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Segundo Stachel (2001), o trabalho de Einstein sobre a relatividade brotou de seu interesse pela termodinâmica e pela óptica. Na época, ele estava supostamente familiarizado com o princípio de relatividade da mecânica. Supõe-se, também, que tivesse o conhecimento dos trabalhos de Maxwell e Hertz e que já por volta de 1899 tivesse idéias semelhantes às de Lorentz, apesar de não haver evidência de que ele houvesse, efetivamente, lido

contado com os trabalhos de Drude, Helmholtz , Hertz, Lorentz, Voight, Wien e Floppl.

O primeiro artigo de Einstein apresenta uma nova cinemática consistente com a eletrodinâmica de corpos em movimento. Ele começa comentando a teoria eletrodinâmica de Maxwell e apresentando, por meio de um exemplo, a conjectura da não existência de um referencial absoluto. Usa ainda como argumento as tentativas mal sucedidas de detectar o éter luminífero.

O artigo começa fazendo uma discussão e apresentando um conceito de simultaneidade baseado em exemplos detalhados. Em seguida são apresentados os dois postulados que irão sustentar a teoria.

Dos postulados seguem as noções das transformações relativísticas apresentando novas noções de tempo e espaço. Em seguida aparecem as transformações de coordenadas relativísticas. Na seção que sucede, são discutidas as implicações físicas de tais transformações: a dilatação do tempo e a contração de corpos rígidos.

Na seqüência aparece como ficam as transformações de velocidades entre sistemas, segundo a teoria apresentada, e as conseqüências disso para as equações de Maxwell-Hertz e suas forças. Ainda discute as conseqüências para o Efeito Doppler.

É em outra seção que Einstein comenta as transformações apresentadas para a luz, discutindo como ficam a energia e a freqüência, também para outras radiações em espelhos perfeitos. Ainda comenta os efeitos para as equações de Maxwell-Hertz considerando correntes de convecção.

suas variações de massa (longitudinal e transversal), generalizando, em seguida, essas variações para qualquer ponto material ponderável. Dessa seção resulta a expressão da energia extraída de um campo eletrostático. Einstein ainda apresenta em tópicos as considerações finais sobre o movimento do elétron.

O artigo seguinte intitulado “A inércia de um corpo depende de seu conteúdo de energia?” tem o intuito de explorar melhor a relação que aparece como produto da sua eletrodinâmica, a respeito da relação entre a massa e a energia.

Para tanto ele lança mão de uma discussão sobre a energia de um sistema de ondas planas, sujeito às transformações sugeridas em seu artigo anterior. Fazendo algumas manipulações chega à conclusão de que um corpo emitindo certa energia tem sua massa decrescida numa razão proporcional ao inverso da velocidade da luz ao quadrado. É possível extrair do fim do texto as seguintes palavras: “Se um corpo libera a energia E na forma de radiação sua

massa é diminuída em E/c2 (...) a massa de um corpo é uma medida de seu conteúdo de energia (...) a radiação transporta inércia entre os corpos que a emitem e a absorvem”. (Einstein 1905 apud Stachel, 2001, p. 186).

Em suas conclusões, Einstein deixa a entender que a massa inercial está associada com todas as formas de energia. Porém, efetivamente estabelece o resultado apenas para a emissão de radiação eletromagnética. Em 1906 e 1907 ele tenta fornecer elementos mais gerais a favor da equivalência completa, mas não obtém a generalidade total que aspirava (Stachel 2001).

4.2.2. Outras considerações do próprio Einstein

Para enriquecer a reflexão que faremos na seqüência deste trabalho, gostaríamos de aqui acrescentar ainda algumas considerações do próprio Einstein.

Sobre a formulação da teoria da relatividade e a formulação de E=mc2:

“A teoria da relatividade nasceu da necessidade, de contradições sérias e profundas na velha teoria, para as quais não parecia ter saída. A força da nova teoria está na consistência e simplicidade com que resolve todas as dificuldades, usando apenas umas poucas suposições muito convincentes.” (Einstein e Infeld, 1966, p.158) [Original de 1938]

“Após dez anos de estudo, o princípio surgiu, resultado de um paradoxo com o qual me defrontara quando tinha dezesseis anos: se um raio luminoso for perseguido a uma velocidade c (velocidade da luz no vácuo), observamos esse raio de luz como um campo eletromagnético em repouso embora com oscilação espacial. Entretanto, aparentemente não existe tal coisa, quer com base na experiência, quer de acordo com as equações de Maxwell. Desde o início tive a intuição clara de que, segundo o ponto de vista desse observador, tudo devia acontecer de acordo com as mesmas leis aplicáveis a um observador que estivesse em repouso em relação à terra. Pois, como poderia o primeiro observador saber ou determinar que está em estado de movimento rápido uniforme?” (Einstein, 1982, p.55,) [Original de 1946]

Sobre a sua atividade científica:

“Cem vezes por dia, eu relembro a mim mesmo que minhas vidas interiores e exteriores são baseadas nos trabalhos de outras pessoas vivas e mortas. Relembro-me também que preciso me esforçar para dar na mesma medida em que recebi e continuo recebendo.” (Einstein apud Calaprice 1998, p.38) [Original de 1930]

“Aos quatro ou cinco anos experimentei esse sentimento [pensamento de estranheza], quando meu pai mostrou-me uma bússola... Me lembro que essa experiência causou-me uma impressão profunda e duradoura. Devia haver algo escondido nas profundezas das coisas...” (Einstein 1982, p.18) [Original de 1946]

“Além de mim, fora de mim, estava um mundo imenso, que existe independente dos seres humanos e que se apresenta a nós como um enorme e eterno enigma, em parte acessível à nossa observação e ao nosso pensamento.” (Einstein 1982, p.15) [Original de 1946]

Sobre Ciência e Sociedade:

“Há duas maneiras da Ciência afetar as atividades humanas. A primeira todos conhecem... a Ciência produz formas de ajuda que vem transformando completamente a existência humana. A segunda maneira tem caráter educativo – trabalha sobre a mente. Embora possa parecer menos óbvia num exame superficial, não é menos incisiva que a primeira. O efeito prático mais evidente da Ciência é que torna possível a invenção de coisas que enriquecem a vida, embora ao mesmo tempo a compliquem.” (Einstein apud Mário Schenberg, 1983, p. 118) [Original de 1935/1936]