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A Universidade, enquanto fonte indiscutível de geração e disseminação do conhecimento, tem condições de atuar intensamente como aporte no desenvolvimento de um país. Muitas pesquisas científicas são desenvolvidas, algumas de caráter genérico, buscando apenas o avanço da ciência; outras trazem resultados mais pontuais, que podem ser utilizados para os avanços tecnológicos, ou seja, para o desenvolvimento de produtos e serviços que tragam um aperfeiçoamento significativo de produtos já existentes ou não, para uma melhoria da qualidade de vida das pessoas.

As empresas, por sua vez, precisam constantemente inovar em serviços e produtos para prevalecer no mercado tão competitivo que se apresenta atualmente. Contudo, muitas vezes, não possuem em sua equipe de trabalho profissionais experientes e/ou com competências que venham a atender essas expectativas. Além disso, não possuem condições econômicas de criar e manter laboratórios de P&D, atividade que mantém o processo de pesquisa vivo em direção à inovação.

Para Albuquerque et al. (2005, p. 617), é muito importante que as empresas se envolvam em atividades que levam à inovação, haja vista que essa ação fortalece a atividade científica, considerando que “o setor produtivo é uma importante fonte de questões, problemas e perguntas que alimentam a infraestrutura científica em sistemas de inovação mais completos e articulado [...]”.

Tanto as empresas como as universidades podem se beneficiar por meio de uma relação mais tênue. No Brasil, essa relação precisa de ser mais intensificada, se for levado em consideração, por exemplo, o pouco investimento das empresas em P&D. Por outro lado, as universidades brasileiras e centros de pesquisas possuem grande potencial para o desenvolvimento de novas tecnologias, ou seja, para inovação. Essa relação se faz, portanto, necessária e até pode ser considerada uma relevante condição para o desenvolvimento econômico do país. (SBRAGIA et al., 2006).

Vários autores argumentam a importância da aproximação das universidades com as empresas na utilização do conhecimento de forma eficaz no processo de inovação. Alguns deles são: Segato-Mendes e Mendes (2006); Eun, Lee e Wu (2006); Wang e Guan (2010); Sutz (2005); Cesaroni e Piccaluga (2005).

Segato-Mendes e Mendes (2006, p. 60) salientam que a cooperação entre universidades e empresas pode ser muito frutífera, favorecendo não só a troca de conhecimentos e experiências, como o aperfeiçoamento tecnológico de produtos existentes ou mesmo a criação de novos. Desta forma, “ambas as partes poderão alcançar melhores resultados no processo de pesquisa”.

O conhecimento tem sido reconhecido como bem intangível e valoroso, que propicia o crescimento econômico e a competitividade das empresas. Dessa forma, como as universidades são fontes por excelência de conhecimento, suas relações com as indústrias tornaram-se uma questão muito relevante, dando margem a diferentes pontos de vistas e perspectivas em relação aos aspectos que corroboram para que essa relação aconteça da forma mais apropriada (EUN; LEE; WU, 2006).

Segundo Wang e Guan (2010, p. 3), a interação universidade- indústria também tem sido indicada, ao afirmarem que a interação universidade- indústria tem sido reconhecida não apenas por estudiosos, mas também pelos decisores políticos ou profissionais como uma das características mais importantes na economia baseada no conhecimento. Os autores ainda salientam que as

atividades científicas têm desempenhado cada vez mais um papel importante na inovação industrial.

Reconhecer o conhecimento como um meio altamente agregador de diferenciais na sociedade moderna já é um forte indício de fortalecimento das relações entre as universidades, governo e empresas. Sutz (2005, p.2, tradução nossa) confirma esta realidade ao expor: “as agendas de pesquisa das universidades estão cada vez mais definidas através da interação e negociação com os não-acadêmicos, em especial do governo e da indústria”.

Assim, as universidades tendem, cada vez mais, a intensificarem suas relações com o setor produtivo, passando a desempenhar um “papel de destaque no desenvolvimento econômico local ou regional”, promovendo e buscando iniciativas sólidas para proteção e comercialização dos resultados de suas pesquisas (CESARONI; PICCALUGA, 2005, tradução nossa).

As empresas, por sua vez, demonstram ainda certo

desconhecimento ou falta de credibilidade em relação à capacidade das universidades e institutos de pesquisas no sentido de apoiar o seu processo de inovação. A dificuldade está em ajustar as necessidades das empresas com a oferta dos serviços prestados pelas universidades, que ainda é cercada de imposições, o que muitas vezes dificulta a aplicação do conhecimento. (CHU; ANDREASSI, 2011).

Albuquerque et al. (2005, p. 617) concordam com o exposto ao afirmarem que: “o setor produtivo parece não utilizar de forma intensiva os conhecimentos disponibilizados pela infraestrutura científica existente no país”.

As universidades, igualmente as empresas, podem se beneficiar desse profícuo relacionamento, conforme declaram Haase, Araújo e Dias (2005, p. 348) ao destacarem que:

Para as universidades, a exploração das invenções não implica apenas em vantagens financeiras. Por meio de parcerias e cooperações com o setor privado, elas têm acesso a um grande número de informações e a know-how adicional, o que enriquece os processos de pesquisa e de ensino nas universidades. As atividades de patenteamento e de licenciamento bem-sucedidas ao setor privado ganham importância como um indicador para avaliar a qualidade científica do trabalho dos professores e dos pesquisadores.

Nesse contexto, fica notória a importância do efetivo relacionamento das universidades com as empresas e indústrias, possibilitando que parcerias sejam firmadas, que experiências sejam compartilhadas e, dessa forma, que os recursos sejam maximizados se forem analisados os quesitos de infraestrutura, competências e experiências no campo da pesquisa. A universidade estará cumprindo sua missão de colaborar mais efetivamente para o desenvolvimento social e econômico do país, sendo, portando, mais valorizada. As empresas e indústrias poderão alcançar um patamar de desenvolvimento tecnológico mais elevado, ganhando visibilidade neste cenário competitivo e quem sabe até no cenário internacional.

6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa enquadrou-se como descritiva de caráter qualitativo. A pesquisa descritiva possibilita observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los. Além disso, favorece a identificação das características de um fenômeno, a frequência com que ocorrem, sua relação e conexão com outros fenômenos. (RICHARDSON, 2008; CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).

Quanto ao caráter qualitativo da pesquisa, Creswell (2010, p. 209) pondera que: “A pesquisa qualitativa é uma forma de investigação interpretativa em que os pesquisadores fazem uma interpretação do que enxergam, ouvem e entendem”. Neste sentido, interpretações e inferências foram realizadas no sentido de evidenciar elementos essenciais para o estudo.

No que se refere à abordagem de análise, a pesquisa foi qualitativa. De acordo com Martins e Theóphilo (2009, p. 61), a pesquisa qualitativa tem como característica básica viabilizar a “descrição, compreensão e interpretação de fatos e fenômenos”. Os autores salientam também que a estratégia de “estudo de caso pede avaliação qualitativa, pois seu objetivo é o estudo de uma unidade social que se analisa profunda e intensamente”.