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3.2 O CAMPO SOCIOJURÍDICO NO CONJUNTO DOS

3.2.1 Serviço social e o debate sociojurídico:

3.2.1.2 CBAS 2001 E 2004 – O grupo B

3.2.1.2.2 Eixo Relações de Trabalho e Espaços

Outro eixo em que encontramos trabalhos relacionados ao campo sociojurídico foi o de Relações de Trabalho e Espaços Sócio-

ocupacionais dos Assistentes Sociais, com 8 (oito) trabalhos publicados

nos dois congressos. A análise do conteúdo destes artigos também nos leva a um quadro muito semelhante ao encontrado no eixo anterior.

Do total de trabalhos selecionados todos traziam em suas discussões a prática profissional como tema central, ora dando maior destaque para os instrumentos profissionais, ora mais para os desafios

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em relação à instituição em que os profissionais atuavam ou ainda os desafios diante da política de gestão e as reformas empreendidas neste contexto.

De forma semelhante aos eixos anteriores, apresentamos também alguns exemplos para esta questão. No primeiro, o autor coloca uma preocupação com a legitimidade do assistente social no campo sociojurídico:

A pergunta central a que a pesquisa visa responder é: O que fazem os assistentes sociais do campo sócio-jurídico, de onde vem o reconhecimento da profissão, qual a sua qualificação profissional para responder as demandas. Em outros termos: o que justifica a existência e manutenção do assistente social no campo sócio-jurídico. Os resultados alcançados estão sendo analisados como parte dos fundamentos sócio-históricos do exercício profissional na contemporaneidade, adensando o conjunto de dados da referida pesquisa. A ausência de estudos sobre este campo, dado o tempo de sua existência como espaços sócio- ocupacionais dos assistentes sociais, configura uma lacuna, mas, ao mesmo tempo, constitui-se em uma indicação fundamental da relevância da pesquisa e uma exigência para a sua realização (CBAS 2007, 258, p. 3).

Aqui a questão do tempo de existência do campo, ou seja, sua recente delimitação, é colocada como um limitador para os trabalhos que discutem a temática. No entanto, vale observarmos que o próprio campo já não existia mais como eixo temático no CBAS de 2007, em que este trabalho foi publicado.

No exemplo a seguir o autor parte de sua experiência profissional em algumas instituições para pensar o campo sociojurídico e a prática profissional neste contexto. Nesta direção, seu objetivo é problematizar também os instrumentais técnicos-operativos utilizados pelo assistente social.

As linhas que seguem foram elaboradas com base em minha experiência profissional como Assistente Social do sistema penitenciário, judiciário e, atualmente, no Ministério Público da Paraíba- MPPB, que possibilitou uma

93 aproximação maior ao Serviço Social no campo sociojurídico. [...] Apesar da visão ampla que possuímos sobre o campo sociojurídico, não nos dedicaremos muito sobre as políticas públicas de uma forma mais ampla. Priorizaremos a relação

destas com os pareceres demandados,

principalmente, pelo Judiciário e MP [Ministério Público], mais precisamente no que diz respeito ao Código Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ação que dialoga com uma ampla rede de atendimento, demandando conhecimento teórico e técnico-operativo específico, com impacto direto na vida dos usuários. [...] A referida prática do estudo social não é exclusividade do campo sociojurídico, está presente: na educação, quando compreendemos os impactos sociais da formação escolar; na saúde, entendendo a amplitude legal desse conceito e os impactos das relações sociais e econômicas em nosso corpo e mente; ou no campo sociojurídico para tomada de decisão processuais ou administrativas. Lembrando que em muitas situações esses diversos espaços dialogam e atua entre si. Convêm então trabalhar alguns princípios legais e exemplificar com alguma lei específica, em nosso caso o Estatuto da Criança e do Adolescente, a relação desse campo com o PEPSS, resoluções e leis específicas do Serviço Social (CBAS 2010, 103, p. 3).

No que tange à discussão do campo sociojurídico, as observações realizadas no eixo anterior também cabem aqui, ou seja, mesmo sendo este tema o principal motivador para a eleição destes trabalhos, ele efetivamente só ocupou a centralidade do debate em 2

(dois) artigos. Novamente percebemos uma marca temporal

empreendida pela categoria profissional para as discussões em torno do campo, como ilustra o exemplo a seguir:

Muitos estudos podem identificar o surgimento do debate em torno do campo sociojurídico a partir do 10º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais no ano de 2001. Não podemos questionar que seja verossímil o início deste debate por esta

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ocasião, pois tudo o que se referia anteriormente ao serviço social na justiça ou ao judiciário, não possuía esta denominação, este caráter de campo sociojurídico. Entretanto, esquecer a trajetória percorrida pelos assistentes sociais nesta área, desde as protoformas da profissão no Brasil, é ignorar a própria história do Serviço Social, que sempre atuou no interior dos sistemas que compõem os aparatos da justiça e do judiciário (CBAS 2010, 1283, p. 3 – grifos nossos).

E o mesmo autor conclui:

Somente na década de 90, os profissionais de Serviço Social perceberam a importância de suas atuações neste campo. Entretanto, ainda hoje, a produção científica nesta área e também a organização dos profissionais deste campo, caminham a passos lentos (CBAS 2010, 1283, p. 3 – grifos nossos).

Aqui não apenas o autor demarca a temporalidade para a apropriação do termo campo sociojurídico, mas também indica que este “caráter de sociojurídico” é empregado pela profissão para designar algo que antes estava situado no campo do judiciário ou da justiça. Interessante que mesmo depois dessa nova denominação a produção da categoria sobre este campo não se alterou significativamente, segundo o próprio artigo.

3.2.1.2.3 Eixo Direitos da Infância, Adolescência,