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Capítulo III – Direitos Humanos e Ressocialização

3. Efetivação da Ressocialização

O termo ressocialização refere-se ao trabalho para a inserção social de um indivíduo que já esteve plenamente integrado ao convívio social anteriormente131. Através da análise da situação

prisional e dos instrumentos de controle social no Brasil, verifica-se que a ressocialização é um dos maiores desafios para o restabelecimento de diversos direitos humanos que estão sendo gravemente violados, tanto dos condenados, quanto da sociedade, sendo necessária a devida aplicação de instrumentos capazes de contribuir para a mudança do indivíduo.

As discussões oficiais sobre instrumentos utilizados no tratamento dos reclusos em sistemas penitenciários surgiram no primeiro Congresso das Nações Unidas Sobre Prevenção ao Crime e o Tratamento de Delinquentes, que ocorreu em Genebra, em 1955. Na ocasião foram estipuladas regras mínimas aplicáveis às prisões de todos os países. Durante o segundo Congresso, realizado em 1975, foi aprovada a proteção contra a tortura e outras penas ou tratamentos cruéis132.

Para Beviláqua, a decisão pela criminalidade está ligada à ausência de princípios éticos e morais, valores culturais e sociais, expectativa de progresso de vida e outras situações que precisam ser trabalhadas desde a infância. Quando o devido trabalho não é realizado ou torna-se eficaz, devem ser inseridos estes valores durante e após o cumprimento de pena. Nesse sentido, menciona133:

A moral e o direito (...) criam, pouco a pouco, uma inclinação para a atividade humana, que vai sempre se afirmando, desde a infância, por meio da educação doméstica e escolar, até a virilidade, por meio das penas jurídicas e dos diversos freios da moral. Organiza-se então o senso moral e jurídico que fornece estímulos de ação e juízos para a conduta de cada um. Se esses estímulos são fortes e esses juízos seguros, a atividade intelectual se desdobrará em harmonia com o desenvolvimento da vida social; se tais estímulos, ao contrário, forem fracos ou nulos e os juízos forem incertos ou falsos, já essa concordância não poderá perdurar. Aparecerão choques que denominamos ações reprováveis ou crimes.

Não obstante, diversos direitos não têm sido devidamente assegurados pelo Estado, não apenas na maioria dos sistemas prisionais, mas em diversas esferas da sociedade. O crescimento populacional e a ineficácia dos instrumentos de controle social formal no Brasil implicam a necessidade da expansão de controles informais, que deveriam ser primordiais, resultando também na diminuição de vastos gastos governamentais com instrumentos, agentes e instituições de segurança.

Os fatores exógenos, especialmente a educação, são mecanismos essenciais no combate ao crime. Nesse sentido, Roberto Ribeiro elucida que as prisões precisam ser revistas, aderindo à prática

131 VOLPE FILHO, Clovis Alberto, Ressocializar ou não-dessocializar, eis a questão. DireitoNet, 2010, disponível em:

http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/5081/Ressocializar-ou-nao-dessocializar-eis-a-questao. [09.05.2019]

132 UNODC, United Nations Office on Drugs and Crime, Congresso das Nações Unidas sobre prevenção ao crime e Justiça Criminal 1955-2010, 55 anos de

conquista, Rio de Janeiro, 2010. p. 02.

de uma educação que demonstre a utilidade do detento para reconstruir seus valores morais e possibilitar a ressocialização, a constar:

Isto seria educar, ressocializar, corrigir, além de colaborar com o próprio juízo axiomático do detento, que olhará para si mesmo não mais como um animal enjaulado, mas como alguém que errou e está sendo educado para não cometer novos erros. (...) A educação é de forma insofismável a melhor prática para diminuirmos os delitos e os crimes cometidos em nossa comunidade. Esta educação deve começar no início da vida humana, ainda na fase infante, é "tomar crianças, fazê-las adotar pela pátria, prepará-las em escolas, ensinar sucessivamente a postura". Recordo-me de pensamento do incrível jurista Pontes de Miranda sobre o assunto: "Preparemos todas as crianças em idade escolar, alinhemo-las todas, no mesmo ponto de partida! Só assim daremos a todas as mesmas possibilidades; só assim faremos obra de justiça social, de cooperação leal e de fraternidade134.

Observado o reflexo da força dos estímulos endógenos e exógenos na ação humana, bem como o papel da educação para a afirmação dos valores morais, pode ser verificado que a educação é um fator primordial para a reintegração do indivíduo e parte imprescindível no processo de ressocialização, de importância indispensável na formação de valores humanos, desde a infância e os primeiros relacionamentos interpessoais, tendo em vista que o afastamento destes valores pode ocasionar ações as reprováveis ou os crimes.

Nesse sentido, através da formação educacional para a ética, moral, cidadania e direitos humanos, o indivíduo tem a possibilidade de aprender a viver em sociedade respeitando as diferenças, trocando experiências, oferecendo apoio e desenvolvendo a consciência de que também depende de outras pessoas, sendo os educadores e familiares responsáveis pelo ensinamento de valores éticos e morais, com o apoio dos instrumentos que devem ser devidamente oferecidos pelo Estado.

Para Beccaria135 a formação educacional e a acessibilidade da norma são fundamentais para

que os indivíduos tenham conhecimento dos direitos, deveres e sanções aplicáveis, diminuindo atitudes delitivas, pois quanto menor o conhecimento e as oportunidades, mais suscetíveis estão a serem manipulados e influenciados pelo que lhes for imposto.

Durkheim aduz que quanto mais eficiente é a educação mais desenvolvida é a comunidade, pois o ser social é produto da sociedade e resultado da absorção de normas e princípios éticos, morais, religiosos e comportamentais136. A educação é capaz de fomentar a cidadania, democracia, justiça,

moral, ética, dignidade e outros valores individuais e sociais. Para Teixeira, a garantia de um Estado Democrático de Direito depende dos investimentos na educação137.

Nesse sentido, verifica-se a importância do controle social que deve exercido através da educação, a qual é um direito constitucionalmente previsto para ser exercido de forma universal e

134 Cf. ROBERTO RIBEIRO, Vigiar e Punir - Ideias sociais e jurídicas na obra de Foucault. Revista Magister de Direito Penal e Processo Penal. São Paulo:

LEX/Magister, 2013, disponível em: https://jus.com.br/artigos/32747/vigiar-e-punir. [19/08/2019].

135 Cf. CESARE BECCARIA, Dos Delitos e das Penas, São Paulo: Hunter Books, 2012, p. 117-118.

136 Cf. DURKHEIM, Émile, Educação e Sociologia. 11ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978.

gratuita, tanto durante o período escolar quanto durante o cumprimento de pena, especialmente observado o baixo nível educacional dos presos. Segundo o relatório da II Conferência Nacional da Educação, a educação de qualidade oferece a formação para o desenvolvimento do aspecto individual, cultural, científico, político, econômico e social, estando diretamente relacionada aos direitos humanos e sendo capaz de desenvolver responsabilidades em diversos âmbitos, senão vejamos:

A educação de qualidade visa à emancipação dos sujeitos sociais e não guarda em si mesma um conjunto de critérios que a delimite. É a partir da concepção de mundo, ser humano, sociedade e educação que a escola procura desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes para encaminhar a forma pela qual o indivíduo vai se relacionar com a sociedade, com a natureza e consigo mesmo. A “educação de qualidade” é aquela que contribui com a formação dos estudantes nos aspectos humanos, sociais, culturais, filosóficos, científicos, históricos, antropológicos, afetivos, econômicos, ambientais e políticos, para o desempenho de seu papel de cidadão no mundo, tornando-se, assim, uma qualidade referenciada no social. Nesse sentido, o ensino de qualidade está intimamente ligado à transformação da realidade na construção plena da cidadania e na garantia aos direitos humanos. (...) É fundamental atentar para as demandas da sociedade como parâmetro para o desenvolvimento das atividades educacionais. (...) Este direito se realiza no contexto desafiador de superação das desigualdades e do reconhecimento e respeito à diversidade de modo a constituir responsabilidades em todas as esferas138.

A ação do Estado e da sociedade para a concretização do direito à educação é imprescindível para a conscientização e o desenvolvimento de valores que fomentem o trabalho e a cidadania, gerando a busca pelo conhecimento, sendo necessária para a aplicação da justiça e dos direitos humanos. Joaquim Salgado139 aduz que fornecer um direito sem instrumentos suficientes para sua

execução é “hipocrisia constitucional”. Para o autor, a sociedade civilizada depende da educação, que a norteia e deve ser prioritária, fazendo com que os indivíduos possam participar da sociedade e usufruir de suas instituições.

Para Monteiro e Mendonça140, a conscientização do cidadão como portador de direitos e

deveres é o meio adequado para que possa construir novos valores e atitudes fundados no respeito aos direitos humanos, não enquanto mero instrumento de transmissão de conhecimento, mas de construção de normas e valores individuais e sociais.

Através da formação e capacitação dos reclusos, pode ser possibilitada a construção de uma responsabilidade social capaz de despertar novos princípios e valores, capacitando o indivíduo para exercer sua liberdade sabendo respeitar outros cidadãos. A ineficácia do sistema educacional brasileiro, muitas vezes, priva os cidadãos de conhecerem ou saberem exercer seus direitos e deveres na sociedade; ou ainda, são obrigados a rejeitá-los, como muitos que abdicam da liberdade de ir e vir para

138 Cf. Conferência Nacional da Educação, 2014, disponível em: http://fne.mec.gov.br/images/doc/DocumentoFina240415.pdf. [18.05.2019].

139 Cf. JOAQUIM CARLOS SALGADO, Pontes de Miranda e o Direito à Educação: Exposição Crítica, 2012.

140 Cf. AÍDA MONTEIRO; ERASTO FORTES MENDONÇA, O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, In: Brasil Direitos Humanos, 2008: A

adequar-se à situação ocasionada pela violação de outro direito, a segurança, diante da ameaça de perder o direito à vida e à propriedade.

Aristóteles ensina que a educação é capaz de desenvolver as condições necessárias à segurança da democracia e à saúde do Estado, sendo por meio de uma educação para as virtudes que o Estado forma bons cidadãos e desenvolve a ética e a política, capacitando-os para legislar e governar, afirmando que a teleologia da educação é formar o indivíduo para viver em comunidade141. Nesse

sentido, explana que três elementos podem tornar o homem bom e virtuoso: a natureza, os costumes e a razão. A natureza origina as qualidades de corpo e alma, mas os costumes as transformam, desenvolvendo as qualidades e dando a elas, conforme a razão, tendência para o bem ou para o mal142.

Verifica-se a importância da educação para o desenvolvimento individual, familiar e social, sendo um instrumento imprescindível para a organização da sociedade, capaz de influenciar na realidade social, política, cultural e econômica do país. Através da educação para a ética, moral e cidadania, é possível preparar o indivíduo para exercer seu papel na sociedade enquanto portador de direitos e deveres, verificando-se que a ausência desta formação exerce grande influência nas ações delitivas, pois o indivíduo é formador e produto da sociedade.

Um dos instrumentos importantes para a ressocialização do condenado também é o justo cumprimento da pena, elpecialmente quanto ao regime progressivo, que foi criado com intuito reeducativo e motivacional, com o objetivo de reinserir gradativamente o condenado, ensinando a importância da conduta adequada para a promoção a regime menos gravoso, sendo o recluso avaliado até que possa atingir a liberdade, estimulando sua reintegração.

A ineficiência do Estado na efetivação dos métodos para a prevenção e ressocialização do criminoso ocasiona o desordenamento social, sendo observada a necessidade de modificar as condições prisionais e executar métodos eficazes ao detento durante o cárcere. Para que ocorra a ressocialização verifica-se necessário promover o ensino para a ética, moral e cidadania, bem como a qualificação para o trabalho e a inclusão social, demonstrando que as ações geram consequências proporcionais – como através da progressão conforme o comportamento -, possibilitando que a ressocialização possa ser promovida através do respeito e da solidariedade, pressupostos verificados nas APACs.

Observa-se necessário proporcionar a devida separação e acompanhamento dos presos provisórios, oferecendo as ações assistenciais legalmente previstas aos reclusos, criando instrumentos de produção e sistematização de dados para o acompanhamento periódico e a denúncia em casos de

141 Cf. ARISTÓTELES. Política. 1ª ed. São Paulo: Editora Martin Claret, 2002.

abusos e violações de direitos, sendo realizada a devida fiscalização estatal e comunitária. Verifica-se a importância do desenvolvimento de políticas de incentivo à inclusão escolar, à redução das desigualdades e à participação nas atividades que devem ser oferecidas durante o cumprimento da pena.

A progressão de regime através do mérito e a reinserção social são elementos muito utilizados no método APAC, no qual pode ser observada a maior probabilidade de recuperar o condenado - ao simplesmente cumprir a previsão legislativa -, sendo imprescindível a assistência individual e a formação educacional e profissionalizante para o desenvolvimento humano e social, fomentando valores no indivíduo capazes de modificar sua consciência e atitude, promovendo a autonomia, o respeito, a ética e a capacidade de sustento do apenado, tendo como consequência a diminuição da superlotação carcerária e da criminalidade.

Desta forma, verifica-se como principais propostas ao sistema penitenciário brasileiro a efetivação de instrumentos de controle social dentro e fora das priões, o fim do uso abusivo da prisão provisória e a devida utilização da audiência de custódia, a implantação e ampliação de APACs, com a valorização da educação, da saúde e do trabalho, a devida execução de políticas públicas para egressos e a ampliação da oferta de cursos de capacitação e qualificação profissional.

Além disto, é importante aumentar a fiscalização da execução penal e da utilização dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional para a construção de novos presídios e principalmente para projetos de ressocialização; fortalecer as instituições relacionadas à execução penal e a realizar a devida aplicação da LEP, garantindo o justo cumprimento da pena; fiscalizar e estimular a agilidade e eficiência nos processos judiciais; a melhoria da segurança nos presídios; e a realização de visitas constantes de vigilância sanitária, juízes, promotores e membros do Conselho Penitenciário, contribuindo para a elaboração de relatórios e meios de execução das propostas e legislações referentes ao sistema penitenciário.

Conclusão

O sistema prisional brasileiro representa uma forma de separação da sociedade e é um sistema muitas vezes ineficaz, que devido à falta de interesse do Estado pelos detentos, estes são prejudicados psicológica e fisicamente, bem como toda a sociedade, com a convivência desumana dos delinquentes que os afasta da realidade e acaba a aproximá-los do crime organizado. O desprezo pelos indivíduos excluídos pelas celas deve ser revertido pelo Estado através de medidas de conscientização da população e a verdadeira utilização de instrumentos ressocializadores, além de zelar pela devida execução das penas e assistência aos egressos.

O aumento da criminalidade é uma nítida consequência das grandes desigualdades sociais, o que ainda é frequente no Brasil. Além de uma política criminal punitiva é necessário que haja interesse em prevenir os delitos, reverter as situações que possam ocasionar atitudes delitivas e desvincular a pena da função unicamente retributiva, que é o principal caráter verificado atualmente. A pena privativa de liberdade há muito tempo é questionada quanto à sua eficácia, e é a medida penal mais utilizada no Brasil. As dificuldades encontradas pelo detento são muitas, tanto no sistema penitenciário quanto após o cumprimento da pena, como a dificuldade de inserção no mercado de trabalho e do restabelecimento de vínculos pessoais.

Ao observar que o investimento do Estado em um presidiário estadual é cerca de treze vezes o valor investido em um estudante de escola pública, observa-se a indevida aplicação dos recursos governamentais, ao priorizar uma política repressiva e de baixa eficácia, ao invés de um investimento preventivo, duradouro e benéfico a toda a sociedade. Além disto, verificada a economia da APAC em relação ao sistema penitenciário tradicional, constata-se que além de ser um investimento mais eficaz, implantar e ampliar APACs ao invés de construir presídios tradicionais é o mais adequado à situação do país.

Diante das leis e princípios que regem o Estado Democrático de Direito, e a constante revolta, insegurança e criminalidade presentes na sociedade, verificada a falta de ação do Estado e de políticas públicas eficazes, cabe ao Estado e à sociedade civil organizada intervirem para a implantação de medidas verdadeiramente preventivas, de valorização à educação, ao trabalho e aos direitos humanos, buscando a inserção educacional e profissional dos indivíduos vulneráveis à criminalidade.

Observa-se que as prisões brasileiras não materializam a Lei de Execução Penal, vislumbrando-se uma estrutura incapaz de assegurar as principais finalidades penais, sendo enviados à sociedade milhares de egressos ainda mais criminalizados do que antes da execução da pena. As rebeliões, denúncias de violações de direitos, declarações de inconstitucionalidade e os altos índices de

violência e criminalidade no Brasil demonstram a ineficácia do sistema prisional, pois se as prisões representassem uma solução eficaz, como um dos países com a maior população carcerária, o Brasil seria referência em segurança pública e ressocialização.

Destarte, verifica-se a necessidade de reestruturar o sistema prisional, sendo fundamental que a reorganização do Estado e o estabelecimento de políticas públicas eficazes tenham o apoio da sociedade e a cooperação dos órgãos de fiscalização e execução penal, promovendo a proteção da sociedade e a devida aplicação penal. O condenado precisa ser alvo de políticas de ressocialização que envolvam o trabalho, estudo, assistência e respeito aos seus direitos fundamentais, com o fornecimento de profissionais, espaços e materiais adequados durante a prisão, oferecendo aos presos condições para atuarem na sociedade após a liberdade, construindo valores para o exercício da cidadania.

Demonstra-se a necessidade de que o Estado, através de uma gestão eficiente, equitativa e eficaz, direcione ações para garantir o mínimo necessário e legalmente previsto quanto aos direitos fundamentais inerentes à condição humana. Nesse sentido, a APAC apresenta-se como um método humanizado de cumprimento de pena que pode ser capaz de aplicar as legislações e fornecer a devida assistência aos detentos, obtendo êxito na ressocialização de maioria dos apenados sob sua custódia.

Verifica-se no método uma alternativa viável para a redução da violência física, moral e psicológica sofrida durante o cumprimento de pena, um modelo justo, possível, eficaz e de menor custo, que precisa ser expandido no Brasil para a concretização dos direitos humanos dos reclusos e da sociedade, que é afetada pelas consequências da ressocialização.

O Estado de Direito, enquanto pedra angular das nações democráticas, delibera a igualitária proteção de todos os indivíduos, principalmente os mais vulneráveis. Através do fornecimento de condições dignas aos presos, bem como a formação para a ética, moral, cidadania, democracia e direitos humanos, observa-se que indivíduo pode ter maiores chances de ser ressocializado, desenvolvendo valores que resgatem sua utilidade e consciência comunitária.

Verificada a diminuição do índice de reincidência na APAC - bem como a capacidade de desenvolver o recluso e a sociedade através da responsabilidade, da execução de atividades para o estudo, o trabalho e a valorização humana, do voluntariado praticado pela comunidade e da assistência e formações oferecidas à família -, observa-se que é possível modificar a situação dos reclusos, não em sua totalidade, mas em quantidade muito maior e de forma mais econômica do que no sistema prisional tradicional.

Desta forma, através da implementação de métodos humanizados, capazes de oferecer uma assistência eficaz e ressocializar o indivíduo, poderão ser concretizadas a Lei de Execução Penal, a Constituição Federal, o Código Penal, a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proporcionando maior desenvolvimento individual e progresso social.

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