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2016RitielliBerticelli

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Academic year: 2021

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(1)Ritielli Berticelli. GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE CENÁRIOS PARA UM MUNICÍPIO DE MÉDIO PORTE. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia Civil e Ambiental da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade de Passo Fundo, como requisito para obtenção do título de Mestre em Engenharia, sob a orientação do Prof. Dr. Adalberto Pandolfo e coorientação do Prof. Dr. Eduardo Pavan Korf.. Passo Fundo 2016.

(2) 2. Ritielli Berticelli. Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos: Análise de viabilidade Econômica de Cenários para um Município de Médio Porte.. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade de Passo Fundo para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia, na área de concentração Infraestrutura e Meio Ambiente. Data de aprovação: 25 de fevereiro de 2016. Os membros componentes da Banca Examinadora abaixo aprovam a Dissertação. Adalberto Pandolfo, Dr. Orientador Eduardo Pavan Korf, Dr. Coorientador Helen Treichel, Dra. Universidade Federal da Fronteira Sul Pedro Domingos Marques Prietto, Dr. Universidade de Passo Fundo Vandré Barbosa Brião, Dr. Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo 2016.

(3) 3. “Dedico este trabalho a Deus, meu alicerce e o maior responsável por esta conquista.”.

(4) 4. AGRADECIMENTOS. Pelo desenvolvimento e pela realização deste estudo sou imensamente grata: Em primeiro lugar, a Deus, por ter me dado o dom da vida, por ter me iluminado nesta caminhada, por ter colocado tantas pessoas especiais em meu caminho e por estar sempre a uma oração de distância de mim. Ao meu orientador Dr. Adalberto Pandolfo, obrigada pela ajuda, sugestões e confiança ao longo da orientação do nosso trabalho. Ao meu coorientador Dr. Eduardo Pavan Korf, obrigada pela disponibilidade, ajuda e sugestões. Ao meu amor e companheiro da vida, Claison, pelo incentivo, ajuda, apoio e estímulo ao longo desta caminhada. À minha família, pelas orações e apoio. Às minhas amigas “grupo mestrandas”, pelo carinho e amizade que ganhei neste período, em especial à Janaína Brum Gularte Borges pelas conversas, conselhos e ajuda. À Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Passo Fundo, especialmente ao Secretário Rubens Astolfi, pelas informações repassadas para realização deste trabalho. À CODEPAS, especialmente ao Luciano, pelas informações repassadas e visitas autorizadas. À Contemar Ambiental, especialmente ao Claudionei, pelas informações repassadas e bom atendimento. Aos professores do Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Passo Fundo. À banca examinadora deste trabalho, por aceitarem participar e pelas contribuições de melhorias. À FAPERGS e à Universidade de Passo Fundo, pela bolsa concedida para realização deste estudo. E por fim, agradeço a todos que me apoiaram direta ou indiretamente na realização deste trabalho..

(5) 5. RESUMO. A gestão integrada e sustentável dos resíduos sólidos urbanos (RSU) justifica-se devido à situação de esgotamento e de comprometimento de recursos naturais, dos problemas sociais, ambientais e econômicos da disposição final. Constatando os impactos ambientais que os RSU podem causar e a precariedade da situação atual no seu processo de gerenciamento verificado no município de Passo Fundo/RS, alternativas são necessárias visando a melhoria da sua gestão, ao aumentar a eficiência e reduzir seus custos, colaborando com a preservação do meio ambiente. Sistemas eficientes de coleta seletiva, sensibilização ambiental e adoção de alternativas de tratamento e disposição final podem diminuir consideravelmente os custos da gestão dos RSU e seus impactos negativos. O objetivo do presente estudo é avaliar a viabilidade econômica de cenários voltados para a gestão dos resíduos sólidos urbanos no município de Passo Fundo/RS, verificando a possibilidade de reduzir custos por meio do estabelecimento de uma nova dinâmica às políticas municipais ao propor a atuação integrada entre os serviços prestados à população, visando maior eficiência, eficácia, integração social e a sustentabilidade. A metodologia consistiu na elaboração de cenários com alternativas de gestão. Foram criados três cenários: o cenário inercial, o qual considera a manutenção das condições atuais do sistema de RSU do município; o cenário emergencial, que propõe algumas adequações ao atual sistema de RSU; e o cenário normativo, que propõe a criação de um novo modelo de gestão dos RSU, de acordo com a Lei 12.305/2010 para o município de Passo Fundo/RS. As principais características técnicas, econômicas e operacionais destes cenários foram levantadas, sendo realizada a análise de viabilidade econômica dos mesmos. O resultado da pesquisa demonstra que o cenário normativo é o que apresenta a melhor viabilidade econômica para o munícipio. Conclui-se que é possível seguir os objetivos estabelecidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos e ao mesmo tempo reduzir os custos com a gestão dos RSU. Os resultados demonstram uma redução de custos de 25% com a aplicação do Cenário Normativo proposto. Dessa forma, com o interesse dos dirigentes municipais na questão de gestão de resíduos, com a participação dos usuários dos serviços e a administração adequada dos recursos, é possível estabelecer uma nova dinâmica às políticas municipais destinadas a RSU. Palavras-chave: gerenciamento de resíduos sólidos, análise de alternativas de investimentos, Política Nacional de Resíduos Sólidos..

(6) 6. ABSTRACT The integrated and sustainable management of municipal solid waste (MSW) is justified because of the situation of depletion and impairment of natural resources, social, environmental and economic problems of disposal. Noting the environmental impacts that the MSW can cause and the precariousness of the current situation in their management process occurred in the city of Passo Fundo/RS, alternatives are needed in order to improve their management, increase efficiency and reduce costs by collaborating with the preservation of the environment. Efficient systems of selective collection, environmental awareness and adoption of treatment and final disposal alternatives can significantly reduce the management costs of MSW and its negative impacts. The aim of this study is to evaluate the economic feasibility of targeted scenarios for the management of municipal solid waste in the city of Passo Fundo/RS, checking the possibility of reducing costs by establishing a new dynamic to the municipal policies to propose the integrated action between the services provided to the population, seeking greater efficiency, effectiveness, social integration and sustainability. The methodology was to draw up scenarios with management alternatives. Three scenarios were created: the inertial scenario, which considers the maintenance of the current conditions of the MSW system of the municipality; the emergency scenario, which proposes some adjustments to the current MSW system; and the normative scenario, which proposes the creation of a new model of management of MSW, according to the Law 12.305/2010 to the city of Passo Fundo/RS. The main technical, economic and operational characteristics of these scenarios have been raised, and held the economic feasibility analysis thereof. The research result shows that the regulatory environment is the one with the best economic viability for the municipality. It follows that it is possible to meet the objectives set by the National Solid Waste Policy and at the same time reducing costs to the management of MSW. The results show a 25% reduction in costs with the implementation of the proposed Regulatory Scenario. Thus, the interest of municipal leaders in waste management issue, with the participation of service users and the proper management of resources, it is possible to establish a new dynamic to the municipal policies to MSW. Keywords: solid waste management, analysis of investment alternatives, national solid waste policy..

(7) 7. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 9 1.1. Problema da pesquisa_______________________________________________ 9. 1.2. Justificativa ______________________________________________________ 10. 1.3 Objetivos ________________________________________________________ 12 1.3.1 Objetivo Geral __________________________________________________ 12 1.3.2 Objetivos Específicos _____________________________________________ 12. 2. 1.4. Escopo e delimitação da pesquisa ____________________________________ 12. 1.5. Estrutura da dissertação ___________________________________________ 13. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA __________________________________________ 14 2.1 Resíduos sólidos __________________________________________________ 2.1.1 Legislações Federais sobre resíduos sólidos ___________________________ 2.1.2 Legislações Estaduais sobre resíduos sólidos ___________________________ 2.1.3 Legislações Municipais sobre resíduos sólidos _________________________ 2.2. 14 16 18 18. Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ________________________________ 20. 2.3 Coleta seletiva ____________________________________________________ 22 2.3.1 Sensibilização e Educação Ambiental ________________________________ 23 2.4 Tecnologias de gestão, valorização, tratamento e/ou disposição dos RSU ___ 2.4.1 Reciclagem _____________________________________________________ 2.4.2 Compostagem ___________________________________________________ 2.4.3 Aterro Sanitário _________________________________________________ 2.5. 3. 4. 24 24 27 33. Modelos de gestão aplicados em alguns municípios Brasileiros ____________ 36. 2.6 Análise de alternativas de investimentos ______________________________ 2.6.1 Fluxo de caixa___________________________________________________ 2.6.2 Taxa mínima de atratividade (TMA) _________________________________ 2.6.3 Critérios econômicos de decisão ____________________________________. 39 39 39 40. 2.7 Programas e fontes de recursos para o saneamento básico no Brasil _______ 2.7.1 Ministério das Cidades ____________________________________________ 2.7.2 Fundação Nacional da Saúde - Funasa ________________________________ 2.7.3 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social - BNDES; _________ 2.7.4 Caixa Econômica Federal - CEF ____________________________________. 44 44 44 45 46. MATERIAIS E MÉTODOS ____________________________________________ 49 3.1. Caracterização do município de Passo Fundo/RS _______________________ 49. 3.2. Classificação da pesquisa ___________________________________________ 50. 3.3. Procedimentos e métodos ___________________________________________ 50. RESULTADOS E DISCUSSÃO _________________________________________ 58.

(8) 8. 4.1 Diagnóstico, prognóstico e ações previstas para o setor de manejo de RSU de Passo Fundo/RS ________________________________________________________ 58 4.1.1 Descrição da quantidade e composição dos RSU gerados no município de Passo Fundo/RS ____________________________________________________________ 58 4.1.2 Caracterização do atual sistema de gestão de RSU aplicado no município ____ 59 4.1.3 Levantamento dos custos envolvidos no atual sistema de gestão dos RSU no município de Passo Fundo/RS ____________________________________________ 65 4.1.4 Apresentação dos principais programas, projetos, ações previstas no PMSB de Passo Fundo para o setor de manejo de RSU _________________________________ 66 4.1.5 Prognóstico da projeção populacional e projeção de demandas _____________ 67 4.2 Elaboração de Cenários que representem alternativas para gestão, valorização, tratamento e /ou disposição dos RSU gerados no município de Passo Fundo/RS ___ 69 4.3 Análise da viabilidade econômica dos cenários propostos para o município _ 4.3.1 Cenário I – Inercial _______________________________________________ 4.3.2 Cenário II – Emergencial __________________________________________ 4.3.3 Cenário III – Normativo ___________________________________________ 4.3.4 Discussão e análise dos cenários ____________________________________ 5. 70 70 72 84 99. CONCLUSÕES______________________________________________________ 106. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________________ 109 APÊNDICE A ___________________________________________________________ 121 APÊNDICE B ___________________________________________________________ 137 APÊNDICE C ___________________________________________________________ 143 APÊNDICE D ___________________________________________________________ 151.

(9) 9. 1. INTRODUÇÃO A Política Nacional de Resíduos Sólidos é um marco legal completo para o setor.. Porém, aplicá-la na prática é um dos grandes desafios a serem enfrentados pelos municípios brasileiros, que têm o dever de proporcionar um sistema de gestão dinâmico, eficiente e, sobretudo, que atenda a legislação. Fazem parte do presente capítulo o problema e a justificativa da pesquisa, os objetivos, o escopo e delimitação da pesquisa e a estrutura da dissertação.. 1.1. Problema da pesquisa O aumento populacional, a economia em expansão, a rápida urbanização e o aumento. dos padrões de vida da comunidade aceleraram a taxa de geração de resíduos sólidos urbanos (MINGHUA et al., 2009). Os municípios, responsáveis pela gestão de RSU têm o desafio de proporcionar um sistema eficaz e eficiente para os habitantes (GUERRERO et al., 2013). No entanto, muitas vezes eles enfrentam dificuldades de solução que vão além da capacidade da autoridade municipal (SUJAUDDIN et al., 2008), principalmente devido à falta de organização, recursos financeiros e à complexidade do sistema de gestão (BURNTLEY, 2007). O manejo inadequado de resíduos sólidos de qualquer origem, gera desperdícios, agrava a degradação ambiental, contribui de forma importante à manutenção das desigualdades sociais, constitui ameaça constante à saúde pública, comprometendo a qualidade de vida das populações, especialmente nos centros urbanos de médio e grande porte (SCHALCH et al., 2002). Segundo a Lei n° 12.305 (BRASIL, 2010), a gestão dos resíduos sólidos deve ser realizada observando-se a hierarquia da Política Nacional de Resíduos Sólidos, nos seguintes pontos fundamentais: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos e por fim, após esgotadas todas as possibilidades de reutilização e reciclagem, a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. O município de Passo Fundo/RS é uma cidade de médio porte que possui uma geração significativa de RSU, aproximadamente 4.478 t/mês. O município dispõe de uma área, na qual desde o ano de 1991 eram depositados os resíduos sólidos, sendo que até o ano de 2001 foi operada pela Prefeitura Municipal, na forma de lixão. A partir de 2001, o município.

(10) 10. terceirizou sua operacionalização quando foram feitas algumas adequações, transformando o local em aterro controlado. Entre 2005 e 2009 foram construídas duas células com maiores controles, porém, no final de 2010, a capacidade da área se esgotou e a partir de 2011 o município adotou uma solução emergencial, enviando todos os resíduos para destinação em outro município. Porém, a medida emergencial tornou-se permanente, e os rejeitos continuam sendo encaminhados para aterro sanitário terceirizado, localizado a mais de 300 km de distância, no município de Minas do Leão. Sendo assim, a gestão de resíduos sólidos de Passo Fundo/RS não segue o modelo descrito na hierarquia estabelecida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, pois não possui aproveitamento da parcela orgânica dos resíduos, não dispõe de alternativas de tratamento e disposição final e faltam programas de conscientização e educação ambiental. Além disso, o custo com transporte e disposição final dos rejeitos é bastante elevado. A falta de acompanhamento financeiro específico e análise de dados é uma das principais barreiras para sustentar qualquer melhoria prevista do sistema de gestão dos RSU (HANRAHAN et al, 2006; ZURBRÜGG et al, 2007; PARTHAN et al, 2012). As políticas públicas direcionadas ao setor de RSU de Passo Fundo/RS estão desprovidas de soluções locais para o gerenciamento e alternativas devem ser propostas. Sistemas eficientes de coleta seletiva, sensibilização ambiental e a adoção de alternativas de tratamento e disposição final podem diminuir consideravelmente os custos da gestão dos RSU e os seus impactos relativos. Nesse contexto tem-se como questão de pesquisa: qual proposta é a mais adequada, sob aspectos técnicos e econômicos, para a gestão integrada de RSU no município de Passo Fundo/RS?. 1.2. Justificativa A gestão de RSU representa, muitas vezes, uma significativa proporção do orçamento. municipal total, recorrente em cidades de renda média ou baixa (SCHEINBERG et al., 2010). As parcerias público-privadas, por meio da terceirização dos serviços, surgiram como uma alternativa para melhorar o desempenho dos serviços a custos mais baixos (COINTREAU et al. 2000; ZHU et al., 2007; ABDRABO, 2008). Porém, a abordagem dos aspectos financeiros, como contabilidade de custos e avaliação financeira, é fundamental para garantir a sustentabilidade do sistema de gestão de resíduos sólidos, garantindo um serviço de.

(11) 11. qualidade com custos compatíveis e com constantes investimentos no setor (LOHRI; CAMENZIND; ZEBRUGG, 2014). Estes métodos são raramente utilizados e muitas vezes o município não sabe o custo real da prestação do serviço (BARTONE et al., 1990; DIAZ et al., 1999; SCHÜBELER, 1996; WILSON et al., 2012). Sendo assim, antes do poder público tomar qualquer decisão sobre como proceder novas estratégias de gestão de RSU é indispensável estabelecer um entendimento completo dos custos atuais para provisão dos serviços futuros e das respectivas receitas (HOORNWEG et al., 2005). Existem vários elementos que devem ser considerados numa proposta de gestão integrada de resíduos sólidos para que os municípios exerçam o que está estabelecido na Lei n° 12.305 (BRASIL 2010). Estes elementos podem considerar a forma de geração, acondicionamento na fonte geradora, coleta, transporte, processamento, recuperação e disposição final, a interveniência de vários tipos de profissionais, o arranjo legal-institucional compatível, com ativa participação da comunidade, disponibilização de recursos e uma permanente negociação política. Portanto, deve-se criar um sistema dirigido pelos princípios de engenharia e técnicas de projetos, que possibilite a construção de dispositivos capazes de propiciar a segurança sanitária à comunidade, contra os efeitos adversos dos resíduos (SCHALCH et al., 2002). O desafio para proporcionar um saneamento básico de qualidade no município de Passo Fundo/RS é algo que deve ser apresentado e solucionado. Isso é possível analisando o que impulsiona a mudança na gestão dos resíduos sólidos, em cidades que já encontraram soluções locais e que aplicam estes conceitos na prática. Verificando os impactos que os resíduos sólidos podem causar e a precariedade da gestão dos RSU atual no município de Passo Fundo/RS, algumas alternativas devem ser avaliadas visando melhorar a gestão, aumentando sua eficiência, diminuindo seus custos e colaborando com a preservação do meio ambiente. Constata-se a necessidade de se promover uma gestão adequada, a fim de prevenir ou reduzir os possíveis efeitos negativos sobre o meio ambiente e os riscos para a saúde humana. O cumprimento das diretrizes estabelecidas pela Lei n° 12.305 é obrigatório e, portanto, esta pesquisa justifica-se pela necessidade de buscar novos modelos de gestão integrada de RSU para o município de Passo Fundo/RS, firmando um marco norteador para a consecução de uma gestão sustentável. O trabalho será desenvolvido na linha de pesquisa de Planejamento Territorial e Gestão da Infraestrutura com ênfase em gestão de projetos ambientais..

(12) 12. 1.3. Objetivos. 1.3.1 Objetivo Geral O objetivo geral desta pesquisa é de contribuir para a melhoria da gestão dos RSU do município de Passo Fundo/RS, apresentando a viabilidade econômica de propostas de gestão baseadas em cenários com diferentes configurações.. 1.3.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos são: a). Elaborar um diagnostico e prognóstico para o manejo de resíduos sólidos urbanos do município de Passo Fundo/RS;. b). Elaborar cenários que representem alternativas técnicas para gestão, valorização, tratamento e/ou disposição dos resíduos sólidos urbanos gerados no município de Passo Fundo/RS;. c). Analisar a viabilidade econômica para implantação destes cenários no município.. 1.4. Escopo e delimitação da pesquisa Esta pesquisa abrange os RSU do município de Passo Fundo/RS, gerados em. residências, estabelecimentos comerciais e nas atividades de limpeza de ruas, capinação, poda (resíduos públicos), que são de responsabilidade da Prefeitura Municipal. Os resíduos de serviços de saúde, industriais e de construção e demolição, cujas responsabilidades são dos geradores dos mesmos, não foram incluídos nesta pesquisa. O diagnóstico do sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos apresentado nesta pesquisa foi realizado no ano de 2015..

(13) 13. 1.5. Estrutura da dissertação Além do presente capítulo, no qual se apresenta o problema de pesquisa, a. justificativa, os objetivos e as delimitações do trabalho, esta dissertação é composta por mais quatro capítulos. O capítulo 2 apresenta a revisão da literatura, abordando as definições e classificações dos resíduos sólidos, a problemática destes materiais, as definições de gestão e gerenciamento destes, assim como as etapas do gerenciamento e as experiências de outras cidades, além da legislação referente ao assunto nos níveis federal, estadual e municipal. O capítulo 3 caracteriza o município onde foi realizado o estudo, classifica a pesquisa e descreve o procedimento metodológico utilizado, detalhando as atividades realizadas para o desenvolvimento deste trabalho. O capítulo 4 apresenta, analisa e discute os resultados. O capítulo 5, por fim, apresenta as conclusões da pesquisa e as recomendações para trabalhos futuros, elaboradas a partir dos resultados obtidos..

(14) 14. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Na revisão bibliográfica estão contidos alguns temas principais que englobam o. assunto da presente pesquisa. Inicialmente é realizada uma caracterização geral sobre os resíduos sólidos, classificação e legislação aplicada, tanto em nível federal, quanto estadual e municipal, além de enfatizar a gestão integrada de resíduos sólidos. Posteriormente, são apresentadas as principais tecnologias de destinação de resíduos aplicadas no Brasil, como a reciclagem, compostagem e aterro sanitário. Sobre cada tecnologia é apresentada uma conceituação, aspectos gerais, características do processo e os aspectos econômicos e financeiros relacionados para implantação. São abordadas algumas iniciativas de municípios que se destacam na gestão/gerenciamento de RSU. Também é abordada uma conceituação sobre a análise de alternativas de investimentos de projetos. Por fim, são apresentados os principais programas e fontes de recursos para o Saneamento Básico no Brasil.. 2.1. Resíduos sólidos Segundo a Lei n° 12.305 (BRASIL, 2010), resíduo sólido é todo material, substância,. objeto ou bem descartado, resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. A Lei n° 12.305 (BRASIL, 2010) ainda define Rejeitos como resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. A classificação de resíduos sólidos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e características, e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido (ABNT, 2004). A NBR 10.004 (ABNT, 2004) classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados.

(15) 15. adequadamente. Para os efeitos desta Norma, os resíduos são classificados em Resíduos classe I e II, assim como demonstra o Quadro 1. Quadro 1: Classificação dos resíduos quanto aos riscos ao ambiente Classe I Perigosos. Classe II - Não Perigosos. São aqueles que, em função de suas características intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, apresentam riscos à saúde pública através do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma inadequada. Classe II A - Não Inertes São os resíduos que podem apresentar características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos – ou Classe III – Inertes. Classe II B - Inertes São aqueles que, por suas características intrínsecas, não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente, e que, quando amostrados de forma representativa, segundo a norma NBR 10.007, e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, a temperatura ambiente, conforme teste de solubilização segundo a norma NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, conforme listagem nº 8 (Anexo H da NBR 10.004), excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor. Fonte: Adaptado de ABNT (2004).. A Lei n° 12.305 (BRASIL, 2010) também classifica os resíduos sólidos de acordo com a sua origem, conforme apresentado no Quadro 2. Quadro 2: Classificação dos resíduos quanto à sua origem Resíduos domiciliares (RSD). Originários de atividades domésticas em residências urbanas;. Originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; Engloba os resíduos domiciliares e os resíduos de limpeza Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) urbana; Gerados nessas atividades, excetuados os resíduos de limpeza Resíduos de estabelecimentos comerciais e urbana, resíduos dos serviços públicos de saneamento básico, resíduos de serviço de saúde, resíduos da construção civil e prestadores de serviços resíduos de serviço de transporte; Resíduos dos serviços públicos de Gerados nessas atividades, excetuados os resíduos sólidos saneamento básico urbanos; Resíduos industriais Gerados nos processos produtivos e instalações industriais; Gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Resíduos de serviços de saúde (RSS) Sisnama e do SNVS; Gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e Resíduos da construção civil escavação de terrenos para obras civis; Gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos Resíduos agrossilvopastoris: os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; Originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, Resíduos de serviços de transportes rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; Gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de Resíduos de mineração minérios; Fonte: Adaptado de Brasil (2010). Resíduos de limpeza urbana.

(16) 16. Outros critérios para classificação dos resíduos sólidos podem ser adotados. Segundo Vilhena (2010), os resíduos podem ser classificados quanto à sua natureza física em secos (papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras, guardanapos e toalhas de papel, pontas de cigarro, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças) e molhados (restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, entre outros).. 2.1.1 Legislações Federais sobre resíduos sólidos A Constituição Federal Brasileira dispõe de uma legislação ampla que trata de resíduos sólidos. Entretanto, essas leis não têm conseguido resolver a problemática dos resíduos, devido à falta de diretrizes claras, sincronismo entre as etapas que compõem o sistema de gerenciamento e de integração dos órgãos envolvidos na elaboração e aplicação das leis. No Quadro 3 são apresentadas as principais legislações federais que abordam assuntos relacionados a resíduos sólidos.. Quadro 3: Principais legislações federais que tratam sobre resíduos sólidos Lei/Resolução/Decreto Resolução nº 23, de 12 de dezembro de 1996. Ementa Regulamenta a importação e o uso de resíduos perigosos.. Decreto nº 5940, de 25 de outubro de 2006. Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências.. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036 de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1996; revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências.. Resolução nº 401, de 4 de novembro de 2008. Estabelece os limites máximos do chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras providências.. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.. Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010.. Regulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e dá outras providências.. Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de resíduos sólidos e o Comitê orientador para implantação dos Sistemas de Logística Reversa. Fonte: Adaptado de Legislação de Direito Ambiental (2012)..

(17) 17. 2.1.1.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos A Lei 12.305 (BRASIL, 2010) institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), e dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis A PNRS reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. A PNRS estabelece a hierarquia que deve ser observada para a gestão dos resíduos, assim como demonstra a Figura 1, onde institui uma ordem de precedência que deixa de ser voluntária e passa a ser obrigatória.. Figura 1: Aspectos das prioridades de ações da Política Nacional de Resíduos Sólidos Não geração. Redução. Reutilização. Reciclagem. Tratamento. Disposição final. Fonte: Adaptado de Brasil (2010).. A Política Nacional de Resíduos Sólidos tem alguns objetivos definidos, entre eles, a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; a adoção, aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias limpas; a gestão integrada dos resíduos sólidos; incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos. produtivos. e. ao. reaproveitamento. dos. resíduos. sólido;. incentivo. ao. desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético (BRASIL, 2010). A Lei 12.305 (BRASIL, 2010) em seu artigo 10, diz que incumbe aos Municípios a gestão integrada dos resíduos sólidos gerados em seus respectivos territórios. Também deixa claro que poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com.

(18) 18. a implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental. O artigo 36 define que cabe ao titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos: adotar procedimentos para reaproveitar os resíduos sólidos urbanos reutilizáveis e recicláveis, estabelecer sistema de coleta seletiva, articular com os agentes econômicos e sociais medidas para viabilizar o retorno ao ciclo produtivo dos resíduos urbanos sólidos reutilizáveis e recicláveis, implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do composto produzido e dar disposição final ambientalmente adequada aos resíduos e rejeitos oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos.. 2.1.2 Legislações Estaduais sobre resíduos sólidos No âmbito estadual, algumas legislações também regem a questão de resíduos sólidos, assim como demonstra o Quadro 4. Quadro 4: Principais legislações estaduais que tratam sobre resíduos sólidos Lei/Resolução/Decreto Lei nº 9921 de 27 de julho de 1993 Decreto nº 38.356, de 01 de abril de 1998 Lei nº 12037 de 19 de dezembro de 2003 Lei nº 14.528, de 16 de abril de 2014. Ementa Dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos, nos termos do artigo 247, parágrafo 3º da Constituição do Estado e dá outras providências. Aprova o Regulamento da Lei n° 9.921, de 27 de julho de 1993, que dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos no Estado do Rio Grande do Sul. Dispõe sobre a Política Estadual de Saneamento e dá outras providências. Institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos e dá outras providências. Fonte: Adaptado de Rio Grande do Sul (2014a).. 2.1.3 Legislações Municipais sobre resíduos sólidos No âmbito municipal, as principais legislações referentes a resíduos sólidos estão listadas no Quadro 5..

(19) 19. Quadro 5: Principais legislações municipais que tratam sobre resíduos sólidos Lei/Resolução/Decreto. Ementa. Lei Orgânica, de 03 de Lei Orgânica do Município de Passo Fundo. abril de 1990 Decreto nº 14, de 29 de Institui aos usuários específicos da usina de reciclagem dos resíduos urbanos de Passo janeiro de 1996 Fundo (altera o art. 2º, pelo decreto 82/97). Lei nº 3262, de 03 de novembro de 1997 Lei nº 3596, de 23 de junho de 2000 Lei nº 3886, de 06 de fevereiro de 2002 Lei complementar nº 170, de 09 de outubro de 2006 Lei nº 4568, de 23 de janeiro de 2009 Lei complementar nº 233, de 03 de novembro de 2009 Lei nº 4969, de 03 de janeiro de 2013. Institui a coleta seletiva do lixo em Passo Fundo, a comercialização dos seus produtos e subprodutos, destina os recursos obtidos às creches e programas municipais de atendimento às crianças carentes e dá outras providências. Institui o Fundo Municipal do Meio Ambiente e dá outras providências. Altera dispositivos da Lei nº 3596/00 que dispõe sobre o Fundo Municipal do Meio Ambiente. Dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - PDDI do município de Passo Fundo. Institui o programa municipal de educação ambiental e dá outras providências. Dispõe sobre a taxa de coleta de lixo no município de Passo Fundo. Institui a Política Municipal de Resíduos Sólidos de Passo Fundo e dá outras providências. Fonte: Adaptado de Leis Municipais (2014).. Segundo a Lei Orgânica do Município de Passo Fundo (PASSO FUNDO, 1990) é de competência comum do Estado e do Município implantar o programa de saneamento urbano e rural, com o objetivo de promover a defesa da saúde pública. Segundo os artigos 192 e 193, o Município formulará a política e o planejamento de execuções de saneamento básico, definido como serviço público essencial, podendo sua execução ser concedida ou permitida na forma da lei, sendo que a lei disporá sobre o serviço de saneamento básico, o controle, a destinação e a fiscalização do processamento do lixo e dos resíduos urbanos, industriais, hospitalares, laboratoriais, de análises clínicas e outros. O Fundo Municipal do Meio Ambiente, criado em 2000, pela Lei nº 3596 e reformulado em 2002, pela Lei nº 3886 (PASSO FUNDO, 2002), tem a finalidade de arrecadar, administrar e liberar recursos econômicos que serão destinados a possibilitar o financiamento das ações do meio ambiente. Estes recursos serão constituídos de dotações orçamentárias, recursos captados através de convênios, taxas de licenciamento, recursos provenientes de multas e valores destinados através da Lei Complementar nº 233 (PASSO FUNDO, 2009), que estabelece a taxa para o recolhimento do lixo. Uma das diretrizes da gestão da infraestrutura do município da Lei Complementar nº 170 (PASSO FUNDO, 2006) que institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado.

(20) 20. (PDDI) do Município de Passo Fundo/RS é “aprimorar o sistema de gestão de resíduos sólidos e limpeza urbana”, viabilizando assim, a implantações de infraestruturas de saneamento básico. A Política Municipal de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei nº 4969 (PASSO FUNDO, 2013), reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas pelo Executivo Municipal, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. Esta lei busca atingir melhores condições ambientais e de saúde pública no município. Considerando as principais leis, resoluções e decretos federais, estaduais e municipais existentes no que se refere a resíduos sólidos, percebe-se que tratam do tema de forma ampla, sendo que se forem cumpridas e fiscalizadas, irão atender de forma satisfatória as questões relacionadas aos resíduos sólidos.. 2.2. Gestão Integrada de Resíduos Sólidos A Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é definida pela PNRS como um conjunto de. ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010). As cidades usam diferentes tecnologias, políticas e comportamentos para controlar os impactos negativos dos seus resíduos e para encontrar formas de reutilização dos mesmos. Esta combinação de métodos constitui a gestão de resíduos, que pode ser dividida em seis elementos funcionais que descrevem as etapas de gerenciamento, englobando a geração, tratamento, coleta, transporte, processamento e transformação, e disposição final. Todo o processo deve estar de acordo com a legislação existente, com os aspectos sociais de proteção ao meio ambiente e à saúde pública e aos recursos financeiros disponíveis. (TCHOBANOGLOUS; KREITH, 2002). Segundo Lopes (2003), a realidade brasileira quanto à gestão e ao gerenciamento dos resíduos sólidos, ainda, concentra-se na destinação final e não na prevenção da poluição e minimização da geração de resíduos na fonte. A responsabilidade pela prestação de serviços de limpeza urbana é do município e na maioria das cidades brasileiras, a coleta de lixo é realizada pela iniciativa privada sob forma de concessão, subcontratação ou permissão, onde.

(21) 21. ocorre a delegação de prestação dos serviços para pessoa física, jurídica ou consórcio, que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Duas estruturas de orientação têm sido fundamentais para as decisões de gestão de resíduos: a hierarquia dos resíduos e a gestão integrada de resíduos (WHITE; FRANKE; HINDLE; 1999). A hierarquia lista as seguintes etapas: redução de resíduos, reutilização, reciclagem, recuperação de energia, e deposição final em aterro (WILLIAMS, 2005). A gestão integrada de resíduos surgiu com uma abordagem diferente, sendo representada por um conjunto de princípios de gerenciamento ambientalmente e economicamente adequados, de forma sustentável e socialmente aceitável (TCHOBANOGLOUS, KREITH, 2002; McDOUGALL et al., 2001; WHITE, FRANKE, HINDLE, 1999), sendo que o conceito “integrado” é utilizado por defender uma visão holística, que inclui todos os fluxos de resíduos, visando controlar os resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Devido ao foco na flexibilidade e especificidades às condições locais, a gestão integrada de resíduos não prescreve soluções, em vez disso, mantém princípios, sendo que cada região deve desenvolver sistemas próprios em respostas aos seus contextos (McDOUGALL et al., 2001). Os sistemas de gestão dos resíduos sólidos de melhor funcionamento envolvem todas as partes interessadas no planejamento, implementação, e monitoramento das mudanças, sendo constituído por três principais grupos de interessados: os prestadores de serviços, incluindo a autoridade local, que realmente oferecem o serviço; os usuários, que são os clientes; e a agentes externos em um ambiente propício, incluindo o governo nacional e local, que organizam as condições de contorno para que essa mudança seja possível. A diversidade de cidades acarreta na geração de diferentes composições de resíduos, apontando para a necessidade de um contexto específico de gestão de resíduos, de acordo com cada região. Muitas tentativas de importar soluções de resíduos de países industrializados para países menos industrializados falharam, porque os estudos indicam que os sistemas de gestão de resíduos do mundo em desenvolvimento foram cópias incompletas de um sistema ideal que opera em países desenvolvidos (UN-HABITAT, 2010). As cidades estão reconhecendo a necessidade de adaptação, soluções de gestão de resíduos locais, sustentáveis que levam ao contexto local como um ponto de partida, não de uma tecnologia importada que talvez venha a não dar certo. Portanto, a Gestão e o Gerenciamento dos resíduos sólidos são tarefas complexas e abrangentes, refletindo na dificuldade da maioria dos municípios, devido principalmente à falta de autonomia, recursos e conhecimento técnico sobre o assunto..

(22) 22. Rodrigo e Castells (2001) realizaram um estudo para elaboração de estratégias para o gerenciamento dos resíduos sólidos do município de Catalunha na Espanha e concluíram que os aspectos econômicos e sociais também devem ser considerados para uma gestão eficiente. O gerenciamento ambiental deve ser uma abordagem multilateral, considerando que os problemas ambientais e suas soluções são determinados por fatores tecnológicos, bem como por questões econômicas, sociais, físicas, culturais e políticas. Sendo assim, o sistema proposto é integrado, visando propostas sustentáveis em todos os setores (SHEN, 1995).. 2.3. Coleta seletiva A coleta seletiva é uma etapa fundamental para a eficiência do sistema de gestão. integrada de resíduos sólidos e, essencial para se atingir a meta de disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Consiste na segregação dos resíduos na fonte geradora e coleta destes materiais previamente separados. Trata-se de um tipo de tratamento dado ao resíduo, que começa na fonte geradora com a segregação ou separação dos materiais em orgânicos e inorgânicos; e em seguida com a sua disposição para a sua coleta (BARROS, 2012). O manejo diferenciado dos resíduos é a essência do conceito de coleta seletiva e se aplica, além da típica coleta seletiva de papel, plástico, vidros e metais, a todos os resíduos, reconhecidos como bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2011). No Brasil, a coleta seletiva vem sendo lentamente implantada desde meados da década de 80, quando começou em caráter experimental em algumas cidades brasileiras (BARROS, 2012). A lei 12.305 (BRASIL 2010) em seu Art. 35 afirma que, sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva o consumidor deve acondicionar e disponibilizar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados. Portanto, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a coleta seletiva envolve uma responsabilidade compartilhada, principalmente entre o gerador e o poder público. Além disso, o decreto 7.404 (BRASIL, 2010) prevê que os consumidores que descumpram suas obrigações estarão sujeitos à advertência, e em caso de reincidência, multa. Grimberg e Blauth (1998) avaliaram 100 (cem) experiências de coleta seletiva no Brasil, e apenas 20 (vinte) alcançaram resultados promissores. Este fato se deve à falta de planejamento dos programas de coleta seletiva, gerando o insucesso..

(23) 23. Para que o sistema de coleta seletiva ocorra de forma eficiente, é imprescindível a participação e conscientização ambiental da comunidade. Bringhenti e Gunther (2011) estudaram a participação social em programas de coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos e concluíram que a falta de divulgação dos resultados da coleta, a acomodação e o desinteresse da população, o descrédito relativo às ações oriundas do poder público, e a falta de espaço, nas residências para armazenar os resíduos recicláveis, dentre outros, são fatores que dificultam a participação na coleta seletiva.. 2.3.1 Sensibilização e Educação Ambiental A gestão dos resíduos sólidos tem evoluído para a regionalização e formalização do setor, assim como as tecnologias e políticas utilizadas para minimizar os impactos sociais e ambientais vem se difundindo. Porém, a gestão dos resíduos é extremamente dependente do comportamento humano, e os municípios devem usar políticas de educação e conscientização ambiental para afetar as mudanças associadas aos elementos de gerenciamento dos resíduos. A minimização da produção de resíduos na fonte é um meio pelo qual os indivíduos podem reduzir o impacto ambiental de seus resíduos (VERGARA; DAMGAARD; HORVATH, 2011). A redução pode ser uma prática cultural, como por exemplo, a maneira com que as pessoas mais velhas compram produtos e são menos consumistas (STRASSER, 1999), ou pode ser uma forma de ativismo ambiental. Segundo Ruffino (2002) a educação ambiental é um processo no qual são trabalhados compromissos e conhecimentos capazes de levar o indivíduo a repensar sua relação com o meio, de forma a garantir mudanças de atitudes em prol da melhoria da qualidade de vida da sociedade na qual está inserido, bem como reverter situações que possam comprometer a sobrevivência das espécies animais e vegetais, e consequentemente, a manutenção da vida no planeta. Portanto, a Educação Ambiental surge como um dos instrumentos mais importantes para promover mudança comportamental da sociedade (ZANETI, 2003). Por meio da Educação Ambiental, pode-se promover a mudança de hábitos das pessoas e torná-las participantes do processo. Há inúmeras formas de a sociedade alterar seu comportamento mediante a conscientização e a adoção de medidas de manejo dos resíduos sólidos. O número de barreiras existentes na sociedade é enorme, pois a cultura de consumo atual está associada com a aquisição de novos produtos mais tecnológicos e com a dificuldade de quebras hábitos, por isso essa questão de conscientização e educação ambiental é tão.

(24) 24. importante e essencial para que ocorra a mudança de atitudes com relação a minimização na geração e a correta segregação dos resíduos sólidos.. 2.4. Tecnologias de gestão, valorização, tratamento e/ou disposição dos RSU O tratamento de resíduos pode ser compreendido como uma série de procedimentos. físicos, químicos e biológicos que tem por objetivo diminuir a carga poluidora do meio ambiente, reduzir os impactos sanitários negativos do homem e o beneficiamento econômico do resíduo (FADE, 2014). No Brasil, a prática amplamente aceita para o tratamento dos RSU é a disposição final em aterros sanitários, embora ainda existam no país alguns lixões e aterros controlados. Em contrapartida, os países desenvolvidos tiveram inovações e evoluções tecnológicas significativas que acompanharam as necessidades energéticas, materiais e ambientais, como por exemplo os incineradores. No que se refere à tecnologias de tratamento e disposição final de RSU, de uma forma geral, não existem tecnologias melhores que outras, mas sim tecnologias apropriadas e que respeitam os aspectos sociais, ambientais e econômicos do local onde será implantada. Esta tecnologia não se deve definida de forma isolada. O sistema de tratamento (rota tecnológica), o modelo de gestão, o arranjo institucional todos devem ser definidos de forma conjunta, apoiados em políticas públicas, em estudos de viabilidade econômica e com um grande envolvimento da sociedade (FADE, 2014). O objetivo desta seção é apresentar as principais tecnologias existentes para valorização e tratamento dos RSU, em cumprimento àquilo que determina a PNRS.. 2.4.1 Reciclagem. 2.4.1.1 Conceituação e aspectos gerais A reciclagem é um processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vista à transformação em insumos ou novos produtos (BRASIL, 2010). A reciclagem é uma atividade econômica, que deve ser vista como um elemento dentro do conjunto de atividades integradas no gerenciamento dos resíduos, não se traduzindo, portanto, como a principal "solução" para os resíduos, já que nem todos os.

(25) 25. materiais são recicláveis sob os aspectos técnico ou econômico. No passado, procurava-se reciclar tudo o que gerasse renda. Porém, a sociedade de consumo vem se tornando diversificada, que em muitos casos é mais barato para as indústrias produzirem materiais utilizando matéria-prima virgem, em vez de reciclar (SCHALCH et al., 2002). Segundo Barros (2012), a reciclagem traz os seguintes benefícios: diminui a exploração de recursos naturais; aproveitamento energético; contribui para reduzir a poluição do solo, água e ar; melhora a limpeza das cidades e qualidade de vida da população; prolonga a vida útil dos aterros sanitários; melhora e facilita a segregação dos resíduos; gera empregos; gera receita; estimula a concorrência; contribui para a valorização da limpeza pública e formação consciência ambiental. Os benefícios ambientais da reciclagem derivam principalmente das economias dos recursos naturais e energia (CHRISTENSEN et al., 2009), embora estes benefícios possam variar localmente. A reciclagem exige um fornecimento (coleta e triagem) e um pedido (um mercado para o produto reciclado). A cadeia de reciclagem varia de formalidade em todo o mundo, mas há cada vez mais mercado globalizado dos materiais recicláveis (VERGANA; TCHOBANOGLOUS, 2012). Existem duas forças motrizes para a reciclagem de resíduos: o seu valor de mercadoria e seu valor de serviço. O valor de mercadoria deriva de seu valor econômico, este valor leva todas as atividades de reciclagem privadas, incluindo a reciclagem não regulamentada prevalente em países menos industrializados. O valor do serviço é a economia para o sistema de gestão de resíduos, que divide os serviços com o setor de reciclagem, sendo que este valor de desvio, juntamente com a preocupação com o meio ambiente, dirige programas de reciclagem municipais comuns em mais nações industrializadas (UN-HABITAT, 2010). Segundo um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada em 2010 (IPEA, 2010), o Brasil perde bilhões de reais todo ano por deixar de reciclar todo resíduo reciclável que vai para aterros como sendo rejeitos. No Quadro 6 podem-se observar as principais vantagens e desvantagens da reciclagem. Quadro 6: Vantagens e desvantagens da reciclagem Vantagens Desvantagens Diminuição de materiais a serem coletados e Alteração do processo tecnológico para o dispostos, aumentando a vida útil dos aterros beneficiamento, quando da reutilização de materiais sanitários. no processo industrial. Economia no consumo de energia. Necessidade de participação ativa da população. Geração de emprego e renda. Custo de uma coleta diferenciada. Preservação de recursos naturais e insumos. Fonte: ICLEI (2011).

(26) 26. 2.4.1.2 Características do processo As atividades de reciclagem permitem minimizar a quantidade de resíduos que são direcionados ao aterro e ao mesmo tempo valoriza o lixo, gerando insumos (materiais e compostos orgânicos) para outros processos. A reciclagem aparece como uma maneira de reintroduzir no sistema econômico uma parte da matéria e/ou da energia, que se tornaria lixo e ficaria sem condições de aproveitamento. Neste processo os resíduos são separados, coletados e processados para serem usados como matériaprima na manufatura de bens, desse modo aliviando o comprometimento dos recursos naturais devido às várias etapas do processo de consumo desde a extração das matérias-primas, passando pelo seu processamento/manufatura, pelo seu consumo e até a sua disposição final (BARROS, 2012).. A reciclagem é realizada pelo setor formal e pelo setor informal. O setor formal é constituído por trabalhadores com vínculo empregatício, já o setor informal da gestão de resíduos é constituído por pessoas que separam, coletam e revendem os materiais recicláveis; o trabalho é geralmente de pequena escala, baixa tecnologia, o trabalho é intensivo e não regulamentado ou registrado (WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006). Segundo Mitchell (2008), o termo informal é usado para descrever a relação entre os trabalhadores e o Estado – não se referindo ao seu nível de organização. Em várias cidades, como Port-au-Prince no Haiti (CLAUDEL, 2010) ou Delhi na India (WILSON et al., 2009), estes trabalhadores são essenciais na gestão dos resíduos, pois recuperam materiais que muitas vezes seriam encaminhados diretamente para destinação final, sem reaproveitamento ou reciclagem. O desafio é a integração deste setor, através do reconhecimento ambiental, econômico e social, considerando os benefícios da reciclagem (WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006). Para Bidone e Povinelli (1999), a reciclagem para a recuperação de um resíduo depende dos seguintes fatores: proximidade da instalação de reprocessamento, custos de transportes com os resíduos, volume dos resíduos disponíveis para o processamento e custos de estocagem do resíduo no ponto de geração ou fora do local de origem. Sendo assim, para que a reciclagem de um determinado resíduo seja viável, faz-se necessário uma análise de custos e benefícios e uma integração com o setor informal. As usinas de triagem e reciclagem (UTC`s) são bastante utilizadas, porém é absolutamente fundamental que a cidade faça a coleta seletiva. As instalações e equipamentos necessários para implantação de uma usina são basicamente um pátio impermeabilizado ou um galpão, mesa ou esteira de triagem, baias de separação, balança, prensas e depósito, além.

(27) 27. de instalações sanitárias para os funcionários. O Quadro 7 apresenta três alternativas de galpão de triagem adotadas em usinas, bem como os equipamentos previstos para cada situação. Quadro 7: Instalações e equipamentos para implantação de uma UTC Galpão Itens Pequeno Médio Grande Área edificada 300 600 1.200 1 prensa 1 prensa 2 prensas 1 balança 1 balança 1 balança Equipamentos 1 carrinho 1 carrinho 2 carrinhos 1 empilhadeira 1 empilhadeira Fonte: Pinto e González (2008).. 2.4.1.3 Aspectos econômicos e financeiros da reciclagem Os custos estimados para cada uma das alternativas de galpão apresentadas anteriormente estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1: Custos estimados para implantação de UTC`s Itens Obras Civis Equipamentos Total. Pequeno. Galpão Médio. R$ 161.700,00 R$ 323.300,00 R$ 23.100,00 R$ 32.100,00 R$ 184.800,00 R$ 355.400,00 Fonte: Pinto e González (2008).. Grande R$ 646.800,00 R$ 52.700,00 R$ 699.500,00. Em um estudo realizado por IBAM (2012) foram elencados os custos com instalação e operação de galpões de triagem e beneficiamento primário. Para municípios de 100.000 a 2,5 milhões de habitantes o custo com instalação é de R$ 36,00/t e os custos com operação é R$ 596,80/t.. 2.4.2 Compostagem. 2.4.2.1 Conceituação e aspectos gerais A compostagem é utilizada desde a história antiga, porém, até recentemente de forma empírica. Os povos orientais, gregos e romanos já sabiam que os resíduos orgânicos poderiam contribuir com a fertilidade do solo. Somente a partir de 1920 é que o processo começou a ser.

(28) 28. estudado cientificamente e aplicado de forma racional por Alberto Howard. Hoje esta tecnologia pode ser utilizada em escala industrial, graças aos avanços dos trabalhos científicos que lançaram base para o desenvolvimento da técnica (FERNANDES; SILVA, 1996). A compostagem pode ser definida como uma bioxidação exotérmica aeróbica de um substrato orgânico heterogêneo, no estado sólido, caracterizado pela produção de CO2, água, liberação de substâncias minerais e formação de matéria orgânica estável (FERNANDES et al., 1993). O processo permite o controle de microrganismos patogênicos (HAUG, 1980; BURGE et al., 1981; POLPRASERT, 1996) e pode produzir um insumo agrícola de boa qualidade (FERNANDES et al., 1993). Segundo Butler et al. (2001) a compostagem é uma estratégia sustentável e depende da qualidade do produto final, pois, se não houver a estabilização do composto, o mesmo poderá causar fitotoxicidade e afetar adversamente o ambiente. Na compostagem, microrganismos são responsáveis, num primeiro momento, por transformações químicas na massa de resíduos, e, num segundo momento, pela humificação. O composto resultante, o húmus, pode ser utilizado como fertilizante (tanto para a agricultura quanto para áreas verdes urbanas) apresentando, portanto, valor econômico (CATAPRETA, 2008; RUSSO, 2011). As principais vantagens e desvantagens da compostagem estão apresentadas no Quadro 8. Quadro 8: Vantagens e desvantagens da compostagem Vantagens. Desvantagens. Baixa complexidade na obtenção da licença ambiental. Facilidade de monitoramento. Diminuição da carga orgânica do rejeito a ser enviado ao aterro, minimizando os volumes a serem dispostos. Tecnologia conhecida e de fácil implantação. Viabilidade comercial para venda do composto gerado.. Necessidade de investimentos em mecanismos de mitigação dos odores e efluentes gerados no processo. Requer pré-seleção da matéria orgânica na fonte. Necessidade de desenvolvimento de mercado consumidor do composto gerado no processo.. Fonte: ICLEI (2011); BNDES (2014a).. 2.4.2.2 Características do processo O processo de compostagem prevê duas etapas distintas no seu desenvolvimento, a primeira de biodegradação do resíduo orgânico e a segunda de maturação, cura ou humificação do composto (DIAZ, 1999; JAHNEL, 1999). Para que ocorra o pleno.

(29) 29. desenvolvimento das fases da compostagem, certos fatores de controle fazem-se necessários, tais como: temperatura, taxa de oxigenação, concentração de nutrientes, teor de umidade, pH, homogeinização e tamanho da particula (DALTRO FILHO; CARVALHO, 1999; CASALI, 2011). As informações sobre as propriedades biológicas e bioquímicas incluindo a atividade enzimática também são importantes no processo (GODDEN et al., 1983; GARCIA et al., 1992; VUORINEN, 2000, MONDINI et al., 2004). As fases de biodegradação e humificação são bem distintas entre si. Na fase de biodegradação, também chamada de bioestabilização, há intensa atividade microbiológica e rápida transformação da matéria orgânica. Portanto, há grande consumo de oxigênio (O2) pelos microrganismos, elevação da temperatura e mudanças visíveis na massa de resíduos em compostagem, pois ela se apresenta escura e não apresenta odor. Na fase de maturação, a atividade biológica é pequena, e a necessidade de aeração diminui. O processo ocorre à temperatura ambiente e com predominância de transformações de ordem química: polimerização de moléculas orgânicas estáveis no processo conhecido como humificação (MOREIRA, 2006). Durante o processo de compostagem, alguns componentes da matéria orgânica são utilizados pelos microrganismos para formação de seus tecidos, outros são volatilizados, e outros são transformados biologicamente em uma substância escura, uniforme e aspecto de massa amorfa, rica em partículas coloidais, com propriedades físicas, químicas e físicoquimicas inteiramentes diferentes da matéria prima original (BIDONE; POVINELLI, 1999).. 2.4.2.3 Métodos de Compostagem Existem vários métodos de realizar a compostagem, alguns mais tecnológicos, outros mais convencionais. Primitivamente, o método era utilizado através da estocagem simples de materiais putrescíveis, levando alguns meses para ser degradado, porém, este método espontâneo e sem biotecnologia não é mais aceito ambientalmente, pelo fato de não garantir a qualidade final do composto e pelo fato de não se ter condições de assegurar que não haverá contaminação do solo e das águas pelo lixiviado gerado. Na Figura 2 pode-se observar o fluxograma típico de um processo de compostagem, sendo aplicado a qualquer operação de compostagem de resíduos sólidos urbanos, sendo que o peneiramento nem sempre é requerido..

(30) 30. Figura 2: Fluxograma típico de um processo de compostagem.. Fonte: Shaub e Leonard (1996).. A maior diferença entre os processos de compostagem está na metodologia de aeração, onde genericamente, podem ser divididos em três tipos, compostagem de leiras com revolvimento mecânico (sistema Windrow), compostagem em leiras estáticas aeradas e compostagem em reatores biológicos. Geralmente os sistemas com maior tecnologia requerem maiores investimentos, conforme representa a Figura 3, mas resultam em melhores condições de controle e maiores taxas de oxidação. Portanto, a seleção do método a ser utilizado depende das condições locais, como natureza do resíduo, localização da unidade de processamento e recursos financeiros (SHAU; LEONARD, 1996). Figura 3: Comparação esquemática dos métodos de compostagem.. Fonte: Shaub e Leonard (1996)..

Referências

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