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Eixo III / Medida 7 – Estabelecimento de critérios de qualidade para os materiais reciclados,

6.4 Eixo III – Qualificação e optimização da gestão de resíduos

6.4.7 Eixo III / Medida 7 – Estabelecimento de critérios de qualidade para os materiais reciclados,

6.124. Um mecanismo de grande importância, já previsto no Decreto‑Lei 178/2006, de 5 de Setembro, relativo ao

novo regime jurídico de gestão de resíduos, é a criação de um mercado organizado de resíduos, potenciador da utilização dos resíduos enquanto matérias primas secundárias, e contribua assim para a melhoria da eficiência do uso de recursos no nosso país.

6.125. O estabelecimento de critérios de qualidade (especificações técnicas) para os materiais reciclados, para o

composto e para os CDR ou CSR, afigura‑se importante, como forma de garantir a confiança dos agentes e dos consumidores em geral, no âmbito de uma política de rigor na regulação do mercado.

6.126. As linhas de actuação a considerar deverão centrar‑se nas seguintes:

LINHAS DE ACTUAÇÃO PARA O ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS DE QUALIDADE

A) Realização de estudos, em articulação com as entidades competentes (e.g. LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil – para os materiais reciclados, determinadas Universidades e Estação Agronómica Nacional para o caso do composto)

B) Divulgação ampla dos resultados dos estudos

C) Reforço/incentivo legal do escoamento de alguns produtos reciclados de qualidade reconhecida, como é o caso do composto

D) Promoção do mercado do CDR/CSR, designadamente através da criação e divulgação de especi‑ ficações técnicas

6.127. A) Realização de estudos, em articulação com as entidades competentes (e.g. LNEC – Laboratório Nacional de

Engenharia Civil – para os materiais reciclados, Universidades e Estação Agronómica Nacional para o caso do composto) com o objectivo de definir critérios de qualidade/especificações técnicas amplamente reconhecidos e

ajustados, que permitam o bom escoamento dos produtos reciclados e do composto, através de uma política de preços ajustada em termos de qualidade/preço, e que permitam a ampla confiança dos agentes e dos cidadãos enquanto consumidores, assim como a correcta regulação dos mercados;

6.128. Afigura‑se ainda muito relevante a criação de mecanismos de certificação de materiais e produtos reciclados,

por entidades amplamente reconhecidas em Portugal de que o LNEC é um exemplo, que possam servir para ultrapassar barreiras psicológicas, técnicas e de informação à incorporação de resíduos reciclados em novos produtos, e que constituam um desenvolvimento e um passo em frente relativamente aos estudos / especifica‑ ções técnicas.

6.129. B) Divulgação ampla dos resultados dos estudos e especificações de forma a promover e reforçar o escoamento

dos produtos reciclados e do composto, em utilizações onde podem competir, com vantagem, com os produtos “originais”.

6.130. C) Reforço do escoamento de alguns produtos reciclados de qualidade reconhecida (preferencialmente objecto

de homologação / certificação), designadamente por via do incentivo legal com vista, por exemplo, à introdução de requisitos específicos nos Cadernos de Encargos para o estabelecimento de Contratos Públicos Ecológicos (green public procurement practices);

6.131. Esta linha de actuação baseada no incentivo legal, será aplicável aos materiais reciclados em geral e, em

particular, ao composto, no âmbito dos Projectos de Integração Paisagística de taludes de estradas e de outras empreitadas;

6.132. Ainda no caso do composto, será importante ter em consideração a necessidade de escoamento deste sub‑pro‑

duto da valorização orgânica de RUB e do TMB no âmbito do processo de transposição da directiva relativa à Indústria extractiva;

6.133. D) Promoção do mercado emergente do CDR/CSR, designadamente através da realização de estudos aplicados

com a Indústria, para desenvolvimento de especificações técnicas para os CDR ou CSR no sentido de uma maior adaptação aos requisitos tecnológicos da Indústria potencialmente utilizadora.

6.134. De facto, os CDR ou os CSR podem possuir características diversas, podendo incorporar‑se diferentes tipos de

resíduos com PCI – poder calorífico inferior – diversos, sendo essa uma das maiores vantagens dos CDR ou CSR – a de poderem constituir combustíveis “por medida”.

6.135. Importa, assim, envolver em estudos de investigação aplicada (com experiências piloto) a Indústria que poderá

constituir‑se como principal utilizador no futuro, nomeadamente os sectores da energia e do cimento.

6.136. A promoção do mercado do CDR é como já se referiu um dos objectivos fundamentais do presente Plano. Neste

sentido, preconiza‑se um conjunto de medidas devidamente calendarizadas:

Definição de tipologias de CDR, associada a características físico‑químicas e biológicas de um produto final,

que o mercado possa absorver e que os sistemas de gestão de resíduos sólidos urbanos possam produzir. Assim, deverão ser elaborados, até Abril de 2007:

.

Regulamentos técnicos que possibilitem a produção de CDR a utilizar em cimenteiras (dado que no

.

Regulamentos para o embalamento e armazenamento de CDR.

Acompanhamento estrito da elaboração da norma europeia para Combustíveis Sólidos Recuperados (CSR),

sob alçada do comité técnico CEN/TC 343 e criação de mecanismos para o contexto português tendo em consideração aquilo que se lhe aplique.

Paralelamente deverá iniciar‑se de imediato a valorização, em unidades preparadas para o efeito, de CDR

de modo a minimizar as curvas de aprendizagem associadas à produção e utilização de CDR, tornando‑se esta opção um instrumento valioso para o cumprimento das metas de desvio de matéria orgânica de aterro previstas para 2009.

• A disponibilidade em cada sistema de CDR para o mercado decorre da sua produção e, portanto, é neces‑

sário, ao nível dos sistemas de gestão, estimar a quantidade de RSU potencialmente disponível para a produção de CDR respeitando as metas de valorização material e orgânica assim como a política de gestão de RSU. Tais dados deverão estar recolhidos e deverão ser reportados à ANR até ao final de Abril de 2007 correspondendo a acções tomadas no âmbito dos planos específicos de gestão de resíduos, planos multimu‑ nicipais, intermunicipais e municipais de acção, os quais transpõem as orientações estratégicas nacionais definidas no PERSU II.

A ANR promoverá acções de formação/esclarecimento e criará canais de informação para potenciais

produtores e utilizadores de CDR em Portugal.

• A produção e utilização de CDR é especialmente adequada a regiões de menor densidade populacional, em

que pequenas unidades de produção de CDR poderão abastecer os potenciais utilizadores locais, particular‑ mente em zonas sem rede de abastecimento de gás natural. No caso de cidades de média e grande dimensão com incineradoras já existentes, uma combinação da utilização de CDR com a incineração de RSU surge como a opção mais adequada. Assim, a fim de se criarem as bases para um mercado sustentado de CDR e CSR, é necessário que cada Sistema localmente, averigúe as necessidades de produtores e utilizadores em termos quantitativos e qualitativos, e defina estratégias locais e regionais para o CDR/CSR, de acordo com as respectivas oportunidades e constrangimentos . Tais estratégias deverão ser desenvolvidas e apresentadas à ANR até Setembro de 2007. Até Dezembro de 2007 caberá à ANR analisar e aprovar estes planos.