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EFEITOS DA NÂO MOTIVAÇÃO E ATIVIDADES LÚDICAS i) Frustração – Resignação – Agressão

Estudantes motivados se empenham mais, se envolvem mais. Isso é fato. A motivação é o ponto de partida para se construir um ambiente propício ao aprendizado. Para que o ambiente seja favorável a assunção de posturas, condições e ações que atinjam o obejtivo pré-determinado é mais importante do que se pensar em práticas pouco eficazes. Um exemplo claro disso é a aplicação de atividades lúdicas em sala. Tais dinâmicas são produzidas mais para promover uma relaxing class, o que não significa que os alunos estejam motivados na disicplina.

O ambiente psicológico da sala de aula (DÖRNEY, 2001, p. 41) é constituído por um número de componentes diferentes. Um destes é a forma como o professor lida com os alunos. Quando há segurança e apoio aos estudantes, a regra da tolerância prevalece, fazendo com que os estudantes sintam-se confortáveis e assumam riscos porque sabem que não serão ridicularizados ou criticados ao errarem.

Algumas vezes, a prática de atividades lúdicas podem causar constrangimento ao estudante e fazê-lo desistir completamente da aula, retraindo-se ou afastando-se totalmente do curso. Quando estudava Espanhol, testemunhei situação parecida. O professor, tentando gerar um clima “alegre” na aula pediu a uma aluna, em tom de brincadeira, para dizer o significado de saco, que em Espanhol significa paletó. Ela não entendeu a brincadeira. Resultado: chateou-se com o professor e afastou-se da turma.

Não se pode dizer, no entanto, que as atividades lúdicas não são úteis para melhorar o nível de humor na aula. Mas é preciso entender que elas não passam de técnicas e como tais devem ser executadas com certa dose de parcimônia. A estratégias, portanto, são algo a mais. Já o dissemos. Trata-se de algo diferente em cada indivíduo. Cada indivíduo tem motivações diferentes para criá-las ou executá-las, pois suas realidades são também diferentes.

A heterogeneidade e a relatividade das atitudes fazem-nos ter a nítida idéia de que estamos sempre nos renovando em favor da nossa auto-realização. Só que não podemos pensar numa auto-realização estática, limitada. A todo momento sentimos a necessidade de nos realizarmos. Quando não conseguimos atingir o objetivo estabelecido anteriormente, então ocorre a frustração, isto é, quando as necessidades não são atendidas. Como consequência, agimos através da fuga ou da compensação como resposta ao aumento da ansiedade.

Maximiano (2004), conforme demonstrado no quadro da página 37, diz que quando a motivação não atinge o resultado esperado, ocorre, além da frustração, a

resignação ou a agressão. Na resignação o grupo ou a pessoa se deixa abater pela

frustração e se entrega a um estado de desânimo ou de fatalidade. A partir daí, o indivíduo desiste de lutar pelos seus desejos porque entende que uma força maior do que a dele assim o quer. Ex: vontade de Deus, ordem dos pais ou dos chefes, etc.

Para Lieury & Fenouillet (1996), o processo de resignação na criança é atribuído à não-aprendizagem devido a uma inadequação pessoal. Isso não é diferente do que acontece com adolescentes e adultos. Se o aluno desiste de estudar Matemática por

sentir-se incapaz de aprender essa disciplina, resigna-se e acomoda-se na sua suposta incapacidade.

As crianças resignadas [...] não esperam mais ter sucesso. Além do mais, começam a ter sentimentos negativos. O principal é uma aversão pela tarefa, declaram-na enfadonha e revelam-se ansiosas, mesmo que, pouco antes, tenham achado agradáveis tanto a tarefa como a situação. (LIEURY & FENOUILLET, 1996, p. 98). De acordo com (MAXIMIANO, 2004, p. 273) a agressão representa uma forma de ataque físico ou verbal, associado ao sentimento de ira e hostilidade. Pode ser um palavrão, um chute na parede ou uma ofensa direta ao professor. Exemplo: palavrão, quebrar objetos, bater em alguém, etc.

As reações relacionadas à não - motivação variam de um indivíduo para o outro. Essas reações são o resultado, muitas vezes, de um processo de desmontamento das expectativas que perdura por muito tempo. Por isso, faz-se importante observar todos os momentos do ensino-aprendizagem, avaliando as falhas e as qualidades para combater os pontos fracos de forma a normalizar os ganho e perdas dos sujeitos envolvidos no processo.

Figura 5. Modelo adaptado de Maximiano (2004, p.273) Quadro 4. Adaptado de Maximiano, (2004, p. 273).

O desempenho do aluno com a participação dos seus colegas e professores é fundamental para que o resultado satisfatório advenha. Não alcançar o resultado positivo não significa que o processo de ensino-aprendizagem está condenado a dar errado. Pelo contrário, em alguns sistemas as operações são feitas de modo a esperar um resultado não tão significativo, contudo, adequado à situação do grupo ou da pessoa.

Em se tratando de motivação, os resultados negativos não podem ser descartados como se fossem dados irrelevantes. Se surgem mais resultados negativos do que positivos estes podem ser usados para uma avaliação mais criteriosa sobre o porquê de não se haver obtido resultados mais satisfatórios. Devem servir também como

Frustração Busca de atividade ou recompensa alternativa, busca pela compensação.

Resignação Conformidade, apatia, desistência.

motivação para a continuidade do processo ou o seu recomeço. Isto vai depender de todos os envolvidos nas tarefas: alunos e professores.

Um exemplo disso é a reprovação no vestibular. Muitos estudantes perdem dias e noites estudando para conseguirem aprovação em cursos altamente concorridos como Medicina, Direito, Odontologia, dentre outros. Quando não conseguem, sua motivação é frustrada naquele momento. Mas, ao invés de se desestimularem, os “derrotados” no certame, costumam voltar a praticar as mesmas tarefas e a se empenharem, em alguns casos, muito mais para a futura prova. A combinação do esforço com o desempenho e o resultado continua a valer, só que sempre tentado reverter o valor do resultado obtido anteriormente.

Se não fosse a motivação intrínseca, os estudantes não se estimulariam a desenvolver novas tarefas para o mesmo objetivo. Se apenas estivesse presente a motivação extrínseca, aquilo que lhes interessava exteriormente não mais teria o mesmo significado depois do resultado negativo. Em sendo assim, não estariam estimulados a recomeçar. De acordo com Lieury & Fenouillet (1996), quando os indivíduos estão intrinsecamente motivados, tendem a atribuir a si mesmos a causa de sua atividade (“isso me interessa”), sentem-se auto-determinados. Ao contrário, se estão extrinsecamente motivados, a causa de sua atividade parece-lhes externa (escola obrigatória) e, conseqüentemente, sentem-se menos determinados.

Um entendimento amplo sobre motivação é muito útil para as avaliações comportamentais dos grupos a fim de podermos aferir o quanto tal grupo conseguiu manter e/ou aumentar o seu entusiasmo. Os conceitos ajudam-nos a formar um arcabouço teórico sobre aquilo com o qual lidamos no dia a dia. Entretanto, o espaço de estudo da motivação é amplo e maleável em relação às novas idéias e outros saberes.

Witter (1984) afirma o seguinte:

O construto utilizado no caso de motivação deve ser consistente com o restante dos conceitos, das regras e dos princípios que compõem a teoria. O fato de usarem o mesmo vocábulo não quer dizer que vários autores estejam se referindo a um mesmo fenômeno, a um conjunto idêntico de variáveis. (WITTER, 1984, p. 38).

Estar motivado significa criar expectativas e, principalmente, mantê-las. Essa relação consciente, mas conflituosa, entre criar e manter desejos e projetos faz parte de todo um processo de “ganhos e perdas” entre as partes. Estas perdas e ganhos estão

relacionadas às experiências onde há trocas de informações, colaboração de métodos e metodologias capazes de viabilizar tarefas para se atingir um determinado resultado.

O resultado, por sua vez, é inteiramente dependente dos dois processos que o antecedem e que os chamo de desejo e ação. Mas não é demais dizer que sem ação que compreenda esforço e desempenho não haverá resultado satisfatório.

É pouco provável alguém sentir-se feliz quando não faz a sua lição de casa antes de partir para outras empreitadas. O dever de casa é a criação e a manutenção do seu projeto pessoal de vida. O indivíduo tem de se questionar porque está no mundo, se ele pode ser útil para si e para os outros e se o seu desejo é crescer intelectual, cultural e economicamente.

Se a motivação interior é muito forte e focada no alvo, sua existência será duradoura e, provavelmente, alcançará o resultado positivo. As forças da natureza, como em qualquer processo dual de interferência, estarão sempre agindo de forma a provocar, instigar, opor-se ao que a pessoa busca. Cabe a essa motivação interna, iniciada pelos questionamentos existenciais, estabelecer um propósito forte contra todas as adversidades.

No caso do ensino de língua inglesa como língua estrangeira, a situação é muito semelhante. Observemos que as condições adversas ao estudante, quase sempre, são maiores do que as favoráveis. Se não houver, por parte desse aluno, um forte propósito direcionado para tal conquista, por certo, haverá a frustração, ocasionando a resignação ou a agressão. Neste caso, cabe a avaliação contínua do processo, tanto do aluno quanto do professor.

Para Piaget (2006), a avaliação do trabalho contínuo do aluno não está relacionada apenas ao professor. Num ambiente de métodos ativos, o aluno pode dar seu pleno rendimento, enquanto em qualquer outra situação própria dos métodos receptivos o perigo é superestimar os fortes, sem perceber as qualidades daqueles que não têm chance de se manifestar.

1.7 MOTIVAÇÃO: ESTÉTICA DA SENSIBILIDADE.