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CAPÍTULO II – AS COMUNIDADES VIRTUAIS e AS REDES SOCIAIS

2.2. Os efeitos sociais do mundo digital

A mudança ocorrida no mundo digital teve efeitos bastante claros para a presente época (outubro/2006). Segundo DRUCKER (1993), o mundo já vive há um bom tempo a era da Sociedade de Informação, na qual um dos valores mais importantes a ser considerado é o Capital Intelectual, ou ainda, o Capital do Conhecimento. Essa constatação mostra-nos que o principal capital da nossa sociedade tem uma fluidez e uma capacidade de migração muito elevadas.

Vamos considerar as diversas formas de representação do conhecimento, que podem estar no formato de uma tese, em um modelo matemático ou codificado em um algoritmo. Na maioria das vezes, esse conhecimento está nas mentes das pessoas e, quando esse conhecimento não está explicitado em livros ou em outra forma de armazenamento, nós recorremos às pessoas que possuem os conhecimentos que buscamos. Fazemos isso por meio dos diretórios de localização de pessoas (pode ser uma agenda pessoal, a lista telefônica ou Google / Yahoo). Não somente as teses acadêmicas já estão sendo digitalizadas, como vemos também que os diretórios já estão, em muitos casos, armazenados nos meios digitais, portanto podem ser alcançados através de rede digital. Esse catálogo de pessoas já pode ser considerado uma rede social, voltado para uma área de conhecimento.

Mais recentemente WELLMAN (2000) relata-nos que, quando uma pessoa necessita de alguma ajuda, ela pode comprá-la, fazer a troca por ela, roubá-la, recebê-la do governo ou obtê-la através da sua “Comunidade de rede pessoal”. Essa rede pessoal é tanto mais poderosa quanto maior for a participação dos seus membros nas comunidades. Hoje, essas redes são ainda mais potencializadas por meio das participações dos seus membros nas conexões via Internet. Ainda, segundo esse artigo, é possível notar que, ao participar de uma comunidade virtual dentro do Universo Digital via Internet, qualquer pessoa pode desfrutar de um Capital que outrora levaria muitos anos para construir. No nosso julgamento, o modelo de conexão permanece similar ao do passado, a rede pessoal continua funcionando no mesmo formato, porém

a velocidade de construção da rede e os encontros entre as pessoas participantes da rede pessoal são muito mais freqüentes, dada a facilidade de contato via internet. Uma das questões estudadas por BUCHANAN (2002) acerca do conceito de Pequeno Mundo (small world), são as coincidências cotidianas das pessoas conhecidas que se encontram ao acaso nos lugares públicos. Essas coincidências demonstram que nós vivemos em pequenos círculos de relacionamento (clusters), conectados por ligações não muito fortes com outros Pequenos Mundos. Essa mesma lógica é aplicável ao mundo virtual com o diferencial de que a velocidade com que nós podemos nos encontrar uns com os outros é muitas vezes maior, em um intervalo de tempo muito menor, comparado ao que seria necessário nos moldes presenciais.

A outra questão para se estudar o mundo digital é devido ao fato de que o mundo digital modificou a dimensão antropológica com a introdução da cultura digital. SANTOS (2002) mostra-nos que o crescimento de relacionamento entre pessoas é indexado principalmente pelo desempenho do uso intensivo da rede mundial, crescimento este que é acelerado pela multiplicação das quantidades de terminais telefônicos, principalmente os celulares. Essa mudança é potencializada pela globalização: diferentes povos, ao se depararem com a globalização, não adotaram os valores e costumes impostos pelas grandes potências, mas adaptaram a sua cultura de uma forma sutil. APANDURAI (2005) apresenta nesse contexto a relevância de dois fatos: a media e a migração os quais atuam em conjunto, de forma interconectada, como fatores constitutivos para a subjetividade moderna, afetando principalmente a imaginação das pessoas.

A categoria Imaginação foi atingida de uma forma profunda nas sociedades do mundo inteiro. A tecnologia em si não a tocou diretamente, porém, por meio da sua atuação indireta, houve um efeito profundo na modificação da dimensão cultural advinda da capacidade imaginativa que o novo meio de comunicação trouxe aos usuários pelas novas medias. Entendemos que a mudança tecnológica não foi a única responsável pela mudança cultural. A mobilidade dos migrantes e imigrantes também modificou sua cultura natal e, com o seu retorno a sua localidade original, eles se tornaram agentes de transformação nos meios onde viviam, levando uma nova forma de pensar e agir.

Queremos ressaltar que, em seu artigo, ADAMIC (2002), realizou um estudo com Nexus Club, uma espécie de comunidade de estudantes da Universidade de Stanford. Essa comunidade é constituída virtualmente por meio de um sítio de relacionamento. A regra de funcionamento é que todos os membros façam parte do diretório dos alunos da universidade. A forma de participação é através dos convites feitos pelos membros que já estão inscritos. Essa premissa faz com que o escopo seja limitado em termos de perfil geral dos participantes, pois todos têm alguma semelhança (são estudantes de uma instituição de ensino superior). Evidentemente existem outros atributos comuns entre os membros, mas entende-se que o ambiente pesquisado é controlado.

Listando algumas das conclusões do seu trabalho destacamos:

Os alunos da área de letras clássicas Inglês relacionam-se com aquelas que compartilham de hábitos e de perfis semelhantes e também se consideram responsáveis e não “modernas”.

Esse estudo aponta que existe um padrão de relacionamento em grande escala com diferentes variáveis. A riqueza dessa informação pode ser usada para criar um modelo dinâmico de como espalhar idéias por meio de uma rede e como localizar uma pessoa através dos seus contactos.

Um dos resultados práticos da pesquisa foi a construção do sítio de relacionamento ORKUT que se tornou em um dos maiores do mundo (senão o maior) em quantidade de associados.

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