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6. DISCUSSÃO

6.2. Efeitos do treinamento resistido

Os resultados encontrados neste estudo revelaram que 24 semanas de TR promoveram aumentos significativos no pico de torque isocinético de extensores do joelho, na massa livre de gordura total e relativa, na massa livre de gordura apendicular total e relativa de mulheres idosas e redução significativa do percentual de gordura.

De fato, tem sido observado que os diversos tipos de treinamento de força, ou seja, os isométricos, isotônicos e isocinéticos induzem aumentos da força muscular tanto em idosos independentes, quanto em idosos mais frágeis (LEXELL, 1995; FRONTERA et al., 2000), podendo os ganhos variar na magnitude de 10 a 180% (FRONTERA et al., 2000; FRONTERA & BIGARD, 2002). Assim, esse tipo de treinamento tem sido notavelmente aplicado em vários estudos (RABELO et al., 2004; BENEKA et al., 2005 ; HOST et al.,

2007; KNUTZEN et al., 2007; TERRA et al., 2008) como meio mais eficaz para minimizar a diminuição da força e massa muscular em idosos (FRONTERA et al., 1998; LEXELL, 2000), inclusive em nonagenários (FIATARONE et al., 1990). De fato, o presente estudo também pode constatar isso, ao demonstrar aumentos na MLG, MLGA e na força muscular, especialmente de extensores dos joelhos o que permite melhor desempenho em atividades de locomoção, de subir escadas, levantar-se da cadeira, além de outras atividades da vida diária que possivelmente poderão proporcionar mais autonomia e qualidade de vida.

O aumento do PT verificados neste estudo em valores percentuais foi de 15,6%, (dado não ilustrado na tabela 3) está em consonância aos achados de Beneka et al., (2005), os quais demonstraram aumento de 15,2 % no pico de torque isocinético dos extensores do joelho a uma velocidade angular de 60 º /s ao submeter durante 16 semanas, 8 idosas à um treinamento de força de alta intensidade (90% de 1RM). Da mesma forma, recentemente Eyigor et al., (2007), registraram valores semelhantes ao nosso. No citado estudo, o pico de torque isocinético dos extensores de joelhos a 60º/s de 20 mulheres idosas aumentou 17%, após 8 semanas de treinamento com exercícios de caminhada, equilíbrio, força e flexibilidade. Entretanto, em relação ao estudo de Carvalho et al., (2003), o presente estudo apresentou valores superiores. Tal estudo registrou aumento de 5,1% na avaliação isocinética dos extensores de joelhos também a 60º/s, ao aplicar durante 24 semanas o treinamento de força a 70% de 1RM, duas vezes por semana e complementados com mais 3 vezes na semana de “ginástica de manutenção” em 19 mulheres idosas. Por outro lado, Host et al., (2007) demonstraram valores superiores ao nosso, ao constatarem aumentos de 19%. Todavia, vale ressaltar que nesse estudo a intervenção ocorreu em idosos de ambos os sexos o que dificulta uma comparação mais acurada, uma vez que existe a possibilidade de diferença na magnitude dos ganhos de força muscular entre homens e mulheres. Além disso, os valores das médias

antes e após a intervenção foram inferiores ao nosso, portanto reforçando a idéia de que os ganhos são maiores quando o nível de aptidão é menor.

Ao se compararem o GE com o GC (tabela 3) constata-se que o GC apresentou valor significativamente maior de PT na linha de base, contudo após a intervenção do TR não houve diferença significativa entre os grupos, demonstrando assim que o GE apresentou maior aumento de PT em relação ao GC, além disso, o GE demonstrou valor superior em relação ao GC no pós-teste. Este resultado está em consonância aos achados de (BENEKA et

al., 2005; REEVES et al., 2005), os quais também demonstraram que idosos que foram

submetidos ao TR apresentaram resultados superiores aos que não realizaram o TR, além de corroborar os estudos (RABELO et al., 2004; REEVES et al., 2006; KNUTZEN et al., 2007), nos quais também evidenciaram tal fato, embora nestes estudos a avaliação da força tenha sido por meio do teste de 1RM.

Os ganhos de força muscular estão associados a fatores neurogênicos e miogênicos. A adaptação neural, através de mudanças no sistema nervoso central permite melhor eficiência no sincronismo e recrutamento das unidades motoras, explicando assim os ganhos de força muscular. (DUCHATEAU et al., 2006). Esse mecanismo é claramente reconhecido para elucidar os ganhos de força em idosos. Nesse sentido, (MORITANI & DEVRIES, 1980; FLANIGAN et al.,1998) evidenciaram que o incremento na força muscular de idosos ocorre sem hipertrofia muscular. Contudo, o aumento da secção transversa do músculo também representa um fator importante para tais ganhos (FIATARONE et al., 1994). Nesse contexto, alguns estudos (FIATARONE et al., 1994; CHARRETE et al., 1991; REEVES et al., 2004 ) evidenciaram aumentos na área da secção transversa do músculo em idosos submetidos à intervenção de exercícios resistidos. De fato, esses achados podem ser reforçados com os resultados encontrados no presente estudo, uma vez que se observaram aumentos significativos na MLGT e MALG no GE quando se comparam o pré e pós- testes. Nesse

mesmo sentido, Frontera et al., (2000) evidenciaram aumentos significativos na área muscular total de idosos após 12 semanas de TR. Fiatarone et al., (1994) reforçam ainda tais achados ao demonstrarem que a hipertrofia muscular acontece mesmo em nonagenários. De fato, o aumento de massa muscular encontrado no presente estudo possivelmente pode ter contribuído para o aumento do PT, estando em consonância aos achados de Lindle et al., (1997), o qual afirmou que existe uma associação entre força e massa muscular.

Um aspecto importante que deve ser considerado em relação aos incrementos da área da secção transversa nos estudos acima citados, refere-se ao fato que todos eles aplicaram intervenções de TR com sobrecargas mais elevadas, mesmo que de forma progressiva como o presente estudo. De fato, um estudo conduzido por Bunout et al., (2006) em idosos chilenos com deficiência de vitamina D por um período de 9 meses com cargas abaixo de 65% de 1 RM, foi constatado que os voluntários aumentaram a força muscular, porém não obtiveram desenvolvimento da massa muscular.

Embora ainda permaneçam pouco esclarecidos os mecanismos que levam ao aumento da secção transversa do músculo em idosos, pode se especular, no entanto que um possível mecanismo seria pelo aumento das células satélites. Recentemente, Verdijk et al., (2009) demonstraram que o tecido muscular de indivíduos idosos ainda é capaz de induzir a proliferação de células satélites, resultando na hipertrofia das fibras musculares tipo II, em resposta a um programa de treinamento resistido de 12 semanas em 13 homens idosos.

No presente estudo, o TR foi aplicado com cargas progressivas de 60 a 80% de 1RM, mantendo a maior parte da intervenção a 80 % de 1RM, o que permitiu aumento significativo de 15,6% no pico de torque isocinético dos extensores de joelhos e na massa livre de gordura de mulheres idosas. Além disso, é importante destacar que não ocorreu nenhum efeito adverso durante as sessões de TR como também durante a avaliação no dinamômetro isocinético, o que demonstrou a segurança deste tipo de treinamento para a população idosa, reforçando os

achados de (NICHOLS et al., 1993; FIATARONE et al., 1994; BENEKA et al., 2005), os quais também destacaram que o TR com altas sobrecargas é seguro.

Esses resultados são relevantes uma vez que existe alguma relutância na aplicação de altas cargas de treinamento em pessoas idosas, contudo, é importante ressaltar que os ganhos são maiores nesse tipo de treinamento (ANIANSOON & GUSTAFSON, 1981; MORITANI & DEVIRES 1980; HARGERMAN et al., 2000). Nessa perspectiva, Beneka et al., (2005) num estudo cujo o objetivo foi determinar qual tipo de treinamento, de baixa (50% de 1RM) moderada (70% de 1RM) ou alta intensidade (90% de 1RM) promoveria melhoras na força isocinética de extensores de joelhos de homens e mulheres idosos, constataram que o treinamento de alta intensidade apresentou resultados significativamente melhores em relação ao de baixa e moderada intensidades. Os aumentos encontrados na baixa, moderada e alta intensidades foram respectivamente de 3,7%, 8,2% e 11,2% nos homens e de 5%, 7,1% e 15,2% nas mulheres. Da mesma forma, os achados de Rabelo et al., 2004 demonstraram que os ganhos de força foram superiores com o treinamento a 80 % de 1RM comparado à 50 % de 1RM em idosas. Contudo, esses autores evidenciaram que o desempenho para a efetivação de atividades da vida diária foi similar em ambas as intervenções (50% e 80% de 1RM).

Os benefícios alcançados com o TR incluem além do incremento da força e massa muscular, outros que certamente contribuem para a saúde da população idosa, tais como, aumento da massa óssea, flexibilidade, equilíbrio dinâmico, além de auxiliar na redução de sintomas nas doenças crônicas não transmissíveis como diabetes tipo 2, osteoporose e outras (SEGUIN E NELSON, 2003). Nesse sentido, recentemente os achados de Terra et al., (2008) evidenciaram redução do duplo produto e pressão arterial de repouso ao submeter 26 idosas exclusivamente à um programa TR com cargas progressivas de 60 a 80 % de 1 RM. Jankowska et al., (2008) também evidenciaram aumentos significativos de força muscular, melhora do estado clínico e qualidade de vida em 10 homens idosos portadores de

insuficiência cardíaca crônica. Adicionalmente, esses autores relataram que o TR é seguro para pacientes com essa patologia. Da mesma forma, Ouellete et al., 2004 reportaram que esse tipo de intervenção melhora a força muscular e adicionalmente reduz as limitações funcionais em indivíduos que sofreram acidente vascular cerebral. Esses resultados mostrados acima corroboram os achados de Kraemer e Ratames (2004), os quais recomendaram esse tipo de intervenção para pessoas portadoras de doenças cardiovasculares.

6.3. Genótipos do polimorfismo FokI do VDR, fenótipos musculares e adaptações ao

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