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Elaboração e implementação de um projeto de educação em saúde para homens hipertensos

Impacto de um projeto de educação em saúde no conhecimento de homens hipertensos*

1. Elaboração e implementação de um projeto de educação em saúde para homens hipertensos

O projeto de educação em saúde compreendeu a realização de quatro oficinas temáticas com atividades lúdicas, contatos telefônicos (ligações e envio de mensagens) e atendimento individual. O Projeto foi planejado e operacionalizado por integrantes do Grupo Interdisciplinar sobre o Cuidado à Saúde Cardiovascular, da Escola de Enfermagem da UFBA.

Previamente foi criada a logomarca do Projeto com o slogan: “Eu controlo a pressão arterial”. Esta logomarca foi utilizada em todos os impressos confeccionados, na personalização de brindes, lanches e crachás. Além disso, foi impressa nas camisetas confeccionadas para a identificação das pesquisadoras em campo e nas camisetas dadas aos homens no momento do acolhimento para a participação da primeira oficina. A proposta para criação e uso desta logomarca foi a de fortalecer a participação dos homens, identificar o grupo e favorecer a divulgação do projeto junto à comunidade.

Durante o período de Outubro de 2013 a Abril de 2014 foram abordados 80 homens antes ou após a consulta médica para identificação de: critérios de inclusão, registro do telefone e endereço de contato, características sociodemográficas, informações que gostariam de receber sobre a HAS, dificuldades enfrentadas para o autocuidado e tratamento, medicações em uso, entendimento sobre as causas da HAS e suas medidas de controle. Todos esses dados foram obtidos por meio de uma conversa com cada homem, em sala privativa, durante a qual se fez uso de um formulário para o registro dos dados levantados. Os homens foram informados que o levantamento de dados seria utilizado para nortear a elaboração de um Projeto de Educação em Saúde para Homens Hipertensos e que seriam convidados a participar do mesmo. Nesse momento, receberam a explicação e procederam a assinatura de

um termo de consentimento livre e esclarecido.

Com base nos dados levantados foram planejadas quatro oficinas, com diferentes temáticas, focadas nas demandas apresentadas pelo grupo de homens, a saber: Oficina 1: Expectativas e crenças sobre HAS e seus fatores de risco; Oficina 2: Tabagismo, consumo excessivo de bebida alcoólica, sedentarismo e estresse e HAS; Oficina 3: Hábitos alimentares, obesidade e gordura no sangue e HAS; Oficina 4: HAS, uso de medicação e sexualidade.

Passado a fase de recrutamento agendou-se por contato telefônico com o grupo de 80 homens a participação nas oficinas voltadas para prevenção e controle da HAS e seus fatores de risco, e desses 26 aderiram ao Projeto.

As oficinas foram desenvolvidas de maneira lúdica, privilegiando o formato preconizado pelo Ministério da Saúde(14): estratégias realizadas numa perspectiva dialógica, emancipadora, participativa, criativa e com a participação do usuário, no que diz respeito à sua condição de sujeito de direitos e autor de sua trajetória de saúde e doença. Além de fornecer autonomia dos profissionais de saúde diante da possibilidade de reinventar modos de cuidado mais humanizados, compartilhados e integrais(15).

Nessa perspectiva empregou-se nas oficinas diferentes estratégias a exemplo de debates temáticos, jogos, diálogo com especialista, apresentação teatral e exposição de vídeos educativos, as quais foram realizadas em espaços apropriados no centro de saúde, auditório da unidade de saúde com capacidade para até 30 pessoas.

No dia da primeira participação no projeto, os homens presentes receberam crachá e camisa personalizados. Antes do início das oficinas foram convidados a responder um instrumento construído para avaliar o conhecimento sobre a HAS e seus fatores de risco, o qual foi aplicado mediante entrevista. Este instrumento foi considerado um pré-teste para avaliar o conhecimento dos homens antes das atividades educativas. Ao término de cada oficina aplicou-se novamente um instrumento contendo apenas as questões temáticas específicas abordadas durante a mesma (Pós- teste 1). Essas questões temáticas específicas corresponderam as mesmas formuladas para integrar o instrumento usado no pré-teste.

Tendo-se a finalidade de garantir melhor adesão dos homens as oficinas elas foram desenvolvidas em dupla. Assim, no agendamento do primeiro dia para a ida dos homens ao centro de saúde operacionalizou-se a oficina 1 e, ao término da mesma, deu-se início a oficina 2. Decorrido quinze das duas primeiras oficinas (1 e 2), realizou-se as oficinas 3 e 4. As oficinas 1 e 2 foram realizadas no mês de maio de 2014 no início de junho de 2014 foram realizadas as oficinas 3 e 4.

de todas as ações necessárias para atingir um resultado desejado. É um momento importante para que o grupo possa identificar e relacionar as atividades prioritárias para a ação tendo em vista os resultados esperados, bem como compor elementos que justifiquem a realização da ação. Um bom plano de ação deve deixar claro tudo o que deverá ser feito, como e quando, para o cumprimento de seus objetivos e metas. Quanto maior a quantidade de ações e pessoas envolvidas, mais necessário e importante é ter um plano de ação. E, quanto melhor o plano de ação, maior a garantia de se atingir o objetivo(16).

Ressalta-se que os planos de ação deste estudo foram elaborados considerando as demandas e avaliações dos usuários observadas durante a fase de recrutamento e o cenário em que estavam envolvidos. Sabe-se que quanto maior o envolvimento dos responsáveis por sua execução, maior a garantia de se atingir os resultados esperados.

Para elaboração de cada plano de ação foram consideradas as seguintes etapas conforme APAE(16): problema (situação problema identificada pelo pesquisador e sinalizada pela comunidade e/ou profissionais que justifica a seleção da mesma para intervenção educativa); participantes (público da ação educativa); tema (temática que embasa o planejamento e a operacionalização da ação educativa); data (dia de realização da ação educativa – deve ser verificado a disponibilidade dos participantes, além da rotina e hábitos da população); horário (hora de início da ação educativa - nesta etapa também deve ser verificado a disponibilidade, rotina e hábitos dos participantes do estudo, além de ser previsto o tempo de duração da ação educativa); local (descrição do local onde será realizada a ação, considerando a estrutura física e os sujeitos envolvidos); objetivos (são propósitos específicos, alvos a serem alcançados ao longo de determinado período de tempo; indicam onde estarão concentrados os esforços, o que se pretende alcançar ao final da atividade); estratégias metodológicas (caminhos escolhidos que indicam como o pesquisador pretende concretizar seus objetivos; passos a serem desencadeados no decorrer da ação educativa, ou seja, a sequência das atividades a serem realizadas); recursos (identifica os recursos necessários para a execução da ação); avaliação (como transcorreu a atividade, levantamento de entraves, facilidades e, principalmente, das conquistas e aprendizagens obtidas; deve-se definir a forma utilizada para avaliar a ação desenvolvida, atentando-se para os objetivos estabelecidos; a avaliação pode ocorrer por meio de jogo, gincanas, perguntas, relatos dos participantes, observação e registro da participação, dentre outras formas de avaliação); referências bibliográficas (referências utilizadas para embasar a temática trabalhada).

Na elaboração dos planos de ação para cada oficina foi considerado a articulação entre os objetivos, o conteúdo abordado, a duração da atividade, o perfil dos participantes e a

metodologia desenvolvida.

Para relembrar as datas e locais das oficinas e estimular a participação dos homens foram realizados telefonemas. Para complementar as ações propostas durante as mesmas, reforçar informações e estimular a valorização da mudança de hábitos de vida foram enviadas mensagens curtas via celular (SMS), entre o intervalo dos dois grupos de oficinas e antes da consulta individual.

Para envio das mensagens comprou-se um pacote de serviço especializado on line que oferece aplicativos em comunicação para dispositivos móveis, ou seja, efetuou-se a compra de créditos para envio de mensagens curtas (SMS). O processo é semelhante ao envio de e-mail, onde há a possibilidade de encaminhar a mesma informação para vários destinatários. Após cadastro da pesquisadora em plataforma online específica, registrou-se em página própria do portal os números de telefone de todos os homens. Para envio das mensagens aos celulares dos mesmos, de maneira sincronizada, selecionava-se a opção “envio de mensagens em grupo” e, no campo, “mensagem” digitava-se o texto a ser enviado. No campo referente ao “agendamento” marcava-se a data e a hora para o envio.

O conteúdo das mensagens foi elaborado com o intuito de incentivar as mudanças no estilo de vida, oferecer informações sobre a HAS e seus fatores de risco e, também, relembrar as datas de retorno para os encontros.

A etapa final do projeto consistiu na realização de um atendimento individual com cada participante do projeto e esta ocorreu em outubro de 2014, quatro meses após a realização da primeira oficina. O agendamento foi feito por contato telefônico de acordo com a disponibilidade de data e horário dos homens e o encontro foi realizado em sala privativa no centro de saúde. Na ocasião, os homens foram convidados a participar novamente de uma entrevista momento em que o instrumento sobre o conhecimento da hipertensão e suas

medidas de controle foi reaplicado (pós-teste 2). Neste momento abriu-se um espaço para o diálogo e para esclarecimentos de dúvidas, bem como ouviu-se dos homens sobre a experiência vivenciada ao longo do desenvolvimento do projeto.

2. Instrumentos

Na coleta de dados foi utilizado um instrumento para caracterização sociodemográfica dos homens o qual foi constituído questões fechadas sobre dados sociodemográficos (idade, raça/cor autodeclarada, estado civil, escolaridade, ocupação atual, situação empregatícia e renda familiar).

Utilizou-se também um instrumento para levantar o conhecimento dos homens a respeito da hipertensão arterial sistêmica e seus fatores de risco. Esse foi formado por 33

questões objetivas, todas com possibilidade de respostas (1) sim, (2) não e (3) não sei. As questões foram referentes às seguintes categorias temáticas: hipertensão geral (4 questões), consumo de bebida alcóolica (3 questões), tabagismo(4 questões), estresse (3 questões), sedentarismo (3 questões), obesidade (3 questões), uso de medicação (3 questões) e hábitos alimentares (10 questões).

As questões sobre o conhecimento foram elaboradas tendo como base estudos nacionais sobre o conhecimento da HAS e seus fatores de risco e os entraves para adesão ao tratamento e controle da doença(2,17-21).