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7.3 Sustentabilidade

7.3.2 Sustentabilidade ambiental

7.56. As actividades de gestão de RSU têm potencial incidência nos diversos domínios do ambiente, de forma mais

ou menos localizada. Tratando–se de um plano estratégico, a respectiva avaliação ambiental efectua‑se neces‑ sariamente a um nível macro, focalizando‑se no modo como as orientações preconizadas concorrem para a melhoria global da qualidade do ambiente e do ordenamento do território.

7.57. O fenómeno das alterações climáticas por via da emissão de gases com efeito de estufa, com todas as suas

implicações, constitui um dos maiores problemas ambientais da actualidade e tem origem na generalidade das actividades humanas, entre as quais o sector dos resíduos.

7.58. Para contrariar este fenómeno e na prossecução do cumprimento da Directiva Aterros, transposta para a ordem

jurídica nacional pelo Decreto‑lei n.º 152/2002, de 5 de Maio, o PERSU II orienta‑se fortemente para o desvio de RUB de aterro através de uma aposta no tratamento mecânico e biológico, surgindo a valorização energética como operação subsidiária da reciclagem material e orgânica.

7.59. Tal orientação resulta num contributo claramente positivo para a redução das emissões directas de gases com

efeito de estufa, em particular de metano (CH4), principal constituinte do biogás gerado no processo de decom‑ posição da matéria orgânica depositada em aterro.

7.60. Também a opção pela manutenção da capacidade instalada de incineração directa de RSU e pelo condicio‑

namento das ampliações das unidades da Lipor e VALORSUL exclusivamente ao tratamento do CDR com

recuperação energética vem confinar aos valores actuais as emissões directas de CO2 decorrentes da incine‑

ração de RSU indiferenciados.

7.61. Ao nível das emissões indirectas de CO2, apostando na substituição da deposição em aterro por instalações

auto‑suficientes do ponto de vista energético (por via da recuperação energética do biogás da digestão ou do calor gerado na incineração) assim como na optimização dos circuitos de recolha e transporte de resíduos, prevê‑se que o PERSU II resulte num saldo igualmente favorável para o ambiente.

7.62. Simultaneamente, a estratégia preconizada no PERSU II contribuirá para evitar emissões de CO2 noutros sectores

económicos, designadamente:

• No sector electro‑produtor, por via da valorização energética do CDR nas unidades de incineração exis‑

tentes (cerca de 0,18 t CO2eqevitado / tincinerada) do biogás nas unidades de digestão anaeróbia (cerca de 0,23 t

CO2eqevitado / tvalorizada);

• Nas cimenteiras, cerâmicas, termoeléctricas, unidades de incineração de lamas e outros potenciais utiliza‑

dores de CDR ou CSR em substituição de combustíveis fósseis;

• No sector agrícola por via da substituição de fertilizantes sintéticos azotados por composto (cerca de 0,02 t

CO2eqevitado / tvalorizada);

• Em diversos sectores de produção de materiais virgens por via da reciclagem material (cerca de 0,41 t

7.63. Globalmente estima‑se que com a implementação da estratégia preconizada no PERSU II o contributo indi‑

recto do sector dos RSU para a redução dos gases com efeito de estufa ultrapasse as 800 000 t CO2eq em 2016.

Por outro lado espera‑se que o contributo directo do sector para as emissões de CO2eq no mesmo ano não ultra‑

passe as 500 000 t. O balanço esperado é, portanto, claramente positivo.

7.64. À parte deste contributo positivo para o cumprimento do Protocolo de Quioto, o PERSU II, através da estratégia

de promoção de uma valorização adicional de materiais anteriormente considerados como refugo, destinado a deposição em aterro, pelo aproveitamento do respectivo teor energético via produção de um CDR significará um reforço importante na capacidade de produção de energia a partir de fontes endógenas e renováveis, indo ao encontro deste desiderato da política energética nacional.

7.65. Acresce, ainda no domínio da qualidade do ar, a linha mestra de actuação definida no PERSU II orientada para a

optimização da exploração dos Sistemas. Procura‑se, designadamente, um melhor desempenho no que se refere à afectação de recursos à recolha, através do aproveitamento de sinergias entre recolhas de diferentes fluxos de RSU, bem como o repensar dos circuitos no sentido da minimização das distâncias percorridas. A adopção

destas medidas pelos Sistemas contribuirá igualmente para a redução das emissões directas de CO2, bem como

de outros poluentes atmosféricos, por via da redução das emissões associadas à recolha e transporte de RSU.

7.66. A importância do fenómeno das alterações climáticas não deve porém ensombrar outros aspectos de natu‑

reza ambiental que resultarão claramente beneficiados com a concretização das medidas previstas no presente plano.

7.67. Das operações de gestão de resíduos resultam potenciais impactes para variados domínios ambientais, desig‑

nadamente, para a qualidade da água, ar, solo e ambiente sonoro, cuja minimização se alcança por via da aplicação da legislação de avaliação de impacte ambiental, controlo integrado da poluição, quando aplicáveis, e também por via dos processos de licenciamento e de monitorização da exploração.

7.68. Neste enquadramento, a aposta do PERSU II na prevenção, pela redução, quer da quantidade dos resíduos

produzidos, quer da sua perigosidade, embora não consubstanciada em objectivos quantitativos (seguindo a linha de orientação estabelecida na estratégia comunitária para a prevenção e reciclagem) incide na mitigação do impacto ambiental dos resíduos e produtos que os antecedem ao longo do respectivo ciclo de vida.

7.69. O PERSU II preconiza ainda a implementação, a curto prazo, de notas técnicas de produção de CDR as quais

terão em consideração as especificações da Norma CEN/TC 343, garante da minimização de impactes ambien‑ tais na transformação de RSU em CDR, da qualidade do combustível e do processo de valorização.

7.70. Uma outra mais valia ambiental do PERSU II é a forma como, através da criação de especificações técnicas

para a aplicação de correctivos ou fertilizantes derivados dos resíduos poderá contribuir para a recuperação de solos ardidos e/ou erodidos por via da aplicação de composto de diferentes qualidades a ser produzido nas novas unidades de compostagem, digestão anaeróbia ou nas unidades TMB, desde que no âmbito de processos controlados de aplicação do ponto de vista qualitativo e quantitativo.

7.71. Ao nível do ordenamento do território, e numa óptica de preservação do recurso solo, o PERSU II terá também

aterro e, por conseguinte, do espaço ocupado por este tipo de infra‑estruturas (impactes ainda mais acentuados pelo aumento tendencial das densidades dos resíduos a eliminar por esta via e consequente redução do volume de aterro requerido por tonelada depositada).

7.72. Finalmente, a aposta na qualificação e optimização da intervenção das entidades públicas no âmbito da gestão

de RSU, em particular ao nível da fiscalização e da regulação, constituirão importantes complementos da estratégia desenhada, permitindo que o processo de implementação, em particular a construção de novas infra‑ estruturas de tratamento e valorização se efectue de forma criteriosa, numa óptica de sustentabilidade, e como tal, de preservação dos recursos naturais.