACT

The intestinal parasitism still constitutes one of the most serious Community Health problems in Brazil, mainly because of its correlation with the degree of malnutrition of populations, especially affecting the physical, psychosomatic and social development of students. In addition to the poor conditions of hygiene and economic difficulties, the lack of knowledge about preventive measures contributes to the underprivileged populations, especially children, to become the main group in frequency of intestinal parasites. Several resources have been proposed as auxiliary instruments in the teaching process, health learning and health education, which is one of the indispensable tools to the work of healthcare professionals, which should expand its focus to the child, increasing the chances of becoming, in adulthood, individuals with critical awareness and authority on health issues. Based on this context, this study aimed to evaluate the frequency of intestinal parasites in students and employees from seven municipal schools of Niterói, RJ, Brazil, to identify the knowledge and to implement educational activities. Awareness activities were held for members of the school community, followed by signing a consent form and delivery of fecal collectors with collection guidelines. Fecal samples were processed by Baermann-Moraes, Faust et al., Ritchie modified, Lutz and Kato-Katz techniques. Subungueal material were collected and processed by Ritchie modified technique and knowledge identification questionnaires were applied to employees and students from 3rd to 7th year of elementary school. In the end, an educational fair was presented with ten dynamics. Joined the study 630/2528 children and 111/460 employees, of whom 263 children and 70 employees delivered fecal samples. Of fecal samples, 72 (27.4%) of students and 13 (18.6%) of employees were positive for evolutive forms of parasites. It was found higher rates of protozoa, mainly non-pathogenic. From 494 subungueal samples analyzed, one student was positive for Enterobius vermicularis. Among the 335 students who filled out the knowledge questionnaire, it was observed adequate knowledge about habitat (47.5%), forms of prevention (48.4%) and symptoms (45.1%). Of these, 43.6% had inadequate knowledge about transmission. Most (50.7%) associated verminosis to worms and 2.7% had knowledge about protozoa. Among the 62 employees was observed adequate knowledge about definition, examples, habitat, transmission, symptoms and prevention. At the fair, which was evaluated positively by the pedagogical teams, there was great interest and participation of children, besides motivation to learn. The low positivity, with predominance of protozoa may be associated with environmental changes that make it impossible to upkeep some parasitic cycles, as well as being a reflection of the low uptake to the proposed work in these schools. The presence of fragmented information on the subject reinforces the need for implementation of educational activities encouraging the participation and the acquisition of information by students, as well as the importance of strengthening the content of intestinal parasites in the teaching of science, enabling expansion of correct knowledge, which may interfere with the empowerment of the target community in relation to intestinal parasites and improved quality of life.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...16 2. OBJETIVOS ...18 2.1 OBJETIVO GERAL ...18 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...18 3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ...19 4. REFERENCIAL TEÓRICO ...20 4.1 PARASITOS INTESTINAIS ...20

4.1.1 Principais parasitos intestinais responsáveis pela infecção humana ...23

4.1.1.1 Blastocystis sp. ...23 4.1.1.2 Giardia duodenalis ...24 4.1.1.3 Amebídeos ...25 4.1.1.4 Geohelmintos ...26 4.1.1.5 Hymenolepis sp. e Taenia sp. ...28 4.1.1.6 Enterobius vermicularis ...30

4.1.2 Fatores de risco para aquisição de parasitoses intestinais ...31

4.2 PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCOLARES ...32

4.3 CONHECIMENTOS SOBRE PARASITOSES ...37

4.4 EDUCAÇÃO EM SAÚDE ...40

5. MATERIAIS E MÉTODOS ...45

5.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO ...45

5.1.1 Escola Municipal Anísio Teixeira ...46

5.1.2 Escola Municipal Santos Dumont ...46

5.1.3 Escola Municipal Noronha Santos ...46

5.1.4 Escola Municipal Dario de Souza Castello ...47

5.1.5 Escola Municipal Levi Carneiro ...47

5.1.6 Escola Municipal Antônio Coutinho de Azevedo ...47

5.1.7 Escola Municipal Professor André Trouche ...48

5.2 PARTICIPAÇÃO NO PROJETO ...48

5.2.1 Sensibilização da população alvo ...48

5.2.2 Convite de participação e aceitação ...48

5.2.3 Critérios de inclusão e exclusão ...49

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5.3.1 Amostras subungueais ...49

5.3.2 Amostras fecais ...50

5.4 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS ...50

5.4.1 Amostras fecais ...50

5.4.1.1 Técnica de Ritchie (1948) modificada por Young et al. (1979) ...51

5.4.1.2 Técnica de Faust et al. (1938) ...52

5.4.1.3 Técnica de Lutz (1919) modificada ...52

5.4.1.4 Técnica de Baermann (1917) - Moraes (1948) ...53

5.4.1.5 Técnica de Kato e Miura (1954) modificada por Katz, Chaves e Pelegrino (1972) ...53 5.4.2 Amostras subungueais ...54 5.5 ENTREGA DE RESULTADOS ...54 5.6 QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO ...54 5.7 QUESTIONÁRIO DE SABERES ...55 5.8 EDUCAÇÃO EM SAÚDE ...57 5.8.1 Feira educativa ...57

5.8.1.1Características gerais dos parasitos ...57

5.8.1.2 Parasitos em Biscuit ...58

5.8.1.3 Pescaria de parasitos ...59

5.8.1.4 Estórias parasitológicas ...60

5.8.1.5 Jogo de trilha ...61

5.8.1.6 Jogo da memória ...62

5.8.1.7 Higienização das mãos ...63

5.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA E PARÂMETROS DE ANÁLISE DESCRITIVA ...64

6. RESULTADOS ...65 6.1 PARTICIPAÇÃO NO PROJETO ...65 6.2 PARASITISMO INTESTINAL ...66 6.3 MATERIAL SUBUNGUEAL ...73 6.4 QUESTIONÁRIO DE SABERES ...74 6.5 EDUCAÇÃO EM SAÚDE ...81 7. DISCUSSÃO ...83 8. CONCLUSÃO ...97 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...98 10. APÊNDICES ...116

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10.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ...116

10.2 QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO ...117

10.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE AMOSTRAS FECAIS ...119

10.4 LAUDO ENTREGUE AOS PARTICIPANTES ...120

10.5 QUESTIONÁRIO DE SABERES – ESTUDANTES ...121

10.6 QUESTIONÁRIO DE SABERES – FUNCIONÁRIOS ...122

10.7 QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA FEIRA EDUCATIVA ...123

11. ANEXOS ...124

11.1 PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE AO PROJETO ...124

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Mapa de Escolas Municipais e seus respectivos polos distribuídos pelo Município de Niterói, RJ ...45 Quadro 1 – Respostas esperadas para cada pergunta presente no questionário de saberes aplicado aos estudantes das sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, incluídas no estudo no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...55 Quadro 2 – Respostas esperadas para cada pergunta presente no questionário de saberes aplicado aos funcionários das sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, incluídas no estudo no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...56 Figura 2 – Banners com características gerais dos parasitos intestinais utilizados na feira educativa realizada nas Escolas Municipais de Niterói, RJ, incluídas no estudo entre os meses de agosto de 2014 e outubro de 2015 ...58 Figura 3 – Observação de diferenças morfológicas e de tamanho entre as diversas espécies de parasitos intestinais que ocorreu na feira educativa realizada nas Escolas Municipais de Niterói, RJ, incluídas no estudo entre os meses de agosto de 2014 e outubro de 2015 ...59 Figura 4 – Pescaria de parasitos intestinais que ocorreu na feira educativa realizada nas Escolas Municipais de Niterói, RJ, incluídas no estudo entre os meses de agosto de 2014 e outubro de 2015 ...60 Figura 5 – Leitura de textos literários sobre parasitologia que ocorreu na feira educativa realizada nas Escolas Municipais de Niterói, RJ, incluídas no estudo entre os meses de agosto de 2014 e outubro de 2015 ...61 Figura 6 – Trilha parasitológica que ocorreu na feira educativa realizada nas Escolas Municipais de Niterói, RJ, incluídas no estudo entre os meses de agosto de 2014 e outubro de 2015 ...62 Figura 7 – Jogo da memória que ocorreu na feira educativa realizada nas Escolas Municipais de Niterói, RJ, incluídas no estudo entre os meses de agosto de 2014 e outubro de 2015 ...63 Figura 8 – Lavagem de mãos com tinta guache que ocorreu na feira educativa realizada nas Escolas Municipais de Niterói, RJ, incluídas no estudo entre os meses de agosto de 2014 e outubro de 2015 ...64

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Tabela 1 – Adesão de estudantes de sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, ao projeto de parasitoses intestinais no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...65 Tabela 2 – Adesão de funcionários de sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, ao projeto de parasitoses intestinais no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...66 Tabela 3 - Frequência de amostras positivas para protozoários e/ou helmintos detectados por técnicas coproparasitológicas em amostras fecais de 263 estudantes de sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...67 Tabela 4 – Análise de determinantes de risco dos 137 estudantes participantes de quatro Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil que entregaram amostra fecal no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...68 Tabela 5 – Análise de determinantes de risco de 126 estudantes participantes de três Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, que entregaram amostra fecal no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...69 Tabela 6 – Frequência de amostras positivas para formas evolutivas de parasitos detectados por técnicas coproparasitológicas em amostras fecais de 70 funcionários de sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...71 Tabela 7 – Análise de determinantes de risco de 42 funcionários participantes de quatro Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, que entregaram amostra fecal no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...72 Tabela 8 - Análise de determinantes de risco de 28 funcionários participantes de três Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, que entregaram amostra fecal no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...73 Tabela 9 – Resultado das respostas para cada pergunta presente no questionário de saberes preenchidos por 335 estudantes de sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...74 Figura 9 – Gráfico representativo do número de respostas para cada pergunta presente no questionário de saberes preenchidos por 335 estudantes de sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...76

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Tabela 10 – Resultado das respostas para cada pergunta presente no questionário de saberes preenchidos por 62 funcionários de Escolas Municipais de Niterói, RJ, Brasil, no período de agosto de 2014 a outubro de 2015 ...78

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS – Organização Mundial de Saúde

CDC – Center for Disease Control as Prevention PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais EM – Escola Municipal

UMEI – Unidades Municipais de Educação Infantil NAEI – Núcleo Avançado de Educação Infantil AEE – Atendimento Educacional Especializado TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFF – Universidade Federal Fluminense

PVC – Policloreto de Polivinila EVA – Etil Vinil Acetato

TNT – Tecido Não Tecido

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano SAA – Serviço de Abastecimento de Água SES – Sistema de Esgotamento Sanitário

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1. INTRODUÇÃO

O parasitismo intestinal ainda se constitui um dos mais sérios problemas de Saúde Coletiva no Brasil, principalmente pela sua correlação com o grau de desnutrição das populações, afetando especialmente o desenvolvimento físico, psicossomático e social de escolares (FERREIRA & ANDRADE, 2005). As crianças, principalmente as de baixa idade, representam a população onde o problema torna-se mais grave (RODRIGUES et al., 2013).

Os distúrbios que os parasitos intestinais podem causar a seus portadores incluem, entre outros agravos, dependendo da espécie parasitária, quadros de diarreia e má absorção de nutrientes, obstrução intestinal, desnutrição e anemia ferropriva, sendo as manifestações clínicas usualmente proporcionais à carga parasitária albergada pelo indivíduo (SIQUEIRA et al., 2011).

No Brasil, os parasitos intestinais de maior ocorrência são Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, ancilostomídeos e Giardia duodenalis (BIASI et al., 2010; VISSER et al., 2011; ANDRADE et al., 2013). Alguns estudos vêm apontando aumento na frequência de Blastocystis sp., passando esse a ser o protozoário mais comum nos inquéritos coproparasitológicos (NETO et al., 2004; MACEDO et al., 2010; SANTOS et al. 2014).

No parasitismo, bem como em muitas outras infecções, a ocorrência é decorrente do meio e das condições às quais as pessoas estão expostas (BARBOSA et al., 2009).

Os enteroparasitos têm distribuição geográfica ampla, porém, com prevalência variada nas diferentes regiões do mundo. Essa distribuição geográfica é influenciada por vários fatores como condições sanitárias precárias, insuficiência de ações educativas em saúde, práticas higiênicas inadequadas em manipuladores de alimentos e utilização de água não tratada para o cultivo de hortaliças (GOMES et al, 2010).

Além das condições precárias de higiene e das condições socioeconômicas, o desconhecimento sobre medidas preventivas contribui para que as populações menos favorecidas e, em especial, as crianças, se tornem o principal grupo em frequência de parasitoses intestinais (SIQUEIRA & FIORINI, 1999). Para Ribeiro et al. (2004), quanto maior for o conhecimento sobre a doença, menores serão os índices de infecção e evolução para formas mais graves.

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Ribeiro e Marçal-Junior (2003) afirmaram que o nível insatisfatório de conhecimento representa um dos principais fatores de risco para a aquisição de enteroparasitoses. Logo, fomentar ações que possibilitem a divulgação e aprendizagem desses saberes torna-se essencial no controle, aliado ao saneamento básico e tratamento. Nesse contexto, vários recursos têm sido propostos como instrumentos auxiliares no processo de ensino, aprendizagem em saúde e na educação em saúde (SCHALL et al., 1987; SCHALL et al., 1993; TOSCANI et al., 2007).

A aproximação da intervenção educativa de métodos e técnicas pedagógicas, em oposição aos modelos tradicionais de ensino, pelos quais a informação é mediada ao indivíduo, pode potencializar a ação em saúde, favorecendo uma maior participação dos sujeitos envolvidos, o debate e a autonomia, além de garantir o exercício da cidadania (RIBEIRO et al., 2013).

Ferreira e Andrade (2005) sugeriram que as práticas educacionais bem aplicadas possibilitam que as pessoas adquiram os conhecimentos necessários para prevenir certas parasitoses, evidenciando o valor da orientação para a conscientização da população.

Portanto, a educação em saúde representa uma das ferramentas indispensáveis ao trabalho do profissional de saúde no controle de endemias, e deve ampliar seu enfoque à criança, pois, ao se trabalhar os indivíduos nessa fase da vida aumentam-se as possibilidades desses se tornarem, na idade adulta, pessoas com uma maior qualidade de vida, com consciência crítica e com poder sobre as questões de saúde (BARBOSA et al., 2009). Além disso, o estudo dos índices de parasitismo qualitativos e quantitativos tem, dessa forma, grande relevância por resultar em informações de interesse público, alertando e precavendo para a manutenção das condições de saúde da população (COSTA et al., 2015).

Baseado nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi identificar as espécies parasitárias, os conhecimentos sobre parasitoses intestinais entre estudantes e funcionários de sete Escolas Municipais de Niterói, RJ, e desenvolver ações educativas em saúde. Esses objetivos visaram contribuir para o entendimento da epidemiologia desses agentes na comunidade em questão, bem como divulgar as informações sobre os parasitos intestinais, possibilitando o empoderamento desse grupo e possível melhora na sua qualidade de vida.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a frequência de parasitos intestinais e conhecimento sobre esse tema entre estudantes e funcionários de Escolas Municipais de Niterói, desenvolvendo ações educativas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar a frequência específica de parasitos intestinais nos escolares e funcionários das escolas por técnicas coproparasitológicas.

- Identificar saberes dos escolares e funcionários sobre as parasitoses por meio de questionário.

- Desenvolver ações educativas em saúde no campo das enteroparasitoses junto à população alvo.

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3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Esse é um subprojeto do projeto interinstitucional da Universidade Federal Fluminense e Fundação Municipal de Educação de Niterói intitulado “Parasitoses intestinais em escolares de Niterói, RJ: frequência, conhecimentos e profilaxia” que obteve parecer favorável em 22 de abril de 2014 no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina/Hospital Universitário Antônio Pedro, possuindo registro de identificação no CEP, CMM/HUAP nº 621.193 e CAAE nº 25061913.0.0000.5243 (Anexo 1).

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4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 PARASITOS INTESTINAIS

As doenças parasitárias, cujos agentes etiológicos podem ser helmintos e/ou protozoários constituem-se uma das maiores causas de morbidade e mortalidade em muitos países localizados nos trópicos, sendo endêmicas nos países em desenvolvimento (RIBEIRO et al., 2013).

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Centro de Controle e Prevenção em Doenças dos Estados Unidos (CDC), essas infecções afetam bilhões de indivíduos levando a óbito, anualmente, outros milhões, sendo estimado que uma pessoa em cada quatro encontra-se infectada (WHO, 2004; CDC, 2015).

As enteroparasitoses com maior prevalência mundial são a ascaríase, tricuríase, ancilostomíase e giardíase (VISSER et al., 2011). São cerca de 280 milhões de casos registrados por ano de infecção por Giardia duodenalis e uma prevalência superior a 50% em países em desenvolvimento. Além dessas infecções, a amebíase, presente em todos os países tropicais em desenvolvimento, representa a terceira doença parasitária mais importante, causando aproximadamente 100.000 mortes por ano (WHO, 2004; CDC, 2015).

Segundo Rocha et al. (2000), no Brasil, as parasitoses intestinais encontram-se bastante disencontram-seminadas e com elevada prevalência, ocorrendo, sobretudo, nas regiões de baixa renda e com infraestrutura urbana deficiente (TOSCANI et al., 2007).

De acordo com dados da OMS, nas últimas décadas, ocorreram importantes melhoras nas condições de vida e saúde da população no Brasil, melhoras essas associadas a mudanças nas políticas econômicas e sociais que resultaram em benefício para o país (PAHO, 2013). Entretanto, as doenças, os atrasos em acordos ambientais e a deficiência no saneamento, especialmente na área rural, ainda são problemas enfrentados pelas autoridades em saúde como também pela sociedade (HOLANDA & VASCONCELLOS, 2015).

O parasitismo intestinal ainda constitui um dos mais sérios problemas de Saúde Coletiva, devido, em parte, a sua correlação com o grau de desnutrição das populações, afetando especialmente o desenvolvimento físico, psicossomático e

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social de escolares (MORAES NETO et al., 2010; CAVAGNOLLI et al., 2015). As infecções parasitárias estão associadas à falta de saneamento e acesso à água potável, privando populações pobres de saúde e bem-estar e contribuindo para a marginalização social, o que prejudica o progresso econômico (FERREIRA & ANDRADE, 2005; MORAES NETO et al., 2010, DIAS et al., 2013, HOLANDA & VASCONCELLOS, 2015).

Devido à transmissão, vinculada a mecanismos de infecção passivo oral e/ou ativo cutâneo, bem como a outros fatores, os enteroparasitos têm distribuição ampla, porém, com variação na prevalência nas diferentes regiões. Tanto em ambientes rurais, como nos urbanos dos países em desenvolvimento, as parasitoses intestinais são amplamente difundidas, influenciadas por vários determinantes, tais como condições sanitárias precárias, insuficiência de educação em saúde, práticas higiênicas deficientes em manipuladores de alimentos e utilização de água não tratada para o cultivo de hortaliças (GOMES et al., 2010).

O clima tropical-úmido, associado à desnutrição, falta de assistência médica, ingestão de verduras cruas e/ou água contaminadas por formas evolutivas infectantes de parasitos, condições sanitárias precárias, presença de reservatórios e vetores, inadequadas práticas de higiene pessoal e doméstica representam fatores que promovem o desenvolvimento e a propagação das formas infectantes de helmintos e de protozoários intestinais (KOMAGOME et al., 2007), propiciando exposição dos hospedeiros suscetíveis.

A idade, o estado nutricional, fatores genéticos, culturais, comportamentais, profissionais e a resistência imunológica do hospedeiro são também fatores predisponentes às parasitoses (BAPTISTA et al., 2013). Baptista et al. (2013) afirmaram que a relação entre as condições ambientais e tais fatores favorece o surgimento das infecções parasitárias.

Dessa forma, a população apresenta importante papel nos ciclos dessas parasitoses, visto que são suas ações, ou não ações, em um meio ecológico determinado, que vão permitir a transmissão de infecções ou seu controle (BRICEÑO-LEON, 1996). Para a erradicação desse problema, tornam-se necessárias melhorias nas condições socioeconômicas, no saneamento básico e na educação em saúde, além de mudanças em hábitos culturais (VISSER et al., 2011; CAVAGNOLLI et al., 2015).

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A interação entre o parasito intestinal e seu hospedeiro pode causar danos, que variam clinicamente desde quadros oligossintomáticos, pouco específicos, com desconforto abdominal a processos diarreicos, má absorção, obstrução intestinal, desnutrição e anemia por deficiência de ferro, associado à espécie parasitária presente. Pode também, haver interferências no desenvolvimento, na função cognitiva e no desempenho escolar de crianças (FERREIRA, et al., 2000; CARVALHO-COSTA et al., 2007, CARVALHO & GOMES, 2011, RODRIGUES et al., 2013; CAVAGNOLLI, et al., 2015).

Melo et al. (2010) concluíram que crianças em idade escolar são as mais atingidas e prejudicadas pelas doenças parasitárias. Para Costa et al. (2015), a introdução das mulheres no mercado de trabalho tornou as creches ou pré-escolas muito procuradas, sendo esse o primeiro ambiente externo frequentado pelas crianças, tornando-se, por conseguinte, um ambiente favorável às infecções parasitárias.

O diagnóstico, por meio do exame coproparasitológico, é importante para a identificação etiológica e melhor seleção dos agentes terapêuticos utilizados. Assim, torna-se necessário identificar, tratar e prevenir as infecções parasitárias, a fim de evitar prováveis epidemias e formação de novas áreas endêmicas. Além disso, as medidas preventivas utilizadas para o controle das doenças parasitárias contribuem para a redução dos gastos anuais com o tratamento específico (MAGALHÃES et al., 2013).

Diante dessa situação, no Brasil, em decorrência da sua diversidade geográfica e da existência de diferentes classes socioeconômicas e culturais na população de uma mesma cidade, é importante que se conheça a prevalência de enteroparasitoses e as principais espécies encontradas em cada região, para que se possa estabelecer as medidas curativas e profiláticas necessárias para a redução significativa do número de pessoas infectadas (FONSECA et al., 2010).

Assim, torna-se inquestionável a necessidade de mais trabalhos de sensibilização nas escolas e também entre a população em geral, de modo que sejam evitadas possíveis infecções enteroparasitárias, assim como o uso indiscriminado de medicação antiparasitária. Essa intervenção torna-se importante, sobretudo, porque o setor de saúde sofre com a ausência de planejamento e continuidade dos programas em Saúde Coletiva e, portanto, tais atitudes evitariam consequências deletérias à saúde do indivíduo (CAVAGNOLLI et al., 2015).

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4.1.1 Principais parasitos intestinais responsáveis pela infecção humana

Os parasitos que vivem no trato gastrintestinal do ser humano pertencem aos filos Protozoa, Stramenopiles, Platyhelminthes, Nemathelminthes e mais raramente Acanthocephala. Condições de vida, moradia e saneamento básico são, em grande parte, determinantes da transmissão de tais parasitos. Alguns como Entamoeba histolytica, Giardia duodenalis, Blastocystis sp., Taenia sp., Hymenolepis nana, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e mais raramente Enterobius vermicularis podem ser transmitidos por meio de água e alimentos contaminados com cistos ou ovos. Outros parasitos, como os ancilostomídeos e estrongiloides, são transmitidos principalmente por penetração cutânea de larvas presentes no ambiente (ANDRADE et al., 2010).

4.1.1.1 Blastocystis sp.

Primeiramente considerado levedura, Blastocystis sp. foi posteriormente classificado como um protozoário, estando, atualmente inserido no filo Stramenopiles, a partir de análise filogenética (ADL et al., 2005). Blastocystis sp. tem distribuição mundial, com frequência elevada, sendo muito frequente em países em desenvolvimento, principalmente, devido à falta de saneamento (ROBERTS et al., 2014).

A possibilidade de Blastocystis sp. ser um patógeno tem sido uma questão de debate. Numerosos estudos realizados em todo o mundo objetivando identificar caráter patogênico ao organismo humano têm produzido resultados contraditórios (STENZEL & BOREHAM, 1996; LEELAYOOVA et al., 2004; TAN, 2008; SCANLAN, 2012). Apesar do acúmulo recente de evidências clínicas sugerindo o potencial patogênico de Blastocystis sp., deve-se ter em mente que tal fato ainda não está devidamente provado (SCANLAN, 2012; PARIJA & JEREMIAH, 2013).

Este protozoário apresenta ciclo monoxeno com participação de diversas formas evolutivas com tamanhos e formas variadas sendo elas: forma vacuolar, granular, ameboide e cística. O parasito é transmitido via fecal-oral e por meio de água contaminada, alimentos contaminados e contato com animais. No diagnóstico, a forma vacuolar é a relatada com maior frequência em amostras fecais (SALINAS & GONZALES, 2007).

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Devido ao pouco conhecimento sobre esse protozoário, ainda há controvérsia sobre o tratamento de infecções por Blastocystis sp., visto que os mesmos podem ser simplesmente parasitos oportunistas. Além disso, a ausência de saneamento básico desempenha um importante papel em sua transmissão (TAN, 2008; SCANLAN, 2012; ROBERTS et al., 2014).

Na blastocistíase são descritos sinais e sintomas gastrintestinais inespecíficos, como diarreia, dor abdominal, flatulência, náuseas, vômitos, constipação, perda de peso ou fadiga e "urticária". A gravidade desses sintomas varia de acordo com infecções agudas a crônicas. Uma hipótese para explicar as diferenças na infecção causada por esse parasito é a sua diversidade genética, embora estudos ainda não tenham evidenciado associação entre os sintomas e os subtipos de Blastocystis sp. (WAWRZYNIAK et al., 2013).

4.1.1.2 Giardia duodenalis

Entre os principais parasitos intestinais que infectam o ser humano, o protozoário G. duodenalis destaca-se como um dos mais frequentemente observados nos inquéritos coproparasitológicos (CORADI, 2010). São cerca de 280 milhões de casos registrados por ano de infecção por G. duodenalis e uma prevalência superior a 50% em países em desenvolvimento (CDC, 2015).

Esse protozoário tem sido bastante estudado devido às suas características parasitárias e seu lugar na classificação de organismos unicelulares. G. duodenalis é encontrado em todo o mundo, além de ser o parasito intestinal mais frequente entre a população dos países em desenvolvimento (IVANOV, 2010).

A giardíase é considerada pela OMS como uma zoonose, sendo a infecção condicionada à ingestão de cistos. Esses cistos, associados à transmissão entre diferentes hospedeiros, podem permanecer viáveis em ambientes úmidos por um período de três meses e resistem à cloração habitual da água (ANDRADE et al., 2010).

A transmissão da giardíase ocorre por meio da água e alimentos contaminados pelos cistos, pelos manipuladores de alimentos e mais raramente por contato direto inter-humano (fecal-oral), principalmente em asilos, creches e clínicas psiquiátricas. Considera-se, também, a transmissão por meio de artrópodes como moscas e baratas, através de seus dejetos ou regurgitação (PEREIRA et al., 2007).

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A infecção por G. duodenalis apresenta um espectro clínico amplo, que varia desde indivíduos assintomáticos até pacientes sintomáticos que podem apresentar um quadro de diarreia aguda e auto limitante, ou um quadro de diarreia persistente. Podem ocorrer alterações intestinais, cólicas, náuseas e anorexia. Os primeiros sinais podem incluir febre de baixo grau e letargia. Os sintomas tardios incluem diarreia aquosa de odor fétido, meteorismo e peristaltismo reforçado com vasta flatulência e cólicas epigástricas (CORADI, 2010; IVANOV, 2010).

O maior impacto clínico da infecção por esse parasito tem sido observado em indivíduos desnutridos, imunocomprometidos e em crianças. Nessas últimas, as complicações decorrentes da giardíase, como a diarreia persistente e a má absorção intestinal podem comprometer o desenvolvimento físico e cognitivo (CORADI, 2010).

4.1.1.3 Amebídeos

Os amebídeos, de vida parasitária e outros de vida livre, constituem um grupo de protozoários de ampla dispersão ambiental, isolados em praticamente todos os ambientes da água, do solo e do ar (SILVA & ROSA, 2003, CASVASINI et al., 2008).

A maioria dos amebídeos de vida parasitária são destituídos de poder patogênico, sendo incluídos nesse grupo Entamoeba coli, Entamoeba hartmanni, Endolimax nana, Iodamoeba butschlii, Entamoeba gengivalis, encontrada somente na boca, e Entamoeba polecki, amebídeo de suíno capaz de infectar a espécie humana (DIAS, 2012).

Em diversos países, grande número de infecções são por amebídeos não patogênicas. A detecção de amebas não patogênicas, como E. coli, E. nana e I. butschlii indicam que foram ingeridos água ou alimentos contaminados com resíduos fecais humanos e, portanto, os portadores estão sob risco de infecção por outros enteropatógenos como a Entamoeba histolytica que, por sua vez, é patogênica (MAGALHÃES e al., 2013).

Entamoeba histolytica é o enteroparasito de maior importância médica, devido a seu alto grau de patogenicidade, visto que a amebíase, presente em todos os países tropicais em desenvolvimento, representa a terceira doença parasitária mais importante (WHO, 2004). Os cistos são a forma infectante e são veiculados e disseminados por hortaliças e água contaminadas por fezes humanas,

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permanecendo viáveis durante um intervalo de tempo de cinco minutos nas mãos e um período maior do que 45 minutos sob as unhas (CUNHA & AMICHI, 2014).

A amebíase intestinal caracteriza-se pela presença de úlceras locais, principalmente no cólon, sigmoide e reto (ESPINOSA-CANTELLANO & MARTÍNEZ-PALOMO, 2000). O abscesso amebiano hepático apesar de raro, é a forma mais comum de amebíase extra intestinal. Decorre da migração do parasito através da veia mesentérica superior até ao fígado, onde causa inflamação, degeneração e necrose. Em países, como o México, onde a amebíase invasiva tem alta prevalência, o abscesso hepático é mais frequente, constituindo uma grave complicação (ANDRADE et al., 2010).

A OMS, em 1997, reconheceu a existência de Entamoeba dispar, não patogênica, e recomendou o desenvolvimento de técnicas de diagnóstico clínico laboratoriais que apresentassem sensibilidade, especificidade e fossem capazes de diferenciar E. histolytica e E. dispar, visto que as mesmas são morfologicamente idênticas (SILVA et al., 2014).

4.1.1.4 Geohelmintos

Mais de cinco milhões de pessoas no mundo estão sob risco de infecções por helmintos transmitidos pelo solo, os chamados geohelmintos, sendo essas infecções causadas por Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, as duas espécies de ancilostomídeos, Ancylostoma duodenale e Necator americanus, e Strongyloides stercoralis (PULLAN & BROOKER, 2012) que parasitam o intestino do ser humano.

Os geohelmintos são um grupo de nematódeos que causam infecção em humanos por meio da transmissão de formas evolutivas representadas por ovos ou larvas do parasito, que se desenvolvem no solo quente e úmido de países tropicais e subtropicais do mundo. Como helmintos adultos, algumas espécies podem viver durante anos no trato gastrintestinal humano (BETHONY et al., 2006).

A ascaríase é a helmintíase de maior prevalência no mundo causada por Ascaris lumbricoides. A maioria das infecções por esse helminto envolve pequeno número de parasitos adultos e é assintomática, diagnosticada por meio de exames coproparasitológicos ou através da eliminação de formas em desenvolvimento ou adultos pelo hospedeiro. A manifestação dos sintomas e sinais da ascaríase depende do número de parasitos adultos albergados pelo indivíduo. Infecções

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maciças podem resultar em bloqueio mecânico do intestino delgado, principalmente em crianças (SILVA et al., 2011).

Trichuris trichiura é um parasito do ser humano que habita o intestino grosso. Na maioria dos casos, a infecção decorre silenciosamente. Porém, os indivíduos que contraem elevado número de parasitos podem apresentar sintomatologia intestinal, cuja gravidade pode raramente levar ao óbito (SANTANA et al., 2014).

É comum ocorrer, a associação entre A. lumbricoides e T. trichiura. Essa associação pode ser explicada devido à similaridade dos ciclos de vida desses dois parasitos, pela grande eliminação de ovos pelas fêmeas e pela resistência desses no meio ambiente, que pode atuar como um importante foco de manutenção e transmissão dessas enteroparasitoses (BASSO et al., 2008).

A ancilostomíase humana é a infecção causada pelos nematódeos da família Ancylostomatidae, que habitam o intestino delgado de seres humanos. As espécies mais frequentemente envolvidas são Ancylostoma duodenale e Necator americanus (CHIEFFI & FERREIRA, 2008). O parasitismo costuma ser assintomático, porém, pode ocorrer o desenvolvimento de anemia em pacientes com infecções maciças, especialmente quando há também certo grau de deficiência alimentar. A sintomatologia também pode incluir manifestações pulmonares inespecíficas, podendo haver tosse de longa ou curta duração, expectoração e febre. O acometimento intestinal pode determinar dor epigástrica, náuseas, vômitos e diarreia, às vezes sanguinolenta, ou constipação (ANDRADE et al., 2010).

Strongyloides stercoralis é um parasito de intestino delgado, de ciclo monoxeno, que infecta seres humanos através do contato da pele com solo contaminado com larvas infectantes. Esse parasito pode desenvolver ciclo direto ou ciclo indireto com formação de adultos de vida livre. As fêmeas partenogenéticas, que parasitam a mucosa intestinal, são capazes de produzir larvas, que podem evoluir para o estágio infectante dentro do hospedeiro humano, possibilitando aumento da carga parasitária (autoinfecção endógena), e resultar em uma infecção de longa duração. Em indivíduos imunodeprimidos, a infeção intestinal pode resultar na estrongiloidíase disseminada, na qual o parasito pode ser encontrado em diversos órgãos, podendo levar ao óbito. Por outro lado, a estrongiloidíase intestinal, sem complicações, pode apresentar sintomas gastrintestinais não específicos como diarreia, dor abdominal e urticária. No entanto, na maioria dos casos, a infecção permanece assintomática (SCHÄR et al., 2013).

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A transmissão dos geohelmintos envolve a contaminação do ambiente com fezes humanas e desenvolvimento de ovos e larvas infectantes no solo. Ascaríase e tricuríase são transmitidas por via fecal-oral, por meio da ingestão de água e/ou alimentos contaminados com ovos larvados do parasito. Tendo em vista a necessidade desses parasitos de passar pelo solo para completar o desenvolvimento das formas evolutivas infectantes, o hábito de defecar direto no solo, comum nas zonas rurais, onde instalações sanitárias são menos frequentes, conduz a intensa contaminação dos terrenos de peridomicílio (ASAOLU & OFOEZIE, 2003; DOLD & HOLLAND, 2011).

A principal forma de transmissão da ancilostomíase e da estrongiloidíase ocorre pela penetração da larva do parasito na pele do hospedeiro, assim, qualquer ocupação ou atividade associada diretamente ao solo, especialmente se conta-minado com fezes humanas positivas para esses parasitos, possibilitará a ocorrência da infecção (CAMILLO-COURA, 1974; ASAOLU & OFOEZIE, 2003).

Apesar de métodos de prevenção e tratamento serem largamente conhecidos, as doenças causadas pelos helmintos transmitidos pelo solo são consideradas doenças tropicais negligenciadas (DOLD & HOLLAND, 2011).

4.1.1.5 Hymenolepis sp. e Taenia sp.

A himenolepíase é determinada por Hymenolepis nana, vulgarmente conhecido como "tênia anã" e mais raramente por Hymenolepis diminuta. H. nana é um parasito comum em crianças e adultos jovens. Esse parasito possui ampla distribuição geográfica, sendo encontrado em climas tropicais e subtropicais (HUGGINS et al., 1993).

A principal forma de transmissão da himenolepíase ocorre pela ingestão de ovos embrionados, por meio de alimentos ou mãos contaminadas ou no leito subungueal, sobretudo nas crianças, onde o parasito desenvolve um ciclo monoxeno. Além disso, embora de maneira mais rara, o parasito pode desenvolver ciclo heteroxeno e, nesse caso, os insetos coleópteros, conhecidos vulgarmente como "carunchos" de cereais, infectados podem ser ingeridos acidentalmente, resultando também na transmissão do agente para o hospedeiro humano (GERMANO et al., 2009).

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Quase todos os indivíduos infectados são assintomáticos, no entanto, infecções graves podem causar inflamação intestinal e pequenas ulcerações devido à invasão das vilosidades da mucosa pelo escólex do parasito. Clinicamente, o paciente apresenta diarreia, às vezes com muco, dor abdominal em cólica, meteorismo, anorexia, perda de peso e cefaleia (MOTTA & SILVA, 2002).

A teníase é caracterizada pela presença do adulto de Taenia sp. no intestino delgado do ser humano e pode ser adquirida pela ingestão de carne bovina ou suína contendo a forma larvar do helminto, denominado cisticerco. A cisticercose é caracterizada pela presença das larvas da Taenia sp. alojadas em tecidos do hospedeiro intermediário. No ser humano, a cisticercose é determinada por larvas de Taenia solium. Sua transmissão ocorre, principalmente, devido à ingestão de ovos viáveis da solitária procedentes de mãos ou ambientes contaminados por fezes de humanos portadores de teníase (NIETO, 2015).

Na teníase, os seres humanos são hospedeiros definitivos, sendo a infeção determinada por duas espécies de Taenia sp., sendo elas Taenia solium e Taenia saginata. Porém, na década de 1990, uma terceira espécie, denominada Taenia asiatica, foi descoberta, sendo que a morfologia do adulto é semelhante à de T. saginata, porém seu ciclo de vida é parecido com o de T. solium (GALÁN-PUCHADES & FUENTES, 2013). Esse parasito tem sido relatado, principalmente nos países asiáticos (EOM et al., 2009)

A teníase é geralmente assintomática ou apresenta sintomas leves, que incluem dor na barriga, diarreia ou prisão de ventre, perda de peso, dor na cabeça, anemia, cansaço (OLSON et al., 2002; GALÁN-PUCHADES & FUENTES, 2013). Já a cisticercose é, principalmente, percebida quando o cisticerco se instala no sistema nervoso central provocando distúrbios neurológicos, doença denominada neurocisticercose. A infecção é capaz de desencadear sérios agravos, como epilepsia, convulsões, dores de cabeça, desmaios e a morte do indivíduo (NIETO, 2015).

No que diz respeito à patogenicidade de T. asiatica, o quadro intestinal é igual ao determinado pelas outras espécies de Taenia que infectam o humano. Por outro lado, ainda não se sabe se essa espécie pode causar cisticercose em fígado humano, tendo em conta seu tropismo hepático em suínos. Além dessa questão, existem várias incertezas sobre T. asiatica, sendo necessário para responder a essas perguntas, a realização de técnicas de diagnóstico com maior especificidade e

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sensibilidade nos procedimentos de rotina da inspeção para T. asiatica, tanto em humanos quanto em suínos, bem como a maior divulgação sobre esse parasito (GALÁN-PUCHADES & FUENTES, 2013).

4.1.1.6 Enterobius vermicularis

A enterobíase é uma parasitose intestinal causada pelo nematódeo Enterobius vermicularis que tem elevada frequência e vasta distribuição geográfica. Sua incidência é maior nos países de clima temperado, tanto na Europa como na América do Norte, inclusive nos países ricos e com níveis de saneamento adequados (CAMPOS et al., 2011).

A transmissão da enterobíase é variada, podendo ser de forma direta, quando o indivíduo, ao coçar a região perianal, coloca a mão contaminada com ovos do helminto na boca, sem necessidade de passar pelo solo para embrionamento dos ovos. A infecção também pode acontecer indiretamente pela contaminação da água ou alimento, ou por meio de mãos contendo ovos do parasito. É muito comum encontrar ovos do parasito em roupas de cama, nas toalhas, no chão e nos objetos da residência de indivíduos infectados, sendo frequente a infecção entre aqueles que habitam a mesma residência (DIAS, 2012).

O parasitismo geralmente é leve e assintomático. Quando presente, a manifestação clínica mais frequente é o prurido anal ou peri-anal causado pela presença do parasito nessa região. A infecção por E. vermicularis só causa uma morbidade mais severa quando o parasito se encontra em localizações ectópicas, geralmente em indivíduos com a integridade das paredes intestinais comprometidas, de onde o helminto migra para sítios extracolônicos (CAMPOS et al., 2011).

A enterobíase ectópica tem sido descrita em várias localizações, incluindo vagina, trompas, área genital, fígado, trato genital masculino e pulmões. O parasito tem sido associado também com casos agudos de apendicite, colite e gastrenterites. Quando localizados no trato geniturinário, a infecção por E. vermicularis pode causar a enurese noturna, entre outras complicações (NETO et al., 2009; CAMPOS et al., 2011).

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4.1.2 Fatores de risco para aquisição de parasitoses intestinais

A prevalência de uma dada parasitose reflete frequentemente deficiências de saneamento básico, nível de vida, higiene pessoal e coletiva (FREI et al., 2008). As principais áreas endêmicas de parasitoses localizam-se nos países em desenvolvimento, onde as condições de saneamento são geralmente precárias e a poluição é intensa (RIBEIRO & MARÇAL JUNIOR, 2003).

O crescimento demográfico não planejado das áreas urbanas resultou em uma interface conhecida como peri-urbana ou periferia urbana, a qual representa um espaço definido por sua "falta de definição", não estando nem no espaço rural nem no urbanoda cidade (ZONTA et al., 2014).

Dentre os aspectos epidemiológicos que mais se associam às condições sanitárias de uma região, as parasitoses intestinais possibilitam refletir, além do perfil socioeconômico de uma população, a magnitude de exposição ao risco ao qual pode se encontrar, decorrente do iníquo acesso aos serviços de saneamento básico (LIMA et al., 2015).

A prevalência de infecções por parasitos intestinais é um dos melhores indicadores socioeconômicos de uma população alvo e pode estar associada às condições ambientais em que vivem, além de outros determinantes, como instalações sanitárias inadequadas, poluição fecal da água e de alimentos consumidos, fatores socioculturais, contato com animais, ausência de saneamento básico, além da idade do hospedeiro e da espécie de parasito (BELO et al., 2012).Tais indicadores epidemiológicos são capazes de sinalizar o impacto da deficiência ou inexistência de medidas de saneamento básico sobre a Saúde Coletiva, bem como, a efetividade das intervenções sanitárias (CUNHA et al., 2013, LIMA et al., 2015).

Ludwig et al. (1999) realizaram um levantamento prévio na cidade de Assis, SP, correlacionando as condições de saneamento básico à ocorrência de parasitoses intestinais. Além disso, foi estabelecida uma relação entre as condições de saneamento básico, expressos pelo número de ligações de água e esgoto, e a frequência de parasitoses. Os autores apontaram que houve queda na frequência de parasitoses entre 1990 e 1992, coincidindo com o aumento do número de ligações de água e esgoto nestas regiões. De um modo geral, os autores verificaram um decréscimo na prevalência de enteroparasitosesno período analisado.

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Diante disso, Frei et al. (2008) apontaram que indicadores epidemiológicos têm sido utilizados como importantes instrumentos para monitorar o progresso na promoção da saúde. Por esta razão, os sistemas de estatísticas atuais precisam fortalecer-se, sobretudo, nos países em desenvolvimento.

Cunha et al. (2013) estudaram a prevalência de infecções por enteroparasitos e os fatores sociais, econômicos, culturais, sanitários e ambientais associados, em comunidades extrativistas do Município de Cairu, BA. Os autores apontaram que os resultados laboratoriais encontrados nas localidades estudadas comprovaram que a soma dos fatores ambientais, socioculturais e demográficos, como baixa escolaridade, utilização de fontes superficiais de água de abastecimento, defecação a céu aberto e aglomeração de indivíduos nas residenciais, além de fatores econômicos e sanitários, tais como baixa renda e carências ou inexistências de serviços públicos de saneamento básico são favoráveis à transmissão de parasitos intestinais.

Cavagnolli et al. (2015) realizaram um estudo sobre a prevalência das enteroparasitoses e a análise socioeconômica de escolares de Flores da Cunha, RS. A baixa prevalência de enteroparasitos encontrada pelos autores foi atribuída, dentre outros fatores, às condições de saneamento básico no município, visto que 92,7% possuíam água potável encanada, 57,2% tinham tratamento de esgoto e em 73,9% das residências havia limpeza realizada pela prefeitura nas proximidades, sendo considerada eficiente por 54,8% dos participantes.

Segundo Frei et al. (2008), é fundamental, para a melhoria das condições de vida, aprimorar a cobertura, confiabilidade e desagregação de dados, especialmente por grupo de renda e área geográfica. Para esses autores, é necessário, também, aumentar a velocidade, a regularidade na coleta de dados e a disseminação de informação para os usuários interessados.

4.2 PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCOLARES

A infecção por enteroparasitos pode ocorrer em qualquer idade, porém vários relatos da literatura demonstram uma elevada frequência entre a população infantil, sobretudo em ambientes de maior coletividade, principalmente entre escolares (CHIEFFI et al., 1982; PEDRAZZANI et al., 1988; MOURA et al., 1997; MELO et al., 2014; BIOLCHI et al. 2015) ou aquelas assistidas por creches (GURGEL et al., 2005;

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KOMAGOME et al., 2007; UCHÔA et al., 2009; GONÇALVES et al., 2011; COSTA et al. 2015).

As crianças estão mais expostas à infecção em função de hábitos higiênicos precários, seja por desconhecimento ou não consolidação. Outro elemento que favorece a aquisição desses parasitos seria uma maior exposição a fatores de risco, propiciada pela interação com o ambiente, já contaminado por cistos, ovos ou larvas (RODRIGUES et al., 2013).

O aumento dos casos de infecções em crianças institucionalizadas tem sido associado a fatores como a aglomeração e contato muito próximo com outras pessoas, hábitos que facilitam a disseminação de infecções como levar as mãos e objetos à boca, incontinência fecal e falta de higiene das mãos (SEIXAS et al., 2011; PEDRAZA et al., 2014).

Gurgel et al. (2005) avaliaram creches de Aracaju, SE, com objetivo de identificar se esse espaço seria um ambiente protetor ou propiciador para parasitoses intestinais por meio de exame coproparasitológico de 468 crianças de creche e grupo controle. Os autores detectaram maior positividade em crianças frequentadoras de creche (63%), tanto para helmintos quanto para protozoários, em comparação às crianças que não frequentavam creche (41,1%), fato justificado pela aglomeração de crianças.

Estudando crianças assistidas em creche de Itambé, PR, Komagome et al. (2007) verificaram frequência para parasitos intestinais de 37%, sendo as menores de dois anos as mais acometidas.

Uchôa et al. (2009) estudaram amostras fecais de 372 crianças e 57 funcionários de oito creches comunitárias do município de Niterói, RJ. Os autores obtiveram adesão média de participação de 62,9% (372/591) entre as crianças e de 46,7% (57/122) entre os funcionários, sendo a positividade para enteroparasitos em 51,6% das crianças. As espécies parasitárias mais frequentes foram Giardia duodenalis em 123 amostras, Entamoeba coli em 32, Ascaris lumbricoides em 33 e Trichuris trichiura em 21, sendo o monoparasitismo observado em 144 (75%).

Esses resultados demonstraram elevada prevalência do parasitismo intestinal nas crianças de creche no município de Niterói e indicaram a necessidade de melhoria das condições de saneamento nas comunidades, bem como a implantação de programas e projetos de fomento à educação em saúde continuada (UCHÔA et al., 2009).

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Costa et al. (2015), em seu estudo com crianças de pré-escolas de Xanxerê, SC, analisaram material fecal de 99 delas. Destas, 34 (34,4%) foram negativas para formas evolutivas de parasitos, enquanto que 65 (65,6%) apresentaram positividade. Entre os parasitos mais encontrados, destacaram-se, segundo os autores, Ascaris lumbricoides, presente em 32 amostras, ancilostomídeos, em 23, Entamoeba coli, em 17 e Endolimax nana, em 15 amostras.

Por outro lado, segundo alguns autores, as parasitoses intestinais ocorrem com maior frequência na faixa de 5 a 12 anos (CHIEFFI et al., 1982; PEDRAZZANI et al., 1988; NGRENNGARMLERT et al., 2007; CARVALHO & GOMES, 2011).

Ngrenngarmlert et al. (2007) estudaram a prevalência de parasitoses intestinais em oito escolas localizadas na Província de Nakhon Prathom, Tailândia. Foram coletadas 1920 amostras fecais, as quais 242 (12,6%) foram positivas para formas evolutivas de parasitos. Os autores apontaram que a baixa prevalência pode ser explicada pela urbanização, investimentos públicos em saneamento básico, investimentos em condições de vida e acessibilidade a serviços de saúde.

Östan et al. (2007) coletaram amostras fecais de 294 estudantes de duas Escolas Primárias Privadas localizadas no Distrito de Manisa, Turquia. Desses, 91 (31%) estavam infectados com pelo menos uma espécie de parasito intestinal. Segundo os autores, Giardia duodenalis foi o parasito mais observado, porém, Blastocystis hominis também foi prevalente independentemente das condições sanitárias. Os autores afirmaram que infecções por parasitos intestinais em escolares representam um problema de Saúde Coletiva que aumenta conforme a diminuição das condições socioeconômicas.

Já no Brasil, estima-se que 55,3% das crianças apresentem infecção por enteroparasitos. A enteroparasitose na infância assume grande relevância não só pela morbidade, mas também pela associação frequente com diarreia crônica e desnutrição, condições que podem ocasionar déficit físico e cognitivo e até mesmo óbito (PEDRAZA et al., 2014).

Moura et al. (1997) analisaram amostras de fezes de 146 crianças do 2º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública de Campinas, SP, e obtiveram percentual de positividade de 30,8%, evidenciando Ascaris lumbricoides e Giardia duodenalis.

Um estudo sobre parasitoses intestinais em 18.973 escolares de 7 a 14 anos, realizado em algumas regiões de Minas Gerais, incluindo o Triângulo Mineiro, Alto

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Paranaíba, Noroeste de Minas e Sul/Sudoeste, demonstrou que em 82% dos escolares, o exame parasitológico de fezes foi negativo. Entre os positivos, 15% dos estudantes estavam monoparasitados e 3% poliparasitados. A prevalência para Ascaris lumbricoides foi de 10,3%, Trichuris trichiura 4,7%, ancilostomídeos 2,9%, Enterobius vermicularis 1,2%, Hymenolepis nana 0,4% e Taenia sp. de 0,2% (CARVALHO et al. 2002).

Em um levantamento realizado com escolares de 6 a 14 anos de uma escola pública do município de Araguaína, TO, Pereira-Cardoso et al. (2010) observaram positividade de 55,3%, nas 76 amostras fecais analisadas, destacando Entamoeba coli (28,9%), Endolimax nana (18,4%), Giardia duodenalis (11,8%) e Ascaris lumbricoides (9,2%) como os parasitos mais frequentes.

Em Teresina, PI, Carvalho e Gomes (2011) investigaram a prevalência de enteroparasitoses em amostras fecais de 40 crianças de 6 a 12 anos de uma escola pública. Das amostras analisadas, 67,5% foram positivas para enteroparasitoses, sendo os parasitos mais encontrados Endolimax nana (54%), Entamoeba coli (22%), Giardia duodenalis (16%), Hymenolepis nana (2,7%), Ascaris lumbricoides (2,7%) e Enterobius vermicularis (2,7%). Segundo os autores, para que se minimize o número de indivíduos infectados, é necessária a aplicação de medidas de controle, capazes de neutralizar os mecanismos de transmissão.

Gelatti et al. (2013) coletaram 201 amostras de fezes de escolares da rede pública estadual de Uruaçu, GO. O estudo observou que 34,3% apresentaram resultado positivo ao exame parasitológico de fezes para parasitos patogênicos e não patogênicos. Entre os protozoários, o mais frequente foi Giardia duodenalis (15,9%), seguido pelos parasitos não patogênicos Endolimax nana (15,4%) e Entamoeba coli (14,4%). O helminto Enterobius vermiculares foi detectado em 0,5% das amostras avaliadas.

Biolchi et al. (2015), em seu estudo com escolares de áreas rurais e urbanas do município de Campos Novos, SC, coletaram 109 amostras. Dessas, 24 (58,5%) amostras de estudantes da zona rural e 21 (30,9%) de área urbana, apresentaram parasitos, indicando uma elevada prevalência de parasitos na área rural. Dentre os parasitos identificados, ancilostomídeos (35%) e Ascaris lumbricoides (28,3%) foram os mais frequentes, seguidos de Entamoeba coli (25%), Giardia lamblia (5%), Balantidium coli (1,6%), Iodamoeda sp. (1,6%), Isospora belli (1,6%) e Trichuris

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trichiura(1,6%). Foi também identificado um caso de poliparasitismo (ancilostomídeo e A. lumbricoides) em um estudante da zona rural, segundo os autores.

Cavagnolli et al. (2015) estudaram a prevalência de parasitoses e o perfil socioeconômico da população escolar de Flores da Cunha, RS. Foram coletadas amostras fecais de 341 alunos das quais 10,0% foram positivas, sendo observada a presença de cistos de Endolimax nana (55,9%), Entamoeba coli (26,5%), Iodamoeba butschlii (5,9%), Giardia lamblia (2,9%B) e ovos de Ascaris lumbricoides (2,9%), além de indivíduos (5,9%) com poliparasitismo (Entamoeba coli e Endolimax nana).

Ao observar os inquéritos parasitológicos em crianças de várias regiões do Brasil, é possível perceber que a prevalência dessas infecções apresenta grandes variações de um local para outro, divergindo, também, em relação à idade (MOURA et al., 1997; CARVALHO et al., 2002; GURGEL et al., 2005; PEREIRA-CARDOSO et al., 2010; GELATTI et al., 2013, CAVAGNOLLI et al. 2015).

Além da coleta do material fecal, o exame do resíduo que se deposita sob as unhas, também é importante para assinalar a presença de formas evolutivas de parasitos (CAMPOS, 1974).

Campos (1974) afirmou que as crianças, devido aos hábitos higiênicos não consolidados característicos da idade, podem carregar, nos resíduos que se formam sob as unhas, uma ampla variedade de parasitos intestinais, disseminando helmintos e protozoários por meio de mãos contaminadas.

Bezerra et al. (2013) coletaram material subungueal de 47 crianças de uma creche de Fortaleza, CE. A positividade encontrada foi de 34%, sendo observados os protozoários Entamoeba coli, Entamoeba histolytica e Giardia duodenalis, além dos helmintos Hymenolepis nana e Trichuris trichiura. Os autores assinalaram que a elevada frequência desses parasitos, cuja transmissão também ocorre por meio de mãos contaminadas, é um indicativo das condições socioeconômicas das famílias que utilizam os serviços da creche.

Segundo Pedraza et al. (2014), não existe uma técnica capaz de diagnosticar, simultaneamente, todas as formas parasitárias. Algumas técnicas são mais sensíveis, permitindo o diagnóstico de várias espécies de parasitos intestinais, enquanto outras são específicas, indicadas para uma espécie de parasito em especial. Devido a esse fato, estudos sobre prevalência de enteroparasitoses devem priorizar a utilização simultânea de técnicas com diferentes fundamentos, com o objetivo de aumentar a acurácia diagnóstica e, consequentemente, diminuir os

Referências

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