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Elaboração do catálogo de árvores da região de São Mateus do Sul, Paraná

No documento Anais: idéias, inovação e tecnologia. (páginas 53-57)

Gustavo Heiden

1

Rosa Lía Barbieri

2

Ronaldo Adelfo Wasum

3

Luciana Scur

3

1Convênio FAPEG/Embrapa Clima Temperado

2Embrapa Clima Temperado (barbieri@cpact.embrapa.br) 3Universidade de Caxias do Sul.

Palavras-chave: folhelho pirobetuminoso, floresta ombrófila mista, mata com araucária.

Introdução

A superfície do Estado do Paraná, na região Sul do Brasil, é caracterizada por uma diversidade fitogeográfica notável, com diferentes tipos de florestas entremeadas por formações herbáceas e arbustivas, resultantes de peculiaridades geomorfológicas, pedológicas e climáticas (Roderjan et al., 2002). Cinco unidades fitogeográficas possuem destaque: a Floresta Ombrófila Densa (Mata Atântica), a Floresta Ombrófia Mista (Mata com Araucária), a Floresta Estacional Semidecidual (Florestas do Interior, junto aos grandes rios de vertente oeste), a Savana (Cerrado) e os Campos (Estepe).

Dentro das atividades do grupo de trabalho Indicadores de Qualidade Ambiental, do Projeto Xisto Agrícola, resultado de convênio Embrapa Clima Temperado/Petrobras, foi elaborado um catálogo das espécies arbóreas ocorrentes em São Mateus do Sul, Paraná, e nos municípios vizinhos de Antônio Olinto, Lapa, Mallet, Paulo Frontin e São João do Triunfo, com vistas a caracterizar qualitativamente a flora regional e fornecer subsídios para a recuperação de áreas degradadas pela mineração do xisto.

Material e métodos

Para a escolha das espécies apresentadas no catálogo, foi utilizada, como orientação principal, a definição de árvore. O Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 1992) considera como árvore o vegetal lenhoso que possui no mínimo 5 m de altura, tronco bem definido e ramos ausentes na parte inferior e cuja parte ramificada é denominada copa. A partir do acervo presente no Herbário do Museu Botânico Municipal de Curitiba (MBM), foi elaborada a listagem preliminar da flora arbórea dos municípios da região. Além da consulta ao acervo desse herbário, foram realizadas consultas ao acervo dos herbários da Universidade de Caxias do Sul (HUCS) e da Embrapa Clima Temperado (HECT). Além disso, foram realizadas excursões estacionais de coleta, entre 2005 e 2006, com foco no município de São Mateus do Sul e, de forma complementar, nos municípios de Antônio Olinto, Lapa, Mallet, Paulo Frontin e São João do Triunfo. As plantas coletadas foram herborizadas e incorporadas às coleções dos herbários HECT e HUCS.

revisões taxonômicas e na base de dados W3TROPICOS (2006), exceto para Leguminosae, família

pelo qual a nomenclatura foi atualizada conforme International Legume Database & Information Service (ILDIS, 2006). Depois de determinados os nomes científicos, foi possível obter dados sobre nomes populares, observações de uso e observações ecológicas, a partir da consulta de bibliografia, revisão de informações em etiquetas de herbário e redação das observações de campo. Para a descrição sumarizada das espécies, foram utilizadas como fonte de referência revisões taxonômicas, floras, informações presentes em etiquetas de herbário e consulta ao acervo de herbários, jardins botânicos e observações de campo. Os dados fenológicos foram obtidos através de revisão bibliográfica, consultas em herbários e observações de campo.

Resultados e discussão

Na área de abrangência deste catálogo, as unidades fitogeográficas representadas são Estepe e Floresta Ombrófila Mista, principalmente. A diversidade de espécies arbóreas da Floresta Ombrófila Mista é estimada em 352 espécies, conforme levantamento realizado a partir da coleção científica do Herbário Barbosa Rodrigues (Leite, 2002), sendo que o número de espécies arbóreas estimado para esta formação no Paraná é superior a 200 espécies. Na região de

abrangência deste estudo, foram encontradas 44 famílias e 92 gêneros, totalizando 162 espécies nativas.

Dentre as árvores que podem ser encontradas entre a vegetação campestre da região, estão o pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifolia), as aroeiras (Lithraea spp, Schinus spp), a coronilha (Scutia buxifolia), o fruto-de-pombo (Rhamnus sphaerosperma), a tamanqueira ou pau-de-gaiola (Aegiphila sellowiana) e a carne-de-vaca (Styrax leprosus). Associada aos campos da região está a vegetação típica dos afloramentos de arenito eólico, principalmente no município de Lapa. A vegetação rupestre apresenta, freqüentemente, composição florística diferenciada das

vegetações campestres e florestais próximas. Espécies arbóreas podem ocorrer isoladas nestes afloramentos rochosos, em pequenos capões ou formando matas mais fechadas em vertentes úmidas. São mais comuns nestas associações espécies arbóreas das famílias Anacardiaceae e Myrtaceae, e arbustos e subarbustos, como Berberis laurina (Berberidaceae), Rhamnus

sphaerosperma (Rhamnaceae), Gaylussacia brasiliensis (Ericaceae) e outros da família Melastomataceae.

Nas florestas, a araucária geralmente predomina e está associada com a imbuia (Ocotea porosa) e a sapopema (Sloanea monosperma). No subosque, o cedro (Cedrela fissilis), a erva-mate (Ilex paraguariensis), a congonha (Ilex theezans), a guaçatunga (Casearia decandra), a carne-de-vaca (Styrax leprosum) e diversas Myrtaceae são comuns. Outras árvores comuns destas matas são o pinho-bravo (Podocarpus lambertii) e diversas espécies de canela (Nectandra e Ocotea,

principalmente). Importantes árvores frutíferas para a fauna, pertencentes à família Myrtaceae, como o araçazeiro (Psidium longipetiolatum), a guabirobeira (Campomanesia xantocarpa), a goiaba-do-mato (Acca sellowiana) e vários gêneros cujas espécies são conhecidas como cambuim e guamirim (Calyptranthes, Eugenia, Myrceugenia, Myrcia, Myrciaria), merecendo destaque entre estes uma espécie endêmica da região (Mosiera prismatica).

Além das formações de Matas com Araucária, típicas dos terrenos com relevo suave ondulado a forte ondulado, ocorrem ainda outras associações, como a vegetação ciliar das planícies aluviais da bacia do rio Iguaçu, locais onde a presença de árvores típicas da Floresta Estacional

Semidecidual é mais expressiva. Nas planícies aluviais, pequenas variações na topografia determinam uma variedade de microambientes, mais ou menos próximos entre si. Estes microambientes estão freqüentemente associados a diferenças na distribuição e

desenvolvimento de determinadas espécies. Diversas árvores ocorrem de forma característica ou mais significativa ao longo do rio Iguaçu e tributários. Entre estas são destacadas a congonha (Citronella gongonha), o leiteiro (Sapium glandulatum), os branquilhos (Sebastiania brasiliensis, S. commersoniana), o ingá (Inga virescens), a murta (Blepharocalyx salicifolius), o salso (Salix humboldtiana) e o açoita-cavalo (Luehea divaricata), entre outras. Por fim, são características as

associações formadas pelas corticeiras (Erythrina crista-galli) nos campos de inundação. A presença desta espécie ocorre em habitats chamados popularmente de lajedos, locais com água estagnada e sujeitos as inundações que ocorrem nas planícies aluviais dos rios da região.

Referências bibliográficas

IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 1992. 92 p.

ILDIS. 2006. International Legume Database & Information Service. Disponível em: http:// www.ildis.org/. Acesso em: 26 jun. 2006.

LEITE, P.F. Contribuição ao conhecimento fitoecológico do sul do Brasil. Ciência & Ambiente, Santa Maria, v. 24, p. 51-73. 2002.

RODERJAN, C.V.; GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y.S.; HATSCHBACH, G.G. As unidades fitogeográficas do Estado do Paraná. Ciência & Ambiente, Santa Maria, n. 1, p. 75-92, 2002.

W3TROPICOS. Missouri Botanical Garden’s VAST (VAScular Tropicos) nomenclatural database.

No documento Anais: idéias, inovação e tecnologia. (páginas 53-57)

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