A criação de cenários tem como objetivo identificar soluções integradas para a gestão dos resíduos sólidos. Os cenários descreveram hipóteses de situações possíveis, que permitiram uma reflexão sobre alternativas de futuro, reduzindo as diferenças de percepção e melhorando a tomada de decisão do poder público, servindo de referencial para o planejamento no horizonte temporal de 20 anos (adotado). Dessa forma, refletindo as expectativas favoráveis e desfavoráveis para aspectos como intensidade de geração de resíduos e incorporação de novos procedimentos e de novas capacidades gerenciais.
O processo de geração de cenários englobou os temas de educação e sensibilização ambiental, coleta seletiva, reciclagem, aproveitamento da parcela orgânica dos resíduos sólidos urbanos e disposição final dos rejeitos. O embasamento para indicações propostas foi obtido a partir das conclusões do diagnóstico e nos objetivos e metas propostas para o setor no PMSB (PASSO FUNDO, 2014), além de pesquisas bibliográficas.
A criação dos cenários foi realizada com base na adaptação da metodologia descrita por Buarque (2003), em que é possível distinguir dois grandes conjuntos diferenciados segundo sua qualidade, particularmente quanto à isenção ou presença de desejo dos formuladores do futuro: cenários tendenciais e cenários desejados ou normativos.
O cenário inercial teve um conteúdo essencialmente técnico, com um tratamento racional das probabilidades e procurou intencionalmente excluir as vontades e os desejos dos formuladores no desenho e na descrição dos futuros, onde as tendências do passado foram mantidas ao longo do período de planejamento. Também foram criados os cenários emergencial e normativo, que por sua vez, aproximaram-se das aspirações do decisor em relação ao futuro, refletindo a melhor previsão possível.
O cenário desejável refletiu a melhor situação possível para o futuro, onde a melhor tendência de desenvolvimento é realizada ao longo do período de planejamento, considerando a realidade atual do município, sem preocupação com a plausibilidade. O cenário normativo possui uma conotação legal, procurando administrar o destino com base na Lei 12.305 (BRASIL, 2010), ajustando-se às probabilidades e às circunstâncias, refletindo a melhor situação possível, a mais plausível e indicada.
O objetivo desta etapa foi criar cenários distintos que representem alternativas de gestão integrada para os RSU. O cenário inercial considerou a continuidade da atual gestão, sem investimentos no setor e com a terceirização da disposição final dos rejeitos. O cenário emergencial considerou investimentos no sistema de gestão de resíduos sólidos, realizando pequenas adequações na central de triagem e a implantação de uma alternativa local de disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
O cenário normativo considerou adequações conforme a Lei 12.305 (BRASIL, 2010), como ampliação da coleta seletiva, implantação de medidas de educação e conscientização ambiental, aproveitamento da parcela orgânica dos resíduos através da compostagem e implantação de um aterro sanitário no município. No Quadro 15 é possível observar os cenários que serão criados para a gestão dos resíduos sólidos domiciliares do município de Passo Fundo/RS.
Quadro 15: Cenários de soluções integradas para a gestão dos RSU no município de Passo Fundo/RS.
Cenário Inercial Cenário Emergencial Cenário Normativo
Manutenção das condições atuais do sistema de gestão dos resíduos sólidos urbanos do município;
Adequações ao atual sistema de gestão dos resíduos sólidos urbanos do município
Criação de um novo sistema de gestão dos resíduos sólidos urbanos no município de acordo com a Lei 12.305/2010.
Fonte: Próprio autor (2015).
3) Realização da análise da viabilidade econômica para implantação destes cenários no município
3.1) Análise da viabilidade econômica dos cenários propostos para o município
Cada cenário criado na etapa anterior foi definido com base nas principais caraterísticas técnicas e econômicas envolvidas para implantação, instalação e operacionalização do sistema proposto. Para isto, foi realizada uma pesquisa sobre o tema com análise de pesquisas já existentes e projetos já implantados. Foi realizada também uma
pesquisa de mercado, visando compilar dados de gastos com materiais e equipamentos utilizados na instalação e implantação, mão-de-obra especializada e serviços diversos para implementação de cada sistema.
Foram realizadas consultas e pedidos de cotação a empresas do ramo, consulta a editais de licitação e planilhas de cálculos realizados em diversos municípios, consulta a trabalhos desenvolvidos sobre o tema, pesquisas no Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI, no Sistema de Custos Rodoviários- SICRO do DNIT e no software Pleo – Planilha Eletrônica de Orçamentos, com o intuito de se obter um orçamento e estabelecer um levantamento para posterior avaliação econômica.
A inflação não foi considerada em nenhum dos cenários, pois o índice é o mesmo, não acarretando diferenças nas comparações entre eles. Assim, levando em consideração que os custos e despesas anuais sejam corrigidos pela inflação do período, o total apurado no período de análise (20 anos) pode ser considerado como o valor atual dos gastos futuros descontados pela inflação.
O processo de análise de investimentos foi desenvolvido com a projeção de fluxo de caixa e do valor presente.
Foi realizada a análise de viabilidade econômica visando indicar o cenário mais adequado para o município. Para esta analise, foram relacionados em um fluxo de caixa os investimentos e os gastos para construção e instalação, bem como os custos e despesas com materiais, equipamentos e mão-de-obra utilizados na operação de cada sistema:
1) Investimento inicial: contemplando os gastos com programas e projetos, licenças ambientais, implantação e/ou construção, instalações e materiais e/ou equipamentos; 2) Custos e despesas: gastos com materiais de escritório e limpeza, contas de água, luz e
telefone, pessoal, veículos, equipamentos gerais e despesas legais;
3) Custos de manutenção: gastos com manutenções preventivas e corretivas dos sistemas e programas;
O desenvolvimento da avaliação econômica foi realizado em planilhas do Excel®.
3.2) Discussão e análise dos cenários
Nesta fase foram comparados os resultados obtidos na análise da viabilidade econômica, através da verificação dos critérios econômicos de decisão, indicando o cenário mais apropriado e vantajoso para o município de Passo Fundo/RS. Através do fluxo de caixa e
dos custos totais com a implantação de cada cenário no município foi possível indicar a melhor alternativa de investimento do ponto de vista econômico. Também foram levantadas algumas questões como geração de emprego e renda, diminuição de impactos ambientais e o seguimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos.