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A definição do termo indicador, de acordo com Minayo (2009, p. 84) é como uma “[...] espécie de medida e balizamento de processos de construção da realidade ou de elaboração de investigações avaliativas” Algumas instituições públicas como, IBGE, Capes, CNPq, entre outros, fazem uso dos indicadores considerando-o como uma especificação quantitativa e qualitativa medindo assim o entendimento de objetivos, metas e, também resultados. Ainda destaca que a sua função é apenas a de sinalizar e não apontar certeza absoluta (MINAYO, 2009).

Antes de demonstrar o caminho percorrido, é importante ressaltar que foram feitas buscas no PPC de Licenciatura em Ciências Biológicas por indicadores já criados na dissertação de Silva (2019) – por ser um dos estudos que fundamenta esse processo metodológico e, inclusive, representa uma pesquisa semelhante ao feito pela autora. Então, esse movimento inicial representou uma forma de observar se seriam encontrados alguns desses indicadores e se poderíamos nos basear nos mesmos. Com isto, consideramos que esse primeiro movimento geral resultou de forma insatisfatória (referente tanto para indicadores do Pensamento Crítico como para a Educação Sexual Emancipatória) sendo necessário, portanto, criarmos nossos próprios indicadores. Então, para buscar os dados no

PPC, elaboramos novos indicadores, mas também, sem desconsiderar as contribuições dos estudos feitos por Silva (2019), Zeglin (2016), Silvério e Marcomin, (2013) e Marcomin, Silvério e Silveira, (2017).

Para revelar no PPC as contribuições do Pensamento Crítico, elaboramos os indicadores a partir da tipologia FRISCO – descrito mais a seguir – pautada em Vieira e Vieira (2005) e no estudo realizado por Silva (2019). Para revelar os indicadores sob a visão da Educação Sexual Emancipatória no PPC, o documento base utilizado foi a Declaração dos Direitos Sexuais – Word Association for Sexual Health (WAS, 2014).

Ressaltamos, mais detalhadamente, que para este nos pautamos na dissertação produzida por Silva (2019, p. 43) em que já havia realizado a construção de indicadores e que foram determinados como “termos fundamentais e/ou potenciais”. Resgatamos, então, seus indicadores primários: “pluralidade, sexo, prazer, identidade, gênero, orientação sexual, erotismo, intimidade, reprodução, saúde, saúde sexual, igualdade, dignidade, bem- estar, crenças”. Com base nesses indicadores realizamos uma busca inicial a partir da leitura flutuante de Bardin (2014) no PPC, durante a pré-análise. Como descrito anteriormente, poucos resultados foram obtidos, sendo insatisfatório. Ainda, ressaltamos que os termos sexualidade e educação sexual, fundamentais para a temática Educação Sexual Emancipatória desta pesquisa, foram buscados num primeiro momento, em seu currículo prescrito (PPC), porém não foram encontrados. Com isso, buscamos outros termos para explicitar o tema no documento, criando-se novos indicadores.

E esse movimento evidenciou a necessidade de acrescentar novos indicadores. Com isso, resolvemos fazer o mesmo procedimento analítico realizado por Silva (2019) – para analisar o PPC (UNISUL, 2015) – e criar nossos próprios indicadores sobre este tema.

Em sequência, destacamos a seguir o caminho percorrido na construção dos novos indicadores a partir dos termos-chave definidos, baseado nos estudos de Zeglin (2016):

1) Leitura intensa dos documentos base (taxonomia FRISCO e WAS) e do PPC a ser analisado, com intenção de compreender de forma geral;

2) Desvelamento dos subsídios potenciais relacionados às teorias utilizadas. Clareando ideias referentes ao objeto de estudo, refletindo assim, sobre possíveis indicadores para a análise do referido PPC.

3) As reflexões subsidiaram o amadurecimento dos termos-chave, o que possibilitou, então, a definição dos indicadores referentes ao pensamento crítico e a educação sexual emancipatória;

4) Depois de apropriar o PPC em arquivo Portable Document Format (PDF), utilizamos a ferramenta Ctrl F (localizador), o que possibilitou localizar os indicadores em todo o texto (SANTOS; FERREIRA, 2015 apud ZEGLIN, 2016).

5) Verificação de subsídios, posterior contabilização dos indicadores encontrados e localização dos trechos no texto do PPC.

6) Análise dos dados achados.

Conseguinte, para determinarmos os indicadores referentes à promoção do Pensamento Crítico, utilizamos a taxonomia FRISCO, apresentada por Ennis (1996 apud VIEIRA; VIEIRA, 2005, p. 114). Esta abordagem é considerada como uma das classificações de questões que tem por objetivo orientar processos cognitivos com vistas às decisões racionais, pois “[...] estas questões remetem para o uso de capacidades de pensamento crítico”

Esta taxonomia está clarificada em seis passos que direcionam às tomadas de decisões racionais, apontados a seguir:

Quadro 1 – Abordagem FRISCO

F Foco Antes de qualquer decisão, deve-se identificar o Foco, a questão/problema principal, para ter certeza deste deve-se fazer e responder algumas questões:

- o que se passa?

- o que realmente interessa aqui? - qual é o propósito/objetivo central? - qual(ais) é(são) a(s) conclusão(ões)?

R Razões Depois de identificado o foco, deve-se atender as Razões, sendo estas a favor ou contra o que decidir, fazendo e respondendo questões, como:

- quais são as razões que o(s) autor(es) aponta(m) para a(s) conclusão(ões)?

I Inferências Deve avaliar estas razoes são aceitáveis e de são suficientes para que as conclusões sejam estabelecidas.

- há uma alternativa plausível para esta conclusão?

S Situação É determinado um número importante de fatores que devem ser considerados no avaliar uma inferência. A situação inclui questões, propósitos, assunções, histórias, conhecimentos e emoções e, por outro lado, aos grupos de elementos, aos seus interesses e ao ambiente social e físico.

C Clareza Quando se escreve ou fala algo deve-se ser claro naquilo em que diz. Algumas questões são implementadas.

- o que quer dizer?

-isto, irá confundir as pessoas que usam a palavra com um significado diferente?

- pode me dar um exemplo?

- resuma, com as suas próprias palavras. O Overview – Observação

global/ampla

Aqui solicita-se o que foi descoberto, considerado, aprendido, inferido ou decidido. Exemplos de questões:

- quais são as implicações do que é afirmado pelos(s) autor(es)? - pode alguém discordar da razão de algum(uns) autor(es)? Por quê?

Fonte: Produção da autora, baseada em Silva (2019) e fundamentada e adaptada de Vieira e Vieira (2005).

Esta abordagem que acabamos de apresentar, desenvolvida por Ennis (1996), foi testada em pesquisa desenvolvida por Vieira e Tenreiro-Vieira (2003) – sendo uma de várias outras pesquisas existentes dos autores e são exemplos que podem ser utilizados para a operacionalização de estratégias de questionamento. Esta taxonomia, tem sido muito utilizada pelos seus bons resultados na promoção de capacidades de Pensamento Crítico de estudantes em Portugal (VIEIRA; VIEIRA, 2015). Desta forma, concluiu-se que o questionamento pela abordagem FRISCO para o pensamento crítico na formação de professores é uma estratégia promotora deste tipo de pensamento. Sendo assim, se encaixa muito bem nesta pesquisa, pois estamos falando de formação de futuros professores, principalmente de Ciências e Biologia.

Portanto, por meio dos estudos realizados em Vieira e Vieira (2005) e baseado no estudo de Silva (2019), decretamos os seguintes indicadores: espírito crítico/crítico,

reflexão crítica/crítica, prática reflexiva.

Para os indicadores referentes à Educação Sexual Emancipatória, a partir do documento WAS (2014 – anexo A), elencamos: sexo, identidade, saúde/saúde sexual,

dignidade, bem-estar, valores. E construímos o seguinte gráfico:

4 7 7 25 1 2 1 0 5 10 15 20 25 30

Declaração dos Direitos Sexuais (WAS, 2014)

sexo identidade saúde saúde sexual dignidade bem-estar valores

Fonte: Produção da autora, fundamentada na WAS (2014).

Por fim, a seguir, apresentamos um quadro para facilitar a visualização dos indicadores.

Quadro 2 – Indicadores

INDICADORES

WAS (2014) Pensamento Crítico (2005)

Sexo Espírito crítico/crítico

Identidade Reflexão crítica/crítica

Saúde/saúde sexual Prática reflexiva

Dignidade Bem-estar Valores

Fonte: Produção da autora, 2019.

No capítulo seguinte, apresentamos as análises do referido PPC, a partir dos indicadores decretados, à luz das teorias do Pensamento Crítico e da Educação Sexual Emancipatória.

4 ANÁLISE DOS INDICADORES PAUTADOS NO PENSAMENTO CRÍTICO, FRISCO (2005)

Neste tópico apresentamos as análises dos indicadores pautados na tipologia FRISCO, descrito em Vieira e Vieira (2005) e, seguidamente, sua incidência no PPC (UNISUL, 2015). São eles: espírito crítico/crítico, reflexão crítica/crítica, prática

reflexiva e representados no gráfico a seguir.

Gráfico 2 – Indicadores do Pensamento Crítico no PPC (2015)

5 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Indicadores de Pensamento Crítico (2005) no PPC

(2015)

espírito crítico/crítico reflexão crítica/crítica prática reflexiva

1

Fonte: Produção da autora, 2019.

A partir do gráfico, damos sequência aos subtópicos da análise propriamente dita.

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