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Estaquia e enxertia simultânea na propagação da pereira

No documento Anais: idéias, inovação e tecnologia. (páginas 151-155)

Tiago S. Camelatto

1

Darcy Camelatto

2

Enilton Fick Coutinho

2

Fabrício C. Ribeiro

1

Thaís H. Cappellaro

1

1Universidade Federal de Pelotas

2Embrapa Clima Temperado (enilton@cpact.embrapa.br)

Introdução

A pereira pertence à divisão Angiospermae, classe Dicotyledonae, ordem Rosales (Joly, 1976), família Rosaceae (Broerthes & Van Harten, 1978; Souza & Rasiera, 1998), subfamília Maloideae (Robertson et al., 1991; Campbel et al., 1991; Iketani et al., 1993), gênero Pyrus. Esse gênero abrange mais de 20 espécies, encontradas na Europa, África do Norte e Ásia Menor e nos países asiáticos (Janick & Moore, 1975; Lombard, 1992).

No Brasil, o cultivo da pereira tem sido limitado devido a indefinição ou mesmo inexistência de cultivares e porta-enxertos com adaptação às diferentes regiões com potencial para produção de pêra (Nakasu & Leite, 1990).

Os porta-enxertos mais utilizados para pereira são plantas de sementes ou clones de Pyrus communis, P. calleryana, P. betulaefolia e Cydonia oblonga (marmeleiro).

Pelo método tradicional de produção de mudas de pereira, são necessários dois anos para obter plantas para plantio. Este trabalho objetivou determinar um método de produção de mudas de pereira, em apenas um ciclo vegetativo, através da estaquia e enxertia simultâneas.

Material e métodos

Este trabalho foi realizado na Embrapa, Estação Experimental Cascata. Garfos da cv. Housui e estacas de marmeleiro cv. Adam’s foram coletados em 10/08/2006. Logo após, os garfos com 2-3 gemas foram enxertados sobre estacas do marmeleiro, de 12 cm. O experimento foi instalado em 11/08/2006 e a enxertia realizada foi do tipo dupla fenda. As estacas enxertadas foram colocadas individualmente em vasos plásticos com capacidade de 0.5 litros, contendo terra de mato + substrato orgânico (1:1 v/v), os quais foram mantidos em casa de vegetação (25-27ºC) durante 60 dias. As estacas foram lesionadas em suas bases, sendo após tratadas com ácido indolbutírico (AIB) ou em água destilada (testemunha), durante 5 minutos. Os tratamentos foram: T1 -

testemunha (água destilada); T2 - T1 + saco plástico transparente perfurado; T3 - AIB (1000 mg.L-1);

T4 - T3 + saco plástico transparente perfurado. O AIB foi preparado na forma de solução (20% de álcool etílico e 80% de água destilada). Utilizou-se o delineamento experimental de inteira

casualização, com quatro tratamentos de quatro repetições de 20 estacas enxertadas por parcela. Os sacos plásticos perfurados (28x15cm) dos tratamentos T2 e T3 foram colocados sobre os enxertos, amarrando-os nas estacas (abaixo do ponto de enxertia), para formar uma câmara úmida. Após 60 dias da instalação do experimento, avaliaram-se: a percentagem de estacas

enraizadas, o percentual de cicatrização do enxerto e o percentual de enxertos brotados. Para a análise da variância, as médias originais foram transformadas em arco seno da raiz quadrada de x/100, sendo após comparadas as média pelo teste de Tukey (a = 0,05).

Resultados e discussão

Em todos os tratamentos, observaram-se índices de enraizamento de estacas entre 73.7 a 77.5% e 100% de pegamento dos enxertos, não havendo diferenças significativas entre os tratamentos quanto a essas duas variáveis (tabela 1).

Quanto à união enxerto/porta-enxerto, verificou-se que 100% dos enxertos pegados haviam formado calejamento completo com o porta-enxerto. Praticamente todos os enxertos pegados estavam brotados aos 60 dias após a enxertia, verificando-se percentagens entre 91.2 e 100%, não havendo diferença entre tratamentos (tabela 1).

Os altos índices de enraizamento das estacas do marmeleiro cv. Adam’s poderiam ser esperados, já que o marmeleiro é espécie que comumente apresenta início de raízes pré-formadas (“burr knots”) nos ramos, o que caracteriza plantas de fácil enraizamento por estaquia (Hartmann & Kester, 1975).

Os altos índices de enxertos com a união cicatrizada, são de certa forma surpreendentes, tendo em vista que as pereiras asiáticas (Pyrus pyrifolia) geralmente são incompatíveis com

marmeleiros (Porter & Westwood, 1987). Portanto, os resultados verificados aos 60 dias após a enxertia talvez não indiquem sucesso dessa combinação copa/porta-enxerto, que com o passar do tempo poderão surgir problemas devido à incompatibilidade, o que poderá afetar o

desenvolvimento e sobrevivência da cultivar copa Housui usada neste trabalho. Portanto, são necessários estudos a longo prazo para se obter resultados consistentes quanto à

compatibilidade entre a cv. Housui e o marmeleiro cv. Adam’s.

Conclui-se que o marmeleiro cv. Quince Adam’s é de fácil enraizamento por estacas, não necessitando tratamento com auxina para promover enraizamento; e que a pereira cv. Housui tem alta pega inicial de enxertos sobre o porta-enxerto Quince Adam’s, apresentando completa formação de calo na união enxerto/porta-enxerto aos 60 dias após a enxertia de dupla fenda durante a fase de dormência. Não há influência do saco plástico perfurado sobre a pega e crescimento do enxerto.

Tabela 1. Percentagens de enraizamento, pegamento de enxertos e cicatrização da união enxerto/ porta-enxerto de garfos de pereira cv. Housui sobre estacas de marmeleiro cv. Adam’s. Embrapa Clima Temperado. Pelotas, RS. 2006.

Tratam entosz % estacas enraizadas % de pegam ento enxertos sobre estacas enraizadas

% de enxertos pegados com união com pletam ente

cicatrizada

T1 77,5 ns 100 ns 100 ns

T2 73,7 100 100

T3 73,7 100 100

T4 76,2 100 100

z- T1= testemunha (água destilada); T2 = T1+saco plástico transparente perfurado; T3= 1000ppm AIB; T4= T3+saco plástico transparente perfurado.

Referências bibliográficas

BROERTJES, C.; VAN HARTEN, A.M. Application of mutation breeding methods in the improvement of vegetatively propagated crops. Amsterdan: Elsevier, 1978. 316 p.

CAMPBEL, C.S.; GREENE, C.W.; DICKINSON, T.A. Reproductive biology in subfam. Maloideae (Rosaceae). Systematic Botany, Laramie, v. 16, n. 2, p. 333-349, jun. 1991.

HARTMANN, H.T; KESTER, D.E. Plant Propagation: Principles and practices. 3. ed. New Jersey: Prentice Hall International, 1975. 662 p.

IKETANI, H.; MANABE, T.; MATSUTA, N.; HAYASHI, T. Restriction fragment length polymorphism diversity of mitochondrial DNA in Pyrus and related genera. In: HAYASHI, T. Techniques on gene diagnosis and breeding in fruit trees. Japão: FTRS, 1993, p. 47-55

LAYNE, R. E. C.; QUAMME, H. A. Pears. In: JANICK, J., MOORE, J.N. Advances in fruit breeding. West Lafayette: Purdue University Press, 1975. p. 38-70.

JOLY, A.B. Botânica, introdução à taxonomia. São Paulo: Nacional, 1976. 777 p.

LOMBARD, P.B.; WESTWOOD, M.N. Pear Rootstocks. In: ROM, R.C.; CARLSON, R.F. Rootstocks for fruit crops. New york: J. Wiley, 1987. p. 145–183.

NAKASU, B.H., LEITE, D.L. Indicação de porta-enxertos e cultivares de pereira para o sul do Brasil. Hortisul, Pelotas, v. 1, n. 2, p. 20-24, 1990.

ROBERTSON, K.R.; PHIPPS, J.B.; ROHRER, J.R.; SMITH, P.G. A synopsis of genera in Maloideae (Rosaceae). Systematic Botany, Laramie, v. 16, p. 376 - 394, 1991.

SOUZA, C. M. ; RASEIRA, M. C. B. Germinação in vitro de pólen de pereira. Agropecuária Clima Temperado, Pelotas, v. 1, n. 2, p. 219-223, 1998.

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No documento Anais: idéias, inovação e tecnologia. (páginas 151-155)

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