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Educa¸ c˜ ao a Distˆ ancia via internet: novos olhares so bre a forma¸ c˜ ao do professor

Sum´ ario

1.4 Educa¸ c˜ ao a Distˆ ancia via internet: novos olhares so bre a forma¸ c˜ ao do professor

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E importante destacar, antes de apresentar e discutir a educa¸c˜ao a distˆancia, que o Programa de Mentoria possui caracter´ısticas que diferenciam da maioria das propostas estudadas e apresentadas a seguir.

Primeiramente o Programa de Mentoria, n˜ao ´e um curso, n˜ao possui curr´ıculo fechado, nem um conjunto de atividades a serem cumpridas. O Programa tamb´em n˜ao adota a intera¸c˜ao de um professor com v´arios estudantes; a rela¸c˜ao ´e sempre ´unica, estabelecida entre uma professora iniciante e sua mentora. Mesmo a mentora tendo v´arias professoras iniciantes sob sua responsabilidade, a intera¸c˜ao ´e individual, particularizando cada rela¸c˜ao.

Mesmo assim, a discuss˜ao sobre as possibilidades do uso da Educa¸c˜ao a Distˆancia via internet para a forma¸c˜ao de professor merece ser feita, mesmo que brevemente.

Educa¸c˜ao a Distˆancia: afinal, o que ´e EaD?

Quando se inicia hoje uma discuss˜ao sobre o tema Educa¸c˜ao a Distˆancia, v´arios termos s˜ao lembrados: tecnologias da informa¸c˜ao e comunica¸c˜ao, educa¸c˜ao virtual, educa¸c˜ao on- line, ambientes virtuais de aprendizagem, comunidades virtuais de aprendizagem. Parece distante o tempo em que a EaD se fazia pela escrita e pela leitura de materiais enviados pelo correio, mas essa modalidade ainda est´a presente em diferentes contextos.

Tamb´em podemos considerar como educa¸c˜ao a distˆancia a que ocorre por videocon- ferˆencia, pelo uso da televis˜ao (principalmente interativa) e outros meios similares.

Neste texto, o foco ´e a educa¸c˜ao a distˆancia por meio da internet e por isso a princ´ıpio a busca por entender cada termo e definir os principais para a pesquisa realizada.

Com o desenvolvimento da inform´atica e o aumento do acesso da popula¸c˜ao aos com- putadores e a internet, o processo de aquisi¸c˜ao e divulga¸c˜ao do conhecimento se ampliou de forma consider´avel e a educa¸c˜ao a distˆancia tomou novo impulso (TANCREDI; REALI; MIZUKAMI, 2005), pois as tecnologias de informa¸c˜ao e comunica¸c˜ao afetaram o trabalho, a vida cotidiana, o conhecimento e a aprendizagem. O homem atual, al´em de desenvolver as habilidades antes entendidas como essenciais para um conv´ıvio social e cultural como,

por exemplo, ler, escrever e realizar alguns c´alculos tamb´em deve ter acesso `as novas tecnologias de informa¸c˜ao porque elas permitem ampliar seus conhecimentos visto que

[...] articulam v´arias formas eletrˆonicas de armazenamento, tratamento e difus˜ao da informa¸c˜ao. Tornam-se “midi´aticas” ap´os a uni˜ao da in- form´atica com as telecomunica¸c˜oes e o audiovisual. Geram produtos que tˆem como algumas de suas caracter´ısticas a possibilidade de intera¸c˜ao comunicativa e a linguagem digital (KENSKI, 2006, p. 26).

A internet, em particular, ´e vista como um espa¸co de democratiza¸c˜ao das informa¸c˜oes, facilitando a busca de textos, artigos e not´ıcias, al´em de realizar compras, jogos e bate- papos. Permite que as pessoas comuniquem-se, compartilhem informa¸c˜oes, discutam e atualizem temas de interesse, busquem apoio e solu¸c˜ao para problemas, disponibilizem dados pessoais ou institucionais para um n´umero enorme de pessoas (CAMPOS et al., 2003). Mais do que isso, a internet possibilita intera¸c˜ao virtual a distˆancia e a constru¸c˜ao de comunidades de aprendizagem11 formadas por pessoas das mais diversas culturas e pro- cedˆencias. Assim,

de forma diferente das inova¸c˜oes tecnol´ogicas nos ´ultimos anos, a internet rompe as barreiras geogr´aficas do espa¸co e tempo, permite o comparti- lhamento de informa¸c˜oes em tempo real, ap´oia formas de coopera¸c˜ao e abre as portas para o mundo, por meio do computador, em casa ou no trabalho (CAMPOS et al., 2003, p. 9).

Com todas essas facilidades, evidencia-se o interesse em utiliz´a-la em prol do ensino, da aprendizagem, da educa¸c˜ao, propiciando, a possibilidade de comunica¸c˜ao e coopera¸c˜ao entre pessoas.

Em 1996, Souza escrevia que

especialistas como Michael Moore, da Universidade Estadual da Pen- silvˆania, sugerem que grandes mudan¸cas ser˜ao feitas na entrada do pr´oximo milˆenio; entretanto, a principal delas ser´a a nova concep¸c˜ao de educa¸c˜ao como um processo cuja ˆenfase estar´a na aprendizagem. Os pro- fessores n˜ao ser˜ao substitu´ıdos pelas novas tecnologias, mas ter˜ao fun¸c˜oes diferentes das que tˆem hoje em dia. Os curr´ıculos ser˜ao centrados nas necessidades dos alunos, e as atividades de ensino ser˜ao desenvolvidas para atender a essas necessidades (SOUZA, 1996, p. 9).

Hoje, mais de 10 anos depois, muita coisa foi feita e outras ainda est˜ao por fazer.

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Comunidades formadas por pessoas que possuem o mesmo objetivo, buscando aprendizagem em comum, a partir de discuss˜oes e compartilhamento de id´eias. Esse termo ser´a melhor definido a diante.

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Essas novas tecnologias atuam como fonte de informa¸c˜oes e comunica¸c˜ao e tamb´em para o aumento de atividades que facilitem o desenvolvimento da autonomia, da cri- atividade, da coopera¸c˜ao e da parceria, como ferramentas que permitem a cria¸c˜ao de ambientes virtuais que privilegiam a constru¸c˜ao do conhecimento compartilhado e o de- senvolvimento de processos reflexivos, onde tamb´em ´e poss´ıvel vivenciar valores humanos, em fun¸c˜ao das novas perspectivas interacionistas, associados aos processos de constru¸c˜ao de conhecimento (MORAES, 2002). Entretanto, apresentam um lado perverso: a intensi-

fica¸c˜ao do trabalho pela dilui¸c˜ao dos limites casa versus local de trabalho, vida pessoal versus profissional.

Para entender melhor como se desenvolve a Educa¸c˜ao nesses “moldes”, apresento a seguir as concep¸c˜oes de alguns autores, bem como algumas pol´ıticas p´ublicas nacionais.

Em fun¸c˜ao da Lei de Diretrizes e Bases da Educa¸c˜ao Nacional LDB 9394/96 as prin- cipais caracter´ısticas da EaD s˜ao apresentadas atrav´es do Decreto no 5.622, de 19 de dezembro de 2005:

Art. 1◦ Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educa¸c˜ao a distˆancia

como modalidade educacional na qual a media¸c˜ao did´atico-pedag´ogica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utiliza¸c˜ao de meios e tecnologias de informa¸c˜ao e comunica¸c˜ao, com estudantes e professo- res desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (grifo nosso).

A EaD ´e colocada como uma modalidade educacional, ou seja, ´e muito mais abran- gente do que apenas uma forma de ensino, podendo ser utilizada em diversas concep¸c˜oes de ensino e ainda, por m´ultiplas formas de comunica¸c˜ao.

A Educa¸c˜ao a Distˆancia re-surge como busca da eq¨uidade, de socializa¸c˜ao e democra- tiza¸c˜ao do conhecimento, sendo constru´ıda atrav´es da intera¸c˜ao entre ´areas como teorias da aprendizagem, processos de constru¸c˜ao de conhecimento, processos metodol´ogicos e com for¸ca para suprir a demanda de oportunidade `a educa¸c˜ao, voltada ao p´ublico adulto e para a constru¸c˜ao de uma educa¸c˜ao continuada. Prop´ositos importantes tendo em vista a amplitude territorial brasileira e a diversidade de acesso `a cultura/educa¸c˜ao nos diferentes estados.

Autores como Moore e Kearsley (1996) e Aretio (2001) apresentam a Educa¸c˜ao a Distˆancia como quatro grandes gera¸c˜oes de inova¸c˜oes tecnol´ogicas. Inicialmente a corres- pondˆencia, cujo surgimento ocorreu no in´ıcio do s´eculo XX, com o desenvolvimento dos servi¸cos postais, com a produ¸c˜ao de textos rudimentares e pouco adequados ao estudo independente. Seguido da telecomunica¸c˜ao, que surgiu na d´ecada de 60 com a utiliza¸c˜ao

de recursos m´ultiplos, como radio e televis˜ao, quando ao texto escrito s˜ao acrescentados outros recursos. A telem´atica, na d´ecada de 80, deu in´ıcio `a utiliza¸c˜ao de recursos da telecomunica¸c˜ao, como a inform´atica e potencializou a emiss˜ao de videoconferˆencia e au- dioconferˆencia. E por ´ultimo, a internet, com in´ıcio na d´ecada de 90, associando as id´eias do “campus virtual” e “aprendizagem virtual”, na constitui¸c˜ao de ambientes virtuais de aprendizagem, que ancoram a educa¸c˜ao em conferˆencias e processos educativos na rede mundial de computadores.

Nessa discuss˜ao, surge tamb´em, o termo “virtual” caracterizando a Educa¸c˜ao midia- tizada pela internet. No “virtual”, a educa¸c˜ao pode ser a distˆancia ou n˜ao. Segundo Levy (1997), a Educa¸c˜ao Presencial re´une seus alunos e o professor de cada classe, num mesmo ambiente f´ısico, com hor´ario de entrada e sa´ıda. A educa¸c˜ao virtual substitui a presen¸ca f´ısica dos alunos no mesmo local, pela participa¸c˜ao numa rede de comunica¸c˜ao eletrˆonica e uso de recursos que favorecem a coopera¸c˜ao, rompendo a barreira espa¸co-tempo.

Para Cropley e Kahl (citado porBELLONI, 2001) entendem-se a educa¸c˜ao a distˆancia

como uma oposi¸c˜ao `a modalidade presencial (esta evidenciada pela figura de um professor, presente na sala de aula), cujo principal procedimento est´a baseado numa intera¸c˜ao em que n˜ao existe contado visual, necessitando de uma elevada aprendizagem individual.

Beiler, Lage e Medeiros (2003) consideram o termo educa¸c˜ao a distˆancia tem como foco a constru¸c˜ao do conhecimento, a colabora¸c˜ao dos participantes. Seu compromisso ´e mais amplo, relacionado com o desenvolvimento da cidadania, com a igualdade de oportunidades de acesso ao saber acumulado pelo homem ao longo da hist´oria.

Para Kenski (2006, p. 55) as escolas virtuais s˜ao:

local em que partilham fluxos e mensagens para a difus˜ao dos saberes, o ambiente virtual de aprendizagem se constr´oi com base no est´ımulo `a realiza¸c˜ao de atividades colaborativas, em que o aluno n˜ao se sinta s´o, isolado, dialogando apenas com a m´aquina ou com um instrutor, tamb´em virtual. Ao contr´ario, construindo novas formas de comu- nica¸c˜ao, o espa¸co da escola virtual se apresenta pela estrutura¸c˜ao de comunidades on-line em que alunos e professores dialogam permanente- mente, mediados pelos conhecimentos.

Entre as diferentes modalidades de educa¸c˜ao a distˆancia temos a educa¸c˜ao online, que, para Moran (2003, p. 39), pode ser definida “como conjunto de a¸c˜oes de ensino- aprendizagem desenvolvidas por meio de meios telem´aticos, como a Internet, a videocon- ferˆencia e a teleconferˆencia”. Para ele, a educa¸c˜ao online teve seu in´ıcio h´a alguns anos e sua interferˆencia na vida das pessoas est´a cada dia maior, tanto nas atividades cotidianas e do trabalho como nas escolas de todos os n´ıveis de ensino.

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Almeida (2003) complementa essa id´eia:

educa¸c˜ao on-line ´e uma modalidade de educa¸c˜ao a distˆancia realizada via internet, cuja comunica¸c˜ao ocorre de forma sincrˆonica ou assincrˆonica. Tanto pode utilizar a internet para distribuir rapidamente as informa¸c˜oes como pode fazer uso da interatividade propiciada pela internet para concretizar a intera¸c˜ao entre as pessoas (ALMEIDA, 2003, p. 332).

Almeida (2003) mostra tamb´em a perspectiva em que:

a EaD ´e uma modalidade educacional cujo desenvolvimento relaciona-se com a administra¸c˜ao do tempo pelo aluno, o desenvolvimento da autono- mia para realizar as atividades indicadas no momento em que considere adequado, desde que respeitadas as limita¸c˜oes de tempo impostas pelo andamento das atividades do curso, o di´alogo com os pares para a troca de informa¸c˜oes e o desenvolvimento de produ¸c˜oes em colabora¸c˜ao. A par disso, o “estar junto virtual” indica o papel do professor como orienta- dor do aluno que acompanha seu desenvolvimento no curso, provoca-o para fazˆe-lo refletir, compreender os equ´ıvocos e depurar suas produ¸c˜oes, mas n˜ao indica plant˜ao integral do professor no curso. O professor se faz presente em determinados momentos para acompanhar o aluno, mas n˜ao entra no jogo de corpo a corpo nem tem o papel de controlar seu desempenho (ALMEIDA, 2003, p. 331).

Considerando a maioria dos cursos oferecidos a distˆancia, observa-se ainda uma funda- menta¸c˜ao muito parecida com ensino presencial: curr´ıculo fixo, orienta¸c˜oes direcionadas, cumprimento de tarefas num determinado tempo. Evidencia-se como maior diferen¸ca a ruptura do espa¸co-tempo e a estrutura uma para muitos, ou seja, um professor atendendo muitos alunos ao mesmo tempo. Relembrando que o Programa de Mentoria da UFSCar difere dos referenciais sobre Educa¸c˜ao a Distˆancia no que refere-se as principais carac- ter´ısticas: n˜ao possui curr´ıculo fixo, oferece atendimento individualizado, valorizando os aspectos sobre a aprendizagem de professores.

De qualquer forma, ao considerar suas potencialidades a educa¸c˜ao a distˆancia, especi- ficamente online, est´a sendo apontada como uma alternativa para enfrentar o desafio da forma¸c˜ao docente nesse momento em que existe a necessidade de investir e auxiliar no seu desenvolvimento cont´ınuo ao longo da carreira.

Hoje entende-se a educa¸c˜ao a distˆancia como forma primordial de educa¸c˜ao do futuro e se procura viabiliz´a-la, mediante projetos que possibilitem uma educa¸c˜ao de qualidade para muitos. Para tal, as mudan¸cas trazidas pelo avan¸co tecnol´ogico precisam ser absor- vidas como conquista da humanidade e utilizadas para propiciar os mesmos avan¸cos no campo da educa¸c˜ao do professores.

EaD: uma alternativa para a forma¸c˜ao de professores

Com a amplia¸c˜ao do acesso por parte dos professores aos computadores e `a internet nas escolas, em casa ou em estabelecimentos especializados, a possibilidade de aquisi¸c˜ao e divulga¸c˜ao do conhecimento profissional por essa via se ampliou de forma consider´avel e a educa¸c˜ao a distˆancia via internet tomou novo impulso no campo da Forma¸c˜ao de Professores.

Para os professores, a internet se constitui um amplo campo de busca por informa¸c˜oes, facilitando as atividades de pesquisas que possam auxiliar na sua pr´atica em sala de aula, mas tamb´em, no seu desenvolvimento profissional. A internet permite ao professor in- tera¸c˜oes virtuais e a participa¸c˜ao em comunidades de aprendizagem permitindo a cada pes- soa integrar-se num grupo, construir redes relacionais, envolver-se num estudo espec´ıfico, colocando-se em contato com outros, construindo/reconstruindo a pr´opria identidade, pessoal e profissional. Para os alunos a internet possibilita participa¸c˜ao em comunidades e a busca por informa¸c˜oes e conhecimentos.

Essa mudan¸ca no processo formativo dos professores e tamb´em dos alunos afeta a intera¸c˜ao entre eles, ocorrendo, por parte do aluno a desvaloriza¸c˜ao do saber centrado no professor e a valorizando um processo de colabora¸c˜ao e intera¸c˜ao produtiva.

Enquanto crian¸cas e jovens desvalorizam a educa¸c˜ao formal, existe uma valoriza¸c˜ao dos adultos trabalhadores por mais escolariza¸c˜ao e mais conhecimento, levando a uma busca incessante por melhor capacita¸c˜ao, no caso dos professores. Em particular, essas capacita¸c˜oes s˜ao em sua maioria, exigidas pelas pol´ıticas p´ublicas e promovidas por ´org˜aos p´ublicos nos tempos livres desses profissionais.

Dada a necessidade dos professores assumirem sua forma¸c˜ao permanente e de quali- dade, a Educa¸c˜ao a Distˆancia surge como uma alternativa podendo ser uma op¸c˜ao “com um custo menor”, a ser realizada em hor´arios alternativos e sem a necessidade da presen¸ca f´ısica.

Atrav´es de ambientes de aprendizagem espec´ıficos, ou ainda, chats e e-mails, profes- sores podem se comunicar de forma s´ıncrona12 e ass´ıncrona13, em qualquer ambiente, de qualquer lugar, a qualquer hora.

Soares (2003) discute a importˆancia de se sentir conectado, mesmo numa intera¸c˜ao

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Comunica¸c˜ao que ocorre em sincronia, ou seja, de forma simultˆanea.

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ass´ıncrona, mostrando que o objetivo maior ´e estar online, ou seja, o interesse pela comu- nica¸c˜ao online ´e maior do que em rela¸c˜ao `a comunica¸c˜ao presencial.

A aprendizagem na Educa¸c˜ao a Distˆancia deve ser flex´ıvel, de modo a atender a de- manda do aluno e modular de maneira a estruturar o curso de acordo com as necessidades espec´ıficas dos participantes, assim o aluno se torna respons´avel por suas aprendizagens, construindo e reconstruindo o saber individualmente, mas principalmente em grupo, tra- balhando em equipe, partilhando experiˆencias e solucionando conflitos, reconstruindo seus conhecimentos (OLIVEIRA, 2002).

No caso do ensino a distˆancia, as dificuldades existentes dizem respeito mais `as tecnologias de acesso que ao relacionamento em si mesmo, uma vez que os di´alogos entre as pessoas envolvidas realizam-se, em geral, sem a press˜ao de preconceitos pr´oprios do relacionamento presencial, relacionado `a cor, etnia, cren¸cas, situa¸c˜ao econˆomica, sexo, peso e idade das pessoas envolvidas (SOARES, 2003, p. 7).

Para Schlemmer (2005):

a EAD consiste em um processo que enfatiza a constru¸c˜ao e a socia- liza¸c˜ao do conhecimento, assim como a operacionaliza¸c˜ao dos princ´ıpios e fins da educa¸c˜ao, de modo que qualquer pessoa, independentemente do tempo e do espa¸co, possa tornar-se agente de sua aprendizagem, devido ao uso de materiais diferenciados e meios de comunica¸c˜ao que permitam a interatividade (s´ıncrona e ass´ıncrona) e o trabalho colabo- rativo/cooperativo (SCHLEMMER, 2005, p. 31).

Nesses diferentes autores pode-se perceber a presen¸ca do conceito empregado pelo Calif´ornia Distance Learning Project, de 1997 sobre a pr´atica educativa em ambientes virtuais:

[...] pr´atica educativa ´e o processo em que:

a. existe total separa¸c˜ao entre o professor e o aluno durante a maioria do tempo em que durar o processo de ensino e de aprendizagem; b. faz-se uso de recursos tecnol´ogicos (educacional media) para unir

o professor (instructor) a seus alunos, os alunos entre si, e para transportar informa¸c˜oes e conte´udos did´aticos;

c. garante-se a existˆencia de comunica¸c˜ao de duas m˜aos, entre profes- sores e alunos;

d. transfere-se o controle do processo de aprendizagem basicamente para os pr´oprios alunos.

Entre os recursos tecnol´ogicos utiliz´aveis podem ser contabilizados: a troca de e-mails, os f´oruns eletrˆonicos, os boletins eletrˆonicos, os chats, os v´ıdeo ou as tele-conferˆencias, entre outros (SOARES, 2003, p. 4).

Com base nas id´eias apresentadas at´e o momento nesse trabalho, o pr´oximo cap´ıtulo apresentar´a a metodologia utilizada para responder `a quest˜ao de pesquisa e em seguida as an´alises dos dados coletados.

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Programas de Mentoria: espa¸cos de