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Efeito da motivação para a certificação e nível de internalização com o

Capítulo 5. Certificação de SGIDI: Análise quantitativa

5.5. Análise de Clusters

5.5.2. Efeito da motivação para a certificação e nível de internalização com o

Foi efetuada uma análise dos indicadores de desempenho do SGIDI, recolhidos para o ano de 2012, para cada um dos grupos. Não foram encontradas diferenças significativas, ao nível da classificação relativa a fatores de motivação para a certificação e internalização do SGIDI.

A análise do efeito da certificação é efetuada analisando a variação dos indicadores económico-financeiros de rentabilidade e produtividade, assim como a variação no número de trabalhadores, um ano antes e um ano depois da certificação (Tabela 31).

Globalmente, verifica-se que a certificação do SGIDI tem um efeito médio positivo sobre todos os indicadores estudados. A rentabilidade das vendas cresceu 3,7% e o retorno dos ativos 4,1%, entre o ano anterior à certificação e o ano seguinte. Maior crescimento foi verificado ao nível dos resultados, com um crescimento médio de 44,6% do EBITDA e na variação do número de trabalhadores, com um crescimento médio de quase 28 postos de trabalho. Estes resultados revelam-se muito positivos quando comparados com os valores nacionais de forte redução de emprego desde 2008, com registos de valores de desemprego crescentes anualmente de 7,6% em 2008 a 16,2 % em 2013 (INE, 2014).

Resultados mais frágeis verificam-se em termos de produtividade do trabalho, com um crescimento médio de 1,6%, o que indica um baixo crescimento do valor acrescentado bruto por trabalhador.

Relativamente aos resultados obtidos pelas empresas, e tendo em consideração a motivação para a certificação e internalização, verifica-se a existência de diferenças estatisticamente significativas para a rentabilidade das vendas: ROS ( =12,010, p < 0,01) e rentabilidade dos ativos ROA ( = 12,359,p < 0,01). A variação do número de trabalhadores também apresenta uma tendência para ser diferente para os diferentes grupos de empresas, embora com 90% de significância (p < 0,1). O que se verifica para a totalidade dos indicadores, à exceção da produtividade do trabalho é que as empresas com baixa internalização apresentam resultados de retorno das vendas (ROS) e rentabilidade dos ativos (ROA) significativamente inferiores às empresas com elevada internalização, independentemente dos fatores de motivação para a certificação, havendo diminuição de emprego, avaliado pelo número de trabalhadores ao serviço no final de cada ano económico (-6,6 postos de trabalho), e nos resultados, avaliados através do EBITDA (-45,3%).

Globalmente, as empresas com elevada internalização apresentam um elevado efeito positivo com a certificação, nomeadamente ao nível da criação de emprego, com crescimento de 47,9% e 36,9%, para os Grupos 1 e 3, respetivamente, e ao nível dos resultados, com crescimento do EBITDA de 99% e 67,6% para as empresas dos Grupos 1 e 3, respetivamente.

Em termos de produtividade do trabalho, avaliada através da variação do valor acrescentado bruto por cada trabalhador, os resultados são praticamente iguais para as empresas dos três grupos, variando entre 1,1% e 1,3%, pelo que se pode considerar que

não é evidente o contributo da certificação pela norma NP4457 para o aumento da produtividade das empresas.

Pode concluir-se assim que, se as empresas tiverem níveis de internalização adequados, apresentarão vantagens muito positivas na certificação do SGIDI, considerando os objetivos de desenvolvimento da NP4457 e também os seus próprios objetivos.

Recordando que as normas surgiram no seguimento da iniciativa DSIE6, Desenvolvimento Sustentado da Inovação Empresarial, importa recordar os objetivos desta iniciativa e da própria NP4457. O DSIE materializou-se com o objetivo de estimular as empresas para o desenvolvimento sistemático e sustentado da inovação, com vista ao reforço das suas vantagens competitivas numa economia globalizada e assente no conhecimento, desenvolvendo uma abordagem prática para transformar as ações de IDI em crescimento e criação de valor. Na mesma linha, surge a NP4457 com o objetivo de reforçar a sua posição competitiva, aumentar a performance ou o conhecimento das empresas, através da implementação de uma nova ou significativamente melhorada solução para a empresa, novo produto, processo, método organizacional ou de marketing, ressalvando que a implementação do SGIDI deve, também, ter efeitos avaliáveis com o propósito de reforçar as vantagens competitivas numa economia cada vez mais assente na transformação do conhecimento em valor (Caetano, 2010; Faceira, 2010; IPQ, 2007).

De acordo com os dados obtidos, pode concluir-se que as empresas, se apresentarem um SGIDI com elevados níveis de internalização, conseguem criar valor, tanto a nível interno como externo, um ano após a certificação. A nível interno, conseguem maior rentabilidade sobre as vendas (ROS) assim como sobre os ativos (ROA). Alguns estudos apontam para uma diminuição nos resultados durante 2 ou 3 anos após a certificação, sendo que só depois se começam a verificar resultados positivos, uma vez que há investimentos associados à certificação que necessitam de algum tempo para serem recuperados (Corbett et al., 2005; Pantouvakis e Dimas, 2010). A nível externo, a criação de valor ocorre ao nível do aumento do número de postos de trabalho (Tabela 31).

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Tabela 31. Efeito da certificação do SGIDI, na variação de indicadores um ano antes e um ano após a certificação, em relação à motivação e práticas de internalização do SGIDI.

Efeitos da certificação na variação de Total amostra Grupo 1 Elevada internalização e conformidade IDI Grupo 2 Baixa internalização IDI Grupo 3 Cumprimento de políticas de IDI e elevada internalização Teste de Kruskall- Wallis (N=25) (N=10) (N=8) (N=7) 2 (sig) ROS (%) 3,7 4,0 2,9 4,2 12,010(0,002) ROA (%) 4,1 4,4 3,2 4,5 12,359(0,002) Número de trabalhadores 27,5 47,9 -6,6 36,9 5,248 (0,072) Produtividade do trabalho 1,2 1,2 1,3 1,1 1,276 (0,528) Resultados (EBITDA) (103 €) 44,6 99,3 -45,3 67,6 1,777 (0,411) Volume de vendas (103 €) 36,3 30,9 -2,7 77,3 2,659 (0,265)

Neste trabalho não foi possível avaliar qualquer efeito ao nível da produtividade do trabalho (a produtividade média do trabalho em Portugal de 2002 a 2011 foi de 0,8% por ano, pelo que esta variação, referente a dois anos, não é significativa)7. Esta constatação pode estar relacionada com uma elevada focalização das empresas na inovação de produto e não na inovação organizacional ou de processos, que levaria a ganhos de produtividade. Esta hipótese foi formulada analisando os resultados do estudo de caso, apresentados no capítulo seguinte. De facto, as empresas focam a sua inovação na criação de valor e lançamento de novos produtos, ou na entrada em novos mercados. Desta forma, a introdução de melhorias que levem a ganhos de produtividade, não é verificada.

5.6. Análise de correlação

Tendo em consideração o modelo conceptual de investigação, foi feita a verificação das relações entre os fatores de motivação e internalização extraídos. Os valores utilizados foram as médias das pontuações das variáveis associadas a cada fator. A correlação foi

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avaliada através de análise de correlação de Pearson, testando, assim, as hipóteses de trabalho H1, H2 e H3 (Tabela 32).

Tabela 32. Sumário das relações entre as variáveis (hipóteses de trabalho em estudo). Hipóteses Motivação externa Motivação interna Internalização Significância

H1 Motivação para marketing Motivação para a criatividade e novos projetos r=0,573, p<0,01 N=30 H2 Motivação com políticas governamentais Desfasamento das práticas r=0,412, p<0,05 N=28 H3 Motivação para a criatividade e novos projetos Adequação da documentação r=0,604, p<0,01 N=27 Reuniões de IDI r=0,462, p<0,05 N=29 Gestão do conhecimento Formação r=0,505, p<0,01 N=29 Satisfação e valorização de AI r=0,567, p<0,01 N=27 Melhoria r=0,518, p<0,01 N=26

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